Eras – A guardiã da União
Texto: Carolina Bivard
Ilustrações: Táttah Nascimento
Revisão: Isie Lobo, Naty Souza e Nefer
Prólogo
Há cerca de vinte anos, o reino de Eras que compunha as “Terras Conhecidas”, ganhara a “Guerra de Sangue” contra Natust; reino situado ao norte que abandonara as crenças antigas de igualdade, reverenciando um homem chamado Serbes, dotado de poderes mágicos naquelas terras sem magia.
Centenas de anos antes, existia somente um único grande reino que, na época, era conhecido por Tanjin. Ele fora dividido em duas dimensões pela Divina Graça, a Deusa Suprema, em Tir e Tejor. Ela havia tomado aquela atitude devido a desavença e rebelião de um grupo de indivíduos que não aceitava a forma de distribuição da magia entre homens, mulheres e criaturas diversas, instigando diferenças.
A Divina Graça manteve toda a parte mágica de Tanjin na dimensão de Tir, juntamente com as criaturas de essência sutil e mágica e Tejor, com a dimensão dos seres humanos. Eles teriam que aprender a conviver, evoluir e florescer sem a magia, até chegar o dia de nova transformação.
O tempo foi passando e os nomes de Tir e Tejor foram se perdendo nas lembranças dos seres humanos. Contudo, a Deusa maior não privou as Terras Conhecidas de sua presença, deixando que as Senhoras da Natureza, que eram seres de característica feminina e com poderes mágicos, e, conseguiam manipular energias a partir da boa-venturança da natureza, olhassem as necessidades dos humanos. Elas moravam em Tir, mas auxiliavam Tejor, mesmo que os seres humanos não mais acreditassem nelas.
Apesar de não existir mais magia em Tejor, ou melhor, nas Terras Conhecidas, algumas famílias ainda possuíam o sangue mágico proveniente das antigas castas de Tanjin. A maioria nem sabia que o possuía, enquanto outros, não só tinham consciência de seu sangue, como recebiam a educação, transmitida através de seus familiares, além de serem instruídos a preservar a antiga sabedoria, em segredo. Estes pertenciam à casta das Guardiãs, dos Oráculos e alguns sábios.
Chegaria o dia em que as Terras Conhecidas passariam por nova mudança e caberia a essas pessoas especiais a condução do destino e da transformação, para o bem ou para o mal.
Eu me chamo Tália Renoir de Cadaz e Eras, Guardiã da Indulgência. Juntamente com Arítes de Eras, minha esposa e comandante maior do exército, governamos o reino de Eras das Terras Conhecidas.
Que a aventura comece!
<img “aligncenter=”” wp-image-9055″=”” src=”https://www.lesword.com/novo/wp-content/uploads/2018/12/MAPA-ERAS.jpg” alt=”” width=”800″ height=”533″>
Capítulo I – A Revelação
O Exército se colocava em marcha e minha filha Brenna assistia da sacada do Conselho, desalentada e com o peito cheio de revolta. Não dormira nada, durante a noite, pensando que eu, apesar de não ter ordenado, praticamente coloquei a adaga em seu peito, para que desistisse de seguir em campanha. A rainha e comandante Êlia, minha mãe, a tinha procurado, logo cedo, para conversar, mas ela estava com uma raiva maior ainda da avó, por ter desencadeado toda a discussão da noite anterior, fazendo com que eu tomasse aquela atitude de dispensá-la do exército, nesta investida.
Brenna suspirou esgotada e se virou para sair da sacada, pois cada vez que olhava um esquadrão tomar posição na estrada, em frente aos muros do castelo, a dor aumentava. Ela só não se sentia mais inútil, porque assinei um decreto oficial, deixando-a como minha substituta no trono, enquanto eu e Arítes estivéssemos na guerra. Fiz correr a notícia entre as tropas, com uma declaração formal e real, para explicar que o trono de Eras não poderia ficar desprotegido e com perigo de perder a linha de sucessão, caso eu, ou Arítes, viéssemos a perecer em batalha. Isto a aquietou, pois desta forma, não pareceria, aos olhos de seus colegas de espada, que ela era uma covarde, fugindo de seu dever.
