Eras: A Guardiã da União

Capítulo XV – Carne e Espírito

Eras – A guardiã da União

Texto: Carolina Bivard

Ilustrações: Táttah Nascimento

Revisão: Isie Lobo, Naty Souza e Nefer


Capítulo XV – Carne e Espírito

− Cógnin, o que está havendo?

No Templo Luzeiro, os irmãos tentavam manter o fio energético de ligação com o grupo da floresta, caso necessitassem de energias revigorantes, ou mesmo para que os irmãos soubessem que estavam vivos e bem.

− Eu não sei, Valda! O triângulo está estável, mas a energia está sendo absorvida rápido demais. Há mais duas linhas de vida que se ligaram ao grupo.

− Como mais duas linhas de vida?

− Não sei quem são, contudo foi o que aconteceu. Existem mais duas pessoas com eles. Temos que substituir os irmãos do triângulo. Estes que estão aqui, não sustentarão a proteção por muito tempo. À medida em que o grupo se distancia na floresta, mais energia consomem dos nossos.

− Chamarei os primeiros irmãos para substituir o que estão fazendo a condução agora e vou reformular os grupos.

− Faça isso. Vamos formar cinco turnos para o triângulo. – Cógnin balançou a cabeça. –  Não sei se tomamos a decisão correta. Eles estão lá e nem sabemos o que os espera.

− Deixe que eu assuma as consequências da decisão. Não se preocupe com isso, pois você é importante para a força do triângulo. Acha que não me assustei quando Êlia retornou? Ah, meu irmão, só espero que a vida ainda exista, quando tudo isso terminar.

− Minha filha…

− Você não sabe se ela é sua filha, Cógnin.

***

− Aqui conseguiremos dormir. – Arítes afirmou, vendo por dentro a gruta que encontramos. – Essa caverna é pequena e sem ramificações. Podemos fazer turnos de vigia e temos aquela rocha – apontou − próximo à entrada, para resguardar quem estiver de prontidão. Não conseguiremos avançar à noite. A floresta é fechada demais.

− Por mim, está bem aqui, Protetora. Mesmo se a noite estivesse iluminada, nada conhecemos destas matas. De nada serve para nós. – Arrematou Liv.

− Não sei se alguém reparou, mas estamos dando voltas. Passamos por essa gruta pelo menos três vezes. O posicionamento das árvores parece se modificar. O caminho parece diferente também, mas esta gruta, tenho certeza de que é a mesma. A formação rochosa, a boca de entrada… Tudo nela é igual.

− Tem certeza?

A cosantóir perguntou e Arítes meneou a cabeça em afirmação. Roney pegou sua arma e se afastou na direção que viemos. Silenciamos, esperando o rastreador retornar.

− A Protetora tem razão. As árvores que marquei não estão mais aqui. O caminho está todo diferente.

− Agora sabemos porque nenhum grupo de exploração jamais voltou da floresta Du. – Falei.

Todos me olharam como se tivesse falado algum absurdo.

− O que foi? Falei alguma mentira?

− Não, Tália, No entanto, podia ter dito de uma forma um pouco menos enervante. Não foi muito animador o que disse. – Minha mãe respondeu.

Encolhi o ombro. O que eu poderia fazer? Não era eu quem modificava o caminho.

− De qualquer forma, temos que descansar e amanhã conseguiremos pensar melhor. Estamos deixando passar algo neste pergaminho que Tália trouxe.

− Concordo, Arítes.

Olhei cismada para Liv e Arítes.

− Desde quando concordam em tudo?

− Desde quando deixaram de competir. – Minha mãe respondeu, rindo.

Arítes espremeu os olhos e logo retrucou.

− Desde quando ela matou uma daquelas criatura que partiu para cima de você, − falou diretamente para mim, − e me salvou de outra.  – Voltou-se para Liv. – Não é porque você gosta dele, − apontou para Roney com a ponta da espada – que não acho que me afrontou, anteriormente.

Liv riu jocosa, carregando os suprimentos para dentro da gruta. Ela não respondeu. Roney, a ajudava e antes de entrar falou:

− Tome cuidado, Protetora. Eu e Liv temos uma história de muitos verões, todavia não sou dono dela e nem ela é minha dona. Nós nos gostamos e nos respeitamos, entretanto a Guardiã vale a pena.

