Eras – A guardiã da União
Texto: Carolina Bivard
Ilustrações: Táttah Nascimento
Revisão: Isie Lobo, Naty Souza e Nefer
– Brenna, eu quero que seja sincera comigo. – Minha mãe quebrou o silêncio. – Em seu coração, você nunca sentiu o amor e a vontade em ser uma Guardiã?
– Não é isso, vó. Eu sempre me encantei e gostei das conversas e ensinamentos da mãe Tália, mas há dois anos, aconteceu uma coisa; eu não conseguia me concentrar nos estudos dos Escritos e minha mente ficava turva. Já na escola militar, estava cada vez mais fácil e aprendia mais rápido. Eu achei que fosse algo temporário.
– Por que não me contou, Brenna? – Perguntei.
– Mãe, eu não queria…
Minha filha começou a chorar novamente, as lágrimas mais soltas, escorrendo pelo rosto. Como não podia deixar de ser, eu, a Guardiã da Indulgência, amoleci completamente diante de minha filha. Apressei em sentar ao lado dela a abraçando, puxando seu rosto para meu peito. Acariciei seu cabelo, e limpei suas lágrimas.
– Shii! Calma. Vamos resolver isso.
Falei e olhei para minha mãe que nos observava, com um leve sorriso no rosto, balançando a cabeça. Ela sabia que eu não aguentava ver minha filha chorando daquele jeito.
– Já que nos entendemos, vamos começar a trabalhar. Vou até a sala dos Escritos Sagrados procurar qualquer indício que nos ajude a enfrentar isso. Talvez tenha algo que nos diga por que Brenna não conseguia mais ler os pergaminhos dos Escritos.
– Acha que é algo relacionado ao Astru?
– Pode ser, Tália, eu não sei. Minha mãe nunca se preocupou muito com essa parte dos Escritos, assim como eu também não, pois achávamos que o Astru nunca ocorreria entre nós, já que não havia mais magia.
– Consequentemente a senhora nunca passou para mim, assim como eu nunca me preocupei e talvez ninguém da nossa linhagem, antes de minha avó.
– Exato. Existem pergaminhos específicos que falam do Astru e deixamos de lado por centenas de anos.
– Tudo que sabemos do Astru é porque existe menção em outros pergaminhos. Eu lembro que uma vez, até os peguei na mão, mas nunca abri. Foi como se aquilo não tivesse importância e os coloquei intactos na estante.
– Isso também já me aconteceu, Tália, e não sei por que, mas algo me diz que não é coincidência.
De repente minha filha começou a se sentir mal. Colocou os dedos nas têmporas, apertando.
– O que foi, Brenna?
– Tô com muita dor de cabeça… e enjoo também.
– Leve-a para descansar e dê aquela infusão de flor de tília. Brenna não dormiu nada esta noite e logo depois, a Senhora das Águas nos abordou. Ela deve estar tensa e cansada.
– Certo. A senhora descerá até a Sala dos Escritos agora?
– Sim. Quero saber o que está ocorrendo e não perderei tempo.
– Assim que Brenna dormir, me encontrarei com a senhora.
Minha mãe assentiu e foi direto para quarto dela.
***
Depois que consegui fazer Brenna se acalmar e adormecer, fui até minha sala de leitura em meu quarto e passei pela porta que existia entre ele e o de minha mãe. Sabia que ela não atenderia se eu batesse na porta de entrada e resolvi invadir. Anos atrás, quando ela me contou sobre a casta das Guardiãs dos Escritos, após a Batalha de Sangue, me revelou onde os Escritos Sagrados eram guardados. A rainha Êlia os trouxera da sua cidade natal, há muito tempo. Construiu um santuário escondido aqui no castelo.A passagem deste santuário era através do quarto dela.
Entrei sem cerimônia e a porta entre nossos quartos já desembocava na sala de leitura dela. A entrada para o santuário era ali mesmo. Um pequeno empurrão em uma pedra específica da parede,acionava a engrenagem que abria uma passagem. A escadaria estava iluminada por velas acesas em candelabros fixados. Desci por ela, porém não sem antes fechara passagem.
