— O que temos à frente, Miray?
Arítes perguntou, fazendo com que retornássemos ao nosso objetivo.
— Vocês não vão gostar. A guerra explodiu e Natust fez uma barreira pela lateral entre as muralhas e o exército de Terbs. Parece que eles mudaram seus planos e estão atacando pelo lado noroeste. Se Terbs se aproximar muito das muralhas, eles fecham o cerco rondando por trás das tropas de Terbs e, ao mesmo tempo, eles estão se reposicionando para atacar Eras pela lateral, oeste.
— Que merda! Como souberam?
— Alguém de dentro de Eras, Tália. Não tem outra explicação.
— Mas quem? Minha mãe tomaria cuidado com Vergás, então outra pessoa está articulando.
— Provavelmente, alguém do exército. Sua mãe teria que falar com o alto comando, quando o confronto se aproximasse. Não poderia segurar muito, as informações sobre Terbs ser nosso aliado, principalmente se o comando resolvesse levar o exército até as fronteiras.
— Como faremos para entrar?
— A pergunta é: nós deveremos realmente entrar? Se ficarmos aqui fora, poderemos articular com Terbs, pois conheço as táticas de nosso exército.
— Mas não sabemos o que está acontecendo lá dentro. E se minha mãe e meu pai estão em perigo, presos, ou mesmo, mortos? Ou então, será que minha mãe lançaria mão de táticas comuns?
— Temos que decidir rápido. – Tuli pontuou.
— Eu tenho uma ideia. Kamar está vindo pelo leste. E se eles fossem orientados para marchar pelo norte e pegassem Natust por trás?
— Levaria tempo. – falei.
— O exército de Eras é grande e Natust ainda não atacou com toda a força que eles têm. Eras resiste com tranquilidade e Terbs também tem um exército razoável. Só não tinha noção do tamanho do exército de Natust. Vieram com um contingente que nunca imaginei existir… – Miray, elucidou.
— Tália, — Arítes se dirigiu a mim – sei que está preocupada comigo, mas estou bem. Acho que nós nos entendemos. – Ela tocou a “Espada Macha”. – Eu conheço a rainha Chad de Kamar. Se ela enviou o exército, tenho certeza que está com ele. Precisamos nos dividir.
— Depois do que presenciei ainda há pouco, não duvido que está controlando a “Espada Macha”, mas é muito cedo para saber. Perder você e a “Espada”, não facilitará para nós.
— Não vamos nos perder, eu vou voando em Equinus, e volto do mesmo jeito. Não temos mais o que esconder. Não temos tempo para isso e se fosse vocês, entraria em Eras também voando. Levarei pouco tempo até o exército de Kamar e, dessa forma, e também, pouco tempo até retornar.
— Tudo bem, mas não acho prudente entrar sem você para que só depois você chegue em Eras. – Falei. — Levantará suspeitas de onde você estaria. Serbes é muito esperto para pensar que você está em algum lugar qualquer, que não conosco.
— Tem razão. – Ela suspirou.
— Podemos nos juntar a Terbs e alertá-los. Quando você chegar, entramos em Eras e falamos com a comandante. Assim, Eras será a última a saber da tática e consequentemente, Serbes também. – Tuli se pronunciou.
— Perfeito. – Falei.
Despedi-me de Arítes com um beijo e quando ela alçou voo, me perguntei por que não fui com ela. E se ela se desequilibrasse com a espada novamente?
Fiquei apreensiva, durante um tempo, enquanto cavalgávamos nas trilhas da floresta, em direção ao exército de Terbs. Não havia necessidade de voar até eles e arriscar sermos vistas. Terbs já marchava de encontro a nós e os pegaríamos no caminho. Eles já estavam adiantados. Só precisávamos nos cuidar para não encontrarmos batedores de Natust. Eu e Arítes tínhamos colocado nossos uniformes e quando Terbs me visse, não nos atacariam. Miray estava atenta e cavalgamos pela lateral da área que ela havia visto. Terbs avançava por ali e não queríamos que nenhum desavisado nervoso nos abatesse, antes mesmo de chegarmos. Tuli amarrou um lenço branco na ponta de sua lança e a empunhava em riste.
