Me despedi dos clientes com certa urgência, peguei minha valise, o note e parti pra casa. No caminho pus a mão no bolso e eles estavam lá. Meus olhos brilhavam de felicidade. Você já estava recuperada da gripe e eu já estava livre da proteção no braço. No caminho meu celular toca. — Sim… sei… claro… Não esquece os detalhes… tá… Obrigada… — estava emocionada.

Finalmente estava em casa. Cheguei antes de você que estava vindo da Alemanha. Não pude te acompanhar desta vez. Estava ansiosa e ficava olhando o tempo todo pra porta. “Ela vai chegar… calma…”, ficava me dizendo o tempo todo. Ajeitei os filhotes, Marina e Sílvia, a nova veterinária, levaram os filhotes que beijei um a um dando ênfase a um doidinho ao qual ditei regras severas no ouvido.

“Ela vai chegar a qualquer momento…”, fui ao quarto, separei algumas peças minhas e suas. Tudo tinha que estar organizado. Que bom que a Alemanha era logo ali. Ouvi o barulho na porta, era você.  Vi quando tirava o casaco jogando-o no sofá, olhando em volta, acho que esperando nossos filhos. Me chamou, passou a mão nos cabelos castanhos e percebi alguns fios brancos, lindos, brilhando sob a luz da tarde, então entrei. Me aproximei devagar e te abracei por trás, você suspirou em contentamento, demorando no abraço, enquanto eu consumia seu pescoço com meus lábios ávidos sussurrando ao seu ouvido.

— Saudades… — você acariciava meus braços.

— Também…

Aproveitei o momento e lhe mostrei dois papelotes. Ingressos. Você os pegou, curiosa, leu.

— Não acredito!

Beijei teu pescoço com vontade. Eram ingressos para o concerto de Steven VanRavenswaay, violoncelista compositor de nossa música. Você ficou olhando os ingressos e eu te disse bem sedutoramente.

— Se nos apressarmos acho que chegamos na hora. — você olhou pra mim surpresa.

— Mas o concerto começa às 21h.

Te olhei bem no olho. — Sabe onde vai ser o concerto? — ri maliciosa.

Você olhou mais uma vez os ingressos.

— Djerba… — olhou pra mim estupefata.

— Vem, vamos nos preparar.

Te levei pela mão ao quarto, tomamos banho de banheira, nos perfumamos e, prontas, seguimos pro aeroporto. O jato já nos esperava, e o destino: a felicidade.

Vi teus olhos brilharem a cada segundo do espetáculo e, a cada momento, meu coração vinha à boca.

— Pena nossa música não fazer parte do programa. — me segredou ao ouvido.

— Quem sabe o destino não conspira a nosso favor. — disse displicente.

O show estava no final, quando, de repente, o artista se dirige ao centro do palco. Em inglês, ele narra que recebeu um pedido de última hora e que a música não estava no repertório da noite, mas aceitou por ser um pedido romântico.

— Amo-te mais que tudo, Love…

Ele disse em português e a música começou. Você me olhou sem acreditar e eu já deixava as lágrimas fluírem sem represas. A música vinha e nos olhávamos intensamente, e caíamos no profundo sentimento que nos unia. Palavras… Não eram necessárias. Os aplausos da plateia nos tiraram do transe. Aplaudiram de pé o nosso hino. Saímos do show caladas, eu esperando tua reação, acostumada. Pedi ao taxista que nos levasse ao hotel, o mesmo em que nos hospedamos antes. Seu silêncio me deixava apreensiva, mas eu sabia o que estava fazendo.

VOCÊ…

No táxi de volta pra casa pensava em como você estaria. Olhei o relógio. A esta hora, trabalhando com certeza. Cinco dias longe, falando por telefone. Ri lembrando suas ligações. Só parava quando eu reclamava que tinha que trabalhar e você também. Mensagens (minha caixa estava lotada delas). Suspirei e ficava me perguntando de onde vinha tanta dedicação, tanto amor. Eu já estava recuperada da gripe forte e você das contusões. Nada nos impedia de consumar o que sentíamos uma pela outra. Só de pensar já me arrepiava toda.

