Eras: A Guardiã da União

Capítulo XVIII — Velhos Conhecidos

Eras – A guardiã da União

Texto: Carolina Bivard

Ilustrações: Táttah Nascimento

Revisão: Isie Lobo, Naty Souza e Nefer


Capítulo XVIII — Velhos Conhecidos

− Parece que meu ex-marido adquiriu o péssimo hábito de se esconder nas sombras. – Fidae, a Senhora da Floresta, pontuou. – Ele ficou preso no esquife durante estes anos, mas é ciente de tudo. A verdade é que um Mago de Tir tem poderes tão grandes quanto os nossos. A diferença é que ele descobriu uma forma de atuar em Tejor, mesmo que o reino não tenha uma magia latente.

− Quando vocês chegaram para abrir o esquife, ele não se importou em conjurar estas pobres almas perdidas para lhes atacar, enquanto ele fugia. – Arrematou Bridma, a Senhora do Fogo.

− Vocês devem levar o Laço de Villi para acordar Thara e Brenna na cabana. Se ele chegar antes, poderá ser tarde demais. – Badotê, a Senhora do Metal concluiu.

− Não podem ir até lá para impedi-lo? Nós levaremos dias até chegar.

Roney pontuou, sabiamente.

− Infelizmente, não conseguimos atuar em Tejor com a mesma eficiência que ele. – Fidae respondeu para o rastreador.

 Estávamos todos assustados com a possibilidade de Hod ir até a cabana e matar minha filha e a conselheira.

Fidae continuou a explanar, oferecendo-nos uma saída.

− Não descobrimos o que Hod fez para alcançar tanto poder no plano de vocês e estamos investigando isso. Nossos poderes são limitados lá. No entanto, podemos transportá-los. Estamos entre planos e, aqui, podemos atuar livremente. Ele teme a espada Macha e a espada da Lua, que é esta que Êlia deu para Arítes empunhar. Com o poder que ele tem agora, são os únicos objetos que podem matá-lo.

− Pelas minhas bolas! – Roney exclamou. – Se morrer, pelo menos vai ser num lugar que meu martelo funciona. Deixe-me pegá-lo lá fora.

Roney saiu do salão, em direção ao corredor.

Eu nem ri do resmungo do rastreador. Ainda estava surpresa com Eileen e a traição dela.

− E ela, o que faremos? Nunca imaginei que Eileen pudesse nos trair. – Falei.

− Eu já imaginava isso…

Arítes respondeu debochada e Fidae sorriu, contemporizando.

− Ela não é diferente de nenhum ser. Tem fraquezas e a dela, certamente, você conhece, Arítes. Eileen amou a Guardiã Tália durante muito tempo e isto a deixou amargurada. Hod  aproveitou-se disso. Ele se alimenta e constrói a força dele das fraquezas alheias. Ela está enfeitiçada. Irá para Tir conosco e a livraremos deste feitiço.

− Só isso?

− Você condenou Galien quando ele foi enfeitiçado por Serbes na guerra, há vinte anos? Ou até mesmo ao rei Astor? – Arítes não redarguiu e Fidae continuou. – Entendo sua ira, minha filha, mas Eileen teve uma única fraqueza e foi a oportunidade para Hod se enfronhar em Eras. Ela ficará em Tir, até ser libertada das amarras dele e se conscientizar do que fez. Agora temos que ir. Quando pegarem o Laço de Villi, fiquem atentos, pois serão transportados, imediatamente, para a cabana em Tejor.

Elas desapareceram diante de nós, levando a oráculo com elas. Minha mãe caminhou até o esquife.

− E se ele o levou? – Perguntei.

− Ele não poderia. O encantamento que lancei foi de sangue. Só poderá ser retirado com um encantamento de sangue… do meu sangue.

Ela me pediu a adaga que usei para abrir a porta do templo. Foi até o beiral do esquife e deslocou uma pedra que saía da parede, como se fosse um pequeno relicário. Sussurrou algumas palavras. Não conseguimos ouvir o que ela dizia. Com a ponta do punhal, fez um furo mínimo no antebraço, de onde uma gotícula de sangue escorreu até atingir uma reentrância na pedra.

