Eras: A Guardiã da União

Capítulo XXXIV – Toda Magia Tem Seu Preço

Eras – A guardiã da União

Texto: Carolina Bivard

Ilustrações: Táttah Nascimento

Revisão: Isie Lobo, Naty Souza e Nefer


 

Capítulo XXXIV – Toda Magia Tem Seu Preço

— Vamos nos reunir para escrever os termos do combate. Kirsten disse que poderíamos escolher o local… que ele não se importava. Não estará na reunião. – Naiman deu uma pausa, demonstrando constrangimento e continuou. – Não sabíamos que ele pretendia reivindicar o trono.

— Sabíamos sim, Naiman. – Klun contestou. – Antes da herdeira chegar, ele era o homem que a maioria do Conselho estava de acordo, para apresentar ao povo como nosso representante na disputa ao trono.

— Mas nem todos escolheriam ele, além do que, quando a herdeira chegou e vimos ser verdade a hereditariedade, essa ideia dele assumir, começou a ficar distante.

— Vocês não têm um local melhor para discutir este assunto?

Escutamos outra voz que minha mãe e Brenna conheciam bem. Havenor havia entrado e chamado nossa atenção. Ele se aproximou de Thara.

— Seja lá quem escolha como seu campeão, saiba que estou à sua disposição. Eu conheço muito bem as táticas de luta dele e estou disposto a partilhar isso com quem você escolher. Agora vamos sair daqui. Existem lugares melhores para se discutir, que não seja próximo aos amigos de nosso general.

O comandante honorário Havenor se virou e minha mãe não discutiu; o acompanhou, fazendo com que todos os seguissem.

Saímos do palácio por um caminho inusitado. Passamos pelo corredor da sala mortuária dos reis, seguindo até o final, no que parecia ser o fim da ala. Um engano. Se tivéssemos feito nosso trabalho corretamente, veríamos que ao fim daquele corredor, não existia só paredes. Recuado em um dos cantos, havia uma porta tão pequena, que tivemos que nos agachar para passar por ela e caminhar agachados, da mesma forma. Era mais um duto fechado com grades do que uma porta propriamente dita.

Entramos em outro corredor. Este era estreito, porém o teto mais alto, permitindo que caminhássemos de pé, no entanto, em fileira. Ele era escuro e longo, com curvas e escadas. Após muito caminhar, ficamos de frente para três portas. Havenor abriu uma delas, passando e abrindo caminho para que todos atravessassem.

O local era amplo e claro. Não precisava mais do que dois archotes acesos, presos em cada lado da sala, para que ela estivesse toda iluminada. Aquela sala era esculpida em rocha de cristal lilás. A filha de Havenor estava martelando um pedaço de metal incandescente.

— Está louco, Havenor?! Trazer todo o séquito de Eras de uma só vez para cá?

Naiman perguntou agressivo e, ao mesmo tempo, sua voz transmitia medo. Havenor estreitou o olhar, ainda sério. Parecia descrente da preocupação exacerbada do conselheiro Naiman.

— Acha mesmo que Kirsten, ou mesmo Hod, não sabem o que todos nesse palácio fazem? É uma bobagem se esconder nesse momento. Eu mesmo sabia o que faziam! Agora não importa mais. A disputa está declarada. A única coisa que podemos fazer é conversar em um local onde a magia não entre. Me diga, Naiman, de que lado está?

Ravena, filha de Havenor parou de martelar o pedaço de metal que forjava. Limpou a mão num pano preso ao seu avental de couro grosso e se aproximou.

— O conselheiro está indeciso, pai. – Falou, simplesmente.

Brenna escutou o que armeira falava e se aproximou de Naiman, olhando-o diretamente.

— Me responda. Acha que Thara assumir será o melhor para Natust? – Ela o encarava.

— Acho… mas tenho medo.

— Medo de quê?

— Que Hod vença. Estaremos todos perdidos, se ele vencer.

Brenna se voltou para nós e fez um sinal afirmativo, demonstrando que ele falava a verdade. Ela o havia inquirido com o olhar de Guardiã e me senti orgulhosa. Fora as peraltices de infância, era a primeira vez que minha filha havia testado essa habilidade que tínhamos.

— Não é mais o momento para hesitações, Naiman. Essa não é só uma guerra de espadas e armas. Você tem que se decidir. Decida agora!

Klun estava firme. Também queria uma posição do velho conselheiro. Naiman deixou os ombros caírem em rendição.

— Está bem.

Todos na sala de forja de Ravena relaxaram.

— Então, o que temos? O que podemos fazer para derrotá-lo?

Arítes perguntou, simplesmente.

— A primeira disputa será contra Kirsten, na arena. – Naiman respondeu. – Essa tem uma regra muito específica e não é boa: matar o adversário, com qualquer vantagem que tenha à disposição.