*****
Arítes voava alto para que não fosse percebida antes de sua descida. Ela estava nervosa, pois segundo o relato de Miray, o exército de Eras e Terbs juntos, não fariam frente a Natust. Dependendo de como Kamar chegasse, poderia sucumbir também. Quando ela avistou as tropas de Kamar, atravessando as planícies abertas do leste, fez a descida para encontrar as tropas no meio do caminho. Se eles não desviassem pelo norte agora, perderíamos tempo demais.
Ela cavalgou, resoluta, com as cores de Eras no uniforme e o brasão, que trazia em seu alforje e que prendeu em sua lança, flamulando sobre o vento seco da planície. Um grupamento de Kamar veio a seu encontro.
— General Arítes de Eras, se apresentando ao comando de Kamar, para qualificar a situação, major.
— Seja bem-vinda, general! Me acompanhe até meu comando.
Cavalgaram até o interior das tropas, onde um grupo montado esperava, paciente a interrupção de sua marcha.
— Ora, ora, se não é a tenente-coronel Arítes.
— Agora sou general, senhora.
A rainha Chad estava sobre um cavalo, com o uniforme do comando do exército de Kamar. Seus generais a cercavam. Apeou e fez um sinal para que o comando não descesse dos cavalos.
— Não precisam me acompanhar, senhores. Quero que o exército continue avançando e um grupamento para ficar comigo. Preciso conversar com a general Arítes, mas não quero que retardemos o passo. Façam montar uma tenda, rápido, para nos abrigar e gente suficiente para desmontá-la. Quero pessoas velozes nas atividades, para me juntar ao exército, assim que levantar acampamento.
— Sim, senhora.
Um general se pronunciou e começou a distribuir as atividades, enquanto outros foram comandar a marcha do exército. Um último general apeou e veio de encontro a nós.
— Não é seguro permanecer apenas com um grupamento, senhora.
— Ainda estamos em nosso território e longe da refrega. Se aproxime, Breno. – O rapaz se aproximou. – Essa que está aqui é Arítes, uma amiga. – A rainha se virou para Arítes. – Creio que ainda não conhecia meu filho, general. Este é meu filho, Breno e um dos generais de nosso exército. Se sairmos dessa, um dia ele assumirá o trono, ou talvez, assuma até antes.
— Não fale isso, mãe. A “Senhora do Fogo” está conosco e não acredito que cairemos.
Arítes estendeu a mão para o rapaz com um leve sorriso.
— Que assim possa ser, general. Muito prazer.
Suas mãos se tocaram e uma corrente de energia emanou através de seus corpos, assustando os dois. Se encararam brevemente.
— Você é…
— Eu sou um oráculo, abençoado pela Divina Graça e você é a “Protetora”, certo? Tem dois dias que Melorne de Terbs entrou em contato comigo, mas já estávamos em marcha. A comandante Êlia tinha enviado uma mensagem de socorro até nós. Não consegui falar com Melorne em tempo, mas ela conseguiu contato comigo, anteontem. Só não sabia que era você a nos abordar. Ela está em Tir, não é isso?
— Sim. Muitas coisas aconteceram e vim posicionar vocês quanto a situação. Vejo, agora, que não era necessário.
— Mas é necessário. Apesar de ter falado com ela, não sabemos o que ocorre nas muralhas de Eras.
Um soldado se aproximou.
— Comandante, a tenda está pronta.
— Obrigada, soldado. – Ela se voltou para Breno. – Filho, quero falar com Arítes em particular. Veja se o grupamento está fazendo a segurança do perímetro corretamente. Depois lhe chamo.
— Certo, mãe.
O general Breno se adiantou e a comandante e rainha Chad virou sem preâmbulos, caminhando até a tenda, sendo acompanhada por Arítes. Entraram na tenda e haviam colocado uma mesa, alguns mapas sobre ela e cadeiras em volta. Também tinham taças, uma jarra com vinho e outra com água.