Cheguei até a sala que dispunha de estantes que se estendiam por todas as paredes. Eram numeradas e cada prateleira catalogada de acordo com o tipo de assunto que versava cada Escrito Sagrado. Minha mãe estava de costas, sentada em uma poltrona, que utilizávamos para estudá-los. Aproximei-me e sentei na poltrona ao lado. Ela tinha um pergaminho na mão e vários outros em cima da mesinha de apoio. Seu rosto era tenso e assim que sentei, ela baixou o pergaminho, deixando-o em seu colo.
– Temos um grande problema, Tália.
– Isso eu já sabia, mas a coisa toda piorou?
Minha mãe bufou, entregando-me o pergaminho para que visse.
– Olhe isso e me diga o que acha?
Peguei o pergaminho da mão dela e passei os olhos por cima. Meu sangue gelou e meu coração disparou.
– O que é isso? Está de brincadeira comigo, não é?
– Não, Tália. Acho que dessa vez a Senhora das Águas quis nos dar uma boa lição de moral. Por nós e por todas as Guardiãs que nos antecederam.
– Afinal de contas, que idioma é esse?
– Eu não sei. Não conheço. Todos os pergaminhos do Astru estão nesta língua, que não conheço. Nós já fizemos contatos com povos do além oceano e existem muitos idiomas que não conhecemos. Algumas têm grafia muito diferentes da nossa, contudo, não faz sentido parte dos Escritos virem em uma língua de um povo tão distante que, provavelmente, nem cultuam a Divina Graça.
Parecia que a dor de cabeça de Brenna estava se transferindo para mim. Esfreguei meus olhos com os dedos, tentando pensar em como leríamos estes pergaminhos num idioma que não sabíamos a mínima do que significava.
– Pensei se esta língua não seria algum dialeto falado em Tanjin, quando as dimensões eram uma só. Estes pergaminhos que versam sobre o Astru, antecedem muito a Guerra do Caos, Tália.
– Pode ser. No entanto, como traduziremos isto? Se é uma língua morta, não sei se encontraremos alguma referência na biblioteca pública ou na Casa dos Sábios.
– Não encontraremos, entretanto, você acabou de me dar uma ideia. – Minha mãe falou motivada. – Eu venho da cidade das Guardiãs. Por muitos séculos Cadaz guardou os Escritos Sagrados e fica mais próximo a terra dos Edirenatos, que fazia parte do reino, antes da Guerra do Caos. O idioma deles é diferente do nosso e pelo que me lembro, a grafia é bem parecida com essa. Em Cadaz, tem uma biblioteca grande e os Escritos permaneceram lá, até minha mãe falecer, que foi quando os trouxe para cá. Quem sabe na biblioteca do templo há alguma referência e mostre alguma relação com essa língua.
– Por que saiu de Cadaz, mãe? Nunca soube como veio parar aqui e por que abraçou Eras como sua cidade.
– Alguns chamam de destino e outros de dever. – Minha mãe sorriu. – Eu vim pelo dever e encontrei meu verdadeiro lugar, que você pode chamar de destino, se quiser. Todas as cidades de Tejor tem um oráculo, sacerdotisa-curandeira, ou no caso de Cadaz, uma Guardiã. Ofato é que nasceu um oráculo em Cadaz e a Senhora das Águas havia se encontrado com minha mãe, para lhes dizer que dali a alguns anos, Natust se voltaria contra Eras. Serbes já começava a fazer seus movimentos no norte.
– Veio para ajudar Eras na batalha?
– A batalha não começaria por aqueles anos. Eu era uma criança ainda, quando minha mãe decidiu que Cadaz poderia ficar com um oráculo e que ela seria mais útil em Eras, já que não havia nascido nenhum oráculo aqui. Eu tinha apenas quatro anos e minha mãe foi acolhida pelo seu avô, pai de Astor como o oráculo da cidade.
– Você disse que consegue sonhar e minha avó lia as “pedras sagradas”. Eu não tenho nenhum desses dons.