Literalmente, a mágica se fez. A parte superior do bloco sumiu diante de nossos olhos e surgiu uma caixa que parecia flutuar no ar, dentro do esquife. Era como se ela já estivesse ali, o tempo todo, invisível e, à partir do encantamento que minha mãe entoou, ela simplesmente descortinou-se.

Antes de minha mãe pegar, virou-se para nós.

− Estão preparados? Lembrem-se que seremos transportados para a cabana, assim que retirar esta caixa daqui, se é que entendi bem o que a Senhora das Águas falou.

 ****

Hod olhou à sua volta, dentro daquela cabana simples. Elas estavam lá, indefesas, sobre a cama. Um sorriso cínico bordou os lábios do mago. Ele só precisaria elevar a mão e conjurar uma magia mortal. O confinamento por séculos e, principalmente, naqueles últimos anos sem muitos poderes terminariam naquele ato. Finalmente, teria Tejor só para ele! A mão paralisou no ar. Estava enfraquecido.

− Pensei que a covardia não fizesse parte de sua índole.

Ele olhou na direção da voz e, irado, fez força para sair da magia que o prendia.

− E eu pensei que Tejor não tinha magia. Isso quer dizer que não fui só eu que encontrei a “Rede de Ação” de Tejor.

− Não seja cínico, nem aja como um tolo. Sabe quem eu sou.

− Você não pode me matar. Conheço as “dádivas” da Divina Graça. Se você me matar, condenará seu espírito à regressão. Você não quer retornar ao tormento de nova elevação, ou quer?

A mulher sorriu, abanando a cabeça em negação, como se estivesse enfadada.

− Prefiro uma nova elevação do que trazer ódio em mim. Não te odeio, Hod. Me penalizo por você não enxergar o que está à sua frente. Os seres de Tejor estão em progressão, mas e você? Conheceu todos os prismas, todas as dores e forças pela qual um espírito passa até que alcance a elevação. Como aconteceu isso? Como pôde não enxergar o excelso que o esperava?

− Eu lhe conheço! Agora me lembro. – Ele estalou a língua, irônico. − Escalou comigo a supremacia da Divina Graça. Por que você atingiu e eu não?! – Perguntou revoltado.

− Você deveria saber a resposta, já que fez os passos do mago. A soberba já habitava seu coração, ou não sabe disso? Se acha melhor que “eles”?

Ela apontou para a cama, mostrando as duas protegidas.

− E acaso não somos? Temos mais poder e conhecimento.

− Que não vale de nada, se não soubermos o que fazer, Hod.

− Ah, Dantera! O que a Divina Graça fez com você, quando se elevou, einh? Deixe que eu mesmo respondo. Deu-lhe uma cabana no lago, onde os “leigos” poderiam lhe acionar, ao prazer deles, ao tempo que lhes convinham.

− Deu-me a função de orientar os “leigos” de Tejor e foi isso que fiz com prazer. Sabe que nunca estive aqui de verdade, não sabe? Ou até isso esqueceu dos ensinamentos?

− Você é uma marionete, como todos os tolos!

− E você, não é? O que tem feito durante estes anos, além de querer ser o maior, o melhor, ou aquele que está mais alto? É escravo de seu desejo, apenas. Vive por ele e para ele. Não acredito que não saiba que a consciência coletiva é que nos permite viver e evoluir na paz. O que nos rege é a energia que manipulamos.

− Isto é o que vocês acreditam, cegamente. Temos seres abaixo que recebem mais atenção do que nós.

− A arrogância e ganância, novamente! Consegue ver algo além de si mesmo, Hod? Nunca pensou na cadeia de elevação? Nunca olhou para trás? Acaso esquece que um dia não teve nada?

− Chega de conversas vazias! – Hod se irritou. – Vou acabar com elas e ter a magia de Tejor em minhas mãos. Você não me matará, pois não quer descer a escada dessa sua “estimada elevação”!