Ela caminhou ao redor da grande mesa do conselho, pensando se sua vida seria assim; despojada de sua vontade e jogada em atividades administrativas, sempre que fosse necessário que eu estivesse em campanha com o exército.
– Que inferno! – Bateu forte sobre a mesa. – Não quero ficar inútil sobre um trono, discutindo com um monte de velhos sobre se venderão grãos e a que preço para o reino x ou o reino y!
– Acha que governar é apenas isso, princesa Brenna?
Brenna tomou um susto com a voz desconhecida que escutara atrás de si. Era treinada para perceber a presença de alguém entrando em um cômodo e se voltou, desembainhando sua espada na direção da voz.
– Quem é você? Como entrou aqui?
– Pensei que Tália e Êlia tivessem feito um trabalho melhor na sua educação, guardiã Brenna.
Uma expressão de eto tomou o rosto de minha filha. Brenna sabia que ninguém, exceto os envolvidos diretamente com a família Eras, tinha conhecimento de nossa responsabilidade como Guardiãs dos Escritos. Tentou se acalmar e reparou no rosto e vestes daquela estranha mulher. Com certeza era da linhagem do lago, pois os cabelos loiros-prateados e os olhos azuis cristalinos a denunciavam, mas as vestes eram diferentes. Vestia couro no corpete e nas calças justas, como uma guerreira, porém trazia uma túnica em tecido leve, por cima, como se estivesse preparada, tanto para a batalha como para uma oração no templo. Brenna perguntou, novamente, desconfiada, ainda com a espada em punho.
– O que faz aqui e quem é você?
A mulher lhe sorriu breve, observando minha filha com apuro.
– Quando foi a última vez que rendeu homenagens às Senhoras da Natureza? Você não vem de uma única linhagem, guardiã Brenna. Embora uma linhagem sempre assuma o sangue, você teve a benção de duas linhagens. Não é somente das águas, e também, não somente da linhagem do povo da floresta.
– Não me falou nada que eu já não saiba, então sua tagarelice não me acrescenta muita coisa, principalmente se não responde minhas perguntas. Suponho que seja a hora de chamar os guardas.
A mulher gargalhou, divertida, diante da petulância e ingenuidade da garota.
– E você também não respondeu minhas perguntas, mas falarei por você. Não tem estudado os Escritos, preocupando-se unicamente com as táticas e estratégias militares além de, há dois anos, não render homenagens a mim e às minhas amigas de Tir. Não que isso me tire o sono ou desarrume meus cabelos, no entanto é um bom indicativo de que está se distanciando de seu sangue e de seu compromisso como guardiã.
Ao terminar de falar, a Senhora das Águas liberou sua aura mágica, que havia contido para que minha filha, com o sangue de guardiã, não percebesse sua chegada à sala. Brenna sentiu o calor que partia do ventre, correndo por todo o corpo, até chegar ao último fio de cabelo. Tomou um grande alento e se curvou, arfante, sentindo a descarga de energia. Hoje penso que a Senhora das Águas fez essa manobra para quebrar um pouco da petulância de minha filha. Não que Brenna não respeitasse a Senhora das Águas ou qualquer das Senhoras dos Reinos, ou não amasse nossa cultura, mas acredito que ela precisava de algum redirecionamento.
Ela tentou se balizar novamente, respirando mais profundamente, contudo não conseguiu frear aquela estranha sensação que percorria cada pedacinho de seu corpo.
– Você está bem? Gostaria que eu contivesse a minha aura mágica, novamente?
A Senhora das Águas perguntou suavemente, entretanto trazia um pequeno sorriso no rosto, que não foi percebido por Brenna.
– Por favor, Senhora. Se for possível…
Minha filha pediu com a respiração irregular, ainda curvada sobre o próprio tronco. O tom de voz era baixo e entrecortado. A Senhora das Águas atendeu o pedido dela, retraindo a própria magia. Colocou a mão sobre o ombro de Brenna, para ampará-la. Ajudou-a a se aprumar, posicionando-se de frente, segurando as mãos dela.
