APENAS UMA HISTÓRIA

Capítulo VI — Amigos são sempre bem vindos

Xena e Gabrielle entraram no quarto após um banho rápido. Xena deitou e Gabrielle se sentou na cama próxima à janela.

— Há alguma coisa errada, Gabrielle?

— Só estava pensando… Sabe, Xena, passei dez anos da minha vida sentindo em minha alma a sua falta. Mesmo com a minha família por perto, parecia que eu tinha um canto vazio dentro de mim. Não que eles não me dessem alegrias, eles são tudo para mim. Mesmo assim, faltava algo. — Gabrielle suspirou emotiva. — Quando você se foi, percebi que meu caminho era o amor, mas de uma forma diferente da que eu pensava antes. O caminho do amor que eu deveria trilhar era o amor pela justiça. Era o amor por você e a humanidade. Independente de ser uma guerreira, vejo que aprendi muito e resolvi situações adversas através do diálogo. Mas alguns eventos não se solucionam apenas com palavras. Posso lutar utilizando táticas para não matar, todavia, algumas vezes isso não resolve também.

A barda guerreira se calou por segundos, lembrando tudo que passou até chegar àquele momento de sua vida. Algumas lembranças, apesar de distantes, eram vivas em sua mente. Xena permanecia calada, pois entendia que a “sua loirinha” tinha passado por muita coisa devido ao caminho que trilhou ao lado dela. Gabrielle continuou a explanar sua linha de raciocínio.

— Apesar de sentir no mais profundo de minha alma quando mato alguém, sei que estou salvando milhares de vidas. Hoje, mais do que nunca, peço ao alto que me perdoe pelo que faço e que, em alguma existência, eu não precise mais o fazer. Mas hoje, eu sei por que preciso fazê-lo e isso não me incomoda mais. Eu devo isso a você.

Gabrielle se virou e encarou Xena com terna intensidade.

— Venha aqui, Gabrielle.

A voz de Xena estava embargada pela emoção. Sentou-se e abraçou-a forte.

— Sinto tê-la deixado, mas vejo que precisávamos desse tempo separadas para entendermos nossos caminhos. Você me mostrou o caminho do amor. Fez com que eu percebesse que eu não era uma pessoa má, eu estava perdida. Mesmo Lao Ma, com toda sua suavidade, não conseguiu chegar até mim. Apenas a sua inocência, Gabrielle, me tocou.

Gabrielle fez um terno carinho no rosto de Xena e a beijou suavemente. Continuou a fitá-la com doçura esperando que a princesa guerreira continuasse.

— Eu não conseguia resistir aos seus olhos puros e cheios de vida. Hoje compreendo que meu caminho é da guerreira, mas não a selvagem desenfreada que costumava ser. Mesmo quando caminhávamos por essa terra, quando em luta, algo corria em meu sangue que me levava ao clamor da batalha. Agora não. Agora, sei o que devo fazer, me entrego à luta, mas no final percebo que o monstro não pode mais sair, pois o amor é mais poderoso. Esse amor, Gabrielle, quem me mostrou e deu foi você. Você tem o poder de despertar todas as coisas boas que há dentro de mim e me manteve viva, mesmo no plano espiritual.

Xena devolveu o beijo carinhoso de Gabrielle; um beijo mais suave que uma brisa. A barda guerreira deixou rolar lágrimas de felicidade e contentamento. Permitiram que seus corpos se unissem e vertessem todas as emoções que estavam contidas. Xena despia Gabrielle lentamente, revelando aos poucos o corpo que ansiava ter a seus cuidados. Desejava olhar e tocar com afeto. Era uma sensação afável, o tato era o princípio e o fim. Observava todas às nuances, admirava suas formas. Seus desejos eram serenos e embriagantes.

Gabrielle sentia o toque de Xena em sua alma. Seu corpo se enlevava. Permitiu-se apenas sentir. Desfrutou de cada contato das mãos de Xena sobre si. Imaginou o paraíso sob os delicados gestos da amada.

Estavam subindo uma montanha e se aproximaram de uma muralha. Rodearam até encontrarem um portão aberto. Entraram e observaram um pequeno templo. Olharam-se, mas nada disseram, apenas prosseguiram calmamente. Um salão se abria com uma pira em chamas no centro. Aproximaram-se e, de repente, um espectro com uma voz suave lhes disse:

— Vêm aqui, através do amor incondicional pelo bem, vêm aqui pela pacificação e pelo apreço que têm pela humanidade. Devem utilizá-la e devem retorná-la ao seu lugar de direito. Mas lembrem-se, só conseguirão retirá-la se seu amor for verdadeiro, caso contrário suas mãos serão marcadas pelas chamas para eternidade.

O espectro fez um gesto, a adaga de Hélios surgiu entre as chamas e a visão, desapareceu.

— Xena, devemos retirá-la juntas.

