Eternizado Pelas Estrelas

Capítulo 27 – COISAS BELAS

Às vezes estamos tão preocupados em ser felizes, que acabamos nos esquecendo que existe o resto do mundo.

Desde o primeiro beijo, a primeira carícia, eu me sentia absolutamente encantada por aqueles olhos. E agora, depois que fizemos amor pela primeira vez, me sinto finalmente, completa.

Como se tudo que eu tivesse feito, ou dito na minha vida inteira, fosse apenas para passar o tempo. Parece que eu estava sempre esperando por Alexia. Mas, aquele dia do jantar, me fez cair na realidade. Eu sabia amor que estávamos vivendo, não era de acordo com os moldes que a sociedade impõe, só não estava querendo me lembrar disso.  Apesar de sermos aparentemente bem aceitas aqui na faculdade, sabemos que falam de nós pelas costas. Assim como falam dos outros casais gays que estudam aqui também.

Existem pessoas ótimas no mundo, como a Mary que sempre que consigo, conversamos por rádio ou internet. Como o Seu Manô, que ajudou Alexia com aquela surpresa toda para mim. Também tem a Gi, que era a que eu mais entenderia se ficasse traumatizada, mas nos aceitou bem e tem sido uma grande amiga para mim, me ajudando com inglês. E o Carlos, claro! Que é meu anjo da guarda, que apoia tudo que faço em busca da minha felicidade.

Mas, em contrapartida, tem minha mãe, meu pai, o resto da minha família, o pai de Alexia. Não sei como vou fazer para contar para eles. Me sinto traindo todo mundo. Traindo Alexia. Traindo o meu próprio sentimento. Não consigo entender o que tem de tão errado em amar alguém.

Mas eu já havia decidido, terminando o período, eu iria com Alexia lá pra casa, onde ela passaria as férias e visitaria alguns amigos no RJ. E dessa forma, com a mulher que amo do meu lado, contaríamos tudo. Não seria fácil. Mas era preciso. Essa situação estava me incomodando. Eu só precisava conversar com Alexia de minha decisão.

——

Alexia entrara meio chateada aquela noite no quarto. Apesar de ter esmurrado a cara do infeliz e feito algumas piadas – ruins em sua maioria – para tentar animar Juliana. Ela tinha ficado bastante magoada com os comentários maldosos daquele rapaz. Sabia que a partir daquele momento, elas tinham acordado para a realidade, saindo no mundo encantado dos sonhos onde se encontravam. Sem fazer muito barulho, entrou no banheiro e foi tomar seu banho. Enquanto a água gelada escorria pela sua pele morena, ela pensava em como estava feliz com Juliana. Relembrou de todos os momentos alegres, românticos e picantes que teve com a loirinha e constatou que não importaria o que viesse, ela aguentaria. Por aqueles olhos verdes, Alexia encararia tudo e todos se fosse preciso.

Saída de seu longo banho, já vestida com seu tradicional top e short de dormir, foi surpreendida por uma doce voz:

– Precisamos conversar.

Era Marcela que ficara acordada esperando Alexia chegar.

– Olha, sobre hoje de manhã…

– Deixe eu falar! Moramos juntas há tanto tempo. – disse Marcela a interrompendo – Eu sei que você é fechadona e tudo mais. Eu também sou assim. Mas ao contrário de todo mundo, eu nunca tive medo de você. Muito pelo contrário. Sempre admirei sua coragem, sua petulância. Queria ser mais assim como você. Mas sempre vi nos seus olhos uma grande tristeza. E eu queria poder te ajudar. – Alexia escutava tudo atentamente – Quando você me pediu pra ajudar com a surpresa pra sua namorada, eu fiquei feliz por achei que você estava tentando uma aproximação. Achei que finalmente teria sua amizade. E então você joga dinheiro no meu colo, daquela forma. Eu fiquei muito desapontada e ofendida.

Um silêncio se fez e Alexia sentiu que era o momento dela falar alguma coisa:

–  Olha Marcela, eu…eu realmente  sinto  muito  pela  forma  que  eu te  tratei.  Eu não tô acostumada com pessoas  se aproximando de mim por que querem. Não imaginei que você quisesse ser minha amiga. Ainda mais, eu sendo sabe, uma… sabe…

– Uma o que? Uma pessoa forte, decidida? Que sabe o que quer?

– Você entendeu o que eu quis dizer.

– O fato de você ser homossexual não me incomoda. Sou Carioca, mente aberta e livre de preconceitos. Meus pais…são hippies, Alexia!

– UAU! Por essa eu não esperava! – riu – Hippies?

– Pois é! É mole? – riu também

Alexia parou e olhou pra menina, e pela primeira vez a enxergou. Marcela era tão alta quanto ela. Aparentava ter por volta de 20 anos. Tinha o cabelo castanho encaracolado e olhos cor de mel. Era dona de um belo corpo. Pernas grossas e seios médios. Cintura bem torneada e um bumbum arrebitado, proporcional ao tamanho dos seios.

