Aghata
Imagina só. Eu contei toda a minha história, me desnudei e ela quer me comer todinha? Que delícia!!!
— Vem cá, vem!
Ela me puxou para cima dela e abriu meu robe. Foi nessa hora que eu percebi que ela tinha me conduzido para todo esse desfecho.
— Ei! Como você sabia?
— Como eu sabia o quê? Que você estava amuada, que você estava nostálgica, que você estava introspectiva? Eu não tinha a menor ideia de nada que você contou, mas…
— Mas?
— Mas eu a amo. Amo-a pela sua força, por sua vontade, por seu temperamento enérgico. Amo-a pelas suas atitudes, pela sua forma de tomar decisões. Você é imperativa e intempestiva. Não é apática, não é desanimada, não é passiva perante as coisas. O que você estava sentindo estava te embargando, te eclipsando e isso eu percebi.
Sabe essa história de cara metade, de alma gêmea, de outra metade da laranja? Pois é, naquele momento eu acreditei nisso tudo e continuaria acreditando para o resto de minha vida. Não tive mais o que fazer a não ser pegá-la para um beijo que possivelmente foi mais gostoso para mim do que para ela.
Ela conduziu suas mãos para dentro do meu robe e o abriu completamente. Seus olhos demonstravam que ela me queria toda, sem máscaras, sem armaduras. Suas mãos passearam sobre meu abdômen e meu corpo se arrepiou todo. Era um estado de êxtase completo. As suaves carícias me deixavam em fogo, alcancei um de seus seios com minha boca e suguei seu mamilo duro. Ela disse que queria me comer toda? Eu é que estava com fome do seu corpo. Suas coxas estavam entrelaçadas em meu corpo e eu pude alcançar seu sexo(,) por cima da calcinha de renda negra. Ela estava molhada, deliciosa… Não me segurei, nada era romântico, era feroz e guloso. Enfiei minha mão pela lateral da calcinha e penetrei com dois dedos completamente.
— Aaahhh! Gostosa! Mexe para mim!
Paula movia seu quadril lenta e sensualmente, me olhando dentro dos meus olhos. Segurei sua cintura enquanto a preenchia e seus movimentos ficavam cada vez mais fortes.
— Iss!!! Que delícia amor! Mexe aqui, mexe?!
Ela pegou meu polegar e colocou em cima de seu clitóris pra lá de rígido. Ela pousou sua cabeça em meu ombro, enquanto cavalgava em meus dedos, encaixada em meu quadril. Mordeu suavemente a minha orelha e começou a falar com a voz rouca, me pedindo o que queria que fizesse dentro dela, por vezes falava até vulgarmente, mas as suas ações e as palavras me enlouqueciam de tal forma, que a essa altura eu tinha uma dor mais que prazerosa entre as minhas pernas.
— Isso! Forte, amor! Mais forte agora! Ah! Bota gostoso! Ah!
Ela convulsionou, apertando meus dedos em seu interior. Jogou a cabeça para trás com os olhos fechados e ofegando. Ela estava linda e meu corpo em fogo. Eu pensei que ela fosse relaxar e quando eu vi, ela me empurrava de costas no sofá e tirava o resto do meu robe. Colocou-se entre as minhas pernas, tirando imediatamente a minha calcinha. Quando ela disse que queria me comer toda, ela estava falando sério mesmo! Não me deu a menor chance de raciocinar, recusar ou incentivar. Vi-me gemendo como louca, enquanto ela passeava sua língua entre as minhas dobras, no meu bulbo, dentro de mim… Sentia-a em todas as partes de meu sexo, eu só conseguia balbuciar palavras desconexas e gemer. Acariciava meu clitóris tão gostoso com a ponta da sua língua que eu gozei em segundos, com um sonoro rugido. Ela tinha me deixado tão louca, tão pronta, que o clímax veio rápido drenando todas as minhas energias. Ela se espremeu para deitar ao meu lado e acariciar meu rosto. Eu não conseguia quase abrir os olhos. A tarde virou noite na nossa vontade de amar. De madrugada, já estávamos na cama e ela adormeceu com a cabeça acomodada em meu ombro. Ela parecia mesmo um anjo. O meu anjo…
Paula
— Vamos, Aghata! Estamos atrasadas.
— Calma, Paula! O avião só sai daqui a três horas. Estamos a poucos minutos do aeroporto.