As duas estenderam suas mãos, uma de um lado da pira e a outra do outro lado. Seguraram juntas a adaga sem ao menos hesitar. Retiraram-na das chamas.

A luz da lua entrava pela janela. Estavam segurando com as mãos entrelaçadas a empunhadura de uma adaga. Parecia que tinham sonhado, mas não. Haviam visitado o templo de Hélios espiritualmente.

— Eli?

— Acredito que sim, Gabrielle.

As duas apenas sorriram. O amor puro e simples as transportou para o mundo etéreo sem qualquer barreira. Adormeceram abraçadas, unidas por um sentimento sublime, que transcendia até a compreensão do que conseguiam expressar.

Na manhã seguinte, se levantaram e se preparavam para partir. Eve já estava pronta e se encontrava no estábulo preparando os cavalos.

— As crianças ainda dormem?

— Não gostaríamos que elas nos vissem saindo, Gabrielle.

— É melhor assim.

— Vamos para o norte? Eli não chegou até mim…

— Não se preocupe, Eve. Ainda temos tempo e se não for de uma forma, será de outra.

Gabrielle não compreendia por que Xena não havia dito a Eve que tinham a adaga. Mas não importava, conhecia Xena o suficiente para dar-lhe crédito. Montaram e se puseram em marcha.

No meio da tarde, resolveram parar para comer algo e descansar os cavalos.

— Acho que aqui está bom.

— Mãe, e se não pudermos contar com a adaga de Hélios?

— Eve, temos que pará-los de qualquer jeito, com ou sem adaga. Precisamos nos preparar espiritualmente, eu e Gabrielle a cada noite iremos nos concentrar nos ensinamentos de Lao Ma. E você terá que procurar dentro de você a força de Eli. É com isso que deveremos contar e se nos for dada a oportunidade de ter a adaga, será mais fácil. 

— Entendo. Vou pegar mais água na nascente aqui perto.

— Tá certo.

Gabrielle deixou que Eve se afastasse.

— Por que…

— Shiii! Ares apareça!

— Não adianta perguntar novamente como faz isso, não é?

Xena retirou um pouco de pão e queijo do alforje sem olhar Ares.

— Já que terá que nos acompanhar Ares, por que não nos dá algumas dicas em relação a quantos nos esperam? Esse não seria um dos seus papéis?

— Não posso entrar na cova de Bacco, só se for convidado. Não se lembra das regras, Xena?

— Lembro-me que quando você queria, não só entrava no reino de seus irmãos, como interferia também…

— Os tempos são outros e a situação também. Por que acha que eu só estou acompanhando sem interferir?

— Então, Bacco pretende dividir realmente o trono do Olimpo?

— Não, Gabrielle, ele quer o trono para si.

— Ele não conseguiria isso, você é filho legítimo de Zeus e Hera. — Disse Gabrielle.

— Depois do rearranjo que vocês duas fizeram no Olimpo matando tantos deuses, não esteja certa disto, eu não estou! — Ares olhava as duas com um jeito sarcástico.

— E você está adorando, né? — Indagou Xena.

— Sabe que eu gosto de uma boa briga, mas também não sou estúpido. Dessa vez, não tenho nada a ganhar. Apesar de adorar ver vocês nessa batalha, tenho que admitir que não posso pensar em perder agora. 

— Mesmo assim, você pode nos dizer quantos se dirigiram para lá, sem que essa informação tenha um preço? — O rosto de Xena era descrente e impassível.

— Vi cerca de quarenta homens se encaminhando para lá, nessa última lua..

Xena continuava em sua tarefa de cortar o pão e o queijo.

— Já conseguiram a adaga de Hélios?

— Não creio que nenhum deus esteja disposto a se arriscar para permitir que eu a tenha. — Xena sorriu com ironia.

— É. Apesar de muitos saberem que você é a indicada para esse trabalho, você não tem muito crédito entre os deuses, e eu nem imagino por que… — dizendo isso, Ares desapareceu.

Gabrielle olhou para Xena e simplesmente sorriu. Entendeu suas razões para não tocar no assunto da adaga.

Eve retornou com os odres cheios de água. Sentou-se e Xena estendeu o pão e o queijo.

— Quero adiantar mais um pouco. Quanto mais perto da cova de Bacco, mais tempo teremos para montarmos um ataque e mais informações colheremos.

— Concordo. Deveremos estar bem descansadas para o dia do ritual. Mãe, se alguma coisa me acontecer…

— Nada vai acontecer com você ou com Gabrielle!

— Xena, não venha com heroísmos. Não pense que sou aquela Gabrielle de antes, não permitirei que se coloque em perigo para me defender. Já bastam esses dez verões que passei sem você. De lá para cá, aprendi muito e espero que esteja contando com isso! — A voz de Gabrielle era áspera e cheia de dor.

