– Seu pai? Mas… o que ele veio fazer aqui? – perguntava confusa
– Não tenho ideia! Eu bati a porta na cara dele.
Batidas insistentes continuavam a porta.
– Deve ter sido por conta do seu aniversário amor! Vai lá. Dê uma chance!
– Tenho que dar um jeito nisso. Você fique aqui! Que eu vou sair com ele pra outro lugar e…
– Claro que não! Não vou deixar você passar por isso sozinha!
– Juliana! Não se meta nisso. Você não conhece o tipo de pessoa que é meu pai e…
– Lexy, você é minha noiva. E eu tenho o direito de saber o que está se passando.
– To pedindo, pelo menos fica aqui no banheiro, é mais seguro. Só até eu sair. Não te peço mais nada nos próximos meses!
– Qual é o problema dele me ver? Vergonha de me assumir? – disse ressentida
– Claro que não! Não fale isso! Eu te amo e falo pra quem quiser ouvir isso. Mas, meu pai é complicado. Ele vai querer fazer desaforos a você. Deixa-me descobrir o que ele quer. Se ele tiver vindo em paz, eu te chamo. Tudo bem? – olhou suplicante para que Juliana aceitasse o que ela pedia.
Juliana muito a contra gosto acabou cedendo ao pedido de Alexia. A morena saiu e atendeu as batidas na porta, o pai dele entrou furioso no quarto:
– Você enlouqueceu??? Bater a porta na minha cara? Ninguém faz isso comigo! – dizia já raivoso.
No banheiro Juliana se encontrava sentada, com o ouvido colado na porta, roendo as unhas. No quarto, o diálogo continuava:
– O que você veio fazer aqui?- foi seca e direta
– O que eu vim fazer aqui? Essa carta, chegou há 2 dias atrás na minha casa! – tentando manter um tom neutro
Jogou-a em cima de Alexia, que percebeu que essa trazia um emblema da UFL. Começou a ler a sua cor foi do moreno para o pálido rapidamente.
– Pai, eu… – Alexia perdera a fala
– Você o que?? Não queime o meu dinheiro, Alexia! Já estou cansada das suas irresponsabilidades! – começou a elevar o tom da voz
– Me deixe explicar ao menos… – em vão
– Explicar o que? Que você mentiu pra mim?? Que você vem jogando meu dinheiro fora?? NINGUÉM BRINCA COM MEU DINHEIRO! – Ele berrava dentro do quarto, batendo no peito como prova de autoridade.
Alexia estava em pânico, olhava a todo instante para a porta do banheiro. Amassou a carta e jogou no chão. O pai dela percebeu a preocupação:
– Que você tanto olha pra aquela porta, Alexia?? Quem tá ali? – disse impaciente
– Não é ninguém pai! – respirou fundo – olha vamos sair daqui e conversar em outro lugar!
– Posso saber por quê? Aqui me parece ótimo! – disse rodando o quarto para ver se encontrava algo
– Pai! Por favor!!! – pediu quase ajoelhando
Ele olhou novamente pra porta do banheiro e constatou:
– Ela tá ali?? Não está? – disse baixo com um sorriso maligno
Alexia nada respondia, e implorava para ele sair dali com ela. Na ameaça de arrombar a porta do banheiro, Juliana enfureceu-se e saiu, fazendo as apresentações:
– Posso saber o que está acontecendo aqui??? – disse Juliana furiosa, mas tentando controlar sua raiva. E estava assustada. Nunca vira Alexia tão acuada desde que a conhecera.
O pai de Alexia soltou uma gargalhada, virou-se pra filha e perguntou debochando, apontando pra Juliana:
– É essa putinha aqui que você tá sustentando?? – olhou com desdém
– PAI!!! NÃO FALA ASSIM… – enfureceu-se momentaneamente
– EU FALO COMO EU QUISER!!!!!
– O senhor está me ofendendo!!! Não sou puta, e muito menos sustentada por Alexia!! Meu nome é Juliana Teles e quem o senhor pensa que é pra falar assim de mim?? – tentava manter o controle em vão
– Eu?? – riu novamente – Eduardo Bettencourt Mourão! O trouxa que te banca!!!
Alexia sentou atordoada na cama. Estava totalmente apática. Juliana achava ridículo o que Eduardo falava.
– O senhor não me banca, Alexia não me banca! Tenho meus pais pra me ajudar, e tenho o auxílio-bolsa que consegui com o meu esforço!! É o que me mantêm aqui.
– Ah é mesmo? – debochou novamente – pois de acordo com essa carta amassada que você está pisando – eu estou pagando seus estudos há quase 1 ano! E eu por acaso sou seu pai?
Juliana não entendia. Era muita informação pra processar. Deu-se conta que pisava num papel. Abaixou e pegou. Alexia interveio:
– Juliana! Precisamos conversar… – disse com voz sumida, tomando a carta de suas mãos.