O riso debochado indicava a provocação. Arítes estreitou os olhos e virou-se para minha mãe.

− Eles querem me provocar?

Minha mãe riu, antes de responder.

− Eles são companheiros livres e estão brincando, sim. Isto porque você se incomoda.

− Companheiros livres? O que é isso? – Perguntei.

− Eles se amam e estão juntos. Se respeitam, contudo acreditam que possam amar mais de uma pessoa. Se for consenso dos dois, podem ter outros relacionamentos.

− Mas eu, não! – Arítes foi enfática. – Por mim, podem amar quem quiserem, contanto que não transgridam meus limites!

− Calma, Arítes. – Minha mãe riu mais à vontade. – Estão apenas lhe provocando mesmo. Eles têm consciência do relacionamento e do ciúme que vocês duas têm. Liv é uma pessoa centrada e sabe separar as coisas.

− Então, que separe muito bem.  Já tenho no que pensar, para tornar nossa busca mais segura, sem me preocupar com uma pessoa apaixonada por minha mulher.

Arítes sentiu um toque no ombro e virou-se de imediato apontando a espada. Liv pulou para trás, perante a ação reativa. Se encararam e a cosantóir espalmou as mãos em rendição.

− Quer a verdade, Protetora? Achava você negligente. – Antes de Arítes reagir ao comentário, Liv se adiantou e continuou a falar. – Escute. Por todas as histórias que ouvi, achava você negligente, porém não penso mais assim. A Guardiã da Indulgência precisa de uma companheira e não de um cão de guarda. Ela sabe se defender. O erro foi meu. Vocês são ótimas juntas, porque têm empatia. Se entendem no que é preciso. Fiz um julgamento ruim sobre a relação de vocês e peço que me desculpe.

Arítes relaxou da postura e Liv se virou e, pouco antes de entrar na gruta, escutou as palavras da minha esposa.

− Aceito suas desculpas, todavia só para constar: aos raios a relação que você e Roney têm. Façam o que quiserem. Isso nada me importa. Apenas tenha na cabeça que sou ciumenta, Tália é minha esposa e somos monogâmicas.

Liv olhou para trás, sorrindo.

− Ah, Protetora! Não sabe como me diverte. Antes de conhecer a Guardiã Êlia, achava você muito interessante. Isso, se eu estivesse procurando algum tipo de diversão diferente. Opiniões mudam. Sua sogra é bem mais instigante.

Ela entrou na gruta, fazendo com que eu prendesse meu riso, para não afrontar minha mãe e nem minha amada esposa. Minha mãe levantou, tocando no ombro de Arítes. Se eu não a conhecesse, poderia até dizer que estava séria. Arítes fitou a sua mentora.

− Astor nunca teve que lidar com essas coisas. Consegui manter algumas pessoas longe, por muito tempo. Aceite que é mais fácil.

Lógico que minha mãe estava gozando dela e pelo tom jocoso, vi que ela se divertiu com a história. Sem contar que mentiu. Vi, muitas vezes, a ira nos olhos da rainha Êlia chispar, quando percebia alguém da corte se jogar para cima de meu pai e vice-versa.

Nos recolhemos e Liv ficou no primeiro turno de vigia. Já passavam duas marcas desde que o sol se recolheu completamente quando eu e minha mãe, preparávamos numa fogueira dentro da gruta, uma ave assada que caçamos para comer. Liv escutou um barulho em algumas folhagens e movimentos nos arbustos.

Esgueirou-se para dentro da gruta. Havia sido o nosso combinado para que ninguém se colocasse em perigo sozinho. Fez um sinal para nós e pegamos nossas armas. Nos posicionamos escondidos entre as rochas e, de repente, duas sombras cresceram nas paredes da entrada, sob o bruxulear da luz da fogueira. Quando se aproximaram, prestes a entrar, minha mãe fez um sinal para que atacássemos.

Após muitas estocadas de um lado e do outro, vi Arítes quase atravessar o corpo de nossa filha!

− Parem! – Gritei. – Brenna… Thara! O que fazem aqui?!

Estávamos atordoados, inclusive as duas. Mesmo etada, me adiantei para abraçar minha filha. O choque foi maior. Eu atravessei completamente o corpo dela, que mantinha os braços abertos, na intenção de me abraçar também.

− O que é isso?!