— Não disse que faria algo para poupar vocês, mas se depender de mim, nada acontecerá! — Xena foi categórica.

— Mãe! Gabrielle! Não creio que seja a hora para discutirmos esses assuntos. Devemos estar serenas para a batalha, se será uma batalha espiritual, devemos nos acalmar.

— Está certa, Eve. Vamos nos adiantar.

— Xena, a quatro marcas de cavalgada forçada daqui, há um lago. Creio que podemos acampar lá. No dia seguinte, se continuarmos para o norte, passaremos pela aldeia de Hércules. Talvez possamos pedir para ele forjar uma armadura para você.

— Não sei se poderemos perder tempo com isso agora, mas será bom vê-lo.

 Cavalgaram durante o dia seguinte, quase até o entardecer, chegaram a Aetolea e procuraram a casa de Hércules. 

Quando chegaram, Hércules se encontrava já a espera das três, se aproximou de Xena quando esta apeou da égua. Logo que Xena alcançou o solo, ele a abraçou emocionado. Não sabia como expressar seu contentamento pela presença da guerreira.

— Sabia que viríamos?

— Afrodite veio a mim, disse que chegariam e eu nem acreditei que seria possível Gabrielle te trazer de volta!

— Ah, velho amigo! Eu mesma não acreditava.

Hércules abraçou Gabrielle e cumprimentou Eve.

— Vejo que o chakran que forjei serviu bem para você. E vejo que recuperou o seu, Xena!

Xena olhou para Gabrielle com carinho.

— Não podia ter deixado em mãos melhores…

— Vamos entrar, tenho uma coisa para vocês.

Hércules conduziu-as para dentro de sua casa. 

— E Iolaus? Como ele está?

— O bom amigo assentou na vida. Casou-se e tem três lindos filhos, duas meninas e um menino. Mas, ocasionalmente, ainda saímos para alguma aventura por aí. Claro que não o exponho a nenhum perigo, mas ele tem um coração de guerreiro.

— Ele não tem só um coração de guerreiro, Hércules, tem um coração de nobre!

— É certo, Gabrielle. Por isso, quando o convido, são para campanhas pacificadoras. Vocês precisam comer e descansar. A batalha será grande e confesso que fui convencido por Afrodite a não ir com vocês.

— Por quê? — perguntou Xena, desconfiada.

— O que acontece, Xena, é que eu sou semideus. Essa batalha não é uma batalha comum, é uma batalha espiritual, mesmo sem ter qualquer interesse nesse sentido, ainda tenho sangue olimpiano. A nossa interferência direta poria tudo a perder. 

Hércules a olhou com condescendência. Xena devolveu o olhar, inquisitiva.

— Eles não podem ser detidos por imortais… É a fé dos humanos que pode conseguir impedi-los, mas por quê? — Gabrielle falou exasperada.

— Pois, são os humanos que detêm a capacidade de acreditar. A fé os faz vivos, nada como os que têm fé para deter os que são oriundos da fé.

— Hércules, você se esqueceu de uma coisa, minha fé sempre foi no que eu poderia fazer ou não. — Xena falou, categórica.

— E ainda assim tem fé, mesmo que seja em seus próprios atos. O fato é que são todas guerreiras humanas e cada uma luta por suas causas. A razão de todas para fazê-lo as unem e são motivadas diferentemente em seus corações. Esse é o grande poder humano. As emoções, os desejos, o livre arbítrio e a capacidade de escolher o que é bom e o que não é, os deuses são centrados só em si, tudo que pensam é para si.

— Mas não você! — Falou Gabrielle.

— Mas não posso arriscar, continuo tendo sangue de Zeus em minhas veias. Enfim, não estragaremos essa noite por algo que só poderão resolver depois. Tenho um assado nos esperando e uma surpresa muito especial para vocês, mas vamos comer primeiro.

Ao longo do jantar, Xena e Gabrielle contaram como foi o retorno de Xena, omitindo partes muito íntimas, é lógico. Quando terminaram de comer, Hércules se levantou e foi à sua pequena cabana de forja e trouxe consigo três armaduras para tórax e três pares de braçadeiras. Eram diferentes no design, mas as três continham um bojo para proteger e suster os seios, tramas trançadas em um metal envelhecido pela forja para que não refletisse a luz.  Cobriam todo o tronco, tanto na parte da frente, como na parte de trás. As braçadeiras também continham desenhos diferentes e pareciam ser feitas sob medida para cada uma das três. Hércules estendeu-as para entregar as três guerreiras.

— São maravilhosas, Hércules!

— Obrigado, Gabrielle, mas creio que sua utilidade irá além da beleza. Forjei com o aço de Hefesto. Quando ele morreu, fiquei com medo de seu aço cair em mãos erradas e o escondi. Mas agora tive motivos mais do que suficientes para acreditar que valesse a pena colocar um pouco de minha habilidade em prol dessa batalha e creio que vocês são as pessoas mais acertadas (ideais) para ter o aço de Hefesto a seus serviços.