— Então seu filho é um oráculo da Senhora do fogo…
— Se depender das “Senhoras da Natureza”, Kamar, Eras e Terbs não cairão. Temos duas “Guardiãs” da linhagem do lago, a “Protetora” da linhagem da floresta, um Oráculo” da linhagem do metal e outro da linhagem do fogo. Digamos que estou confiante no nosso sucesso.
Arítes meneou a cabeça, enquanto a rainha Chad enchia dois cálices de vinho.
— Então você está comprometida com Tália, filha de Êlia e Astor? Você sendo a “Protetora”, pelo que meu filho falou, então, Tália é a “Guardiã da Indulgência”. – Ela estendeu um cálice para Arítes.
— Assim é, rainha Chad.
A rainha e comandante de Kamar suspirou.
— É. Parece que Eras sempre “fecha” com os melhores… – suspirou outra vez. – Mas vamos ao que interessa.
A rainha abriu sobre a mesa um mapa com todo o território de Eras e cercanias. Arítes se debruçou sobre a mesa ao lado da rainha para mapear a situação.
— Natust chegou pelo noroeste se posicionando aqui. Dificultou a passagem de Terbs que estava avançando por aqui. – apontou o mapa.
— E o exército de Natust? Tem que contingente?
–É grande. Bem maior que Terbs e Eras juntos, e quem sabe, até de Kamar.
— Como conseguiram?
— Não sabemos, mas certamente com outros povos do norte. Parecem bem equipados também, pois Miray deixou claro que se Kamar chegar pelo leste, corremos riscos.
— Possivelmente sabem que estamos a caminho. Quem está por trás disso em Eras, não vai contar com o óbvio. Sabem que não é à toa que Êlia é comandante.
— Concordo, mas não sabem que eu vim até vocês. A comandante supostamente mandou, eu e Tália, para as oferendas no santuário da “Senhora do Lago”. Por isso não estamos lá e pudemos seguir essa empreitada com a “Espada Macha” e articularmos fora de Eras.
A rainha Chad sorriu.
— Graças que Êlia é uma guerreira e guardiã e não uma beata tresloucada. Mas para Serbes, possivelmente ela faria isso, pela sua devoção.
— Sim. Soube que na primeira guerra com Natust, ela e minha mãe foram ao santuário fazer as oferendas e orações. Certamente, se Serbes já estivesse entre nós, viu isso.
Chad sorriu devaneando nas lembranças.
— Apesar de Kamar não ter entrado nessa guerra anterior, eu fui ao santuário da “Senhora do Fogo” fazer oferendas e orações, para trazer harmonia aos reinos, novamente. Meu filho já havia nascido e seu cabelo, diferente do meu, era vermelho como brasa. Puxou ao pai.
Arítes olhou Chad com certo espanto. Ainda estavam lado a lado, apoiadas na mesa, sobre os mapas.
— Você foi fazer as oferendas?
A rainha riu.
— Sim, por quê? Pelo que você me tira, Arítes? – Chad balançou a cabeça. – Tudo bem. Sei que nos conhecemos numa circunstância delicada de minha vida, mas saiba que sou devotada e acredito nas nossas tradições. Só não faço delas o motor de todas as nossas desventuras e acredito que nem Êlia. Ao divino o que é divino, e ao terreno o que é terreno, certo? – Sorriu. – Quando você nasceu, a guerra ainda não havia acabado. Um tempo depois, meu filho nasceu também e fiz a oferenda. Aquela guerra se estendeu por anos. Eras quase sucumbiu e, apesar do cerco a Eras não ser constante, Natust se reestruturava e voltava ao ataque.
Arítes ficou admirando a força dessa mulher e interpretando suas palavras. Meneou afirmativamente a cabeça e se voltou para os mapas, novamente.
— Bom…
Apontou um ponto no mapa e foi interrompida, pois a rainha era chamada na abertura da tenda.
— Comandante…
Era seu filho Breno. Chad se voltou para a entrada e o chamou.
— Se aproxime, filho. – Ele caminhou até elas. – Continue o seu raciocínio, Arítes.