Ele levantou a mão e a curandeira do lago estava pronta para eliminá-lo, quando chegamos. Ela estava disposta a pagar o preço por matá-lo. Arítes saltou sobre a cama, pegando a espada Macha que estava pousada entre Thara e Brenna. Ficamos imóveis, porque o homem que vimos na borda da cama, desapareceu, diante de nossos olhos.

− Pela Graça Divina! Ainda bem que chegaram.

Foi o que a velha nos disse, assim que aparecemos. Thara e Brenna estavam deitadas e observei todos no ambiente. Elas não estavam mais ao nosso lado. Os espíritos delas haviam se juntado aos corpos.

Minha mãe se adiantou com a caixa, abriu e nos etamos, menos minha mãe. Era um par de braçadeiras, forjadas em ouro branco, feitas em uma trama de triângulos. Ela retirou a primeira da caixa e declamou algo, colocando no braço de Thara. Fez o mesmo com a segunda, colocando-o em Brenna e… nada.

Ficamos ali, olhando o que aconteceria e meu coração se afligia, cada vez mais. A guardiã Êlia entoou novamente as palavras e, por fim, as duas se mexeram. Todos ficaram aliviados; eu e Arítes nos aproximamos da cama, amparando-as. Elas se sentaram ainda desorientadas.

− E agora?  Senti apenas um calor intenso passar através de meu corpo.

Brenna perguntou, com olhar embaçado em direção ao próprio braço, adornado com a jóia.

− Agora você conseguirá estudar os Escritos com mais atenção e paciência. – A velha senhora respondeu, sorrindo. – Os bloqueios da “Rede de Ação” de Tejor caíram quando o “Laço de Villi” se ligou a você e Thara. Os braceletes eram somente a chave e vocês, a porta que deveria ser aberta.

− Eu sempre fiz parte desses desígnios?

− Sim e não, jovem conselheira. Toda guardiã tem um protetor ou protetora. Vocês, protetores — a sacerdotisa-curandeira passeou os olhos entre Thara e Arítes —, não são marcados por uma linhagem, como as guardiãs, por isso não sabemos quem são antes de nascerem.

− O que é “Rede de Ação”? E agora, o que acontece? — Brenna perguntou.

− A “Rede de Ação” é o que faz a magia correr sobre a terra. Cada plano tem a sua e a de Tejor foi bloqueada pela Divina Graça, para que vocês aprendessem a viver com simplicidade, sem a magia interferindo. Ela é como um grande rio de energia pura que, com seus braços e leitos, alimentam a terra. A Guardiã Êlia explicará melhor para vocês. O que devem saber é que, à partir de agora, quem tem sangue mágico nesta terra poderá voltar a estudar.  

− Voltar a estudar? – Perguntei.

 − A magia, por si só, não vale nada. Quem a tem de nascença, deve aprender como usá-la e, também, aprender a responsabilidade ao utilizar. Hoje, a única pessoa em Tejor que nasceu com magia liberada é a guardiã Êlia, que veio a este mundo sem os bloqueios da “Rede de Ação” daqui. Ela canaliza as forças de Tir, entretanto, terá que aprender a manipulá-las, à partir de Tejor . – Ela se voltou para minha mãe. – Lembra-se dos ensinamentos que sua mãe lhe deu na infância, Êlia?

− Agora eu me lembro… lembro de tudo. E entendo por que minha mãe foi tão rigorosa na minha educação.

− É sua responsabilidade orientar este grupo que está reunido aqui.

− Eu também? – Roney perguntou.

− Certamente, terá filhos com sangue mágico. Você possui o sangue mágico da antiga Tanjin. Entretanto, a canalização dele não será para fazer encantamentos. Atuará na construção de redes mágicas, mas não lançará encantamentos. Suas habilidades são outras.

− Sei… e lutando com uns tipos como Hod! Estou perdido com vocês.

Ele abanou a cabeça, e nós sorrimos, porém a curandeira ficou séria. Se aproximou e colocou a mão sobre o ombro dele.

