Eternizado Pelas Estrelas

Capítulo 11 – RECOMEÇO

Eu estava ansiosa. Confesso: queria me aproximar dela, mas não sabia como eu iria conseguir fazer isso sem aquela chata da Mary.  Ela sempre encontrava uma forma de impedir que eu falasse com a Juliana.

E nem sei o porquê queria me aproximar. Mas, aqueles olhos não me permitiram dormir muitas vezes. Estava confusa. Ela tem o poder de causar umas reações em mim que mal entendia. Nunca senti nada disso. E tudo só piorou depois dela ter me defendido na prova do Sr. Alvarenga.

Sei que ela apenas estava retribuindo a gentileza que fiz – que também não sei o motivo, mas sempre a achei tão calma, e controlada – apesar das vezes que discutimos, ela já ter feito um ensaio de que não era assim.

Ela tem uma coragem que me encanta. Uma coragem que eu gostaria muito de ter para poder seguir minha vida do jeito que eu desejava. As pessoas acham que eu sou corajosa, pelo jeito que falo, pela minha postura grosseira. Sei que tem muita gente que tem medo de mim, por conta da minha arrogância.

Essa é a minha capa, o meu escudo. Não confio em ninguém o suficiente, para conhecer a verdadeira Alexia. Mas pela primeira vez, queria que alguém me conhecesse. E essa pessoa é a Juliana.

Então, mesmo tarde da noite – já se sabe que educação não é meu forte – resolvi ir ao seu quarto, e dar um “cala a boca” na Mary se fosse preciso. Mas eu realmente queria agradecer pelo favor que ela tinha me feito mais cedo. Era a desculpa perfeita pra iniciar uma amizade.

Desci as escadas com cuidado, pois se o inspetor me visse, eu estaria ferrada. Eu já tinha dado sorte que no dia da briga com a Mary, ele tinha dado suas escapadas noturnas, e ninguém da diretoria soube o que aconteceu. Mas eu não podia me dar ao luxo de contar com a sorte novamente.

Quando ia chegando perto do apartamento de Juliana, ouvi uns gritos abafados. Meu coração gelou. Não entendia minha reação. Ela estava com quem naquele  quarto?   O que eram aqueles  ruídos? Seria  ela com alguém? Seria  Mary com alguém? Seriam as duas? Será que Juliana era lésbica?

Nesse momento, enquanto eu, totalmente decepcionada, voltava para as escadas, olhei pela janela e vi Mary chegando, acompanhada de umas amigas. Meu sangue ferveu! Era Juliana a dona daqueles gritos abafados! Tive vontade de chorar, ao mesmo tempo  em que minhas emoções  estavam irreconhecíveis.   Subi as escadas e ouvi um grito desesperado  de “NÃÃO”.

Em 1 segundo, minha mente já tinha pensado em milhares de possibilidades.  Resolvi arriscar, senti que ela estava em perigo. O Máximo que poderia acontecer, seria ela continuar me ignorando. Fui correndo, e aproveitando a velocidade arrombei a porta gritando:

– LARGUE JULIANA, OU CONSIDERE-SE MORTO!

E me deparei com uma cena que me dá arrepios até hoje : Juliana, com as roupas rasgadas, imobilizada na cama por um rapaz que na hora não reconheci dado o momento, mas depois descobri que se tratava de Guilherme, o bibliotecário do campus. Ele estava entre as pernas dela, com a calça abaixada, preparado para penetrá-la. Ela chorava muito e quando me viu gritou:

– Tira ele daqui!! Me Ajuda!!!

Guilherme  estava sem reação. E no que ameaçou se movimentar  para sair entre das pernas de Juliana recebeu meu primeiro soco! Ele caiu de lado e bateu com a cabeça na parede. Ameaçou levantar e recebeu um chute de Juliana. Ajudei Juliana a se levantar e ela correu pra outra cama. Guilherme levantou da cama, fechou as calças e disse:

– Não sou homem de apanhar de gajas macho como tu! Venha cá receberes uma lição!

Guilherme veio pra cima de mim como um louco. Como veio de guarda aberta, lhe dei um chute no estômago o que fez ele cair. Ele caiu de costas no chão. Coloquei meu pé sobre sua virilha e comecei a apertar, e disse:

– Isso é para você aprender a nunca mais tentar tomar uma mulher a força! Se você não tem capacidade  de conquistar isso, aceite o fato que você é um merda!