– Precisamos…conver…Alexia o que tá acontecendo?? – tomou a carta de volta
Juliana leu o suficiente. Alexia estava irreconhecível. Nem no momento mais desesperado, saiu da defensiva. A loirinha olhava com cara de descrença pra morena. Foi quando as duas começaram a chorar. Alexia pedia perdão desesperadamente. Juliana nada dizia. Apenas olhava duramente para Alexia.
Eduardo percebeu que a loirinha de fato não sabia de nada. Sorria de satisfação com a cena, e para seu deleite, esperava assistir a filha quebrando a cara mais uma vez. Foi quando percebeu as alianças:
– Que porra é essa?? Vocês…são..NOIVAS?? – disse espantado.
Juliana resolveu se pronunciar:
– Não… mais.
Tirou a aliança e deu na mão de Eduardo, e continuou:
-Isso também veio do seu dinheiro. E pode ficar tranquilo, assim que possível, o senhor será ressarcido! – disse com seriedade
– Juliana, não fala isso… – implorada Alexia
– Estamos entendidos, Sr. Mourão? – ignorando a morena
– Espero que eu seja mesmo. Você me deu o prejuízo de uma pequena fortuna.
Juliana saiu do quarto batendo a porta. Alexia sentou na cama chorando, com as mãos no rosto.
– JULIANA!! VOLTA!! – berrou em vão
Seu pai, voltou a falar:
– Espero que ela me pague tudo o que deve! – falou baixinho, antes de aumentar o tom da voz para se direcionar a Alexia
– O que você pensou que estava fazendo? Que iria me enganar? Disse que o dinheiro era pra um turno extra na faculdade, que estava empolgada com a profissão! Estava até começando a te achar uma pessoa decente! E você me apronta isso?
– Pai!! Ela precisava da bolsa. Ela tem talento! E eu a amo!!!
– Ama nada!! Você é incapaz de amar, é igual ao seu “terrível” pai aqui.
Alexia enxugou as lágrimas do rosto e sua expressão mudou de triste para extremamente decidida:
– Tem razão, Sr. Mourão! Hora de mudar isso! Começando pelo senhor! Saia daqui e nunca mais me procure! – apontou a porta
Eduardo soltou uma gargalhada:
– Ora! Essa é boa! E vai viver de que minha filha?? É o dinheiro do papai aqui que paga sua faculdade, e estava pagando essa piranha que você andava come…
Eduardo foi interrompido por uma forte bofetada, que foi devolvida a morena:
– Como ousa, garota!!! Só não acabo com você aqui e agora, por que estamos na universidade!
-Você nunca mais vai bater em mim!! Nunca mais!!
Alexia partiu pra cima do pai de novo, que a jogou no chão mais uma vez. E disse apontando o dedo e ameaça:
– Olha, acho bom você terminar isso aqui. E também acho bom você continuar fingindo que é uma filha carinhosa. Eu preciso disso para os meus negócios. – arrumava a gravata
– Nunca mais!!! Vai fazer o que comigo? Me bater? Eu aguento! Aguentei durante anos! Você me odeia… não entendo porque faz tanta questão que eu me forme!!
– Minha querida filha – disse irônica e calmamente – seu pai conhece muita gente. Não seria preciso muito esforço, para certa loirinha desaparecer da face da Terra e ninguém sentir falta.
– Você… você não seria capaz…
– Paga pra ver!! – a ameaçou com o olhar
Alexia levantou-se:
– Vou vê-la agora!! Preciso resolver isso com ela. Ela precisa me perdoar! – foi jogada dessa vez na cama por Eduardo.
– Esquece! E acho bom você não ir atrás dela. E fique quieta quanto nosso pequeno acordo. Você sabe que não falo nada da boca pra fora. E respondendo a sua pergunta: temos que manter a boa aparência da família para meus futuros negócios, uma filha sem diploma é uma mancha no nome da família. Você me dá prejuízo!
Saiu do quarto, e trancou-o por fora. Deu algumas notas altas de euros para o Inspetor, e pediu para que Alexia ficasse trancada no quarto, até a menina ir embora da universidade. A matrícula dela já havia sido revogada. Ela não teria outra opção. O Inspetor, prontamente aceitou, tendo seus olhos brilhando pelas gordas notas de euro em suas mãos. Voltou correndo para o aeroporto, pois tinha um compromisso importante. Enquanto esperava o jatinho abastecer, pensou:
“Ela quis sacanear meu dinheiro? Ferrei com a vida dela também!”
Teve seus pensamentos interrompidos pelo celular tocando, era Daniel, seu advogado:
– Resolveu suas pendências senhor?
– Acho que sim! Essa faculdade ela termina! E aí finalmente, terei toda a fortuna em minhas mãos. E você será devidamente recompensado.
– Obrigada pela lembrança, Mourão, mas como tem tanta certeza?
– Tenho uma arma poderosa agora, Daniel, algo que me dá total controle sob Alexia.
E voltou para o Brasil.