Depois da ansiedade inicial, eu acho que relaxei no voo. Na realidade, a minha ansiedade era por voltar à minha cidade. Onze horas de voo seria de lascar! Não tinha medo de avião, mas odiava ficar parada sem fazer nada, ainda mais sem poder fumar. Esqueceram que eu fumo? Não fumo desbragadamente, aliás não fumo quase nada, mas convenhamos, ficar sem fazer nada e não poder fumar para quem fuma é dose! Aghata insistiu em comprar na primeira classe. Achei o preço um absurdo e quase discuti com ela, mas ela fez questão, pois há muito tempo que não se dava um conforto maior. Disse que era muito grande para poltronas da classe econômica e ficava toda encolhida. Isso eu tive que concordar com ela, coitada! As poltronas da classe econômica quase não reclinam, são espremidas e todo mundo fica agrupado. Parece até que a bunda que senta na primeira classe é uma bunda maior e melhor que a bunda que senta na classe econômica. Sorri de meus pensamentos anárquicos. Estava viajando de primeira classe, pela primeira vez e tive que concordar, a viagem foi muito melhor. Talvez por isso eu tenha ficado mais indignada com o desconforto da classe econômica. Será que não poderiam fazer normas para melhorar um pouquinho aquelas poltronas? Eu estava divagando nesses pensamentos, acredito que para passar a hora. Eu estava verdadeiramente nervosa.
Quando desembarcamos, passamos por aqueles trâmites chatos de alfandega, esperamos uma infinidade pelas malas e finalmente saímos no salão de desembarque do aeroporto. Eu sorria e chorava ao mesmo tempo. Aghata me fez uma deliciosa surpresa. Pediu para Cacá trazer meus pais e combinou com eles que ficariam na casa dela. Abracei-os forte. Tinha muitas saudades e nem imaginava quanto. Meu pai, Sr. Abalberto e minha mãe, Sra. Frida choravam junto comigo. Quando nos separamos, vi uma senhora ao lado de Aghata sorrindo para mim. Intui que fosse a “Senhorita Marli”, me aproximei e ela abriu mais o sorriso.
— Seja bem vinda, minha filha.
Ela abriu seus braços, para que eu pudesse abraça-la. Eu sorri de volta e a abracei. Estava conhecendo mais uma parte de Aghata e ela, uma parte minha.
Passamos uma semana maravilhosa entre jantares, passeios e conversas entre meus pais, Senhorita Marli, Cacá e Ana. Eu e Aghata ficamos muito felizes ao saber que Marli estava muito bem na administração da clinica de Aghata e bem amparada também. Visitei o laboratório e Roberto. Eu chorei mais uma vez, pois sou uma manteiga mesmo, mas o Roberto chorou também, viu?! Meus antigos colegas de trabalho conversaram comigo, matando saudades e percebi certo ar de admiração em todos. Engraçado, tive que me afastar para poder crescer profissionalmente e ser reconhecida pela minha capacidade. Enfim, iria ficar mais uma semana e meia e meus pais iriam voltar para sua vidinha pacata na serra no outro dia. Chamei todos os meus amigos para a despedida dos meus pais e fiz questão de preparar um prato que havia aprendido durante esses anos no exterior e que eu gostava muito: carne defumada com molho de maçã.
Aghata adorava a minha comida, mas como ela não sabia cozinhar, ela dizia que tudo era bom. Acho que também pelo seu passado e pela sua experiência com pessoas que não tinham nada para comer a não ser o que lhes era oferecido. Na realidade, Aghata não reclamava de nada nesse quesito e quando tínhamos que comer qualquer coisa por eu não estar com saco de cozinhar, ela comprava algo para fazer sanduiches ou pedia em algum lugar. Mas eu observava que ela comia com gosto a minha comida, às vezes até repetia e dizia que eu queria engordá-la para ela ficar feia e ninguém olha-la. Eu ria e falava que ela era só minha, então ela não precisava se incomodar com isso. Ela só me olhava e falava, “sei, tô entendendo a sua tática”, eu ria mais ainda.
As pessoas começaram a chegar e eu havia preparado uma mesa de frios para entreter a todos. Aghata chegou na cozinha e me abraçou por trás. Deu-me um beijo gostoso no pescoço, enquanto eu olhava a textura e a maciez da carne.
— Você vai ficar metida nessa cozinha o tempo todo?
— Meu amor, o jantar tem que ficar pronto, não?