— Vejam. Natust veio pelo norte e desviou a noroeste para se posicionar na lateral de Eras, a oeste. O castelo de Eras é protegido por trás, por essa parede escarpada e por isso, é quase impossível ser atacado por ali, pelo norte. Porém é uma parede delgada e atrás dela, há uma enorme alameda, antes de começar outra formação montanhosa.
— Quer que passemos por essa alameda para pegarmos Natust por trás?
— Há uma grande chance de pegá-los desprevenidos e eles estarão distraídos com os ataques de Eras e a defesa de Terbs. – Arítes pontuou, imediatamente, vendo a preocupação de Breno. – Eles não esperam que ninguém se aventure pela alameda entre os escarpados. Até esperam que cheguem pela frente, pois sabem que vocês se juntariam a nós. Por isso se posicionaram nessa lateral, para se defender de todos e nos pegar desprevenidos.
Chad olhou o mapa, juntamente com Breno.
— Levaríamos mais meio dia para chegarmos a Eras e nos posicionarmos por trás de Natust. Eras aguenta? – Perguntou Breno.
— Terá que aguentar, Breno. Se vocês chegarem pelo leste, é praticamente suicídio.
— Êlia me conhece. – Disse Chad, que ainda estudava a posição. — Mas ela sabe que também não conto com o certo. Não subestimo meus adversários e planejava acampar anterior as paragens de Eras para mandar batedores antes de investir. Não sou idiotia para chegar de peito aberto.
— Que tamanho tem a alameda dos escarpados?
— É bem ampla, Breno. Três esquadrões de frente caminham folgados. Na verdade, a grande proteção nessa parte de trás do castelo, são as rochosas, pois não permite ataque aos muros de trás, mas a passagem é aberta.
— Então está feito. É por lá que marcharemos, mas, mesmo assim, mandarei batedores. Não quero meu exército dizimado em uma armadilha.
— Certo. – Arítes falou.
— Breno, adiante até o general Tesgar e o oriente quanto as decisões. Quero parar antes da fronteira, ainda hoje, e mandar os batedores.
Breno se despediu e se adiantou. Arítes pegou seu cálice e deu o primeiro gole no vinho. Chad a olhou com curiosidade.
— Você já era apaixonada por Tália, isso eu sabia, pois havia me contado, mas dizia ser impossível. O que aconteceu?
Arítes sabia que as perguntas viriam e tinha se preparado, mas também sabia que a Chad era muito pouco invasiva e muito mais perceptiva. Tinha certeza que nada falaria, nem para incentivar, muito menos para criticar.
— Aconteceu, Êlia, as circunstâncias e a própria Tália. Eu não sabia que ela me amava e se tornou insuportável para ambas, acredito.
— Entendo. Êlia sempre sagaz… – sorriu. – Se fosse por vocês duas, poderia passar uma tormenta no reino que não abririam os olhos. – Bebeu um grande gole de vinho. – Que seja, aconteceu na hora certa. Vai nos acompanhar e jantar no acampamento conosco, Arítes?
— Não posso. Tenho que retornar até o exército de Terbs e lhes falar nossas decisões.
— Certo. Mande lembranças à Belard.
— Belard?
— Sim. Conheço o filho do rei Badir e confesso que gosto do rapaz. Badir o educou muito bem e pelo que vejo, formou um homem de muito caráter.
Arites assentiu.
— Ele não é tão jovem assim. Confesso que pensava nele como um menino mimado.
— O ciúme cega a gente, Arítes. – Falou cínica. — Chegou até Kamar rumores que o rei Astor queria fazer o enlace de Eras e Terbs através do casamento de Tália e Belard. Eu sabia que era impensável para Êlia, esta situação, e muito menos para o rei Badir e para Belard, mas as provas diziam o contrário. Conseguiram armar de uma forma estratégica, toda essa confusão.
— É verdade.
— Eu mesma achei que Astor tinha ensandecido e Êlia estava ruminando uma forma de mudar a situação. Pelo que conheço dela, nunca permitiria, mas também não faria algo que não ajeitasse a situação de forma a harmonizar as coisas. Sempre foi paciente. – sorriu. – Às vezes, irritantemente paciente.
Gargalhou levando Arítes a rir junto.
