Eternizado Pelas Estrelas

Capítulo 17 – DESCOBRINDO ALEXIA

Juliana não gritou. Apenas fez que sim a cabeça e a mão foi retirada de sua boca e se virou rapidamente, era Alexia:

– Você quer me matar do coração?? – Dizia Juliana, “berrando silenciosamente”

– Desculpa linda. É que na hora que você ia me chamar, o vigia passava por aqui fazendo a ronda. Você ia se complicar. Desculpa mesmo. Você está bem?

Juliana olha com cara de deboche, não escondendo a raiva que sentia ainda:

– Estou ótima. Devo ter feito xixi nas calças, mas tô ótima. Tenta uma abordagem menos assustadora da próxima vez. Ando meio traumatizada e você sabe disso.

– Mas não tinha muito o que fazer. Se você berrasse meu nome….

– Tá! Tá! Tudo bem, já entendi. Mas é que fiquei muito assustada. – Juliana já estava mais calma – Olha meu coração, tá muito acelerado!

 Isso tudo é emoção em me ver linda? – Riu com o canto da boca

– Não sua boba! Foi do susto mesmo.

– Então vem cá, deixa eu te acalmar um pouco…ou não –  sorriu e puxou Juliana para um longo beijo, que a fez esquecer o susto que acabara de tomar.

– Me diga Alexia, por que me trouxe aqui?

– Por que?? É sério que você tá me perguntando isso?

– Ué? É! – Disse sem entender muito bem

– Ju! Eu queria ficar um pouco sozinha com você. Fiquei a tarde inteira me controlando pra não dar bandeira da gente pra Mariana, que por sinal se revelou uma pessoa muito legal. Fiquei o dia todo pensando no nosso final de semana, em você, no seu beijo – conforme ia falando, ia dando beijinhos no rosto e pescoço de Juliana, que provocava arrepios na mesma.

– Agora eu entendi – riu

Beijaram-se novamente.

– Olha Linda, eu trouxe uma coisa pra gente!

– Obaa!!! O que? É de comer??– perguntou uma baixinha entusiasmada!

– Será que você só pensa em comida?

– Ahh, é o meu jeitinho – fez beicinho e ganhou um beijinho

– Olha como o céu tá bonito hoje. Pensei que podíamos ficar aqui, deitadas nessa canga, dando beijinhos e admirando as estrelas.

– Nossa! Que romântica – disse Juliana totalmente surpresa – Não sabia que você fazia esse tipo.

– Nem eu sabia. Você tá me fazendo descobrir muitas coisas.  – sorriram

Juliana mudou de expressão:

– Não é perigoso? Sabe, alguém ver a gente aqui. Você disse que é um local proibido.

– Naada! O cara já fez a ronda. Agora não volta mais aqui – conversavam enquanto estendiam as cangas.

Sentaram. Juliana se acomodara entre as pernas de Alexia, encostando suas costas no peito na morena, que por sua vez, enrolou seus braços na loirinha, para aquecê-la.

– Lexy. Me explica uma coisa?

– Lexy???

– Ah! Eu gostei de te chamar assim. Posso?

– Claro. Eu adorei!

Juliana virou e deu um beijinho em Alexia.

– Pergunte-me o que quiser.

– Então…Lexy – riu- você disse que quase ninguém vem aqui. Eu não consigo entender. É tão bonito. Tão calmo. Alexia respirou fundo, o que não passou desapercebido pela loirinha que nada comentou:

– Tenho medo de te contar.

– Por que?

– Por que tenho medo de você fugir de mim. – Alexia encostou seu queixo no topo da cabeça de Juliana.

– Eu não vou fugir de você. Pode parecer prematuro para a gente, mas, me sinto tão segura com você. Como se já te conhecesse. Pode se abrir comigo. Eu sei que você precisa.