O táxi encostou, entrei e me dei conta de um silêncio não muito comum para aquele horário. Fiquei procurando pela sala algum sinal dos filhotes, quando de repente sinto seu abraço por trás, seus lábios sussurrando em meu ouvido,  percorrendo meu pescoço com sensualidade. Me senti maravilhosamente bem. Queria continuar ali pra sempre, foi quando você me apresentou a surpresa. Quase te chamo de maluca, mas estava extasiada demais. Como você conseguia me surpreender tanto em tão pouco tempo? Djerba… Nossa música… Nossa história.

No concerto, tudo divino: a música, tua mão na minha. A cada toque uma imensa sensação de paz. Comentei de não ter visto nossa música no programa, displicentemente, respondestes que o universo conspiraria. O artista me explicou por que. Tua declaração no meio daquelas pessoas todas, mesmo que oculta por um pseudônimo, me deu a certeza: você era maluca!  A maluca mais maravilhosa que já conheci na vida.

Fiquei estática a te admirar e vi tuas lágrimas descerem lentas por teu rosto. As toquei com carinho. Eu estava pronta para te amar como merecias. Como eu merecia amar e ser amada, e essa certeza me deixou muda. Não queria falar, só queria perpetuar o que estava sentido e, finalmente, fazer o que tinha de ser feito. Reconheci o hotel. Não poderia ser mais perfeito.

EU…

Chegamos ao hotel por volta da meia-noite. Subimos de mãos dadas para a suíte presidencial que eu havia reservado com todo o conforto que tínhamos direito. Abri a porta e você entrou, filmando tudo com olhos castanhos curiosos e, pelo brilho que via neles, aprovando tudo. O quarto estava à meia luz de algumas velas aromatizadas que davam o clima romântico desejado. Você ficou de frente para a enorme varanda com vista para o mar.

A lua cheia fazendo, exuberantemente, seu papel. Cheguei por trás de você e te envolvi em meus braços, senti teu corpo inteiro estremecer, me deixei ficar assim, sentindo o cheiro gostoso de seus cabelos.

— O que está achando de tudo, minha vida? — você suspirou dengosa e, virando-se para, mim disse.

— Tenho a impressão de que se eu te pedisse a lua você a traria pra mim.

Eu coloquei uma mecha de cabelo por trás da tua orelha com imensa delicadeza percorrendo meus dedos por teu rosto iluminado pela luz lunar.

— Bom, sua eterna escrava talvez não pudesse realizar este desejo, visto que a lua pertence à bilhões de corações apaixonados espalhados pela Terra, mas eu tenho bons contatos na NASA.  Se minha ama quiser podemos partir na próxima missão.

E teu sorriso iluminou todo meu ser. Continuei com a viagem de meus dedos e eles, agora, contornavam a moldura de teus lábios que eu ansiava muito beijar.

— Então quer dizer que eu tenho uma escrava? — você me perguntou estreitando o abraço.

— Sim, minha ama e rainha. — sussurrei em seu ouvido te sentindo arrepiar-se com o gesto.

— Então, minha escrava, sua ama e rainha tem uma ordem para ti… Desejo que prepares meu banho…

Minhas mãos agora percorriam tuas costas nuas pelo modelo de teu vestido preto, decotado.

— Mi Reina… Seu desejo já foi realizado. A banheira nos espera e está repleta de vossos sais preferidos. Se minha ama permitir, sua escrava fiel gostaria de despi-la agora para que tomes seu tão desejado banho.

Minha mão esquerda já estava em sua nuca desfazendo o laço que sustentava tua veste. Então ouvi a música maravilhosa que foi teu primeiro gemido de excitação. Nuas, ficamos nos olhando. Teu corpo nu fez uma lágrima rolar por meu rosto.

— Porque choras, minha escrava? — você tocou meu queixo erguendo meu rosto para que te olhasse nos olhos.