— Eu serei sua campeã, Thara. – Arítes se pronunciou. – Minhas habilidades, hoje, superam as de Êlia.

Ela olhou para minha mãe como se pedisse desculpas à mentora, e minha mãe, sorriu de lado, respondendo:

— Treinei-a para isso… – Ainda sorrindo, voltou-se para Klun. – E você? O que acha de Thara assumir?

Ela o encarou, fitando o fundo de seus olhos.

— Sempre fui bélico. Nunca questionei o Rei Einer, todavia, quando fomos derrotados na Batalha de Sangue, meu filho nasceu. Perguntei-me por que ele teria que viver em guerras sem sentido e com a miséria que nosso povo passava. Não encontrei respostas para tamanha animosidade. Outrora, nosso povo fora próspero e pacífico e, não havia motivos concretos para aquelas guerras. Quero a paz e não os vejo como conquistadores. Vislumbrei uma oportunidade com a herdeira do rei.

Minha mãe meneou a cabeça, assentindo. Ele falava a verdade.

— Brenna será a campeã de Thara. – A Guardiã Êlia declarou.

— Está louca, mãe?!

O pavor provocado pelas palavras dela, passeou pelos nossos olhares. Não só os de nosso grupo, como também por Havenor, Klun, Naiman e Ravena.

Ela se voltou para a filha de Havenor.

— O que forjou para nosso grupo?

Sem compreender muito bem, contudo, com uma segurança inexplicável, Ravena foi até uma estante, pegando algumas armas. Depositou–as sobre a bancada de trabalho.

Havia um martelo, um par de takubis maravilhosos e quatro espadas fantásticas. Minha mãe retirou seu arco do dorso e a espada do debrum, que ela pegara na antessala da audiência, assim que a apresentação de Thara terminou. Depositou, juntamente, com as armas que Ravena havia forjado. Cabe lembrar, que a espada que minha mãe carregava, era a que Havenor a havia presenteado, pois a dela cedera para Arítes.

— Com exceção de Brenna, todos vocês, coloquem suas armas aqui.

Meu pai não hesitou e nem Tórus. É verdade que Tórus só tinha uma espada curta. Ele não era um homem das armas. Nos vimos numa situação inimaginável. Era como se cada um de nós compreendesse, no íntimo, o que aquilo significava. Coloquei meu arco, a aljava com as flechas e não deixei de lado a adaga. Todos obedeceram.

— Aproximem–se.

Minha mãe ordenou, chamando Thara e Brenna.

— Vó, o que está fazendo?

— Estou nos protegendo e, principalmente, a você, Brenna. Infelizmente, tive que tomar uma decisão, há muito tempo, que fez com que eu não lhe orientasse. Agora tenho que tomar novas decisões difíceis. Confie em mim.

— Eu confio, vó.

Nos acalmamos, vendo Brenna e Thara seguras nas ações da Guardiã Êlia. Minha mãe elevou os braços diante da bancada cheia de armas.

— Sou Êlia de Cadaz e Eras, Lâmia de Luz e a Guardiã escolhida pela Divina Graça para orientar no novo mundo! – Ela proclamou. – Rogo aos laços eternos da existência para que conceda a força necessária aos seres que desejam a vida. Que sejam vitoriosos sobre a degradação da essência vital!

Ceguei–me após a conjuração dela. Uma claridade vigorosa explodiu. Quando consegui ver, Thara e Brenna flutuavam abarcadas por cristais luminosos e uma energia multicolor saía de seus ventres. Caíram após a conjuração.

Corremos para acudi-las. Coloquei a cabeça de Brenna em meu colo, acariciando-a. Ela me fitou, aturdida.

— Mãe, não estou mais grávida. O que houve?

Brenna me perguntava, passando a mão sobre seu ventre.

Estava tão aturdida quanto ela, e vi Tórus amparando a jovem conselheira, desiludido. Será que eles sabiam? Que eles sempre souberam o que a gravidez delas representava e não nos contaram?

— Vocês sabiam e não nos falaram.

Cuspi as palavras desorientada e perplexa. Minha filha e a amante dela estavam tão aturdidas quanto nós.  Mais chocante do que saber que elas estavam grávidas, através da Espada Macha, e ter que conter toda a alegria daquele momento sublime, pela turbulência que passávamos, era descobrir que elas estavam gestando uma energia de destruição.

Meus pais e Tórus sabiam e não nos alertaram. Era o que eu pensava. O amargo da revelação era intragável. A dor de Thara e Brenna nos atingia direto em nossos corações, como se elas tivessem sido consumidas em suas almas.

— Não sabíamos.

Tórus falou, desalentado.

— Podem não acreditar em mim, contudo, isso me foi revelado em meu torpor, desacordada, quando Hod me atacou no quarto. Não havia entendido… até agora.