– Talvez porque nunca tenha tentado e nem estudado profundamente sobre isso. Mais uma falha nossa, minha filha. Todas as Guardiãs têm algum dom de leitura ou previsão. Eu mesma deixei meus exercícios de lado, há alguns anos, e isso, tenho certeza que Bonan está vendo também. Hoje em dia sonho muito pouco.
– Eu não consigo me ver com nenhum dom. Não sei em que me encaixaria.
– Isso é sinal que precisa ler e estudar mais. Pelo menos acredito que seria o que as Senhoras dos Reinos falariam para você.
– Que ótimo! Acho que papai vai ficar no trono de Eras por muito tempo, então. Não dá para fazer bem as duas coisas. – Joguei meu corpo para trás, afundando na poltrona. – O que faremos com os Escritos que falam de Astru? Se uma de nós viajar para Cadaz, levará pelo menos três dias e meio para ir, fora o tempo que precisará para achar alguma coisa relacionada, estudar e traduzir os escritos. Poderá levar anos.
– Concordo, Tália, porém teremos que tentar algo. Pela forma como a Senhora das Águas falou, não acho que Brenna tenha muito tempo. Eu arrumarei as coisas e parto amanhã para Cadaz.
– Por que você? É uma viagem longa, mãe,e o inverno já está chegando. Cadaz fica nas montanhas de Kardoshara. Você não se convence que não tem mais trinta anos, não é? – Falei irritada.
– Primeiro: eu conheço Cadaz e sei onde procurar alguma coisa. Segundo: olhe para mim e para você. Nunca se deu conta de que nosso envelhecimento é diferente das outras pessoas? Você nunca percebeu que seu pai é mais envelhecido do que eu?
– Lógico que eu sei. – Bufei. – Já li sobre isso nos Escritos, sobre o envelhecimento ser lento para nós, guardiãs.
– E quanto mais idade, mais lento é o envelhecimento. Por isso que pareço ter somente quarenta anos. Sua desculpa da idade, não tem razão de ser. E acho bom parar de falar isso, aos quatro ventos, pois desperta curiosidade nas pessoas.
– Me sinto como se ainda não tivesse ultrapassado a casa dos trinta anos e o engraçado, talvez seja o amor que tenho por Arítes, contudo não a percebo envelhecer também.
– E ela não está. Não é impressão sua,reparo isso já algum tempo. Talvez esta seja uma parte da explicação para Brenna ter herdado o sangue Astru. Arítes tem sangue sagrado, mesmo sendo da linhagem da floresta. Nunca escutei falar de alguém que não fosse da linhagem das águas com sangue sagrado, aliás, nunca escutei alguém que não fosse Guardiã ou oráculo com sangue sagrado.
– E os oráculos? Eles têm a visão e podem ser de qualquer linhagem.
Minha mãe levantou e foi até uma estante. Observou vários pergaminhos até pegar um. Voltou e me entregou.
– Leia este pergaminho. Os oráculos têm no sangue uma linhagem própria. Todos os oráculos que nascem em Tejor, hoje em dia, é porque algum de seus pais se relacionou com alguém de Tir. Entenda que os habitantes de Tir podem entrar no nosso reino, diferentes de nós, que só podemos entrar lá, com permissão.
– Mas Breno, filho da rainha Chad é um oráculo.
Minha mãe sorriu brevemente, daquela forma cínica dela. Pelo sorriso, eu vi que definitivamente o filho da rainha Chad de Kamar não foi concebido pelo primeiro marido.
– Eu não acredito! Chad pegava todo mundo mesmo, einh!?
Minha mãe gargalhou.
– Breno nasceu com oito ciclos de lua após o casamento. Ninguém pode afirmar que ele não é filho do primeiro marido de Chad. Mas, pelo que eu sei sobre o sangue de um oráculo, posso afirmar que Chad se casou grávida e não foi do primeiro marido dela. – Minha mãe riu. – Bem verdade que ela nunca me contou, mas como esconder isso de uma Guardiã, já que temos pergaminhos que falam sobre isso?