E dei um pisão com toda minha força. Guilherme só fez gritar! E sair correndo logo em seguida.

Juliana assistia a cena encolhida na outra cama, com o lençol cobrindo seu corpo. Logo que o cafajeste saiu, me virei pra Juliana, que tinha seu rosto coberto por lágrimas, e perguntei:

– Ei querida, como você está? Ele te machucou? Ele chegou a fazer alguma coisa em você?

– Não. Você chegou na hora certa. Não sei como te agradecer. – E começou a chorar novamente.

– Ei! Calma, fique tranquila – sentei ao seu lado na cama e a abracei. Ela encostou-se ao meu peito, e eu meu queixo no topo de sua cabeça e a acudi. – já passou Juliana, já passou tudo.

Nesse momento,  Mary entrou no apartamento e se deparou com uma verdadeira  cena de guerra. Roupas espalhadas pelo quarto, camas desarrumadas e eu na cama da própria, abraçada com Juliana. Ela, assustada e contrariada, perguntou:

– Posso saber o que está acontecendo aqui?

– Mas que FILHO DA PUTA!!!!

Mary estava chocada. Não acreditava que sua amiga tinha sido quase estuprada. Ela andava de um lado pro outro no quarto conforme Ju ia contando todo o ocorrido pra amiga. Ela ainda estava encostada no peito de Alexia, enquanto esta afagava com um cafuné a tristeza da menina. E Juliana findava a história:

– Então, se não fosse pela Alexia, essa hora eu não sei o que teria acontecido comigo. Eu tive tanto medo. Você tinha que ter visto Mary, o soco que ela deu nele!

Mary parou de andar. Virou-se para Alexia:

– Olha, sei que nós nunca nos demos bem. Mas não posso deixar de te agradecer o que você fez por ela hoje. Obrigada mesmo. Acho que atrás dessa cara de má e essa postura chata de engolir, tem um coração bom.

–  Mary.  Eu não sou esse monstro que você pensa.  – Alexia  se  dá conta  que Juliana  está ainda  encostada  nela e vagarosamente se afasta – Bom, acho que agora você já está em boas mãos Juliana. Vou voltar pro meu quarto.

– NÃO! – Juliana olhou para Alexia com os olhos mais pidões que existem – Fica.

Mary olhou boquiaberta para a situação. E na verdade não estava gostando de nada daquilo. Sentia-se ameaça em perder sua amiga pra heroína da noite. E se pronunciou:

– Deixe de importunar mais ainda a garota Juliana. – Virou pra Alexia – Obrigada novamente Alexia. Mas, pode ir pro seu quarto. Daqui pra frente, eu cuido dela.  Amanhã mesmo vamos a diretora e depois ao Centro de Vigilância do Campus prestar queixa.

Alexia não ouviu uma palavra do que Mary disse. Estava completamente  hipnotizada pelo olhar de Juliana. E podia-se dizer o mesmo da loirinha.

– Ei!!! To falando com você! – E estalou os dedos

-Er…sim..claro. Acho melhor eu ir pro meu quarto. Juliana. Fique bem. Qualquer coisa, você sabe onde me procurar.

– Claro Alexia. Obrigada por tudo. Não sei nem como expressar minha gratidão nesse momento.

–  Apenas não saia mais com bibliotecários bonitões, ok?

Alexia acabou arrancando uma risada discreta de Juliana, o que a fez ficar mais linda do que já era.

– Tudo bem.

– Boa noite Juliana. Boa Noite Mary.

– Boa noite Alexia. E mais uma vez, obrigada por ter ajudado a minha amiga.

E assim Alexia saiu daquele quarto.   Com a mão dolorida pelo soco que aplicara, mas com o coração mais vivo que nunca.  Mas com a cabeça cheia de dúvidas. Não sabia o que estava acontecendo. Era tudo muito novo.

“É só uma vontade de ter uma grande amizade Alexia. Só isso. Apenas isso.” Nenhuma das duas dormiram aquela noite. Juliana pensando em sua heroína, e Alexia pensando na linda loirinha de olhos verdes.

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