Xena pegou a armadura da mão de Hércules e a vestiu. Apesar de ser de aço, era de uma leveza incrível e por não ser rígida, pois as tramas davam muita mobilidade, era muito confortável também. Xena abraçou Hércules em agradecimento.

— Obrigada, meu bom amigo! Possivelmente, teremos alguma vantagem agora.

— Não me agradeçam. Eu que tenho que agradecer a vocês por entrarem nessa empreitada tão difícil. Fico angustiado de não poder me juntar a vocês. 

— Não se preocupe, estaremos bem. Acho melhor irmos dormir, amanhã teremos que sair cedo.

— Eu arrumei dois quartos, vocês podem escolher onde querem dormir, venham. 

— Mãe, eu posso ficar com um dos quartos só para mim? Eu preciso fazer meu ritual de purificação, acenderei incensos e velas e orarei durante algumas horas, certamente atrapalharei vocês para dormirem.

— Não tem problema, Eve. Nós estamos acostumadas a dormir juntas, não será problema ficarmos em outro quarto. Quem sabe suas orações não afastem um pouco Ares de nós também. Apesar de dizer que está nos protegendo, sempre duvido de suas intenções.

— Ele não tem permissão de entrar em minha casa, Xena. Embora ele e Afrodite tenham assumido o trono olimpiano, ainda sou um semideus e meus direitos em minha casa tem que ser respeitados.

— Alegro-me em saber disso, Hércules, mas sabe que Ares não é um deus muito respeitador das regras.

Xena olhava Hércules com complacência. Ele compreendia muito bem suas palavras, sempre tivera desavenças com seu meio-irmão, mas desde que Zeus se foi Ares nunca mais cruzara o seu caminho.

Xena e Gabrielle se retiraram e agradeciam intimamente por ficarem a sós mais uma noite antes de chegarem à cova de Bacco. Desde que Xena voltara, as duas compartilhavam uma intimidade acolhedora que jamais haviam conhecido. Era como bálsamo para suas almas.

Entraram no quarto e sentiram aroma de flores, olharam em volta e viram uma grande tina de banho preparada com óleos aromáticos.

— Hércules está conspirando a nosso favor, Xena.

— Não acredito que seja consciente, mas agradeço profundamente. — Xena olhou Gabrielle e sorriu.

— Concordo com você, o que para mim dá mais mérito aos seus atos.

— Com certeza, Gabrielle, com certeza…

Despiram-se e entraram na tina. Gabrielle fazia uma massagem nas costas de Xena.

— Sabe que não mais sinto nódulos em seus músculos?!

— Não tenho mais o mundo sobre minhas costas, Gabrielle, me redimi de meus pecados. No entanto, permanece aquela sensação de que poderia fazer mais.

— Hoje entendo perfeitamente você, Xena. Quando andávamos juntas outrora, pensava que apenas amar e fazer o bem era suficiente. Nunca cheguei a compreender realmente o seu lado escuro. Agora sei que o equilíbrio é tudo. Você conquistou esse equilíbrio e eu também, apesar de não ter passado pelo que passou, eu também transcorri um caminho do qual muitas coisas não me alegram, mas no final das contas era necessário.

— Deixa eu te banhar agora. — Xena pegou o sabão das mãos de Gabrielle e passava sobre seu corpo suavemente.

— Xena, lembra quando enfrentamos Dahak?

— Gabrielle, não precisamos lembrar disso…

— Pare, Xena! Não queira me poupar das lembranças ruins, elas fazem parte de nossa história. Precisamos lembrar, sim, elas nos norteiam, por onde devemos seguir. 

— Muito bem, Gabrielle, o que você quer lembrar?

— Que ele precisava de sacrifícios de pessoas inocentes para poder vir… Assim como quando enfrentamos Bacco pela primeira vez, as Bacantes deveriam ser mulheres intocadas e inocentes.

 — E?…

— Bem, Ares disse no templo de Afrodite que se ele conhecia bem Bacco, haveria sangue no meio…

— Você acha que os seguidores de Yodoshi capturaram jovens e crianças para o ritual?… Isso modifica terrivelmente nossa abordagem. Se tiverem inocentes, nós não poderemos atacar diretamente! Gabrielle, teremos que sondar antes. Por que ninguém nos falou?!

Xena saiu da banheira rapidamente e se vestiu.

— Aonde você vai, Xena?

— Falar com um certo deus.

Gabrielle pulou da banheira e começou a se vestir apressadamente para acompanhá-la. Xena caminhava a passos largos, para sair da casa de Hércules e ir até o campo onde pudesse chamar Ares. Gabrielle seguia em seu encalço.

— Ares! Ares! Apareça.