– A senhora acha que Arítes tem , mas não há nada que fale sobre isso, em qualquer lugar. Não li em nenhum pergaminho sobre outras castas diferentes das guardiãs que tenham sangue sagrado.
– Mas essa coisa toda… Não sei, Tália. Até conseguirmos saber que língua é essa, não entenderemos o que está acontecendo.
– Como as pessoas não percebem que nós não envelhecemos da mesma maneira que todos? Como a gente pode esconder muito tempo do povo, o fato de sermos diferentes?
– Elas percebem, só não falam porque eu sou a rainha e você a rainha regente. Em Cadaz tínhamos um santuário e a população sabia que as pessoas que se dedicavam ao santuário envelheciam mais devagar.
– E o povo não perguntava por que?
– Às vezes, um ou outro, perguntava. Lembro de minha mãe respondendo que a Divina Graça deveria assegurar vida longa para alguém que se dedicasse a ela. As pessoas aceitavam como se aquilo fosse abençoado. Cadaz é uma cidade pequena que vive da agricultura e da criação de animais para consumo próprio. São pessoas simples que não querem mais que tranquilidade para suas vidas. Estas explicações satisfaziam, já que são um povo que mantém a cultura ancestral.
– Não tinha ninguém que questionasse além disso? Vamos supor que alguém nos questione aqui, o que fazer?
– Falar a verdade é o caminho sempre, Tália. Sei que virá um tempo que nossa casta não poderá mais ficar escondida. Achei que fosse ocorrer na Batalha de Sangue, o que não aconteceu. Todos que participaram da batalha e que viram o que ocorreu, calaram quase como um pacto mudo.
– Queria que essa guerra de Natust contra Kamar não estivesse ocorrendo. Queria que Arítes estivesse aqui. Ela sempre tem boas ideias, quando não tenho mais saída.
– Não acredito que demore muito. Kamar tem um exército grande e Terbs caminha para auxiliar, também. Na verdade, Eras está indo apenas como apoio. Bom, tenho que aprontar as coisas para a viagem e falar com seu pai.
– Ele não gostará, nada, disso.
Minha mãe suspirou, sabendo que teria que dispensar muitas horas para que ele entendesse a necessidade da viagem dela.
– Você deverá ficar atenta aos sinais de Brenna. Bonan não deu um tempo para que começasse a acontecer o Astru dela,todavia não podemos vacilar.
– A Senhora das Águas não deixaria nada ocorrer a Brenna, não é mesmo?
– Eu a enfrentei, Tália. – Minha mãe passou a mão pelos cabelos, preocupada. – Coloquei a minha família acima … acima dos reinos.
– E nós falhamos como guardiãs, quando desprezamos estes Escritos.
Completei o pensamento dela, mas nada tirava de minha cabeça que isto não se tratava do que fizemos, ou melhor, do que não fizemos. Tinha algo errado naquilo. A Senhora das Águas não era vingativa, mesmo quando contrariada. Algo estava errado naquela história toda.
“Ai, Arítes! Que falta sinto de você…”
– Vamos subir. Vou falar com seu pai e veja como Brenna está.
– Está bem.
***
Eu velava o sono de Brenna. dormia a noite inteira, mesmo que se remexesse muito, entretanto,estava agitada de um modo diferente, como se algo a incomodasse. Mesmo dormindo, uma expressão pesada figurava em seu rosto. Parecia que sonhava com algo aterrador. Mandei que levassem a refeição no quarto para nós e trouxe comigo alguns pergaminhos, que, em outras épocas, jurava ter lido algo sobre o Astru.
Lia um e logo largava de lado, pois nada falava, pegava outro e a mesma coisa ocorria. “Não é possível! Tinha certeza que estava por aqui”… Pensei, sem falar alto para não acordar minha filha. Olhei sobre os rolos, um pergaminho escrito naquele estranho idioma. O abri, mas era a mesma coisa. Uma grafia estranhamente complexa, que não consegui juntar uma única sílaba.