— Emoção de ver tão sonhada beleza no corpo de minha ama… A visão do paraíso não se compara com a leveza, com tamanha majestade…

Não resistindo mais tomei teus lábios nos meus e, em silêncio, caminhamos para o banheiro. Você de costas para mim, recebendo meu abraço.

— Minha ama permite que lhe dê banho?

Pôs um olhar de pura malícia, encarando-me. — É uma ordem, escrava!

A esta hora meu coração já pulava como doido. Peguei a esponja e comecei bem devagar a esfregar sua barriga de cima para baixo. Tu recostaste a cabeça em meu ombro.

— Minha ama e Rainha permite que dispense o auxílio da esponja? Sua escrava teme machucar pele tão sensível…

Minhas mãos percorriam caminhos nunca antes alcançados. Atreveram-se na trilha que levava de seu ventre a outro lugar desejado e outro gemido saiu sem controle de teus lábios e os meus perdiam-se na maciez de teu ombro quente.  Subiam sedentos até tua orelha deliciosa.

— Amo-te, minha ama.

Neste momento teus seios eram suavemente acariciados. A mão esquerda abandonou o carinho que a direita também fazia e seguiu para o lugar mais sagrado de teu corpo. Fui massageando com vontade, mas com uma calma intensa. Você já se contorcia em excitação.

— Minha ama e Rainha tem mais alguma ordem pra sua escrava?

Fiz a pergunta com dificuldade, entrecortando as palavras, tamanho o tesão provocado pelo contato com teu sexo fervendo dentro da água. O meu já estava colado em tuas nádegas, iniciando um rebolado gostoso tentando satisfazer a vontade de você.

— Sim, escrava… — mais um gemido provocado por meus dedos que permaneciam na massagem. — Quero que me tome para si, escrava! Me toma agora, por favor…

Sua voz era um miado sensual, gata no cio. Atendi teu apelo e  enfiei dois dedos no lugar mais quente em que eles já mergulharam na vida. Ao enterrá-los, um soluço de prazer foi ouvido. Meu? Seu? Nosso? Agora não sabia mais quem dizia palavras e pequenos urros e sons estranhos, feitos apenas pelos que sentem prazer no amor.

Iniciei um movimento de vai e vem cadenciado dentro de ti e ouvi tua voz chorosa pedindo a velocidade de teu desejo. Meu gozo estava iminente na fricção de meu grelo rijo em tua bunda quando presenciei teu primeiro gozo forte, te prendi amenizando a convulsão que te tomou por inteira e quando pensei ter terminado, no movimento de meus dedos, você gozou novamente. Deus, que delírio! Gozei junto, mal me refiz, minhas mãos ainda dentro de ti, mais um movimento e se repetiu o milagre do terceiro gozo. Você não sabia se chorava se ria. Finalmente sossegou quando meus dedos, massacrados pelas paredes de teu sexo, saíram de ti.

Sentia o teu e o meu coração batendo. Minhas mãos repousavam no lugar entre teus seios. Toda tua respiração difícil, teu estremecimento contínuo, como se tivesse levado grande descarga elétrica. Alcancei teus lábios num beijo leve.

— O que aconteceu aqui, Endless? — você parecia assustada, incrédula, surpresa, tudo junto.

— Amor, minha vida, só amor. Obrigada pela surpresa do orgasmo múltiplo. — você acariciou meus braços.

— Estou tão surpresa quanto você…

Te encarei emocionada mais uma vez. —  Então você nunca…

Você fez um gesto negativo com a cabeça. — Você foi a única com quem aconteceu assim… Acabou comigo. — suspirou denotando o cansaço pelo esforço.

— Consegue levantar? — fiz a pergunta depositando um beijo em seu pescoço.

— Não sei… sinceramente, acho que não.

Então me levantei com dificuldade, minhas pernas ainda estavam moles, mas consegui. Te ajudei a levantar, precisávamos da cama para nos refazer e fui te apoiando para que não caísse, te beijando no caminho até o leito. Te enxuguei com extremo carinho, enquanto você tocava em meu rosto e, sem que eu esperasse, me tomou num beijo profundo ao qual correspondi já sentindo as entranhas se animarem novamente. Você desfez o contato me olhando com olhos de imenso brilho.