– Estou aqui para explicar a você algumas coisas que, há muito tempo, se pergunta e não encontra uma resposta. Seu papel no destino deste mundo não será fácil e não será apenas com a espada na mão. Eu sempre vinha a Tejor falar com sua mãe e avó nos tempos difíceis e, creia-me, apesar delas sentirem a minha magia, nunca experimentaram de forma tão intensa. Tenho que conversar com você e sua avó, juntas. Iria chamá-la, porém, percebo que ela já se aproxima desta sala em que estamos.
Nesse momento, minha mãe entrou na sala do Conselho, deparando-se com a Senhora das Águas de mãos dadas com a neta. Sentira a presença dela e se preocupara. Há anos ela não aparecia em Eras e, a Guardiã e rainha mãe Êlia, sabia que algo acontecia.
– Senhora…
Minha mãe se curvou numa reverência. Brenna nunca presenciou a avó numa atitude tão humilde, demonstrando um profundo respeito perante a alguém. O rosto sereno contrastava com a preocupação, que minha filha só percebeu quando viu uma de suas sobrancelhas ligeiramente elevadas.
– Tire essa preocupação da mente, Êlia. Só queria conhecer, pessoalmente, a minha Guardiã mais nova.
Minha mãe baixou ligeiramente a cabeça, lançando um sorriso cínico, mas divertido. Encarou, outra vez, a protetora dos reinos.
– Você ainda gosta de me testar, Bonan?
A Senhora das Águas riu com gosto.
– Amo a irreverência do sangue de vocês.
Ela largou as mãos de Brenna e caminhou até minha mãe, dando-lhe um abraço apertado.
– Não pode me culpar, Senhora, se só a vejo quando problemas acontecem. Deveria fazer visitas informais, de vez em quando, para apagar essa impressão.
– Eu estou fazendo uma visita informal… bom, mais ou menos. Na verdade, queria impressionar sua neta.
Ela olhou para trás, vendo Brenna observar, boquiaberta, a interação de minha mãe e da Senhora das Águas. As duas riram, com a expressão do rosto de Brenna.
– Acabo de perceber que conseguiu seu intento. – Minha mãe replicou, voltando-se para a neta. – Feche a boca, Brenna. Não vai querer que Bonan ache que educamos uma Guardiã abobada.
– Eu não pensaria isso, embora acredite que você e Tália não estão se esforçando muito na educação de uma Guardiã.
– Tudo bem, aceito que a leve por um tempo para Tir. Você pode se incumbir da educação dela por alguns dias. – Minha mãe brincou.
– Não mesmo. Essa é a função de vocês, além do mais, a vejo através das águas do oráculo.
– Ei! Vocês estão falando de mim e na minha cara? É isso que estou escutando?
Neste instante, minha filha saiu da catatonia e assumiu a sua costumeira rebeldia, levando as duas mulheres a rir, novamente.
– Você se acostumará com Bonan. Ela é divertida. – Minha mãe respondeu.
– É, eu tô vendo. – Brenna retrucou, incrédula.
– Bom, falarei porquê vim até aqui. – Voltou-se para Brenna. – Na verdade, é um pedido para você, Brenna. Em breve, seu corpo mudará. Você começará a sentir algumas coisas das quais não terá controle, contudo deverá aprender a lidar com isso.
– Do que está falando, Bonan?
Minha mãe perguntou, com um acento de preocupação, que não se esforçou em esconder. A Senhora das Águas se voltou para minha mãe.
– E você, juntamente com Tália, deverão conduzi-la pelo “Astru”.
– Impossível!
Minha mãe explodiu, nervosa, assustando até mesmo minha filha.
– Tejor não tem mais magia e não permitirei que minha neta vá para Tir, definitivamente. Você me conhece, Bonan. Sempre fui uma Guardiã dedicada e daria minha vida pelos reinos, mas não me peça isso!
– Sempre agradecerei a sua dedicação e conduta, Êlia, e peço todos os dias a benção da Divina Graça para você e sua família, no entanto acho que você também relaxou, ao longo dos anos. Afinal, não percebe o que tem embaixo de seu nariz. – A Senhora das Águas respondeu calmamente. – Por isso, darei uma ordem a você. Pesquise nos Escritos todas as condições do “Astru” e quando entender, me chame e discutiremos. Mas lhe dou um aviso: se sua neta passar pelo Astru sem compreender ou controlá-lo, vocês, e nós, a perderemos.