Eu tive uma ideia ridícula, confesso, mas me apressei a colocar em prática. Peguei uma pena na mesinha de leitura de Brenna e um pedaço de pergaminho. Transcrevi do pergaminho para um manuscrito oque para mim parecia ser uma frase. Peguei o restante dos pergaminhos e guardei-os no quarto de rouparia de Brenna. Fui até a porta e chamei um mensageiro. Dei instruções e voltei para a poltrona. Um tempo depois, alguém bateu à porta. Levantei para atender.
– Me chamou, senhora?
– Chamei sim, Thara. Entre por favor, mas temo que tenhamos que falar baixo. Brenna não está muito bem e ela conseguiu pegar no sono ainda há pouco.
Dei passagem a Thara que entrou,observando o ambiente curiosa. Olhou para a cama, onde minha filha dormia e fitou-a durante um tempo. O olhar era preocupado e virou-se para mim.
– O curandeiro do castelo já veio vê-la? – Perguntou num sussurro.
– Não vimos necessidade. Ela não dormiu durante a noite e logo cedo teve uma dor de cabeça forte. Não creio que seja nada demais. Se persistir, certamente chamaremos o curandeiro. – Respondi emtom baixo também. – Sente-se, Thara. – Apontei a poltrona próxima a minha. –Chamei-a aqui porque não quero deixar Brenna só e preciso que veja uma coisa.
– Estou à disposição, senhora.
– Por que essa formalidade? Já tínhamos superado isso.
Thara sorriu e baixou a cabeça um pouco sem graça.
– Desculpe-me, Tália. Acho que estou um pouco tensa depois da discussão de vocês de ontem à noite. A revelação sobre a casta das Guardiãs e o juramento que prestei, me deixou um pouco surpresa. Também fiquei desnorteada com sua volta ao castelo hoje cedo e com o rei Astor que retornou ao trono.
– Arranjos que tivemos que fazer. Explicarei, mas antes queria que me respondesse; você estuda línguas antigas e de outros reinos, não estuda?
– Sim. É mais um passatempo do que estudo propriamente dito. Faço isso nas minhas horas vagas.
– Ótimo. Quero lhe mostrar algo que eu… Bom, transcrevi de um lugar e queria saber se conhece.
Estendi o manuscrito e ela olhou com apuro. Depois de um tempo, sorriu como se estivesse prendendo uma gargalhada.
– Desculpa, mas acho que não transcreveu isso direito. Aqui fala: “O laço pega, vara céu noite de pão”. Não faz muito sentido. – Voltou a rir.
– Você conhe… – Falei alto e logo emendei num sussurro. – Então conhece esse idioma?
– Sim. É uma língua morta. Vem da antiga Tanjin. Não há muita coisa sobre ela, mas consegui bastantes pergaminhos de um mercador-livreiro que costuma negociar aqui na cidade. Ele compra e vende pergaminhos e livros antigos e eu me interessei quando ele chegou, a primeira vez, com um que tinha esse idioma. Deve ter uns dois anos que compro coisas dele e estudo a língua de Tanjin.
– Pela Divina Graça! Minha mãe tinha razão. Você não sabe como me deixou feliz, Thara.
– Quer que eu traduza algum documento? Seria prudente que me desse o original. Sua transcrição foi um pouco… – Ela sorriu novamente.
– Bom, quanto a isso não posso lhe garantir. Achava que tinha feito tudo certo, contudo essas letras são quase diagramas.
– E de certa forma são. Cada desenho tem um significado maior que apenas uma letra. Elas podem nomear um objeto, ou mesmo artigos ou pronomes. Levei seis meses estudando um pergaminho que fazia uma analogia desse idioma aos dos reinos de Centrius e de Edirenatos. Depois descobri alguns pergaminhos gramaticais que tinham em nossa língua sobre estudos do idioma de Tanjin.
– Centrius?
– Sim, é um reino que fica além do oceano de Tabla. Algumas lendas contam que foi povoado por alguns habitantes de Tanjin.