− Pode não parecer, Roney, mas o que tem feito é de extrema importância. Você aprenderá a canalizar a energia mágica. Nenhum de nossos atos se perde nessa vida. A energia, seja ela boa ou ruim, está presente em tudo. Todos nós temos papéis e, se não fizesse o seu, a corrente se partiria. Nenhum elo da corrente é mais importante do que o outro. Eu lhe agradeço por estar aqui, dando a sua vida para que todos fiquem bem.

− Eu sei! Só que… Só que estou cansado. Eu estudei tudo de Tanjin e… e…

− … E acha que está neste grupo à toa? Tudo que estudou e sabe, traduzirá nas ações deste grupo. Tenha certeza disso. Vocês nunca viveram sob o manto da magia. Por que isso faria a única diferença agora?

− É um elo. O conhecimento sem a sabedoria não é nada. – Ele falou.

− Você entende então, Roney?

− Entendo. Foi nisso que Hod se perdeu, Maistrara.

Ele a chamou de Mestra no idioma da antiga Tanjin.

− Exatamente. Ele acha que o poder da magia faz dele melhor e mais forte que outros.

− Quando é o contrário. A magia escraviza quem a possui. – Roney concluiu.

Ela acariciou o rosto dele, sorrindo satisfeita.  

− Não escraviza todos que a possuem, todavia aqueles que a têm são mais cobrados dos efeitos dela. Vou lhe orientar, Roney. Assim que toda essa loucura acabar, sou eu quem vai lhe orientar.

Ela se virou em direção à porta e, antes de sair, falou:

− Voltem para Eras. Por enquanto, não há mais nada que eu possa ajudar. A garota Thara é a herdeira legítima de Natust. Hod está solto e a “Rede de Ação” mágica de Tejor está viva. Vocês têm que prendê-lo. Em Natust, é onde as ideias dele tem terreno fértil, devido aos anos de influência que conseguiu exercer lá, com o seu filho. Brenna está plena em sua magia, entretanto não sabe usá-la ainda. Oriente-a, Êlia. Aliás, oriente a todos, como uma ação emergencial.

− Então, acha que Hod estará em Natust?

− Diga-me você, comandante Arítes. Se fosse ele, onde atuaria para melhorar as chances?

Arítes baixou a cabeça, balançando-a, antes de responder.

− Óbvio demais, porém lógico. Se ele tem tanto poder, estará escondido, influenciando o conselho de Natust.

− Não posso dar certeza, contudo concordo com você, Protetora. Atuem em Natust para quebrar a força dele. Só influenciará quem está com o mesmo pensamento. Diminuam o veneno, para fazer a besta venenosa sair e cortarem a cabeça dela.

***

− Êlia! Bendita seja a Divina Graça! Não sabe como estava preocupado com vocês!

Minha mãe abraçou meu pai assim que chegamos e, logo depois, eu e Brenna nos juntamos a ela. Ele nos beijou, nos estreitou em seu braço forte. Nos desprendemos dele e, em seguida, ele abraçou Arítes, como nunca fizera antes, deixando minha esposa encabulada.

− Algumas coisas aconteceram desde que saíram. – Ele olhou para Brenna e a abraçou, novamente.

− Vô, o senhor tá me sufocando!

Rimos da rabugice de Brenna e ele gargalhou.

− Não acha que mereço um pouco de carinho depois do que me fez passar?

− Tá, tá. Eu dou carinho para o senhor, mas não precisa me esmagar.

Minha mãe nos deixou por breves momentos, enquanto matávamos nossa saudade e quando voltou, trazia alguns guardas reais com ela, que permaneceram um pouco afastados, como o protocolo demandava.

− Tomem um banho e troquem de roupas. – Ela falou baixo para que os guardas não ouvissem nossa conversa. – Vamos cear para nos refazer e depois, quero todos em meu quarto. Liv e Roney, – ela fez um gesto para que os guardas se aproximassem – estes guardas lhes acompanharão até o quarto em que ficarão. Se quiserem trocar de roupa, eles arrumarão algo adequado e ao gosto de vocês. Precisamos nos refazer.

− Por que tudo isso, Êlia?