Voltei-me para ela, e Arítes caminhou em torno das duas, passando a mão através do corpo delas. Todos assistiam a cena assombrados e minha mãe levantou a espada, golpeando com um pequeno toque a espada Macha, que estava na mão de Brenna. O tilintar do metal sobre metal provou que a espada estava ali.

− Vocês estão mortas?

Perguntei, deixando o desespero me tomar e lágrimas encherem meus olhos diante daquele pensamento.

− Não, mãe Tália! Não estamos mortas, eu acho…

− Venham. – Minha mãe chamou. – Contem-nos o que está acontecendo.

Todos estávamos com o cenho crispado de preocupação, inclusive as duas. Arítes tentou tocar Brenna também e vi a dor se formar no olhar dela.

− Sinceramente não sei, vó.

− Também não sei explicar, majestade. – Thara respondeu.

− Digam do que se lembram. Comece por você, Brenna. – Arítes pediu.

− Eu estava no quarto de vocês, esperando a Thara que saiu para atender um chamado de Tórus. De repente, me senti muito cansada e deitei. Depois disso, me lembro de acordar na nossa cabana do lago, ao lado de Thara. A espada Macha estava na minha mão. Thara acordou também e vimos uma mulher de cabelos negros. Parecia que eu estava num sonho.

Ela pausou na fala, tentando arrumar os pensamentos.

− Na verdade, via a cabana diferente, como se parte de mim estivesse ali e outra não. Aí a mulher falou: “Vão. Precisam estar em Tanjin para auxiliar na busca”. Ela assoprou em nossa direção e, num instante, me vi de frente para essa gruta, ao lado de Thara.

− E você, Thara. O que lhe aconteceu? – Minha mãe perguntou.

− Bom, eu fui me encontrar com Tórus e tive uma reunião na Casa de Sábios.

− Astor estava presente?

− Estava sim, majestade. Suponho que a senhora saiba sobre o que era a reunião.

− Sim, eu sei. Soube pouco antes de viajar para Cadaz. E eu suponho que não teve tempo de contar para Brenna.

− Exato.

− Contar para mim o quê?

− Depois ela lhe fala, Brenna. – Minha mãe cortou a neta. −  Continue, Thara.

− Assim que cheguei no quarto, Brenna estava febril e inconsciente. Não sabia o que fazer. Procurei a senhora, mas não lhe encontrei. Fiz compressas para baixar a febre e uma infusão. Quando a febre baixou e ela se acalmou, resolvi terminar a tradução do pergaminho, para ver se achava alguma coisa que pudesse ajudar. Se não encontrasse nada, chamaria o rei Astor para me orientar.

− Você tocou o pergaminho dos Escritos? – Perguntei.

− Infelizmente, rainha Tália. Eu estava atordoada com tudo e, simplesmente, esqueci do principal: nunca tocar no pergaminho. Depois disso, tudo de que me lembro foi acordar ao lado de Brenna na cabana, com o pergaminho na mão e a tal mulher nos falando aquilo.

− Os corpos de vocês estão na cabana.

Falei e minha mãe me olhou concordando.

− Aqui é Tanjin. Na verdade, o que sobrou de Tanjin, após a separação dos reinos. É um local entre os planos e vocês não estão em corpo físico aqui. – Minha mãe concluiu.

− Merda! − Arítes falou, pensando em todas as consequências. – Os corpos delas estão lá na cabana? Quem é essa mulher que está lá? O que acontece se alguém… se alguém achá-las e resolver atacar os corpos delas?

− Não pode ser nada bom, Protetora. − Liv concluiu, preocupada.

− Tenho que encontrar um jeito de voltar! – Arítes falou. – Não vou deixá-las desprotegidas.

− Não se precipite, Arítes. – Pontuou minha mãe. – Temos que pegar o Laço de Villi para ajudar Brenna. Sem ele, de nada adianta. A perderemos de qualquer jeito. E algo me diz que precisaremos dele também para elas acordarem.

− Fora que não estamos avançando muito na nossa busca.

Foi a vez de Roney expressar seu desânimo e nós o olharmos atravessado.

− Escutem bem. Enquanto estava em Eras, e Thara traduzia os Escritos que estão na língua de Tanjin, vi que, na maioria, falavam da Guerra do Caos. Brenna trouxe a espada Macha, que tem um grande poder e Thara está com um dos pergaminhos na mão. Isto pode nos ajudar.