– Provavelmente os Edirenatos também…
Falei alto meus pensamentos. Minha mãe tinha razão sobre quase tudo que especulamos. Era uma esperança.
– Realmente vi muita semelhança entre os idiomas, mesmo assim, acabei optando por estudar estes pergaminhos gramaticais.
Eu escutava a tudo esperançosa, só tinha um problema: como mostraria os Escritos Sagrados para essa garota? Minha mãe mostrou a Arítes, anos atrás, entretanto havia sido com permissão das Senhoras dos Reinos. Minha esposa tinha um papel importante na Guerra de Sangue. Ela era a portadora da “Espada Macha” e era a Protetora. Inspirei fundo.
– Você faria um favor para mim?
– Claro, Tália! O que deseja?
– Eu preciso conversar com minha mãe em particular, no entanto não quero perturbar o sono de Brenna e nem deixá-la sozinha. Pode ficar um pouco com ela para mim? Espero não demorar.
– Pode ir, Tália.
Ela olhou para a cama durante uns segundos. Ah, esse dom maravilhoso que nós Guardiãs temos! Eu via na íris dos olhos dela muita ternura. Seria capaz de arriscar que ela a olhava com um cálido sentimento de carinho, tão pungente que nem ela sabia de onde vinha. Levei meus pensamentos ao passado, quando cuidei de Arítes, com o corpo machucado por uma emboscada que sofreu. Se havia alguma dúvida de minha parte, naquele momento se desfez. Thara olhava para a minha filha com o mesmo amor que me permiti olhar para Arítes naquele dia, despojada do medo de ser pega nos meus sentimentos e transbordante em meu coração.
– Não tem problema se demorar. Tomarei conta dela.
Falou-me com a voz suave. Debatia-me entre minha vontade de falar o que pensava, ou questioná-la para sondar mais aquele sentimento.
– Você já conhecia minha filha antes da noite de ontem? É que tive a impressão que vocês já se conheciam.
– Já. – Ela respondeu tímida. – Eu costumo treinar, logo cedo, com o mestre de armas. Não faço parte do exército e nunca realmente quis, contudo gosto de me exercitar e aprender a me defender. Quando acompanho alguma expedição dos sábios, a algumas palestras em outra cidade, não gosto de me sentir um peso morto na defesa da diligência. Sempre a encontrava de manhã, treinando na sala de armas.
– É mesmo?
Perguntei displicente, para incentivá-la a continuar.
– Não é que conversássemos muito, pois o mestre de armas não gosta de falatório.
Encolheu e relaxou os ombros, querendo demonstrar casualidade, entretanto, vi que estava um pouco constrangida. Como eu continuava a olhar com visível interesse em seu relato, por fim, ela completou:
– Ela já treinou comigo e já me ajudou inúmeras vezes nos exercícios que o mestre me ensinava.
Não me contive e abri um sorriso, levando Thara a baixar o olhar, encabulada. Os cabelos caíram-lhe sobre o rosto, misturando o rubor que subiu em sua pele com as mechas cor de fogo. Contive minha curiosidade para não assustá-la. Diante de mim estava uma garota que escondia uma paixão secreta por minha filha.
– Certo. É bom saber que tem apreço por ela. – Sorri abertamente. – Fico mais tranquila em deixá-la sob seus cuidados.
Não resisti em dar uma espetadela. Thara era uma menina inteligente e entendeu que eu havia percebido seus sentimentos. Levantei e saí sem mais nada dizer.
Nota: Como prometido. Semana que vem tem mais! Beijos!
*Pessoal, na hora de postar, desconfigurou algumas coisas e estou aos pouco vendo as palavras que grudaram e a pontuação que juntou também. O que perceberem de errado que passou batido nessa minha revisão pós-post, podem falar que conserto, ok?
Oiee Carol!!
Aos poucos voltando…
Adorei o capítulo!!! Que bonitinha essa Thara… será que Brenna tá ligado na nela tb? E curiosa por esses mistérios novos…
Aos poucos irei lendo que estou com dificuldades em me concentrar e fico me perdendo..Mas adorando!! Adoro esse gênero!!