— Já teve dias de querer matar a comandante… – Arítes falou nostálgica.
— Mas sempre a respeitou. – Chad falou com propriedade.
— Sim. Ela é o que eu conheço mais próxima de uma…
Arítes estancou em sua fala.
— Mãe. – A rainha Chad afirmou com propriedade.
Um suspiro forte saiu pelos lábios da general.
— Pois se lhe conforta, saiba que Êlia não poderia ser substituta melhor para Ravine. Peça que Êlia conte a história delas, quando isso tudo acabar. Ravine lhe amava mais que tudo mesmo ante de você nascer e, tenho para mim, que Êlia não a tomou como obrigação. Ela lhe ama como uma filha, Arítes.
— O que você sabe sobre minha mãe?
— Só o que foi falado a mim por Êlia e algumas poucas oportunidades que estive com sua mãe. O que a comandante me contou e pelo que conheci de Ravine, dava para ver que existia uma cumplicidade extraordinária entre elas, enfim. Você tem alguém, além de seu avô e Ravine, que lhe ama profundamente. Nunca duvide disso.
— Não duvido. Bom, vou me adiantando.
Arítes não era dada a demonstrações de seus sentimentos. Aquilo mexeu com ela, mas de uma forma acolhedora, harmoniosa. Sabia que a rainha Chad conhecia a rainha Êlia desde a adolescência, mas não imaginava que eram próximas. Chad era uma mulher direta, não era de rodeios, mas também não se metia na vida de ninguém. Guardou seus pensamentos. Agora era hora de agir.
****
— Como vai, Tália?
— Estaria tudo bem, se não fosse a situação, Belard, mas estou contente em ver você. – Sorri.
— Eu também, Tália. As coisas estão diferentes do que pensávamos. Venha até a tenda, vamos conversar.
Seguimos até a tenda do comando. Apresentei Tuli e Miray.
– Bom, já sabe como Natust chegou até nós, certamente.
— Sim. Mas estamos esperando que eles avancem até as muralhas de Eras. Não tem muita eficácia em atacar pela lateral.
— Eles não precisam de eficácia com o exército que trouxeram. Só tem que ter paciência e vamos ser sinceros, se fizerem uma barricada no rio que abastece Eras e envenenarem a água, todos do reino ficarão doentes e em pouco tempo perecerão.
— De onde tirou essa ideia?
Tuli me perguntou com espanto. Virei-me para ela, um pouco nervosa pelas minhas ideias.
— Veja bem, Tuli. Nós, — apontei para todos. — não faríamos isso, pelo tipo de certezas e respeito que trazemos, mas “ele”, não joga limpo. Pensei nisso quando passamos pelo rio vindo para cá. Sempre contemplei o rio como uma benção, mas estamos em guerra e nosso adversário é sujo. Sem qualquer apreço pelo que reverenciamos.
— Mmm… Siga com seu raciocínio, Tália. – Belard pontuou.
— Arítes foi até o exército de Kamar…
— Levará muito tempo…
— Não. Ela foi voando. Um cavalo alado de Tir.
— Prossiga!
Abri o mapa sobre a mesa.
— — Kamar desviará pelo norte, aqui. — Apontei. – Nós teremos que esperar Arítes chegar e nos dar a posição de Kamar para entrarmos. Assim que eles chegarem por trás, avançamos, mas antes disso, acredito que…
— Teremos que enviar grupamentos de vigia ao rio para Natust não intervir por lá.
— Sim. — Falei enfática.
— Muito bem. Vou enviar os grupos. Tenho a tenda de Melorne montada e uma outra de apoio. Pedirei meus ordenanças que acompanhem vocês. Descansem e assim que Arítes chegar, mando chama-las. Temos que ter toda a nossa força para a abordagem. Onde está minha irmã?
— Em Tir, Belard. Ela teve…
— Não precisa explicar, Tália. Há muito deixei de questionar as ações de Melorne. Só queria saber se ela está bem.
Não consegui deixar de admirar esse homem. Ele era bom e um homem seguro do que devia ser feito.
— Ela está bem.
— Me deixa mais tranquilo. Então sigamos com o plano.