− Vamos, Astor. Eu lhe conto tudo no quarto. Ah! – Ela se voltou para a guarda. – Demaster, se aproxime. – O guarda deixou os companheiros seguirem e retornou. − Chame o conselheiro Tórus para se juntar a nós no jantar. Não preciso lembrar que isto é sigiloso, ou preciso?

− Não, majestade! Pode deixar comigo; serei discreto.

Ele fez uma reverência e saiu. Fomos para os nossos aposentos, e quando entrei…

− Pela Divina Graça! Parece que uma tempestade passou por aqui!

Arítes riu.

− Na verdade, foram duas tempestades. Elas se chamam Brenna e Thara.

Eu nem queria olhar na minha sala de leitura para não me irritar mais. Não esperaria pelas meninas da limpeza. Comecei a arrumar aquela bagunça.

− Tália… – Arites me abraçou por trás, enquanto estava recolhendo as coisas do chão. – Sossega. Depois vemos isso. Sua mãe quer conversar com todos. Vamos tomar nosso banho.

− Faltam duas marcas para o pôr do sol. Temos algum tempo e eu pretendo descansar um pouco, mas essa bagunça não vai me deixar sossegada.

− Quem manda proibir as meninas da limpeza de virem arrumar, enquanto não autoriza.

Bufei!

− É, meu amor? – Perguntei irônica. – Prefere que elas entrem, como da última vez que nos pegaram?

− Bom, o máximo que aconteceu, foram algumas fofocas sobre nossa performance.

− Sei… lembro que não gostou de alguns sussurros por aí.

Arítes parou de me acariciar por uns momentos, e continuou a falar.

− Está bem. Confesso que não gostei.

Eu ri.

− Seria, por quê?

Virei-me de frente para ela, em meio aos seus braços, beijando-a.

− Não gosto que falem de você e, muito menos, lhe vejam. – Ela respondeu.

Sorri e a beijei outra vez.

− Nem eu, de você.

Beijei-a mais uma vez e continuei minha arrumação. Meia marca depois, tomamos nosso banho e fomos deitar. Estava louca por um descanso em minha cama.

***

Ceamos entre conversas, contudo, minha mãe fugia de questões relacionadas ao que aconteceu conosco, sempre levantando outro assunto, que não tinha nada a ver com o que faríamos a seguir.

Odiava esse jeito da Guardiã Êlia de se esquivar, no entanto, hoje em dia, sabia que determinados assuntos não poderiam ser tratados fora de uma privacidade segura. Todos os castelos têm olhos e ouvidos que não devem ser alimentados. Tinha certeza que, assim que chegássemos na privacidade do quarto dela, nos falaria o que estava ocorrendo, entretanto, essa sabedoria não era muito íntima de minha filha.

− Vó, fala logo! O que está pensando em fazer? Estou perdendo a paciência…

Thara sorriu, repuxando somente o canto dos lábios e a rainha Êlia olhou diretamente para a conselheira, num pedido de socorro mudo. Thara se inclinou em direção à Brenna e sussurrou doce para que somente ela escutasse.

− Muitas pedras nessas paredes podem ouvir, Brenna. Tenha paciência que sua avó nos dirá o que pensa, assim que possível.

Minha filha se calou e terminamos a nossa ceia como se estivéssemos entre amigos, desfrutando de momentos agradáveis. Ao final, fizemos uma visita pelo castelo, apresentando-o à Liv e Roney para que eles se aclimatassem com o lugar. A verdade é que queríamos despistar nossas ações.

Eu e Arítes fomos para nossos aposentos, juntamente com Roney e Liv, como se déssemos continuidade a uma conversa agradável. Thara e Brenna entraram no quarto de minha mãe e Tórus foi conversar com meu pai no dele.

Lógico que isto causaria estranheza, contudo não tanto quanto todos entrarem no quarto da rainha Êlia de uma vez só. Marcas mais tarde, estávamos reunidos na sala dos Escritos. Uma sala que não foi visitada durante anos por ninguém, além de mim, Arítes, Brenna e minha mãe, agora abrigava todos nós.