Um lampejo de luz se formou a frente de Xena e logo o deus da guerra apareceu.

— Um bom lugar que vocês acharam para que eu não possa entrar.

— Pare com a falação e diga tudo o que sabe!

— Como o que, por exemplo? — Ares falava com cinismo na voz.

— Por que não nos contou que teriam jovens e crianças para o ritual? — Xena já se alterava.

— Vocês ainda não entenderam, né? Nem eu, nem deus algum poderá interferir diretamente. Ahh! Mas eu não tinha dito isso antes? Que bom que vocês são tão inteligentes, talvez seja por isso que te trouxeram de volta, Xena! — Ares falava com desdém. — Se não acredita em mim, talvez você acredite em sua amiga Lao Ma ou então no “Poderoso Eli”. Por que eles não falaram tudo para vocês também? Como vê, Xena, não é um privilégio só meu te ocultar coisas.

— Então, para que nos acompanha? — Perguntou Gabrielle. Xena de braços cruzados esperava impaciente a resposta.

— O fato é que não posso deixar que nada aconteça a vocês até que cheguem lá. Se algum rufiante cruzar o caminho de vocês, não podemos arriscar que algo ocorra inadvertidamente. Como veem, o meu papel é só de babá.

Xena e Gabrielle se entreolharam e Xena falou.

— Dê um recado a Afrodite para mim, diga-lhe que ela poderia ter feito esse papel, pelo menos nos pouparia de ver esse seu rosto feio. — Sorriu de lado.

Ares fez uma careta de desagrado e desapareceu sem falar mais nada.

— Vamos, Xena, vamos para o quarto.

Seguiram em silêncio. Quando chegaram ao quarto e fecharam a porta, Gabrielle se dirigiu a Xena.

— Começo a concordar com você, Xena. Esse tipo de atitude não é característica de Ares. O que será que ele está tramando?

— Não sei, mas acho que ele realmente tem desvantagens se Bacco voltar. — As duas se entreolharam assustadas e falaram juntas.

— Yodoshi!!!

— Não é possível que ele pense em controlar Yodoshi depois que matarmos Bacco!

— Vindo de Ares tudo é possível, Gabrielle. E ele sabe que se matarmos Bacco, Yodoshi vem mais fraco e talvez pense que poderá controlá-lo.

— Bem, é a cara de Ares mesmo! — Gabrielle falava com indignação. — Sabe, Xena, um tempo depois que você se foi e eu não podia mais te ver, Ares começou a me procurar com as mesmas propostas que ele fazia anteriormente para você. Eu ignorava-o, mas depois ele passou a aparecer só para falar de você. Passei a me compadecer dele, pois sabia o quanto a estimava. Mas agora que você voltou, parece que tudo está ficando como era antes. Ele está voltando a ser o que era).

— Gabrielle, sei o quanto Ares me estima, mas como deus da guerra ele só responde ao caráter próprio de uma deidade destinada a causar discórdia. Não sei se você me entende…

— Acho que sim. Apesar de ter sentimentos por você, ele tem que ser o deus da guerra, é essa a sua essência. Como seres humanos, nós podemos mudar, temos o livre arbítrio, mas como deus, ele responde unicamente a sua essência, afinal ele é um deus e assim foi criado.

— Isso! Vamos nos deitar, Gabrielle; amanhã partiremos cedo.

Xena se deitou e puxou Gabrielle para que recostar em si. Gabrielle se aconchegou ao corpo de Xena, como sempre fazia. Começou a acariciar seu abdômen e roçar o nariz em seu pescoço.

— Gabrieeelle… Amanhã teremos que acordar cedo. — Xena falava compassadamente, mas com a voz suave e rouca.

— Ainda é cedo,, Xena. E depois, não teremos mais oportunidade de estarmos a sós antes da investida. — Gabrielle falava suavemente ao ouvido de Xena e capturou seu lóbulo, mordendo-o em uma leve carícia.

— ISSSS, você não tem jeito mesmo… — Xena virou seu rosto e prendeu os lábios da barda com os seus para depois dar passagem à língua quente e convidativa.

Gabrielle se posicionou em cima de Xena, prolongando o beijo e deixando que seus corpos se tocassem por inteiro. 

Não havia sentido em seus movimentos, apenas sentimentos. Seus corpos se uniam tão harmonicamente, tão fácil, tão completos…

Xena movia seus quadris e, ao mesmo tempo, retirava suas roupas com tal facilidade que nem o tempo parecia estar em movimento. Gabrielle se via presa a presença e força magnética que a guerreira exalava. Suas roupas foram ao chão sem ao menos nenhuma perceber seus atos e, quando se deram conta, a febre já tomava o corpo de ambas.

Lábios convidativos se asseguraram que um mamilo fosse acariciado delicadamente. 

— Gabrielle… Mais forte…! ummmh… Isso é muito gostoso!