A Senhora das Águas desapareceu sem se despedir, deixando minha mãe atônita e pálida. Ela se sentiu mal, cambaleando, e minha filha se apressou em ampará-la. Brenna estava nervosa, vendo a avó quase desfalecer. Levou-a até uma das cadeiras, fazendo-a se sentar. A rainha Êlia se recuperou um pouco.
Lembrem-se que eu marchava para uma guerra, enquanto tudo isto acontecia na minha casa.
– Vó, o que é “Astru”? Afinal de contas, o que a Senhora das Águas quer de mim?
– Brenna, me faça um favor, chame seu avô e um mensageiro. Faça isso, rápido! Eu lhe contarei tudo que sei sobre Astru, embora você já devesse saber também, pois está nos Escritos.
– Vó…
– … Não, Brenna! Não é hora para discutirmos sobre isso. Faça o que peço e lhe prometo contar o que sei, que no momento não é muito. No entanto, preciso me recompor e tomar algumas decisões. Tália é minha sucessora na linhagem de Guardiã e você é a sucessora dela, mas como eu me encontro viva, neste chão, ainda sou a Guardiã que decide sobre os eventos que advém dos Escritos Sagrados. Essa ainda é minha responsabilidade e não posso delegá-la a vocês. Não é como um governo que a gente pode abrir mão em prol de alguém, como eu e seu avô fizemos com o trono de Eras.
A rainha Êlia elevou os olhos, até encontrar com os de minha filha. Ela nunca tinha sido tão impositiva com a neta e Brenna calou-se. Minha mãe trazia no olhar uma expressão de preocupação e desespero. Acredito que nem quando a Senhora das Águas falou à ela, anos atrás, que eu era a Guardiã da Indulgência, minha mãe se desesperou tanto.
***
Depois de ter despachado o mensageiro, minha mãe foi até a biblioteca para fazer uma pequena reunião familiar. Aguardava apenas minha chegada. O exército não tinha se afastado muito do castelo, quando o mensageiro enviado por minha mãe nos alcançou, levando-me a colocar Gwinter no regimento do meu esquadrão, dizendo-lhe sobre a necessidade de retornar com urgência ao castelo. Pedi para Arítes que tomasse a frente do exército, não só como a comandante. Ela seria também a rainha regente, representando o trono. Não havia tempo para eu pensar no que as tropas imaginariam sobre essa atitude.
Cheguei ao castelo meia hora mais tarde, e fui até a sala do conselho, encontrando apenas os conselheiros reunidos. Tórus, nosso conselheiro mais chegado, já estava melhor da doença que lhe acometeu dias antes e havia se juntado aos outros conselheiros de Eras para as deliberações da manhã, e Thara, sua pupila, se encontrava com eles, como suporte. Ela me avisou que minha mãe me esperava na biblioteca. Mal agradeci, e já andava apressada através do corredor. Abri a porta da biblioteca, sem delicadezas, e entrei como um furacão.
– Mãe! O que a senhora quis dizer com aquilo?
Perguntei aflita, vendo que ela estava de frente para as estantes de livros e pergaminhos, com o olhar perdido em pensamentos. Ela não se virou ao falar.
– Exatamente o que estava na mensagem. A Senhora das Águas esteve aqui e temos um problema com Tir, muito grande, em relação a Brenna. – Ela olhou para meu pai. – Astor, quando nos casamos, eu contei a você o que eu era e todas as responsabilidades vindas junto com o sangue das Guardiãs. Você está aqui como pai, avô e meu marido, mas, infelizmente, depois do que contarei, não poderá participar de nossas decisões. Lamentavelmente, este é o preço por ter se casado com uma Guardiã.
– E eu sempre aceitei esse preço, Êlia. Sei que não poderei ficar para essa discussão, entretanto, se algo acontecer a minha neta… Se Tir vier contra ela por algum motivo, eu…
– Astor, por favor! Não é hora para acharmos que a Divina Graça faria algum mal a nossa família.