− Fiquem aqui e não toquem em nada, por enquanto.

Minha mãe falou para nossos convidados e foi até uma parede ao fundo, livre de estantes. Desencaixou uma pedra da parede, mostrando uma abertura estreita, encaixou a lâmina da adaga da mesma forma que fiz no Templo da Vida e girou. Escutamos um estalido e vimos uma parte da parede desprender. Ela empurrou, abrindo outro compartimento na sala.

Eu me etei, porque não conhecia aquele outro ambiente. Ela entrou e trouxe um pergaminho na mão. Nos pediu silêncio e declamou algo. Senti um calor intenso, como se minha pele estivesse sendo roçada por uma brisa morna.

− Pronto. Agora vamos trabalhar. Todos podem tocar no que precisarem. – Ela olhou para mim, explicando, acredito que pela minha expressão confusa. – Eu não me lembrava desta parte da sala, onde guardei os pergaminhos referentes ao conhecimento mágico que estudei na infância.

− Então aquela sala está cheia de pergaminhos que falam sobre a magia e os encantamentos?

− Está sim, Brenna. Eu os estudei, minuciosamente, desde a tenra idade. Infelizmente a maldição que Hod me lançou, me fez esquecer de tudo isso. Ele sabia que quando você nascesse e fizesse a passagem do Astru, liberaria a Rede de Ação mágica em Tejor, dando oportunidade a quem tem sangue mágico, estudá-la. Isto é algo que ele não gostaria que acontecesse.

− Ele quer a magia somente para si.

Liv concluiu, recebendo um aceno afirmativo da Guardiã Êlia.

− Então eu já passei pelo Astru, vó? – Brenna perguntou.

− Mais ou menos. O seu despertar começou, entretanto há rituais que ainda terá que passar para liberar toda a magia que existe em seu sangue e fazer a ligação completa para a Rede de Ação.

− Então vamos fazer logo, mãe. – Eu falei.

− Não é bem assim que acontece, Tália. Infelizmente terá que ser de acordo com o despertar de Brenna.

− Como assim, Êlia? Não gostaria de ver minha filha sofrendo mais coisas, além das que já sofreu. – Arítes intercedeu.

− Sabe de uma coisa, Arítes? Nunca pensei que você fosse uma mãe tão zelosa. – Minha mãe riu de lado e emendou a frase – Não fique chateada com o que falei. Você mudou um pouco desde que deu à luz a Brenna e isso é bom. Seu instinto de proteção aumentou. Uma característica de seu sangue. Tranquilize-se, pois estaremos todos juntos para ajudá-la nesse caminho de mudanças. E quando digo todos juntos, falo de mim, Astor e Tórus. Por esse motivo tenho mais uma coisa a fazer.

Tórus e papai estavam mudos, tentando entender tudo aquilo. Ela abriu outro rolo e declamou novo encantamento. Desta vez não foram simples palavras. Ela se concentrou, elevou as mãos e, à medida em que as palavras saiam por sua boca, meu pai e Tórus arfavam como se tivessem dificuldade de respirar e, outra vez, tive a sensação de calor e brisa. Ao terminar, ela parecia tranquila, porém, não foi assim que enxerguei. Vi na expressão do rosto dela, muito cansaço.

− Pela Divina Graça! Agora me lembro de tudo! – Tórus falou.

− Eu também! Sou um Célita! – Foi a vez de meu pai se pronunciar.


Nota: Hoje veio tarde, mas está aí. Consegui postar! Os comentários irei responder, contudo não sei se conseguirei ainda hoje. 

Um beijão para tod@s!



Notas:



O que achou deste história?