Minha mãe respondeu às nossas dúvidas e estava tão arrasada quanto nós. Não duvidei. Embora tenha sentido que a dor dela não era por aquilo, acreditei nas palavras. Eu a conhecia, profundamente. Ela muitas vezes escondeu coisas de mim, mas, quando inquirida, nunca mentiu.

— E o que isso quer dizer? − Arítes perguntou, arrasada. – Tudo são batalhas, armas e guerras, afinal?

— Não!… Não, minha amada filha!

Minha mãe respondeu, abarcando o corpo imóvel de minha esposa, que estava atônita. A Guardiã Êlia sentia o profundo da decepção de sua pupila e filha adotiva. Abraçou-a com força, absorvendo a fragilidade, diante da fortaleza que Arítes cultivou ao longo da vida. Sussurrou-lhe:

— Quisera eu poder intervir diante da vida. Ela não seria de armas e guerras. Foi isso que sempre tentei lhe ensinar. Acredite em mim!

— E eu acreditei, achando que as armas eram precisas, quando necessário. Nunca achei que elas eram a resposta para tudo…

— E não são, minha filha. Acredite! É porque é necessário… Para infelicidade nossa.

Minha mãe falou, sofrida, e deixou as barreiras de seus sentimentos caírem, totalmente. Uma energia dolorosa nos atingiu e os mais profundos fardos da Guardiã reverberaram naquele local, onde a magia não entrava e a energia que estava entre nós se acentuava. Todos nos curvamos diante de tamanha dor.

Minha mãe era o tipo de pessoa que suportaria tudo na vida, menos que quem ela amasse, sofresse por ações dela.

Aquele sentimento angustiante e de dor foi o que a rainha Êlia suportou durante tantos anos? Aquele era o peso da Lâmia de Luz?

— Vó… vó! Eu a entendo, mas, por favor, guarde o que carrega, e eu prometo que dividirei esse sentimento todo com a senhora, um dia. Só que agora, não dá!

Gostaria de poder rir diante da reação de minha filha. Seria a mesma que a minha, se hoje eu não fosse tão comedida. Brenna ainda estava em meus braços e quando olhei à volta, vi todas as Tríades se recuperando do derramamento de fluídos extravasados por minha mãe, e mais, os nossos acompanhantes de Natust. Nem eles questionaram, novamente, se era prudente ou não confrontar Hod e seus asseclas.

***

Olhávamos todas aquelas armas sobre a bancada. Estavam luminosas e todos víamos, inclusive Naiman, Klun, Havenor e Ravena.

— O que isso significa?

— Significa que a guerra com Hod nos aguarda!

Brenna respondeu, retirando a Espada Macha do debrum que, apesar de não ter colocado sobre a mesa como nós, estava iluminada. Observou todos os símbolos inscritos nela com apuro. Os olhos de minha filha reluziram, assim como os de Thara.

— Não será Kirsten que estará no combate, assim como não era ele na câmara de audiência. O espírito do general já não está mais naquele corpo. Será o mago a combater na arena.

Thara decretou. E qual não foi nossa surpresa ao ver a sacerdotisa-curandeira aparecer. Seu rosto era diferente. Estava mais jovem ainda e tinha os cabelos negros como a noite e os olhos no mesmo tom, no entanto, sabíamos que era ela. A pele, tão escura quanto os olhos, reluzia como se a própria Divina Graça a tivesse elevado ao seu panteão.

— Um grande passo para Tejor, finalmente! – Sorriu e olhou para a minha mãe. – Espero que esteja preparada, pois não posso atuar sem você.

Minha mãe devolveu o sorriso, irônica.

— Então é isso? Não ache que nunca questionei as ações de vocês. Dediquei minha vida porque tinha a convicção de que valia a pena e sempre me foi dado a oportunidade de saber o que se passava. Me sacrifiquei, todavia, a compreensão deles – apontou para o grupo na sala − é pouca diante dos fatos.

— Fé, Guardiã.

— Fé?! É isso que tem a dizer? As Senhoras da Natureza de Tir me esclarecem mais coisas do que você. A fé isolada é somente uma esperança para os ignorantes, Dantera. Necessitamos dela, contudo, não sem o conhecimento.

O caldeirão estava esquentando entre a sacerdotisa-curandeira e minha mãe.

— Desculpe-me.

Dantera pediu, humildemente, aproximando-se da Guardiã que, tantos anos, viveu sob a conduta da Divina Graça. Abarcou o rosto de minha mãe com as duas mãos, beijando-lhe os lábios com suavidade e carinho.

— Tudo que eu sei, − a sacerdotisa explicou para a rainha Êlia, fitando-a terna – não cabe em palavras. Acalmar seu espírito atribulado, hoje, será impossível, mas lhe prometo que, se tudo terminar como desejamos, eu, pessoalmente, lhe mostrarei porque tudo que ocorreu aqui, e em todos os tempos anteriores, foi necessário. A única coisa que posso fazer agora é lhe agradecer e auxiliar nessa empreitada, Lâmia de Luz.