Minha mãe falava, contudo o tom de sua voz era receoso.
– Mãe, fale logo o que a Senhora das Águas veio fazer aqui. – Pedi.
Minha mãe se voltou para nós. Parecíamos crianças, sentadas, encolhidas nas poltronas e sofá de leitura da biblioteca, enquanto a Guardiã Êlia permanecia de pé, como se fosse nos dar uma lição, ou algo assim. Minha filha estava mais encolhida do que todos. Vi receio em seus olhos e me aproximei no sofá, abraçando-a.
– A Senhora das Águas falou que nós, Tália, deveríamos conduzir Brenna através do Astru. Sugeriu que ela estaria no despertar. Acredito que você já leu sobre isso nos Escritos Sagrados.
– Impossível! Não temos mais magia em Tejor. A Divina Graça nos tirou este dom.
– Alguém poderia me dizer o que é Astru? Estou ficando com muito medo do que vocês estão falando!
Minha filha explodiu e eu a olhei incrédula. Não era possível que após todos os anos em que lhe ensinava sobre os Escritos e sobre nosso clã, obrigações e origens, ela não soubesse nada sobre isso. Ela percebeu meu olhar de indignação e baixou sua cabeça. Eu me levantei e me postei ao lado de minha mãe, tentando acalmar minha irritação.
– Pelo que vejo, vocês duas achavam que Brenna teria obrigação de conhecer a respeito disso, mas eu não tenho. Eu quero saber o que isso significa. Me falem e depois vocês discutem essa “coisa” de Guardiã com Brenna.
Meu pai se pronunciou, aborrecido.
– Astru é uma passagem de estado no espírito de alguém. É quando a magia desperta no sangue de uma pessoa. – Respondi. – Na verdade, Astru é a própria magia despertando e o indivíduo deve ser conduzido e orientado para que a magia, na melhor das hipóteses, não o enlouqueça e, na pior delas, não destrua o corpo do receptáculo, que é o próprio indivíduo. Só que isso nunca ocorreu, após a Divina Graça ter separado os reinos, deixando Tir com a magia e nós, sem ela.
– Vocês querem dizer que Brenna nasceu com o sangue mágico das antigas Guardiãs de Tanjin?
Minha mãe e eu suspiramos, ao mesmo tempo.
– Astor, eu me descontrolei, explodi com a Senhora das Águas e ela se foi. Mandou que nós estudássemos os Escritos para descobrir o que isso significa, realmente. Não tenho certeza, mas minha impressão é que foi uma forma de punição pela minha insolência, à Tália por não fazer a orientação de sua filha corretamente e à Brenna por ter largado os estudos a respeito dos Escritos, negligenciando as obrigações com a casta das Guardiãs.
– Eu não negligenciei, eu só… Ai infernos! Me desculpa, mãe… vó…
Os olhos de Brenna estavam marejados e vi medo na menina. Me doía, mas talvez ela merecesse sentir esse medo. Ainda não acreditava que ela tinha largado os estudos dos Escritos.
– Desde quando me engana, Brenna?
– Mãe…
– Desde quando?!
Perguntei mais alto do que queria e meu tom era mais cortante do que desejava, também.
– Dois anos. – Ela respondeu quase num sussurro.
– Eu me reúno com você todos os dias para falarmos sobre os Escritos. Como conseguiu me enganar? – Raivosa, me sentia traída por minha filha. – Acho que eu sei a resposta; sempre fui indulgente com você. Minha mãe está certa. Sempre fui mole e recebi o que mereço em troca. – Virei de costas, com o coração dolorido. – Achei que se lhe ensinasse como minha mãe me ensinou, desde criança, mas revelasse sobre nossa casta desde a tenra idade, as coisas seriam mais fáceis para você entender, do que foi para mim, que descobri já adulta. No entanto, vejo que fui condescendente demais.
Ouvi minha filha fungando e sabia que ela chorava. Nunca fui dura com ela, entretanto me sentia uma verdadeira imbecil, descobrindo que ela me enganava este tempo todo. Minha mãe pousou a mão sobre meu ombro, tentando me acalmar, só que eu não queria ser acalmada. Esquivei-me de seu toque.