E foi surpreendida por Marcela que e pulou no seu pescoço e disse:

– Espero que sejamos melhores amigas! – sorriu e fez a morena sorrir

– Acho que sim marcela!

Desfazendo o abraço Marcela perguntou:

– Agora me conta TU-DO de ontem!

Alexia soltou uma gargalhada:

– Mas acabamos de “nos conhecer” e já quer saber as coisas íntimas?

– Mas é claro!! É a melhor parte de uma amizade: as fofocas!!!

Alexia de fato estava precisando de alguém para conversar. E assim começou a contar o que Marcela queria saber.

—-

Alexia e Juliana se viram e saíram todos os dias daquela semana anterior ao início das aulas. Com o decorrer da mesma, Marcela e Giovanna se uniram algumas vezes às duas moças. Apesar da implicância gratuita de Alexia com Giovanna, comportou-se bem, enquanto Juliana simpatizava e muito com Marcela, ainda mais depois de saber que ela a ajudou com a surpresa musical da morena. O fim de semana chegou, Giovanna e Marcela marcaram um barzinho no centro de Lisboa com Juliana e Alexia, que preferiram ficar em casa, e atendendo um pedido discreto de Alexia, as meninas dormiriam no quarto de Juliana,  enquanto esta passaria  a noite  no quarto da morena. A loirinha, tomava banho  para encontrar  sua amada, quando o seu telefone toca:

– Alô?

– Amiga? Que saudade!

– Mary!!! Quanto tempo não nos falamos? Deve ter quase um mês que você não dá sinal de vida.

– Minha vida está de cabeça pra baixo. Mas tenho que falar rápido, por que não tenho rádio e tô fazendo DDI.

– Ok, me diga!

– Agora vou virar a Garota de Ipanema!! – fez imitando o sotaque “chiado” do carioca

– Como é??

– Estou de mudança pro Rio de Janeiro. Pedi transferência pra UCF, a mesma que a sua amiga. Meu pai está sendo transferido da firma, e estou indo com ele. Não é o máximo?

– A i que lindo!! Quando eu voltar pro Brasil vou ter minha amiga de volta! Amei a notícia!

– Eu tava doida pra te contar… amiga… você tá no banheiro?

Juliana riu:

– Na verdade sim, e debaixo do chuveiro!

– Opaa!! Não fala sim que eu mudo de time hein!

– Vai virar botafoguense? – brincou com Mary

– Eca! Futebol não!…vou desligar então que você deve estar se banhando pra morena de olhos azuis!

– Isso mesmo – seu olhar fico terno – eu estou tão apaixonada Mary.

– Ahh! Que bonitinho. E vem cá… vocês já… ah… você entendeu!

– Se nós já o que? Fizemos amor?

Mary gargalhou do outro lado da linha:

– A i amiga! Que Brega isso! Odeio essa expressão, acho tão cafona!

– Eu também achava, até descobrir o que era isso!  – disse séria mas em tom calmo

– Ok! Ok! O dia que eu “fizer amor” te conto ok? Mas pela sua resposta, já vi que rolou. Vou ver se arrumo um rádio de alguém pra te ligar outro dia e saber todos os detalhes!

– Tá bom amiga. Vai lá.

– Boa Noite amiga, porque essa promete heeein?! – riu

– Minhas noites com Alexia são “promessas cumpridas” mesmo antes de acontecerem!

– E olha que a morena não dorme no ponto! – riu mais uma vez – beijos amiga!

– Beijos!

Juliana deixou a água escorrer mais um pouco pela sua pele, trocou de roupa e foi de encontro a Alexia.

—-

Duas batidas na porta. Nada. Mais duas batidas mais fortes na porta. Juliana chamava por Alexia e ninguém atendia. Na última tentativa, a porta se abriu sozinha. O quarto estava todo escuro, sendo banhado pela luz da lua que entrava pela janela. Juliana, já preocupada ia acender a luz, quando Alexia aparece linda, como sempre, vestindo apenas um hobby e diz:

– Estou com você há mais de 6 meses e ainda não dancei com você!

Juliana assente com a cabeça, mas pergunta:

-Vamos dançar sem música?

Alexia se aproxima de Juliana pegando sua mão:

– Eu sei que você está triste com o que aconteceu, e as vezes a música traduz melhor as coisas que queremos dizer.

Alexia aperta o botão do rádio e puxa Juliana para perto dela:

– Essa música não é muito conhecida amor, por tanto vou traduzir pra você: A música “Beautiful”  da banda de rock Marilion começa a tocar no rádio

https://www.youtube.com/watch?v=TqWZ_U6Or9I

http://www.youtube.com/watch?v=T_GzPCJWTmE

Alexia puxa Juliana pela cintura e a abraça. Elas começam a dançar. A morena está com as mãos abraçadas a cintura de Ju enquanto a loirinha a abraça pelo pescoço:

Everybody knows that we live in a world

Where they give bad names to beautiful things

Alexia começa a traduzir trechos da música para ela, cantando em um quase sussurro perto do ouvido da loirinha:

– Todo mundo sabe que vivemos num mundo em que dão maus nomes às coisas belas.