Espero que esteja tudo certinho por aí?!!
Beijão
“Ai, Arítes! Que falta sinto de você…” => pois é, digo o mesmo!!! Cadê Arítes, dona Bivard? Poxa, estamos com saudades… rsrs
E Thara, que sabidinha hein, lendo na maior facilidade!! Tá me lembrando Champollion decifrando a pedra de Rosetta como se fosse receita de bolo… tsc tsc tsc.
E… como não custa apelar para o terno coração bivardiano (limpando a garganta agora!): solta um capítulo novo pro Natal, vai?! Quem sabe Arítes aparece rs…
Bjs, Carol, e excelente Natal para você, esposa e filhos (caninos!)
Oi, Nefer!
Olha, Arítes foi em uma campanha, mas acredito que logo, logo volta! rsrs Ela não ia deixar a filha na mão, né? rsrs
kkkk A Thara é uma menina prodígio. Superdotada e ama estudar. Tem um conhecimento vasto. Você leu o extra de Eras, não leu? Ela já aparece nesse extra e explica quem ela é mais ou menos. rsrs
Depois do ano novo, vou tentar soltar uns extras, mas agora não vai dar muito, não.
Um beijo enorme, Nefer e que 2019 seja recheado de amor e alegrias!
E como fica nossa ansiedade pra semana que vem, no último nível. Kkkkkk
Super shipando Brenna e Thara, e já esperando a Talia ser uma sogra meio chata ou não. Rssss
Que tenhamos um natal de luz com nossas famílias! ?
Oi, Marcela!
Como foi de festas?
Acho que Brenna e Thara vão ser o casal da vez! kkkkkkkk
Mmmm… Tália chata? Não imagino não. rsrsrs Mas vamos ver! Sei lá o que a cabeça aqui pode fazer de uma hora para outra. he he he he
Um beijão e um 2019 cheio de alegrias, Marcela!
Carol, encontrei sim alguns erros de espaço, mas nada q incomode então, nem esquenta com isso.
Mais um cap. maravilhoso, só q um por semana é uma angustia danada… pensa nesse assunto por favorzinho…
Pelo q li as Guardiãs estão em falta com a Sra. das Águas e elas tem q resolver esta pendencia com urgência. Nem conheço Thara direito, mas já me apaixonei, adoro ela…
Mais um cap. maravilhoso nos colocando a par da nova situação.
Volte logo… uma semana é mto tempo.
Parabéns, adorei…
p.s. a rainha Chad não era mole mesmo… k k k
Oi, Nádia! Como está indo de festas?
Olha, Nádia, depois das festas, acho até que eventualmente posso soltar uns capítulos extras, mas essa semana não vou poder mesmo! rs
Acredito que vai se apaixonar mais pela Thara. rsrs Ela é uma menina prodígio, mas tem um charme danado! rsrsr
Um grande beijo e que 2019 seja um ano próspero e feliz!
Ps.: Você nem imagina. A Rainha Chad não deixava passar nada! kkkkkk
Que legal!!! Amoooo!
Tmb já to shippando a Brenda e a Thara! kkkkkk
Brigada pelo presentao carol!
bj
Oi, Bia! Que legal estar aqui novamente!
Pode shippar! kkkkkkk
O presente é meu, vendo vocês aqui acompanhando mais essa aventuta comigo!
Um beijão e Feliz 2019!
Ai, ai, já vi que vou sofrer de ansiedade com essa história! Querendo capítulo para amanhã! hahahaha
Já quero ver romance de Brenna e Thara, quero rever Arítes. E lógico que quero saber o que é esse Astru! Curiosidade é o meu sobrenome!
Bjão Carol e Feliz Natal!
Ha ha ha! Pra hoje não rola. rsrs E vai ter romance sim! rsrsrs Para entender o Astru, vai sei aos poucos, mas vai e lógico que a Arítes não vai ficar de fora. rsrsrsrs
Um beijão pra você e feliz natal!!!!