9 Respostas para Capítulo XVIII — Velhos Conhecidos

  1. Tô aqui imaginando esses rituais que Brenna terá que passar, já pensando nos rituais das Amazonas, hahaha
    Ih rapaz, então até o rei e Torus estavam sem memória, vms ver o q tanto eles iram revelar no próximo capítulo, imagino que Astor, vai ficar bem pé da vida por ter estado sobre feitiço xD

    • Oiee Carolcita, voltei!! 🙂
      Que linda trama, enredo, desenvolveu fantasticamente, maravillosa!! Estória fodástica!! Consegui chegar no capítulo atual!!!
      Morta de sono, zumbi total! Kkkkkk.
      Louca para saber o que virá nos próximos caps.!!
      Vixi,Astor, foi uma surpresa mesmo…ser um Célita!!!
      Ari sempre me fascina!!
      Espero que esteja tudo ótimo com vocês!!
      Demorei,mas cheguei! Consegui entrar no ritmo!!
      Beijão

    • Eitá! Vou responder duas em uma! rsrsrs
      Tudo bem, Ka! Tudo tranquilinho, Lailicha! rsrsr

      Lailicha, Você voltou!!! Já se atualizou, né? rsrs
      Sim sim, Astor também faz parte da trupe. Acha que a Êlia casaria com um cara frouxo? rsrs Não mesmo. rs Já a Ari é eu concordo, mas minha preferida continua sendo a Êlia, Guardiã fodástica, como você mesma fala! He he he (Ah, Lailicha, sabe que a Ka aí em cima escreve fanfic da Xena?

      Agora respondendo para a Ka!
      Sim, terá alguns rituais, mas… Acredito que por agora eles terão que fazer algo mais imediato para entrar em ação contra Hod!
      Valeu, meninas! Um beijo enorme para as duas!

  2. Carai! Esse homi é uma lesma escorregadia. E essa coisa de encontrar com a sacerdoitisa amiga dele de um tempão? Diz que essa mulher tá ajudando mesmo! Vc tá trolando minha cabeça. Não sei quem é bpom e quem não é mais.
    Vc que coloca essas ideias na cabeça. hahahaha
    Amodorando hahahah
    Bj

    • Oi, Bia!
      Então, não posso revelar os segredos da sacerdotisa… ainda! rsrsr
      Não fique assim, tudo vai entrar nos eixos e você vai começar a entender melhor. rs
      Muito obrigada Bia!
      Um beijão pra você!

  3. Eita! Sobre o fato de a Curandeira ser a própria Divina Graça, me enganei feio, rs.Pensei nessa possibilidade quando ela disse a Eileen: “… Pela bondade da Divina… Pela minha bondade, vou lhe permitir uma remissão…” Mente fértil, a minha.
    E vi que ela continuou se escondendo na imagem de senhora, mesmo diante daqueles que já sabiam de todos os segredos dos reinos.

    Acho incrível todo esse enredo. Agora todos estão se lembrado, e quantas surpresas! Espero que Hod seja logo morto, já estou imaginando… Minha princesa guerreira linda Brenna, reluzindo em magia, empunhando a espada Macha e a cravando do peito daquele demônio. (provavelmente não será assim, mas como eu disse anteriormente, aqui jaz uma mente fértil, ?)

    Quer dizer então que Tália e Arites já foram pegas com a boca na botija? Kkk O povo e sua mania de não bater antes de entrar?
    Até que Tália não reagiu tão mal com relação ao uso de sua cama para aventuras amorosas de sua filhote. Só não gostou da bagunça. Mas coitadas, realmente não tiveram tempo de arrumar.
    Beijo, Carol

    • Olá, Fabi!
      he he he Essa era a minha intenção com essa frase, mas pensemos. Não foi a curandeira que enviou Eileen para Tanjin para as Senhoras da Natureza a ajudarem? Então foi pela bondade da curandeira mesmo. rs Há um motivo para ela continuar se escondendo. Mais a frente aparecerá. rs
      Fabi, a sua imaginação é ótima. Não se arriscaria a escrever? 😉

      Já foram pegas sim. rs Povo indiscreto esse de entrar do nada, né? rs
      Tália anda com a cabeça cheia. Acho que nem pensou nisso naquela hora que entrou no quarto. rsrs
      Obrigadão, Fabi!
      Um beijo grande pra ti!

  4. Uau…
    Qta ação, qtas emoções…
    A espera por um novo cap. q me mata de aflição.
    Bom D+
    Tá arrasando Carol.

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