Os corpos começam a se aproximar.  Juliana encosta na altura  do peito de Alexia,  enquanto essa apoia  o queixo  na loirinha.  Alexia quase como um anjo, continua a cantar a tradução:

Everybody knows that we live in a world

Where we don’t give beautiful things a second glance

– Todo mundo sabe que vivemos num mundo em que não sabemos dar um segundo olhar às coisas belas

Heaven only knows we live in a world

Where what we ca l beautiful is just something on sale

–  O paraíso sabe que vivemos num mundo onde o que chamamos de bonito é apenas algo à venda…

People laughing behind their hands while the fragile

And the sensitive are given no chance

– As pessoas riem por trás de suas mãos enquanto não é dada nenhuma chance à fragilidade e à sensibilidade…

Nesse momento Juliana começa a chorar silenciosamente e Alexia sente lágrimas molhando seu hobby. Ela levanta o rosto de Ju,  e  um olhar  profundo  de  amor  e  cumplicidade  é  dado.  O azul e o verde se  misturam  em um beijo apaixonado.  Ao findar o beijo Juliana diz:

– Alexia… eu… tenho… medo.

Alexia olha novamente para Ju, segura suas mãos e canta para ela, o Bridge da música:

You’re strong enough to be… Have you the faith to be?

–  Você é forte o bastante para ser… Você tem fé para ser?

You’re sane enough to be? Honest enough to say…

– Você é sensato o bastante para ser? Honesto o bastante pra dizer…

Juliana já chorava bastante, e estava abraçada fortemente ao peito de Alexia:

Don’t have to be the same… Don’t have to be this way C’mon and sign your name

– Não precisa ser o mesmo… não precisa ser desta maneira…venha e assine seu nome

Alexia levanta o rosto molhado da loirinha pelo queixo, muito delicadamente com os dedos, a fazendo mergulhar novamente em seus olhos:

You wild enough to remain beautiful …

– Você é louca o suficiente pra se manter bonita? “Beautiful”

– Boni….

Alexia foi interrompida por um beijo caloroso de Juliana, que a foi conduzindo para a cama. A música que estava no seu refrão final, trilhava roupas voando pelo quarto.

A loirinha beijava Lexy com amor, com paixão, com desejo. E assim fez com cada parte daquele corpo moreno e tão bem esculpido. Beijou o rosto com delicadeza, foi mordendo levemente a orelha e descendo com língua pelo pescoço até os seios da morena. Se deliciou com aqueles seios, alternando entre sugá-los fortemente e passar a língua levemente nos mamilos que já estavam mais que rijos naquele momento. Alexia gemia o nome de Juliana, o que excitava mais ainda a loirinha, que continuou a percorrer com a língua aquele corpo tão desejado. Lambeu e beijou sua barriga, desceu até pernas, parte interna das coxas até chegar aonde mais desejara. Alexia na pedia:

– Amor… por favor! Você está me matando… vai…

Juliana não dizia uma palavra sequer, e começou a beijar o sexo de Alexia, enquanto observava sua amada curvando as costas de prazer e pedindo mais. Prontamente ela atendeu o pedido e começou a lamber toda a extensão do lugar tão cobiçado e, para desespero de Alexia, parou:

– Amor… não faz isso comigo! Volte para lá… JÁ!

Juliana riu e se pôs entre as pernas de Lexy fazendo com que seus sexos entrassem em contato:

– Oh meu bem, que delícia… rebola… vai

Juliana rebolava freneticamente em cima de Alexia. As duas gemiam alto, e as únicas palavras que poderia se entender era o nome das duas chamados entre gemidos e grunhidos.

O coração não tinha como bater mais rápido, batiam como um só.  O contato corpo-a-corpo, seio-a-seio, sexo-a-sexo fez com que as duas explodissem num orgasmo incrível, convulsionando os dois corpos, fazendo com que o corpo de Juliana caísse sobre Alexia.

Quando a respiração das duas foi voltando ao normal, Alexia disse:

– Uau! Que isso! O que deu em você menina?

– Apenas te mostrando…

– Mostrando o que?

– Que eu tenho coragem pra ser louca, e pra ser “bonita”, pra você e  por você.

Alexia a puxou para um beijo longo e tranquilo:

– Eu estou com você meu amor, te amo, e vamos passar por tudo isso juntas. – disse Alexia visivelmente apaixonada.

– Eu também meu bem, mas quero fazer isso de uma forma correta.

– Como assim?

– Quero contar pra minha família quando formos lá, nas férias.

Alexia parou para pensar por um momento, mas logo em seguida concordou:

– Você tem toda razão meu amor, faremos isso. E eles vão aceitar tão bem quanto seu irmão.

– Espero…

-Mas enquanto as férias não chegam…

Alexia em um rápido movimento se colocou em cima da loirinha:

– Vamos ser loucamente “belas” essa noite

E fizeram amor até o primeiro raio de sol cortar o belo céu azul que abraçava a manhã.

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