— Obrigada… — e vi tua lágrima de agradecimento vir em direção ao teu queixo fazendo com que minha língua a bebesse com prazer.

— Tudo para satisfazer minha ama e Rainha.

Você me olhou com olhar de promessa e disse. — Quando sua ama se refizer do banho vai recompensar tudo o que a escrava lhe proporcionou.

Ficamos abraçadinhas na cama, cobertas por seu tão adorado edredom.

— Minha ama precisa comer. — teu riso me comoveu mais uma vez.

— Sim, minha escrava, ou quer matar sua ama de fome depois de tê-la castigado daquela maneira?

Eu dei um sorriso safado. — Castigo sempre  que a ama desejar… — sapequei um beijo rápido em sua boca e fui buscar a cesta de frutas oferecida pelo hotel.

Depois de me deliciar com tua comilança e a minha, lambendo em teus lábios os resquícios de frutas diversas, conclui que o gosto de tua boca é meu sabor favorito. Pus a cesta no chão e sentei em teu colo quase encostando meu sexo no teu, pude sentir teus pelos íntimos roçando levemente. Minhas mãos acariciavam teus cabelos, percebendo alguns fios brancos. Sorri e você entendeu.

— Estou ficando velha.

Beijei teus lábios com ternura. — Está ficando mais gostosa, isso sim…

Dizendo isso, colei definitivamente nossos sexos dando um gemido de excitação com o gesto. Você sussurrou ao meu ouvido.

— Acho que minha escrava está querendo sua recompensa. — comecei a fricção bem devagar já ardendo de desejo.

— Se minha ama não achar impertinência de minha parte, quero amá-la de novo e sempre… — minha voz entrecortada, quase sem fôlego.

Eu ia aumentando o ritmo e sentia nossa umidade escorrer. Teu abraço ficava cada vez mais forte e eu me sentia sufocar a cada segundo.

— Goza pra mim, vida… — eu repetia com a voz espremida, dificultada pela sensação maravilhosa do amor.

Aconteceu mais uma vez e outra, e outra,  de maneiras profundas e reveladoras. Eu me sentia entregue como nunca fui em minha vida.

O dia amanhecia e uma brisa suave veio da varanda. Eu estava deitada sobre você que me apertava nos braços dando beijos em minha cabeça.

— Está acordada?

Demorei um pouco para responder. — Não… Acho que estou sonhando…

— Não está, Linda, nós estamos acordadas e tudo o que vivemos esta noite é a mais pura realidade. Pela primeira vez estou amando de verdade…

Eu parecia não acreditar no que estava ouvindo. Me ergui depressa te encarando com olhos incrédulos. Tua mão veio ao meu rosto.

— É isto mesmo, boba… Eu te amo… — e sorriu lindamente.

Não pude evitar uma lágrima de felicidade. Beijei a palma de tua mão e iniciei uma conversa que agora se tornava necessária.

— Vida, preciso saber de uma coisa… Agora que consumamos o que sentimos uma pela outra, como vai ser quando… Quando suas amigas forem passar o fim de semana lá em casa? — pela sua expressão vi que não estava entendendo,  reforcei. — Vou ter que dormir no quarto de hóspede e fingir que somos só amigas que dividem as despesas?

Vi uma nuvem pairar sobre seu olhar e esperei ansiosamente sua resposta.

— Vamos deixar acontecer. Vou mostrar-lhes naturalmente quem você é e o que significa pra mim, mas, definitivamente, vão passar a ocupar aquele maldito quarto de hóspedes, posso te garantir!

Eis o amor para sempre e sem…

FIM.



Notas:

Aqui uma observação final, caras leitoras. Ainda há mais duas continuações desta história. Espero que tenham gostado o suficiente para “suportar” mais! Rsrsrsrs!!

Um abraço e obrigada.




O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2022 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.