Gabrielle atendeu ao pedido de sua gostosa guerreira e saciou seu próprio desejo, segurou o bico do mamilo entre seus dentes e depois o sugou com uma fome de estações inteiras. Deliciou-se ao gosto doce e textura forte do seio de sua parceira. Gemeu enlouquecida. E as carícias de suas mãos ao deslizar por todo o ventre de sua amada, provocaram uma onda de prazer entre suas próprias pernas quando sua parceira gemeu em aprovação.

— Gruuurrr! Gabrielle, você sabe o quanto está me atormentando… Ahhh!!! Por favor, me possua! Não posso aguentar mais…

A voz era rouca e embargada, dando um tom mais que sensual aos ouvidos da barda, que gemeu em desespero, desejando obter o gosto do amor de Xena em seus lábios.

— ISSSS! Não faz assim, eu quero te dar uma noite especial, mas você me fala coisas que dão vontade de te consumir logo…

— Então faz o que você tem vontade agora!  Eu sei que vou gostar… — A voz de Xena era de ordem e súplica, provocando uma onda de loucura à pequena barda.

— Ah! Xena… Como eu te amo! — Gabrielle falou se posicionando entre as pernas de Xena rapidamente e capturou o clitóris rígido com seus lábios. 

Passeou sua língua pela protuberância rígida em um carinho tão intenso que parecia querer tocar a sua alma. Seu espírito enlevou. Após tantos anos de cavalgada, tantos anos na tortura de um amor não revelado, tantas perdas… Encontrava-se amando, consumindo, saciando sua fúria encarcerada no mais íntimo de sua alma. Num arroubo de desejo, introduziu sua língua na então dilatada fenda que descortinava a sua frente. Com movimentos vigorosos, tentava aprofundar sua língua pelas entranhas de Xena ao mesmo tempo em que friccionava seu polegar no clitóris intumescido.

— Deuses, Gabrielle! Como eu te quero… Eu quero… Eu vou… Ahhhrrr!

Xena desabou imersa. Seus sentidos a deixaram, restando apenas um formigamento em seu corpo. Sua mente vagava em delírio, não acreditando que algum dia seu espírito pudesse desprender de seu corpo ainda em vida por somente sentir amor.

Gabrielle se posicionou ao lado de Xena. Acariciava seus cabelos e sustentava sua cabeça em seu colo, mesmo em seus sonhos mais ternos, quando pensava em Xena, nunca imaginou que a guerreira um dia pudesse se encontrar em tão frágil condição. Estava linda, relaxada e serena… Ela que sempre fora a fortaleza das duas, a mulher mais forte, mais resoluta, mais atenta se encontrava agora em seu colo desarmada, delicada e visivelmente entregue ao momento. Afastou alguns fios de cabelo escuro que caiam sobre seus olhos e beijou levemente sua testa.

— Se sente bem? — Falou baixinho para não assustar a morena.

— Sinto-me como se tivesse uma força dentro de mim que nunca tive antes. — Afastou a cabeça, abrindo lentamente um par de incríveis olhos azuis para fitar a pequena loura que a amparava com carinho. Sorriu o sorriso mais terno que Gabrielle jamais havia visto em seu rosto.

Fechou o cenho e levantou-se rapidamente, pegando a pequena barda em seus braços e a derrubando na cama e se posicionando em cima de seu corpo. Fez a cara mais feroz que pôde arrumar em detrimento ao momento passado e falou séria.

— Agora terá que pagar pela sua insolência. Quem disse que poderia me deixar com essa cara de idiota no rosto. — Após ter recuperado do susto, Gabrielle ria da falsa indignação de Xena. Encontrava-se presa em seus braços quando falou.

— Vai me castigar duramente pela minha insubordinação?

— Sim. Vai ter que pagar pelo que fez, vou aplicar um castigo que jamais esquecerá. — Falou em um tom mais brincalhão. Gabrielle ainda sorria. 

— Nunca esqueci nada que já fizemos. No entanto, vai ter que se esforçar muito para me aplicar um castigo, pois não sou mais tão frágil quanto antes… — Dizendo isso, Gabrielle se desvencilhou muito rapidamente do abraço de Xena invertendo as posições. Nesse momento, Xena estendeu a mão agarrando velozmente o lençol que estava sobre a cama ao lado delas e o jogou por cima de Gabrielle a prendendo logo em seguida em seus braços novamente.

— Ahh! Então quer se livrar do castigo, hein? Não conseguirá. Grande pequena barda guerreira de Potedia!

As duas riam abraçadas da brincadeira. Xena retirou o lençol da face de Gabrielle e olhou diretamente em seus olhos. O riso foi diminuindo à medida que se olhavam já inebriadas, uma nos olhos da outra. Xena falou baixo e roucamente. 

