– Ah não!! Não acredito!! Amor…acorda!!!!
Alexia dizia dando um pulo da cama e sacudindo a loirinha:
– Ai… me deixa dormir!! – dizia Juliana tapando o rosto com o travesseiro
– Nosso voo Juliana! – olhou o relógio – Esquece, já perdemos! São 15 h da tarde. Já estaríamos longe daqui! – sentou na cama com as mãos no rosto
Foi a vez de Juliana saltar da cama:
– NÃÃO!! Não acredito!! Alexia, por que me deixou dormir tanto!!
– Eu?? Eu tenho cara de despertador??
– Mas a culpa foi sua, ainda estou completamente morta da noite passada.
– Valeu a pena! – disse com sorriso safado
Tomou um tapinha de leve no ombro:
– Safada! – sorriu, mas este cedeu o lugar a uma expressão de preocupação – E agora? O que faremos? Não tenho dinheiro suficiente para comprar outra passagem!
– Deixe por minha conta. Vamos no laboratório de informática e compramos outras. Não vamos conseguir acessar internet daqui, porque já cortaram a rede com o final das aulas.
– Ah não Alexia. Nada disso. Não quero você me bancando.
– Amor, não se trata disso. Você quer ver sua família. E temos uma conversa com eles também. Além do mais, eles devem estar preocupados, por que você ficou de ligar quando tivesse embarcando.
– Ih! É verdade! – disse pegando seu celular e percebendo algumas chamadas perdidas – dessa vez eu vou aceitar, mas faço questão de pagar depois, centavo por centavo.
– E eu vou cobrar, mas de outra forma – disse lá se colocando atrás de Juliana, beijando seu pescoço e acariciando seu seio.
– Nem vem! Ainda estou cansada o bastante – riu – deixe de ser insaciável e vamos resolver nosso problema. Mas antes – afastou Alexia, com muito custo – deixe-me ligar para meus pais.
Enquanto Alexia arrumava o quarto, Juliana falava ao telefone explicando – claro que não o motivo real – da perda do voo.
E saíram para tentar comprar a passagem do próximo voo disponível. No quarto acima, outro problema estava tentando ser resolvido.
—
– Se você acha que isso foi um erro. Pode me avisar que eu me afastarei! – dizia uma Givoanna aborrecida.
– Não é isso Gi, é que eu sempre achei que eu fosse hetero. Até te conhecer, nunca olhei diferente pra uma mulher. E agora acontece isso.
– Tu achas que é fácil para mim, Mah? Eu sempre interessei-me por homens também.
– Eu não sei o que fazer. Como devo me sentir?
– Como você queres se sentir?
– Feliz? E você?
Giovanna se aproximou de Marcela :
– Beije-me!
– Não está cansada depois da noite agitada que tivemos – riu sedutoramente
– Nem um pouco – devolveu o sorriso
E amaram-se mais uma vez.
—
– Pronto, passagens compradas, embarcamos a noite!
– Ai Amor, foi um exagero comprar Classe Executiva. Gastou um dinheirão.
– Eram os últimos lugares no avião. Ou era isso, ou só daqui há dois dias.
– Tá certo, mas assim que eu ganhar um dinheiro, eu faço questão de te dar.
– Pode me dar, sem problema algum! – riu com o canto da boca
Juliana fingiu revolta:
– Você não sossega nunca? Meu Deus! Quanto gás! Só pensa em sexo
– Só penso em você meu amor!
– Você é muito cafajeste! – sorriu e lhe deu um rápido beijo nos lábios
Saíram do Laboratório de Informática que ficava no primeiro andar do Alojamento, quando como que um estalo Alexia falou:
– Aonde será que estão aquelas desnaturadas? Marcela e Giovanna sumiram. E nem se despediram de nós.
– Pro quarto de vocês, Marcela não voltou. Ela deve ter ficado no meu quarto, fazendo companhia pra Gi.
– Hummmm – Alexia levantou uma das sobrancelhas
– “Hummm”? O que essa mente do mal tá processando?
– Eu acho que Marcela está afim da Giovanna. Só não quer assumir… vai que…
– Você acha?? Mas ela sempre me falou que era Hétero.
– Eu sinto algo no ar sim! Aquela nunca me enganou.
– A i seria ótimo. Pois eu adoro as duas. E de quebra você tiraria essa ideia louca que a Gi me quer.
– Não falemos sobre isso. Foi uma impressão boba. Já passou.
– Que bom. – lhe beijou ternamente no meio do corredor.
– Amor, mesmo assim. Vamos dar uma passada lá no meu quarto. Preciso pegar minha mala.
– Claro, vamos!
—–
Chegando perto do quarto de Juliana, ouviu-se barulhos dentro do recinto. Juliana colou seu ouvidos a porta e constatou:
– Isso… são… GEMIDOS!! Alexia, tem alguém transando aí! – Juliana dizia com a boca aberta, constatando o choque.
– Com certeza, são gemidos diferentes, e de duas mulheres – Disse também colando o ouvido a porta.
– A i, vou olhar pela fechadura – abaixou-se
– Deixa que eu olho primeiro
– Não! Eu olho.
– Me deixa!
E ficaram nesse jogo de empurra-empurra até que Juliana, surpreendentemente deslocou a morena com uma bundada e a fez cair no chão:
– O que é isso Juliana? – dizia incrédula que fora derrubada por uma bundada.