Falando isso, Juliana segurou na mão de Alexia. E começou a acariciá-la. Alexia, se sentiu mais segura e contou:

– Bom Ju, você já deve ter percebido que eu não sou muito querida por aqui. Você foi a primeira pessoa que me defendeu nessa faculdade. Eu sei que não ajudo muito também, porque cada vez vou me tornando mais arrogante, mais grosseira, mais intransigente.  E teve uma vez que eu discuti com meu pai, pois ele havia esquecido meu aniversário. Eu tava muito triste. – Juliana ouvia tudo atentamente – Era meu aniversário, e eu estava aqui sozinha, sem amigos. Isso ocorreu logo quando eu vim pra cá. Estava com muitas pressões diferentes. Resultado: Descobri esse lugar sem querer, e tinha um casal se pegando aqui, e o cara veio reclamar que eu tava atrapalhando. Eu disse que o local era público. Ele me empurrou e eu caí no chão. Naquele momento prometi que seria a última vez alguém iria me derrubar. Já estava cansada de só levar rasteira da vida. Levantei e dei um soco na cara dele, seguidos de chutes no estômago. Eu estava fora de mim, e acabei descontando no rapaz, que merecia uma porrada, mas não um espancamento. A namorada dele chorava, e saiu correndo pra pedir ajuda. Quando os amigos dele chegaram, me viram com sangue nas mãos e o rapaz completamente arrebentado. Ele ficou um tempo no hospital cuidando de alguns machucados mais profundos.  Eu iria ser expulsa, mas meu pai doou uma grande quantidade de dinheiro pra universidade.  E deu um “cala-a-boca” nas testemunhas da agressão.  – disse envergonhada –   A minha sorte é que o garoto tava no último semestre. Então o caso foi abafado, como o seu caso também foi.  E muitos não sabem o que aconteceu. Mas boatos correm né? Sempre pedem pra terem cuidado comigo e tudo mais. Logo, eles sabem que estou aqui. Que gosto daqui. Então ninguém se atreve a vir aqui. Os únicos que não abaixaram a cabeça pra mim: você, Mary e Marcela, minha colega de quarto.  Eu me sinto muito sozinha.

Alexia encerrou o que estava falando. Sentiu um medo terrível do que Juliana poderia achar dela. Segundos de silêncio de torturavam a morena, conforme iam passando. Juliana se levantou. Alexia se desesperou por um momento:

– Aonde você vai???

– Levanta girafona! – disse sério, mas em tom de brincadeira

– O que?? – a morena estava perdida, não estava entendendo.

– Levanta! Vamos!

Sem entender muito bem, Alexia levantou. Quando estava de pé Juliana se aproximou sedutoramente para perto dela. Não desgrudando em nenhum momento, dos olhos de Lexy, que estava totalmente encantada com o que via.

Quando a loirinha chegou o mais próximo que pode, ficou na ponta do pé, e puxou vagarosamente   Alexia pela nuca. Quando as bocas estavam quase se encostando, Juliana deu uma rasteira na morena, que caiu de bunda no chão:

– VOCÊ TÁ MALUCA???? – Alexia parecia chocada, e frustrada com a cena. E já ia se levantando quando Juliana disse:

– ESPERA!  – Alexia surpreendentemente se manteve sentada –  Agora a última  pessoa que te derrubou aqui,  fui eu. Esqueça essa lembrança infeliz. E mais – esticou a mão para Alexia – sempre quando você cair, mesmo que tenha sido por minha causa, eu vou estar com a mão estendida para te ajudar. Você vai segurar a sua mão na minha, para que juntas possamos fazer, o que não conseguimos fazer sozinhas. Está entendido?

Alexia estava em choque. Foi a coisa mais bonita que alguém já tinha dito para ela. Chorou. E foi acudida por Juliana.

– Você é uma garota incrível. Não sei o que fiz pra te merecer. Eu não valho grandes coisas – dizia entre soluços.

– Eu? Que nada. Só estou aprendendo, que não devemos julgar ninguém. Com o tempo, vamos nos conhecendo melhor, e vou entender o que se passa nessa cabecinha complicada. Mas, agora…

– Agora… – Alexia perguntou desconfiada

– Eu quero olhar as estrelas com você. – sorriu olhando nos olhos da morena

– Então é só olhar para os lados, pois quando estou com você, me sinto no céu!

– Ui!! – riu

– Que foi?

– Brega. Muito brega! – fez cara de reprovação, mas ria, franzindo o nariz

–  Ah! Não falo mais nada pra você! Serás castigada!

– Nossa que medo!! – riu

– Vem cá que vou te pegar!!!

Juliana levantou e saiu correndo. Alexia foi atrás dela, a pegou no colo e a jogou no lago.

– SUA FILHA DA MÃE!! Qual é a sua?? Sempre me joga aqui!!

– É porque eu adoro te ver molhada! Juliana  corou com o comentário  e Alexia se divertiu com a cena. Beijaram-se  dentro no breu que estava  no lago, banhadas pela luz da lua e a benção das estrelas. Um amor estava começando, ou melhor, se reencontrando ali.



Notas:



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