Aquela conversa era confusa para o nosso momento, contudo, senti a serenidade retornar ao corpo de minha mãe.

— E então? O que sabe de Hod para nos ajudar?

A fala de minha mãe era controlada e direta, no entanto, sabíamos que a emoção havia lhe tomado, diante das palavras da sacerdotisa Dantera e ela se esforçava para voltar ao seu equilíbrio.

— Thara e Brenna perceberam bem. Hod estava sem tempo e usou o general, que era seu subordinado, para tomar-lhe o corpo. Fez disso outra vantagem, pois Kirsten é bem quisto em Natust e conhecido pelo povo.  Não se importou em mandar o espírito dele para o submundo, para assumir o corpo do general.

— Nessa luta, o adversário pode utilizar de qualquer artifício para matar seu opositor. Então, presumo que a magia dele valerá. – Arítes despejou sem piedade o que pensávamos. – Ainda acredita que Brenna deve lutar, Êlia?

— Pode não parecer a você, comandante, mas Brenna é a melhor chance contra ele. – Dantera afirmou, encarando-a. – Meu maior poder é a proteção. Minha energia nunca foi bélica e, infelizmente, minha essência se perderia, se tivesse que utilizar minha magia para matar, seja quem for. Contudo, tenham a certeza de que o farei, se ver a menor possibilidade de Hod vencer essa batalha.

— O que não quer dizer que conseguiria vencê-lo.

A Sacerdotisa meneou a cabeça, afirmativamente.

— Assim é, Lâmia de Luz. A única pessoa neste salão que poderia utilizar uma magia tão forte quanto a dele na arena, é Brenna.

— Auxiliada por Thara.  – Completei.

— E por todos vocês. – Dentera argumentou. – A magia que Êlia conjurou para estas as armas não será para combater o espírito de Hod. Ele estará na arena e a Espada Macha dará conta do recado, caso Brenna consiga atingi-lo.

— Ele é bem esperto. – Falei. – Utilizou desse artifício para não nos metermos na luta dele com Brenna. Se algum de nós o atacar, enquanto a luta na arena acontece, o povo de Natust se revoltará contra nós, fazendo com que sejamos traidores, perante as leis de Natust. Eles verão Kirsten lutando e se usar magia, acharão que o novo Deus lhe concedeu essa graça.

— Exato!

— Dessa forma, não só o exército natusteano poderá intervir, como também o povo. Eles não sabem que é outra pessoa na pele de Kirsten. Todos verão, unicamente, o general combatendo. – Havenor complementou.

Ravena escutava a tudo somente, assim como os outros. Retirou seu avental de couro, jogando-o sobre a pilha de madeira ao lado da fornalha da forja.

— Deixe-me entender. Ele não conseguiu se regenerar completamente e assumiu o corpo de Kirsten para ter a vitalidade necessária para combater. Se interferirmos, o povo todo se voltará contra nós. O que teremos que combater com essas armas, então?

Ela queria entender o que enfrentava, tanto quanto nós.


Nota: Oi, pessoas do meu coração! Estou me recuperando aos poucos do baque, pois reescrever o que perdi, não está fácil, mas… acredito que vá tudo se normalizar. Pode deixar que vou responder aos coments. Só está complicado, pois estou tentando adiantar o texto sem perder a qualidade, ok?

Beijos mil!



Notas:



O que achou deste história?

8 Respostas para Capítulo XXXIV – Toda Magia Tem Seu Preço

  1. Os bebês… ?
    Brenna era minha última opção para essa luta. Mas como a luta será contra Hod, realmente precisa ser ela. E vamos lá, para mais emoção no próximo capítulo.

    Beijo, Carol

    • Oi, Fabi! Sei o quanto gosta de bebês, mas infelizmente, lá atrás já tinha imaginado isso para a grande luta e aí…
      Bola pra frente! Torceremos por Brenna!
      Beijus!

  2. Nem aguentei esperar a noite como sempre fiz para ler. Liguei o celular, vi a msg da postagem e já li. Qualidade continua, sem dúvida! Bjs

  3. Quem além de mim ficou com certa invejinha da Dantera…kkkk
    Caramba Carol que chatice isso né, mas cara você é soda rss vai tirar de letra essa situação, aliás já está tirando.
    Abraços e muita inspiração para você. ???

    • Oi, Marcela!
      Bom, eu mesma fiquei com invejinha de Dantera… rsrs
      Valeu, Marcela. Agora tenho outro baque, mas a gente tem que tirar forças de onde for, não é mesmo?
      Obrigadão pelas orações e beijão!

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