– O que foi? Pensa que só você que tem várias habilidades? – sorriu vitoriosa e olhou pela fechadura – Amor, não dá pra ver muito bem, mas… gente!! São as roupas de Giovanna no chão!!
– Deixa eu ver – deslocou a loirinha sutilmente – E aquela é a roupa da Marcela. As duas se olharam chocadas:
– É linda, tem gente descobrindo o amor hoje!
– Se elas forem tão felizes quanto eu sou com você Lexy, é a melhor coisa que elas poderiam ter descoberto. – sorriu franzindo o nariz
Trocaram um beijo romântico na porta do quarto.
– Amor, preciso pegar minhas coisas. E agora o que fazemos?
– Vamos pro meu quarto, depois voltamos.
– Claro que não. Se eu for pra lá perderemos outro voo. Já sei, vamos conversar alto pra ver se elas se arrumam rápido. – pigarreou – AMOR! VOCÊ ESTÁ COM AS CHAVES? NÃO AS ENCONTRO EM LUGAR NENHUM!
Num pulo Marcela e Giovanna saíram cantando as roupas e as vestindo. Do lado de fora, Alexia se divertia com a cena, tendo suas risadas abafadas pelas mãos, que saíram da frente da boca para esta, que se afastou um pouco responder:
– ACHEI AMOR! ESTAVA CAIDA NA ESCADA! VAMOS ENTRAR AGORA, PARA PEGAR NOSSAS MALAS!
Dentro do quarto, tentando tirar os vestígios de sexo, as duas conversavam baixinho:
– Eu esqueci que elas viajam hoje! – disse Marcela esbaforida
– Mas não iam pela manhã? Devem ter perdido o voo! E agora, o que falaremos?
– Aja com naturalidade.
Ouve-se barulho da chave entrando na fechadura e a porta se abre. E a seguinte cena foi vista por Ju e Lexy: Cada uma em cama separadas. Giovanna fingia ler um livro enquanto Marcela olhava, petrificada, para a parede do quarto.
– Bom dia suas desnaturadas! – disse Juliana
– Bom… bom… dia, Juliana. É… nós acordamos tarde e estávamos achando que vocês já tinham ido. – respondeu Marcela
– Dormimos tarde…por conta da festa – Giovanna também se pronunciou – Mas o que houve? Perderam o voo?
– Pois é, dormimos demais também. Vamos viajar essa noite. Tem certeza que não quer vir conosco Marcela? – Alexia perguntou
– Sim. Tenho certeza. Quero passar essas férias aqui.
– Mas sozinha? – perguntou Juliana maldosamente
– Não… eu… eu tenho amigos aqui e prefiro estar aqui…por conta do… sabe como é né… o clima daqui é mais agradável do que o do Rio de Janeiro.
– O Clima? – sorriu maliciosamente Alexia- entendi.
– Vai ficar por aqui, ou vai viajar Giovanna? – perguntou Juliana
– Vou ficar em Portugal estas férias. Fiquei um longo tempo longe de meu avô.
– Olha que maravilha Marcela, você pode até ficar na casa de Giovanna por uns dias, não é? Programa é que não vai faltar, como você sabe, ela conhece tudo por aqui.
Marcela abaixou a cabeça, afim de não mostrar constrangimento. Giovanna respondeu:
– É… sim. Claro Ju. Quando quiser Marcela. É só aparecer.
– Obrigada Giovanna. – virou-se pra Alexia – bom amiga, vou subir pro nosso quarto, preciso arrumar umas coisas. Você vem? – olhou suplicante
– Claro. – virou-se para Juliana – nos vemos daqui a algumas horas amor. E saíram.
No quarto Juliana, com sua indiscrição característica, falou:
– Tem algo que queira me contar amiga?
– Ju… é que. Sabe… eu não sei como contar.
– Conte. Por que eu já imagino.
Giovanna levantou a cabeça, e olhou pra Juliana:
– O que fazemos quando nos apaixonamos por quem não devemos?
– Nós corremos atrás para saber se a pessoa sente o mesmo, e caso sinta, seremos felizes. Caso não sinta, lutamos para conquistá-la.
– Tu achas que devemos fazer de tudo para conquistar alguém?
– Mas é claro. O importante é amar e ser amado. Amar sozinha é muito triste.
– Entendi…
– E quem seria a pessoa, dona desse coração?
– Uma morena alta, e perfeitamente linda que esteve nesse quarto! – sorriu
– SABIA!!!! – Juliana deu pulinhos de alegria
– Deixe de escândalos Ju. – riu – mas agora não sei o que faço!
– Ame minha amiga! Apenas… AME!
As duas riram e Juliana abraçou Giovanna fortemente. De um lado, um rosto feliz e aliviado, pois apesar de gostar muito de Giovanna, a desconfiança de Alexia sempre a fez ter um pé atrás. E de outro lado, um rosto preocupado, quase incomodado. O medo da rejeição povoava a mente da portuguesa.
No outro quarto, Marcela contava com detalhes para Alexia, de sua noite com Giovanna, arrancando reações diferentes da amiga. Alexia ouvindo a história, carregava um semblante de alívio. Finalmente poderia dormir em paz, sem achar que Giovanna a qualquer momento atacaria sua namorada. E finalmente, poderiam construir algum tipo de amizade, o que deixaria Juliana muito feliz.
Mais tarde naquele dia, se despediram das meninas e embarcaram rumo ao Brasil.