Ela me beijou, mais uma vez, e saiu para a sala. Quando eu vi, ela tinha chamado todos para povoar a cozinha e ficar me fazendo companhia, enquanto eu cozinhava.
— Mas o que está acontecendo?
— Minha filha, se eu vou embora amanhã, eu quero curtir a minha filha que há um bom tempo não dá as caras para me ver! – Minha mãe falou.
— Mãe, você também não quis dar as caras, né?
— Eu sou mais velha e você é que precisa me bajular, e depois, eu não ando naquela gerigonça que voa, não! Imagina se eu vou confiar num negócio que é de ferro e nem bate as asas!
Todos riram, inclusive eu.
Rimos, nos divertimos e minha alegria era tanta que eu pensei que fosse um sonho.
Pra terminar, meus pais foram embora e a “Senhorita Marli” estava de “trê lê lê” com um senhor “muito distinto”, palavras dela, que conheceu na clínica. Ele era administrador aposentado de um órgão federal e ela já estava dormindo, de vez em quando, na casa dele. A Aghata queria conhecer o “indivíduo”, como ela mesma disse, cheia de ciúmes e cuidados com a “Senhorita Marli”. Eu ria muito da situação, pois a Aghata parecia a sua filha de verdade e estava para morrer. Falava que se “esse cara” fizesse alguma coisa com a Marli, ela quebrava ele todinho.
*****
Na segunda feira, estávamos sós! Comemos à beira da piscina e fomos para o quarto.
Liguei a tv para ver o noticiário, enquanto Aghata estava arrumando algumas coisas que ela queria levar conosco. Quase morri, quando vi a foto no alto da tela ao lado do apresentador do noticiário.
“Foi preso hoje o deputado federal Gustavo Antíoco por desvio de verbas públicas e formação de quadrilha. Será acusado também de improbidade administrativa. Ele estava sendo investigado pela polícia federal, depois de uma denúncia feita pelo ex-deputado André Carceiro que perdeu o apoio de seu partido quando o antigo companheiro de chapa, Gustavo Antíoco”…
— Aghata, vem até aqui para ver isso! Vem rápido!
“…André Carceiro, em seu depoimento para a polícia, revelou os contatos na agência de financiamento e incentivo a pesquisa e desenvolvimento em troca de proteção e diminuição de pena. Foram indiciados também os funcionários da Agência que participaram do desvio de verbas e elegiam projetos de empresas privadas fantasmas nas quais Gustavo Antíoco recebia…”
— Deus! No que o André se transformou… No que ele foi se meter? Ele não precisava disso!
“… Segundo seu advogado, Gustavo Antíoco será solto ainda hoje, pois o deputado é privilegiado com a lei da imunidade parlamentar…”
Baixei a minha cabeça, pois ainda tinha que ouvir que um canalha como esse, se safaria por conta de uma lei absurda que privilegiava inescrupulosos que deveriam defender os interesses do povo e se utilizavam do poder para sair impunes.
Aghata me abraçou.
— Meu amor, um dia isso vai acabar. Um dia, ele não vai mais ter onde se segurar!
— Mas ainda vão existir milhares de pessoas como eles…
— E vão existir ainda pessoas como nós também! Como você, eu, Marli, seus pais, Cacá, Ana, Roberto…
Eu olhei para ela e sorri.
— Você tem razão. O mundo não vai parar… Gente como eles… Gente como nós…
Ela me beijou. Eu estava com o controle da tv na mão e a desliguei, largando o controle no chão.
Aghata me carregou para o banheiro e começou a tirar minha roupa. Ela havia enchido a hidro e nós nos acomodamos dentro. Eu pensei em acomodar meu corpo, moldando-o ao dela, mas ela começou a me acariciar de uma forma tão terna, tão reverente, que eu esqueci completamente o mundo lá fora. Ela tinha um jeito muito especial de me amar. Quando terminamos o banho, ela me pegou no colo e me levou até a cama. Secou-me e me olhou com admiração, carinho, amor e ardor. Beijou meus lábios como se fosse a primeira vez. Eu pensei:
“É. Realmente existem pessoas como eles, mas existem pessoas como ela”!
FIM
Nota: Chegamos ao fim de mais uma história. Desculpem-me pelo atraso, mas aí está! Espero que tenham gostado de trilhar junt@s, este caminho percorrido por Aghata e Paula, “Em Qualquer Lugar” desse mundão!
Um abraço mega carinhoso a tod@s!
Carolina Bivard