− Thara, leia para nós o que tem nesse pergaminho que trouxe – Pedi.

Ela desenrolou o pergaminho, passando os olhos por ele.

− Ele fala de um Templo onde os clãs se reuniam para tomar decisões, curar pessoas e se revigorarem. Era o principal centro energético de Tanjin. Como se fosse um suporte para aqueles que precisavam de orientação. Aqui diz que ele mantinha o segredo do “equilíbrio”. O que o Escrito quer dizer com isso, eu não sei.

− Não está ajudando muito. Não dá nenhuma direção para chegar às ruínas do Templo. – Pontuou Roney.

Thara continuou olhando o pergaminho sem nada falar. Ficamos em silêncio para que ela se concentrasse; eu comecei a cortar pedaços da ave que assava no braseiro, distribuindo um pedaço para cada um. Foi quando Brenna pegou um pedaço de minha mão e começou a comer, distraída. Este ato não passou despercebido pelo grupo. Todos a olhamos sem entender.

− O que foi?

Ela perguntou com a boca cheia.

− Engole antes de falar, Brenna. Não seja mal-educada.

Comentei, todavia não porque estava ralhando com ela. Queria ver onde a comida ia parar e não queria que ela se atinasse para o fato. Ela engoliu.

− Alguém consegue compreender isso? – Perguntei, por fim.

Minha mãe se agachou de frente para ela, observando-a. Nesse momento, Brenna percebeu que segurava a coxa da ave e comia. Ela e Thara pareciam estar fisicamente ali. Nós as víamos assim, contudo não conseguíamos tocá-las. Minha mãe levantou uma das mãos, espalmada.

− Toque a minha mão, Brenna.

Ela tocou e segurou firme a mão da avó, que retribuiu o aperto. Soltaram-se e minha mãe, logo a seguir, estendeu a mão para segurar a dela novamente. Passou através do corpo de Brenna, sem conseguir segurá-la.

− Incrível! – Liv falou etada.

Eu levantei.

− Brenna, venha e me dê um abraço.

Ela não retrucou. Senti o corpo de minha filha me envolvendo, completamente. Me senti feliz ao abraçá-la, no entanto, aquilo me assustou terrivelmente. Arítes se posicionou ao meu lado e Brenna foi abraçá-la também. Vi o quanto minha esposa estava tensa. Arítes sempre foi balizada, entretanto, não suportava ver nossa filha passando qualquer tipo de perigo. Brenna era a fraqueza dela.

Thara estava concentrada no pergaminho, todavia a conhecia o suficiente para saber que ela estava ligada em tudo que acontecia ao redor.

− Me diga, conselheira, tem alguma explicação para isso? – Minha mãe perguntou.

Thara baixou o pergaminho e fitou minha mãe.

− Ainda me considera sua conselheira, majestade?

− Você pediu dispensa de seu cargo? Se não pediu, qual o motivo que tenho para desconsiderá-la?

Minha mãe piscou para ela e Thara sorriu. A conversa delas passou despercebida por nós, pois a jovem conselheira, começou a falar sobre as suas impressões.

− Aqui diz que Tanjin era um mundo sutil, onde a vida era um estado de consciência, em que a energia se condensava. As pessoas podiam sentir os fluidos vitais em plenitude. Fala também que os olhos podiam distinguir cada caminho, mesmo que nunca tivessem trilhado. Bastava ver com olhos da verdade para se encontrar.

− E?… O que isso quer dizer? −  Roney perguntou.

− Ao meu ver, quer dizer que este lugar no qual estamos, não há distinção entre o corpo físico ou espiritual. Nós é que o entendemos como algo separado.

Ela levantou e foi até Roney, tocando-o na face e o encarou. Retirou a mão do rosto dele e ofereceu a mão para que ele tocasse.

− Se quer me tocar, então me toque.  Tem que entender o meu corpo espiritual como algo real.

Ele a fitou confiante e segurou a mão dela firme, sem hesitar e… conseguiu. Ela se voltou para nós.

− A outra coisa que entendi foi que, se queremos chegar ao Templo da Vida, não devemos procurar direções como em um mapa. Devemos ver o Templo da Vida, como ele é. A direção é o que vemos e não o que procuramos.

