9:00 A.M. em ponto e o Sr. Alvarenga já estava em sala. Juliana, apesar de inteligente e de estar dominando o conteúdo completamente, estava suando de tanto nervoso. Afinal, médias acima de 8 eram obrigatórias, para se manter a bolsa.
– Muito bem classe. A prova contém 5 questões. É proibido olhares pra qualquer lugar a não ser a tua prova. Em cima da mesa, apenas caneta. Falar com amigo é cola. Ler qualquer papel é cola. Olhar pro teto é cola. Estar a respirar de um modo diferente é cola. Boa Sorte. Pois, boa prova, acho difícil acharem.
Se Juliana estava nervosa, piorou ainda. Recebeu a prova. Olhava, olhava e não conseguia fazer. Deu branco. Lágrimas começaram a se formar nos seus olhos. Até que um bilhete voou em sua mesa em forma de bolinha de papel, enquanto Sr. Alvarenga estava lendo um livro qualquer:
“Ei bonitinha, não vá chorar. A prova não está tão difícil assim. Pra ajudar se quiser: A primeira é só lembrar da aula sobre mídia de massa. Fala sobre alienação. Boa Prova. Alexia ”
Juliana ficou completamente sem ação. E quando olhou pro lado, na outra ponta da sala estava Alexia, que abriu um sorriso pra ela e piscou um olho.
Juliana corou instantaneamente, e agradeceu com um belo sorriso e um simples aceno de cabeça. E assim começou a escrever.
—–
Faltavam 15 minutos pro término da prova. Sr. Alvarenga olhava todos com olhos de lince. Até que reparou Alexia olhando pela janela e perguntou:
– Por que estais a olhar pela Janela? Perdeste algo lá fora?
– Não Sr. Alvarenga, estava apenas pensando na resposta.
– E acha que vais encontrá-la nas árvores? No céu?
– Não, vou encontrar na minha cabeça. Só preciso pensar um pouco…ou consultar a minha mente é cola também?
– Mas estares a ultrajar-me! Devolvas tua prova imediatamente!
– Posso saber por que? Eu estava pensando, o senhor interrompeu meu raciocínio, e eu agora estou errada?
– Por seres petulante, e com certeza há alguma cola nessas dobradiças da janela ou nas cortinas – verificou suas desconfianças e se decepcionou – Bom, não tem cola aqui, mas tu és esperta e arrumou um jeito. Tu colaste. Prova zerada.
Juliana, sem pensar muito se pronunciou:
– Sr. Alvarenga, ela não estava colando. Alexia é assim mesmo. Tem que pensar no nada pra poder escrever alguma coisa. E o senhor está colocando muita tensão aqui. A deixe com a prova dela, faltam 10 minutos somente.
Mary nesse momento olhava de forma confusa para a situação, afinal, porque a melhor amiga dela estava defendendo a garota que ela não suportava?
Enquanto Alexia olhava pra ela, admirando sua coragem em defendê-la. Ela sabia que Juliana estava retribuindo o favor do bilhete, mas mesmo assim, se sentiu feliz, como se alguém finalmente gostasse dela.
– Senhorita Teles, se tu disseres mais uma palavra, retiro tua prova também.
– Deixa Juliana. Ele não acredita em mim.
Sr. Alvarenga respirou fundo e virou para Alexia e deu seu veredito:
-Sente-se agora e termines sua prova. Só para não dizer por aqui que Alvarenga é injusto. Mas que sejas a única vez que isto aconteça.
– Ok.
Alexia sentou e terminou sua prova. Assim como Juliana também. Quando o relógio bateu 11 A.M. o “Pinguim” saiu recolhendo as provas, em meio a múrmuros e reclamações.
A morena ia se aproximar de Juliana no corredor para agradecer quando foi interrompida por Mary que disse a loirinha:
– Tá maluca garota! Quase perde sua prova por conta daquelazinha lá! Alexia revoltou-se:
– “Daquelazinha” não, eu tenho nome e você sabe disso! Mary continuou ignorando:
– Então amiga, vamos?
Juliana ficou meio sem saber o que dizer:
– Gente. Por favor. Briga de novo não. Não tem necessidade!
-A sua amiga que é muito agressiva, Juliana. Eu só vim aqui pra….
– Pra nada! – Mary a interrompeu novamente- Vamos Ju!
– Mas, Mary, é que.. – tentava se explicar a amiga que não a deixou concluir
– Não tem mais Mary nem menos Mary, preciso falar com você agora!
E assim Mary saiu carregando a Juliana, e deixando Alexia uma aparência furiosa por não ter conseguido falar com ela, e com os olhos tristes por perceber que Mary jamais deixaria as duas se aproximarem. Mas afinal, por que ela queria se aproximar de Juliana? Alexia estava confusa, mas sentia que poderia se dar muito bem com aquela baixinha, que ora parecia ser tão abusada, e ora parecia ser tão passiva. E não desistiria fácil.