Centro da Cidade do Rio de Janeiro. Um Calor de 39°C castigava a capital carioca.
– Teles!!?? Cadê a pauta que te pedi? Já era pra estar na minha mesa horas atrás!! – dizia irritado a mesa de Juliana
– Desculpa Silveira! Já estou enviando pro seu e-mail!
– Desse jeito não vou te promover nunca pro setor de esportes! Mais agilidade! Não gosto de repórter preguiçosa. – deu as costas e voltou para sua sala
Vitor Silveira era editor-chefe do “Jornal Esfera”. Era alto, bonito, moreno de olhos pretos que pareciam duas jabuticabas, e metido a sedutor. Mas com Juliana, ele tinha o maior respeito. Já sabia da homossexualidade de sua repórter preferida e a admirava por aceitar isso de cabeça erguida. Quando era mais jovem, sua irmã se revelara homossexual e ele foi extremamente rude e chegou a agredi-la. Ele nunca mais a viu desde então.
Tratar bem Juliana era como se compensasse o que fez a sua irmã. Mas nem por isso deixava de ser o chefe exigente que era com os demais. De repente um burburinho forte começou na redação e um corre-corre atrás de um furo de reportagem fazia com que uma pequena confusão se formasse. Juliana tentava descobrir o que havia acontecido, até ler a anotação feita num papel após a ligação que movimentou a redação:
“Morre o milionário Eduardo Mourão.”
Juliana abaixou o papel lentamente, colocando-o na mesa de onde havia retirado, totalmente em estado de choque.
Já havia passado um ano e meio desde o dia que descobrira a mentira de Alexia, mas a mágoa parecia ser a mesma. Não sabia o que sentia com aquela notícia. Mas uma preocupação inevitável povoou seu pensamento:
“Será que Alexia está bem? Sei que seu relacionamento com seu pai era conturbado, mas ele era seu pai…Juliana esquece! Essa mulher mentiu, enganou e quebrou seu coração. Isso não é problema seu!”
Ainda ficou pensativa durante um tempo, enquanto Silveira a chamava insistentemente:
– TELLES!!! Está surda?? – o tom irritado estava de volta
– Oi Silveira..desculpa eu estava…
– Não me importa, quero saber o que você tá fazendo aqui??
– Eu? Ué… eu trabalho aqui… – disse não querendo entender a real intenção da pergunta de Silveira
– Juliana! Deixe de se fazer de idiota! Quero que você vá para São Conrado agora!! Pode ser a reportagem que vai te dar maior visibilidade.
– Como assim? Ele tava morando no Rio? – assustou-se
– Ainda não sabemos, mas foi lá que o encontraram morto. Corre pra lá, escolhi você, Hugo e Isabela para irem. Estão te esperando no carro!
– Olha Silveira, eu não queria ir não, preferiria…
– Você não tem que querer nem preferir. Sou seu chefe. Agora vá que você tá perdendo tempo! – e saiu de perto da loira
E muito a contragosto, Juliana pegou seus equipamentos e partiu para São Conrado.
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