Por tudo que estudei ao longo da minha vida nos Escritos Sagrados, o que ela falou, fazia sentido.

Até o meio da noite, ficamos conversando e soubemos da nova condição de Thara, dos sábios Célitas de Natust e do que nos esperava no retorno. Não era algo que a jovem sábia quisesse pensar naquele momento. Aliás, pelo que percebemos, ela até se aliviara com o adiamento da decisão que tomaria, isto se nós conseguíssemos voltar daquela missão inteiros.

***

− Ei! Não me importa quem você é ou o que vai fazer. Só peço que… não gostaria que me esquecesse.

Brenna cochichou. Estavam abraçadas, deitadas num canto mais isolado da gruta. Thara virou completamente o corpo para ela e a fitou. O olhar era amoroso.

− Olhos da verdade…

− O que foi? – Brenna perguntou.

− Me olhe com olhos da verdade que as Guardiãs têm. Eu li sobre isso numa das traduções, onde falava sobre o começo da linhagem das guardiãs. Diga-me o que vê, Brenna. O que acha que sinto por você? Não quero que tenha dúvidas comigo.

Brenna se ajeitou, segurando a mão da conselheira. Beijou cada olho e, por fim, os lábios, acariciando as mechas da franja ruiva, soltas da trança. Apartou-se.

− Vejo que me ama. E você? O que vê em meus olhos?

− Sabe que não tenho esse tipo de visão.

Thara respondeu, sorrindo diante da resposta da princesa.

− Não olhei sob o manto dos olhos da verdade de guardiã. Não preciso disso com você. Além do que, não é assim que funciona.

− E como funciona? Me diga.

A curiosidade de Thara era grande. Era da índole dela.

− Bem, primeiro precisa existir alguma questão em dúvida…

− … Como eu te amar.

− Eu não tenho mais dúvidas sobre isso, então, para mim, não é mais uma questão. Só funciona com questões dúbias.

Brenna respondeu e Thara lhe agraciou com um sorriso. Aquele foi um bom exemplo de como os olhos da verdade das guardiãs funcionavam. Gostei de saber que àquela altura, pelo menos isso Brenna tivesse aprendido de nossas longas horas de estudo. Ela continuou a explicar.

− Depois temos que fazer a pergunta de forma direta e encarar nosso interlocutor, perscrutando dentro de seus olhos. Somente quando ele responde, a verdade nos é mostrada através da íris. É como se formassem marcas dentro delas que nos dizem se é verdade ou não o que nos foi respondido. Como vê, não dá para olhar alguém numa conversa qualquer e dizer se aquela pessoa mente ou não.

− Interessante.

− É sim. Quando era criança e minha mãe Tália me ensinou a ver, brincava com meus amigos sem que eles soubessem o que fazia. Passaram a ter medo de mim, porque eu sempre sabia quando mentiam. Minhas mães descobriram e levei uma bronca, além de mãe Tália dobrar minhas horas de estudo naquela semana.

− Tenho certeza de que você odiou tanto esse castigo que nunca mais fez.

As duas riram, chamando a atenção de todos na gruta, embora estivessem distantes e na completa escuridão. Não as enxergávamos e nem as escutávamos, contudo a risada ecoou na caverna.

− Eu vejo que me ama. − Thara falou subitamente, esboçando um sorriso tímido. – Como agradeço a Divina Graça! Você não sabe o quanto amei você em silêncio e como meu peito, hoje, está cheio de felicidade.

A princesa abarcou a cabeça da jovem sábia, cingindo-a no peito, suspirando.

− Então me ame agora. Não sei o que acontecerá com a gente amanhã. Quero sentir você outra vez.


Nota: Conforme prometido, pessoal, o Capítulo extra chegou! Bom domingo para tod@s!

Beijos! 



Notas:



O que achou deste história?