– Calma aí, Tália! A garota já está mal o suficiente, para que percamos a calma.
– Não se meta, papai! – Retruquei.
– Basta! – Minha mãe interveio, impositiva. – Temos um problema grande nas mãos, sem que briguemos. – Ela olhou para meu pai. – Astor, pode nos deixar? A partir de agora, nossas conversas serão a respeito de coisas relacionadas aos Escritos.
– Eu vou. Assumirei as reuniões do Conselho, pois sei que Tália e Brenna não poderão. Reivindicarei meu direito de regente, para que vocês tenham tempo de fazer o que devem. Contudo, Êlia, não ache que vai se esquivar de uma conversa comigo a este respeito. Não me importa essa merda de obrigação de vocês como Guardiãs. Não deixarei nada acontecer à minha neta, nem que eu tenha que invadir os portões de Tir!
Meu pai levantou, bufando nervoso, e saiu da biblioteca, fechando a porta abruptamente. Foi em direção à sala do Conselho, ainda agitado, batendo a porta, fazendo com que todos os conselheiros o olhassem.
– Evoco o direito da soberania, que cedi em favor de minha filha Tália.
Falou sem preâmbulos, não esperando qualquer resposta, se dirigindo a cabeceira da mesa do Conselho. Todos o olharam etados, diante da avocatória.
– Não me olhem assim. Não estou retirando Tália do trono. Ela apenas não poderá fazer seu papel na regência durante uns tempos, e Brenna estará com ela, não podendo assumir também. Eras não poderá ficar com o trono vazio, durante este período. Acreditem que estou irritado em ter que colocar a bunda nesta cadeira novamente. – Declarou.
Meu pai se afastara a meu favor, mas pelas nossas leis, ele poderia reassumir a qualquer tempo e hora, se o quisesse, sob alegação de profunda necessidade para o trono e o povo. Foi Tórus que se pronunciou.
– Imagino que a rainha Tália esteja ciente. Então não temos qualquer objeção, Rei Astor.
– Imaginou certo, Tórus, agora vamos parar de salamaleques e ver a pauta de hoje. Já viram que estou sem muita paciência.
Diante da resposta de meu pai, Thara se encolheu na cadeira, ao lado de Tórus. Tinha que se acostumar com ele, pois sempre lidou comigo e não o conhecia profundamente, nem a nível pessoal e, muito menos, como regente. Os conselheiros mais velhos riram, sem muita preocupação com o arroubo dele, levando-a a relaxar um pouco. Já na sala da biblioteca, nós três estávamos mudas, envolvidas em sentimentos diversos, sem saber por onde começar a conversa e nem o que pensar.
https://vimeo.com/manage/videos/305313045
Nota: De volta pessoal! Espero que gostem de mais essa aventura com Tália, Arítes, Êlia, Astor e agora se juntando a trupe, Brenna e Thara e muitos outros personagens. O mundo de Tejor irá mudar. Vamos ver como essas heroínas e heróis irão se virar!
Um beijo grande a tod@s!
Para compreender melhor esta história leiam também:
https://www.lesword.com/eras-2/
E
https://www.lesword.com/eras-a-batalha-do-sangue/
Oieee Biiiiiii!!!Tudo bem?
Hoje minha esposa tá cansadinha, entao como estava de bobeira vim ler! Lindo o primeiro capítulo e amei!!
Essa Brenna, petulante, sua educacao deveria ter sido mais rígida, principalmente sendo quem é, senao passa isso quando sao filhas de pessoas importantes. Tá tb foi relapsa, assim que Brenna deve sentir medo mesmo e ver a realidade, vai crescer! Já cheguei metendo o pau kkkkk. Bombando!
Faltam poucos dias pra voltar, quando me reorganizar em casa, eu volto!!Só tirei uma casquinha!
Saudades,
Beijao
Oi, Lailicha! Que bom que está por aqui! rs
Como foi de carnaval? Como está sua esposa, tudo bem?
kkkk Não tem problema em chegar chegando! rsrs É bom e sim, a Brenna é petulante. rsrs Há uma razão e ao longo do tempo, as coisas vão ficando mais claras, mas concordo contigo, a Tália e a Arítes deixaram passar coisas sim. rsrs
Tire quantas casquinha quiser e bom retorno para casa. Se cuida!