— Você confia em mim, Gabrielle? — Seus olhos diziam que ela queria que Gabrielle se entregasse sem qualquer reserva. 

Gabrielle simplesmente entendeu o que isso significava. Apenas acenou a cabeça em consentimento velado que se entregaria ao prazer que Xena gostaria de lhe proporcionar.

Xena caminhou até o seu alforje e pegou um pano limpo e uma corda. Retornou a cama. Olhou novamente nos olhos de Gabrielle e pegou o pano vendando-os.  Deitou-a e amarrou seus punhos a cabeceira da cama, mas deixando as cordas frouxas como uma forma tácita de dizer a Gabrielle que a hora que quisesse terminar com a brincadeira, ela poderia se soltar por si só. Gabrielle soltou um bocado de ar preso em seus pulmões desde o momento em que Xena a vendara.

Gabrielle não sabia exatamente quais eram os seus sentimentos, pois as emoções se misturavam em um misto de apreensão, desejo, medo, mas, ao mesmo tempo, um frio gostoso corria através de sua coluna e um cálido anseio circundava seu ventre. Seu coração acelerou quando sentiu dedos percorrerem as laterais de seus braços. A pulsação batia em suas têmporas. Xena não emitia nenhum som e quando sentiu uma boca se apoderar de seu lóbulo esquerdo, soltou um gemido grasso e rouco. 

Xena parecia volitar em torno de si, pois sentia seu perfume amadeirado, porém os toques eram delicados e espaçados. Sentiu uma mão a acariciar a parte interna da coxa para depois se furtar do toque. Uma umidade quente escorreu por seu sexo, quando uma sequiosa língua tocou seu umbigo. Todos os seus sentidos se apuraram, sentia os cheiros que habitavam o ambiente, o som da respiração compassada de Xena, os sons da noite lá fora, mas ainda não escutava nada emitido por sua amada guerreira, só os toques. Poderosos, solitários, suaves e ardentes ao mesmo tempo.

Lábios pousaram em um beijo delicado na planta de seu pé. Nunca imaginou que um gesto tão simples surtisse um efeito tão erótico. Gemeu mais alto, não conseguindo se conter.

— Shiiiiiii! 

Apenas uma advertência para que sua voz não ressoasse pelo resto da casa acordando seus habitantes, mais nem uma palavra. Seu ventre se contraía em uma tortura excitante. Uma língua passou por entre os seios, chegando à base de seu pescoço.

—Ahhrrr. Xena… Xena… — Sua voz saía em fortes ofegos. Nenhum som.

A respiração acelerada de Gabrielle tomava proporções grandiosas, ela tentou se soltar das amarras, uma mão pousou sobre a sua, acalmando seu intuito e dando uma segurança silente. Relaxou seu corpo sobre a cama novamente e voltou a sentir a presença muda de sua captora bem próxima a si.

Sentiu dedos resvalarem pelo centro entre suas pernas. Não conseguiu segurar e mais um gemido alto retumbou pelo quarto. Mais uma vez, apenas o toque massageando seu clitóris; sem abraço, sem beijos, sem o corpo que tanto amava para lhe acalentar, apenas o toque daqueles dedos que tanto lhe davam prazer. Seu corpo se encontrava em plena ebulição, a agonia viajava sob sua pele e seu cérebro ameaçava desconectar. O toque estancou, seu corpo ficou órfão de cuidados, se debateu e um mamilo foi apreendido entre lábios quentes em um sugar poderoso. 

— Xena… Xena… Não posso aguentar mais! — a voz sumia engolida por lábios ávidos, seus gemidos eram tragados. A separação…

Mãos passearam suavemente por seus flancos… Mais gemidos. Seu pescoço foi agraciado com rosto passando superficialmente e sentiu que estava sendo cheirada ali. Seus pelos se arrepiaram. Sentiu uma parte de Xena tocando seu seio direito. Não eram dedos ou mãos, não eram seus lábios e percebeu um leve roçar de um lado para o outro. Percebeu que Xena estava sobre si sem tocá-la, eram os seios de Xena e, apenas, os seios dela que tocavam os seus…

— ISSSS!!! Xena… — A respiração descompassada e mais uma lamúria. 

Espremia suas coxas uma contra a outra para aplacar a dor em seu ventre e entre suas pernas… Sentiu os braços fortes de Xena a envolverem colocando-a de lado. Sentiu um movimento em volta da cama e de repente um beijo depositado na base de sua coluna, entre o cóccix e os glúteos. Sacudiu seu corpo quase em convulsões. Uma umidade quente mais uma vez fluía entre suas pernas. Uma língua brincalhona passeou pelas dobras de seus joelhos. Seus olhos marejaram, não de tristeza, mas de desejo. Sentiu a língua subir por sua coluna e por fim uma boca morder sua nuca.

— Xena… — Nada mais conseguia pronunciar.