11 Respostas para Capítulo XV – Carne e Espírito

  1. Oieee, desculpa a ausência ( muito trabalho mais volta das aulas). Sinceramente falando, estou com o coração aos pulos, excitada com esse enredo, simplesmente wow. Deu vontade de reler Eras guerra de sangue, e mais ainda “Diferentes?” que é minha historia favorita entre todas que já li na minha vidaa. Essa última cena me deixou na vontade kkkk avemaria,amando cada capitulo. Parabéns Bivard,vc é uma autora arretada da peste. Um xero bem grande da sua fã <3

  2. O coração de Cógnin sabe que ele é pai de Êlia. ?
    Du, a floresta que além de seres perigosos e feios ainda possui arvores que se movimentam. Tália tem razão, assim fica praticamente impossível voltar de lá.
    Essa Liv… Estava se engraçando para Tália, agora vem dizer que achou Aritis interessante, mas agora prefere Êlia? Hum! ?
    É isso aí, Arítes, não baixe a guarda para essa Liv, não. Mesmo que agora ela talveeez tenha mudado o alvo. Cole os olhos nela, Astor ficará super agradecido. ? Ora essa, relacionamento aberto até em Cadaz? Como dizia minha vó: É o fim dos tempos mesmo. kkk
    Mas devo confessar que, meu pé que estava atrás, se moveu um trisquinho para frente, depois que ela pediu desculpas por ter julgado mal Aritis, parece que está só pegando no pé dela mesmo.

    Thara e Brenna na floresta Du? Por essa eu não esperava!
    Thara estava apreensiva em relação a opinião de sua rainha, sobre ela ser herdeira do trono inimigo, que bom que Êlia a tranquilizou.
    Thara, sei que Brenna é linda, e fazendo um pedido desses assim com jeitinho em um momento tão fofo, dificil registir não é? Mas cuidado com as sogras, mulher! kkk

    Beijo, Carol

    • Oi, Fabi! Pelo visto gostou do capítulo. Acho que você ficará mais encucada com o próximo, que vem hoje mesmo. rsrs Mas não se agonie, ele tem uma coisa boa: Tudo começará a se explicar à partir dele. rsrs
      A Liv era encucada com a Arítes, e estava implicando para testá-la. rsrs Como ela e o Roney tem uma ligação forte e os dois acreditam em amor livre, aí fica fácil tirar onda. kkkkkk
      Pois é. A Thara e a Brenna não tinham nada demais para achar nos Escritos, além da influência dele para Thara se juntar a ela nessa dissociação espiritual para irem com força total para a Floresta Du, Além de estarem passando juntas pela transição do Astru, lá na cabana. Ou seja, enquanto o corpo físico delas se alinham no Astru, o corpo espiritual auxilia na procura do laço de Ville. rsrs
      Bom, a Êlia tem um papel importante…
      As sogras de Thara tem coisas boas para fazer naquela gruta, também! kkkkkkkk Não vão ligar muito para a nora e a filha. kkkkk
      Obrigadão, Fabi!
      Um beijo grandão pra ti!

  3. Que e que e isssoooo! A Liv e o tal dela tirando com a cara da elia e da arites. hahahaha E agora a brena e a thara se juntando na briga. Obrigada autora esse extra fio bem legal.
    bj

    • kkkkk Eles tiraram onda mesmo, né? kkkk
      Sim, Bia. A Thara e a Brenna definitivamente entraram no páreo. Vamos ver no que vai dar, daqui para frente.
      Eu é que agradeço o carinho!
      Um beijão!

  4. Que casal mais fofo Brenna e Thara. Bom só tenho a dizer uma coisa que capítulo maravilhoso pena que é só um. Rsssss
    Bivard ansiosa pelo próximo e caramba quanto coisa acontecendo ao mesmo tempo, fico aqui torcendo para que o final seja feliz…kkkkk
    Bjs e na expectativa pelo próximo, valeu pelo capítulo extra ficamos felizes.

    • Oi, Marcela!
      Como você está?
      É, as duas são fofas. Embora pareçam ter uma cabeça bem adulta, elas se curtem como o primeiro amor de verdade. rs Hoje tem mais um cap, e a partir dele, nos próximos, muito que foi colocado antes começará a esclarecer. rsrs
      Um beijo grandão pra ti!

  5. Eita, olha a maldade terminar assim! Hahaha
    Delicinha de capítulo, espero que o próximo seja grandinho e bem recheado (se é q me entende! xD)
    Ótima semana, Carol! ;*

    • Olá, Ka!
      E você nem viu ainda o de hoje. rs Só não vale querer minha cabeça. he he he
      O de hoje está tenso. rsrs Mas tem um grande propósito, pode apostar. rsrs
      Um termino de semana maravilhoso para você! Muito obrigada!
      Beijo grande!

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