O resto das férias passou depressa. Eu e Alexia estávamos nos amando como nunca. Cada vez que fazíamos amor, era uma nova descoberta, uma nova sensação. Eu estava completamente entregue.
Meu irmão e Mary também estavam bem apaixonadinhos. Ele me confessou que não sabia se poderia fazer sexo com Mary. Apesar de ser bem esclarecido quanto a tudo, tinha medo que desse algum problema com a camisinha e ele acabasse passando o vírus pra ela. Estava inseguro. Aconselhei a ele combinar com Mary de irem a um médico, para esclarecer as possibilidades de transmissão, e me prometeu que em breve iria. Passamos o Natal e o Ano novo com a família de Mary mesmo, e mais alguns amigos nossos. O Natal foi muito sofrível para mim, pois nunca havia passado longe da minha família, e tão pouco sem falar com meus pais. Mas eles não queriam falar comigo, e eu não podia fazer nada.
Nas vésperas do meu retorno para Portugal, com Alexia, uma tristeza muito grande tomou conta de mim. Dei-me conta que eu realmente não falava com meus pais há muito tempo. Pensei em procurá-los, mas não fui. Carlos me aconselhou a eu deixar a poeira abaixar, que eles viriam me procurar. Carlos evitava ao máximo tocar nesse assunto comigo, para não me chatear.
Parei pra pensar em como minha vida tinha mudado completamente desde que fui para aquele intercâmbio.
Fui morar sozinha, do outro lado do atlântico, me apaixonei por uma mulher – coisa que nunca tinha cogitado na minha vida -, conheci amigos maravilhosos, melhorei absurdamente meu inglês. Virei mais amiga do que já era de meu irmão. E meus pais… de carinhosos e saudosos, agora estavam preconceituosos e ausentes. Sentia falta deles todos os dias, mas, Alexia era o amor da minha vida. Eles tinham que me aceitar como eu sou.
Ouvi a campainha tocar duas vezes e fui ver quem era. Logo reconheci a voz de Carlos e fui abraçá-lo, mas congelei quando percebi que ele estava acompanhado: dos nossos pais.
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