Olaria, Rio de Janeiro.
Juliana não dormia bem há semanas. A ansiedade e o nervosismo andavam lhe custando o sono. Iniciaria o 5º período de Jornalismo na Universidade Carioca Federal (UCF). O Motivo de tanta agonia? Estava esperando pelo resultado de uma Bolsa de Intercâmbio. Era o sonho da vida dela. Porém sempre teve suas chances reduzidas, pelo fato de falar apenas o português, lhe dando como única opção Portugal. Era de classe média. Moradora do subúrbio, sempre se esforçou para tentar ser uma boa aluna na faculdade e ter um futuro promissor. Além de inteligente, qualidade inquestionável, era dona de belos olhos verdes, um rosto delicado acompanhado por longos cabelos loiros com uma delicada franja e uma beleza que fazia corações apaixonados por onde passasse. Mas o que mais lhe chamava atenção, era a simplicidade e simpatia da menina. Finalmente o relógio despertou. Eram 10 horas da manhã de sábado. O dia tão esperado havia chegado. Logo, Juliana pulou da cama e foi para o computador:
– Prefiro ver isso sozinha. Mamãe vai acabar ficando mais nervosa que eu. Vamos internet, liga!
E nada da internet funcionar.
– Deus! Por favor! Minha internet! Não faz isso comigo!!
A mãe de Juliana, Judith acabara ouvindo os resmungos da filha e entrou no seu quarto:
– Que foi filha! Já saiu o resultado?
– Não sei mãe. A Internet não funciona. Só porque eu PRECISO dela hoje.
– Calma filha vai chamar seu pai.
– Não! O papai não! Não quero mais ninguém aqui. Já que não consegui ver isso sozinha, que seja só com a senhora.
– De jeito nenhum, vou chamar todo mundo, é um momento pra ser celebrado.
– Mas mamãe, eu não sei ainda se eu …
– Ora! Não fale besteira. Claro que conseguiu. Vou chamar.
Veio o pai, o irmão, até o tio que morava na casa ao lado, ninguém conseguia fazer a internet funcionar. E o pior, não tinha nenhuma “lan house” aberta aquela hora. Judith ligou para o para a fornecedora do sinal da internet e em algumas dezenas de minutos, um técnico chegou com mais dois técnicos iniciantes, para mostrar como se fazia o serviço. Conclusão: Uma hora depois, com a internet funcionando, Juliana que queria ver o resultado sozinha, estava rodeada pela mãe, que rezava, o pai que xingava alguma coisa baixinho por estar nervoso, o irmão que não calava a boca, o tio que reclamava com o técnicos da internet o serviço da fornecedora da empresa o qual trabalhava e os outros dois novatos olhando com cara de bobo para Juliana que pensava
“Calma Ju, pelo menos você tá com internet. Vamos ver logo isso.”
Os trintas segundos mais longos da vida de todos. E o resultado foi aberto, e dentre os Classificados, lá estava ela. JULIANA FERNANDES TELLES .
Foi uma festa, apesar de Juliana estar ainda olhando pro computador, tentando acreditar no que estava acontecendo, todo mundo estava se abraçando! Carlos, o irmão de Juliana querendo bater em um dos novatos que tentou tirar uma casquinha da irmã no momento de confraternização, o Pai, seu Mário, falando o quanto a filha dele era inteligente, Judith agradecendo a Deus e prometendo rezar o terço todos os dias que a filha tivesse lá. E de repente, um silêncio se fez presente.
– Minha filhinha vai ficar seis meses longe de mim! – Dizia Judith em meio as lágrimas que escorriam do seu rosto.
– Mamãe! Não fique assim! Meio do ano eu estou de volta! Não chore, por favor – e acabou não contendo as lágrimas também. Mas pensava:
“Obrigada meu Deus. Muito obrigada.”