Sentiu o peso de um corpo deitar ao seu lado. Novamente o toque em seu centro, mas dessa vez desejoso, seguro de seus movimentos, arqueou o corpo no afã de levar ao ápice o desejo pulsante acumulado dentro de si. Movimentos de dedos firmes fizeram com que desfrutasse de um sentimento sôfrego, cadenciando o ritmo intenso de seu corpo. Arqueou novamente, extrapolando o limite da paixão. Sentiu uma mão desfazer da venda e depois o braço passando em torno de si. Explodiu no momento em que Xena a segurou firme e a beijou, encostando todo seu corpo para que ela se deleitasse com sua presença, sem interromper a movimentação de seus dedos.

O orgasmo veio como uma estrela-cadente cortando o céu da madrugada com todo seu esplendor e luz. 

Agarrou-se em desespero àquele corpo, que lhe fora roubado durante minutos a fio e que lhe dera tanto prazer, sem ao menos se prontificar em uma presença sólida. Chorou um pranto exasperado.

— Meu amor! O que há? — Xena estava assustada com a reação de Gabrielle e aquele choro cáustico a dilacerava. Abraçou-a fortemente e com todo carinho, afagava seus cabelos dourados que refletiam a luz da lua.

— Não tem nada de errado, Xena. — Seu choro já se abrandava. — Apenas foi intenso demais, foi forte demais e acho que não segurei. Mas foi lindo demais. — Esboçava um pequeno sorriso entre as lágrimas para não causar nenhum desconforto à mulher que tanto amava.

Xena sorriu ainda embaraçada.

— Pensei que tivesse feito algum mal. Não queria que se sentisse mal, queria demostrar com atos suaves o quanto te amo!

— E o fez. Nunca pensei em minha vida sentir coisas tão maravilhosas, nunca achei que meu corpo ficaria tão sensível a ponto que perceber que o paraíso estivesse tão próximo de mim. Foi simplesmente lindo! — Beijou Xena com delicadeza e doçura.

— Fiquei assustada pela forma que chorou…

Gabrielle ficou muda por instantes.

— Xena, acho que a emoção foi muita e a única coisa em que pensava era que nunca mais em minha vida quero ficar sem você. Não posso permitir que se vá outra vez… Você é a fonte que alimenta minha alma todos os dias.

— Shiii! Isso não vai acontecer.

— Como pode saber, Xena?

— Dessa vez, não devo nada a ninguém, Gabrielle. Se eu pereci em Higuchi, foi por minha própria vontade, no passado eu tinha feito muito mal àquela gente e você sabe disso.

— Convivemos muito tempo com os deuses para saber que eles não têm o mesmo entendimento da vida que nós temos…

— Sim, mas algumas leis não podem ser quebradas e eu ou você, ou qualquer um, só morrerá se assim as ações desencadearem. Eles não podem simplesmente nos levar e se depender de mim e de você, isso não acontecerá.

Gabrielle abraçou Xena, pousando sua cabeça sobre o ombro da mulher maior. Sentia-se segura, queria se sentir indefesa novamente, como há muitos anos, quando se conheceram. Sabia que esse tempo não voltaria; que ela não era mais indefesa e que não mais precisaria de Xena para isso, mas queria que ela a acolhesse como se assim fosse. Xena a estreitou em seus braços e, como se lesse seus pensamentos, disse:

— Nunca deixarei que nada aconteça com você, Gabrielle.

— Sabe que não precisa mais disso, Xena, mas sei que respondeu ao que eu estava sentindo. Como faz isso?

Com um leve sorriso de canto nos lábios, Xena respondeu com a frase que sempre falara a Gabrielle nessas horas.

— Tenho muitas habilidades…

Gabrielle bateu em seu braço de leve como quem repreendia, mas sorria pela brincadeira retornando ao conforto do abraço. Estava em casa novamente, os braços de Xena eram seu lar.

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Todas já estavam de pé se preparando para partir ao amanhecer. Hércules fez um desjejum para que partissem com algo no estômago.

— Obrigada pela estadia e pelas armaduras, meu amigo!

— Era o mínimo que podia fazer, Xena. Eu fico aqui de pés e mãos atadas e você sabe que não é o meu estilo. 

— Eu sei. Não se preocupe, nós daremos um jeito.

Hércules se despediu de todos e acompanhou as guerreiras que se distanciaram ao longe.



Notas:

Olá!

Então pessoal, retornando após uma crise de alergia respiratória. Se tudo correr bem, voltarei a postar regularmente.

Um beijão a tod@s!




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Uma resposta para Capítulo VI — Amigos são sempre bem vindos

  1. Realmente em meio a tanto caos a fé é a única coisa que podemos nos apegar.

    Só pra avisar a Xena que só faltou um chicotizinho pra esquentar mais os parangolés kk

    Beijos Carol e melhoras!

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