– Nisso que dá você ser teimosa! Eu falei pra você não ficar perto dele. Não importa se ele é seu filho, você tem marido pra te ajudar! Você não toma remédio direito e ainda fica perto dele, sendo que ele tá com catapora!
Mary e Carlos estavam lanchando na praça de alimentação de um Shopping após terem saído de uma sessão de cinema. O rapaz estava inconformado com a irresponsabilidade de sua amiga Luciana – que conheceu na ONG -, que mesmo depois de tantos conselhos, ainda não estava se cuidando como deveria. Seu filho mais novo pegou catapora na escola e ela não arredou o pé do lado dele, cuidando. Agora era ela que estava com catapora e internada, pois a doença se encontrava bem agressiva. Carlos depois de mais algumas palavras desligou.
– O que houve com Luciana, amor?
– O que você ouviu! Ela não se cuida. Nem tomar os remédios ela toma, porque tá preocupada demais com a louça, ou a sujeira no tapete. Nossa imunidade já é péssima, se ela não toma os remédios tente a piorar.
– Entendo. Mas ela vai ficar bem?
– Eu espero que sim! Sinceramente…eu gosto muito dela.
– Eu também gosto, ela tem um bom coração…
– Bom até demais! – reclamou baixinho
– Calma Carlos, ela vai ficar bem. Talvez ela tivesse precisando era disso mesmo… um susto!
– Susto? Sustos para nós podem ser fatais!
– Eu sei meu amor, só estou falando que…
– Tá, tá! Eu já entendi. Sabe o que é o pior? Eu nem posso ir visitá-la. Quanto menos exposto eu ficar melhor pra mim. Mas eu gostaria muito mesmo de ir…
– Eu acho que você também deve pensar em você. Não é nada de tão grave como você mesmo disse. Quando ela for pra casa, nós iremos fazer uma visita, tudo bem?
– Tudo bem…
– Agora trate de comer tudinho…
– A convivência com a Dona Judith não tá fazendo bem pra você não. Já adianto logo, não quero casar com a minha mãe… – falou impaciente
– Ihhh…mas você tá chatinho hoje hein. Na nossa relação, quem tem TPM é você!
– Eu sou assim, se você gosta : ótimo! Se não gosta não posso fazer nada… – foi mais rude do que deveria
– Caraca!! Peguem a ferradura, porque o cavalo tá solto! – exclamou Mary erguendo discretamente os braços pro alto
– Brrrrr – imitou barulho de cavalo o que acabou com o clima tenso que estavam se formando
– Só você mesmo Carlos! – beijou-lhe
E riram gostosamente. Nem parecia que estavam brigando segundos atrás.
—–
– Eu estou aqui o dia inteiro e ainda não fui chamada. Meu estresse está nas alturas. Me dê um bom motivo para não chutar o traseiro gordo desse delegado?
– Calma Alexia, por favor. Ele está ocupado, interrogando outras pessoas…
– Mas eles exigiram minha presença aqui, e agora me deixam mofando nessa sala quente com esse café frio? Cansei! Vou embora…
Quando uma voz grossa chama:
– Srtª Alexia Bettencourt! Pode vir por aqui..o Delegado a aguarda! – diz o oficial
– Ahh!! Agora que eu tava indo embora esse paspalho quer falar comigo?
– Alexia… se controle…
– Ah Oliveira, dá um tempo… – virou-se para o Oficial – vamos então
Entrando na sala ela se deparou com um homem gordinho, com as bochechas rosadas e um cavanhaque loiro que se unia ao cabelo de igual cor.
– Boa Noite Srtª Alexia,
– Boa noite Delegado. Então, o que de tão importante você quer comigo pra me fazer esperar tanto tempo?
– Podem sentar. – Assim Oliveira e Alexia fizeram, o Delegado continuou – Bom Alexia, desculpe a demora para falar com você, foi por conta de uma nova evidência que apareceu, que mudou um pouco as perspectivas das investigações, somado ao depoimento do Dr. Daniel Silva, advogado da família.
– E o que é?
– Um testamento, encontrado juntamente com uma carta.
– A leitura de testamento não é feita dessa forma. Por que com esse é diferente? O que Eduar…meu pai deixou com certeza não foi pra mim.
– O testamento não é de seu pai Alexia…é de sua mãe.
Alexia e Oliveira pareciam completamente confusos, quando avistaram Daniel entrando na sala. Uma troca de olhares entre Delegado e Daniel, e um aceno positivo com a cabeça deu permissão a Daniel começar a dar as explicações devidas.