Um beijo grande pra você Lailicha e um para sua esposa!
Aiai Êlia e Arítes, minhas musas! Essa Brenna é bem tempestuosa, vai dar muita dor de cbç pra essas mães xD
Continuação de Eras?!!! Nossa, chega deu um nervoso aqui. rsrs Uma ótima notícia para o final de ano. Que bom que voltou com a continuação Carol.
Abrs o/
Oi, Lins!
“Ói nóis aqui travez”
Eu tava me coçando pra fazer a continuação! rsrs
O segundo já tá postado! rsrs Agora só semana que vem!
Um beijo enorme para você!
Iiiiuuuuppppiiiii!! Bivard na área de novo!! E com a Êlia de volta, genteeeee!! Xonada nessa guardiã, viu?! Mas, confesso minha tristeza em não ter reencontrado Arítes logo no primeiro capítulo… Oh mulher!! rsrs… Tô nem aí com a fúria da Tália, humph!
Saudades de ler Bivard! E com Eras então, isto é que é retorno, trazendo a felicidade para suas leitoras e fãs! Bjs.
Neferzitaaa! rsrs
Olha, eu confesso que de todas, a Êlia é minha preferida, mas dessa vez, vão ter muitos personagens. Vamos ver como fica a preferência rsrsrsr.
Bom, a Arítes com certeza retorna com a corda toda, afinal é a filha dela que tá encrencada! E quanto a Tália, acho que já se acostumou com o povo apaixonado pela esposa dela. kkkkk
Obrigadão, Nefer!
Vamos ver o que essa galera vai aprontar. rsrs
Um beijo enorme pra você, minha amiga!
Muito bom te ter de volta. Melhor ainda que essas personagens que eu amo tanto. Bateu até vontade de reler Eras… Acho que farei isso. Rsrs
Eu gosto que vc já começa declarando o caos. Rsrs e a Brenna vai dar trabalho… Não tinha como ser diferente.
Saudade, Bivard!
Beijos
Bibiana! Que gostoso te ver aqui!! Saudades, moça!
A Brenna é legal, mas as vezes é irritadinha. he he he Você nem sabe. E não queria começar nada muito vai não vai. No caos, a gente já começa a arrebentar tudo de uma vez. rsrsr
Um beijão enorme pra ti!
Carol de volta com essa história que sou mega fã.❤
Mega super feliz por cê tá de volta com mais uma história, agora ansiosa pelos próximos capítulos.
Marcelaa! Estamos aqui outra vez! rsrs
Olha, eu ia fazer uma nova, mas estava me coçando pra fazer a continuação de Eras. Não resisti! rsrs Tália e companhia estavam martelando na minha cabeça. rsrs
O cap novo sai na terça ou quarta feira. Vou ver o dia ainda, mas depois, escolho um dia fixo, ok? rsrs
Um beijão e obrigadão!
UAU…
Após a noticia q começaria A Guardiã da União resolvi reler Eras e Batalha do Sangue. Adorei este exercicio, pois esta tudo fresquinho na minha mente.
Começaste apavorando todo o reino… adorei…
Estou esperando ansiosa o próximo cap.
Parabéns Carol… arrasou.
Olá, Nadia!
Olha, eu pra escrever a Guardiã, estou relendo também, pra não dar furo! rsrsrsrs
Como falei pra Preguicella, eu não tava querendo coisa morninha, já tava querendo agitar do início. he he he
O próximo deve sair na terça ou quarta feira. rs
Um beijo grande para você!
Eitaaaa! A história já começou cheia de emoção! Adoroooo!
Acompanharei?! Sim ou com certeza?! hahaha
Bjãooooo moça!
Oi, Preguicella! Eu tava com saudades de estar por aqui!
É, já tava querendo agitar. rsrsr Nada de coisa parada. rsrsr
Devo postar o outro na terça ou na quarta-feira. rsrs
Um beijo enorme! ;0