Alpha Dìon — Agência de Proteção

Capítulo 8 — Visita Surpresa

Isadora entrou na sala de comando, ainda pensando sobre o que acabara de acontecer. Jogou-se na cadeira, olhando o console de vigilância sem dar muita atenção.

— Há algum problema, chefe? Parece estar contrariada.

 — Não enche o saco, Annan.

— Sim, senhora.

A IA se calou por alguns instantes, entretanto, logo chamou a atenção da chefe.

— Uma lancha saiu da base militar com cinco indivíduos. Estão armados e contornando a ilha.

Imediatamente a imagem se formou na tela do console, chamando a atenção de Isadora. Não era uma imagem muito boa, pois a noite encobria os rostos dos agentes. A transmissão de satélite não permitia que vissem claramente sob o manto da escuridão. Ela tocou o ponto auricular.

— Helena.

— Oi.

Helena deu um tom jovial a resposta do chamado e, outra vez, Isadora se maldisse pelo que deixou transparecer com seu ciúme incontido.

— Temos problemas. 

— Quais?

O tom da chefe sênior mudou drasticamente, parecia outra pessoa ao responder. Estava séria e incorporada na capa de agente.

— Prefiro que venha ver. Tem uma lancha vindo em direção a nós. Saiu da base do outro lado da ilha.

— Estou indo agora. Vou acionar a vigilância e colocar alerta nas equipes.

— Ok.

Rapidamente, as agentes que estavam de plantão na vigilância da enseada foram avisadas e se colocaram de prontidão. Helena chegou depressa na sala de controle. Assim que entrou, olhou o console, enquanto distribuía alertas e ordens pelo comunicador. Por sua vez, Isadora demandava ordens táticas para Anon, enviando drones com luzes noturnas para acompanhar a lancha

— Annan, não quero que os drones fiquem visíveis.

— Já os enviei, chefe. Temos outro problema. Existem drones circundando nossa área. Também estão camuflados. 

— Eles sabem que temos drones, porque estavam no depósito comum. Annan, pode abatê-los com o armamento dos nossos drones.

— Abatê-los? Chamaremos atenção.

— E é exatamente isso que quero, Isa. Não é para isso que estamos aqui? Para proteger o resort?

— Mmm. Compreendi. 

— Drones abatidos, chefes.

— Perfeito, Annan. — Helena tocou o ponto auricular. — Sheira. — Chamou uma agente da portaria central.

— Na escuta, chefe Helena.

— Esta noite, ficaremos todas em alerta. Como está o movimento aí em cima?

—  Aqui não tem movimento externo, por enquanto. Estamos monitorando com câmeras noturnas e binóculos digitais. 

Perfeito. Qualquer movimento, nos avise.

— Ok. Quer que notifique a subchefe Ária?

— Não. Precisamos que as agentes descansem para o próximo turno. Se as coisas saírem dos eixos, alertamos.

— Entendido, chefe Helena. 

Isadora estava monitorando a lancha pelo console supervisório. Quando os drones foram destruídos, a lancha parou e os membros conversavam parados no meio do mar.

— Estou supervisionando a entrada da enseada também, chefes. Sou multitarefas.

— Sabemos Annan. Permaneça no supervisionamento, mas as agentes precisam ficar alertas. Entenda como um sistema de redundância. 

— Compreendido, chefe Isadora.

— O que estão falando, Isa?

— Que os drones foram abatidos e estão questionando esse cara aqui, o que fazer. — Ela apontou, na tela, um dos integrantes da lancha que estava de costas. — Consigo ver o rosto dos que estão de frente para a imagem de satélite, mas esse que parece ser o chefe da operação, não. 

— Não entendo. Como sabe o que estão falando, chefe?

Tanto Isadora, como Helena sorriram. 

— Sou uma bruxa, Annan.

— Não existem bruxas. Elas fazem parte de folclores históricos.

— Tem certeza, Annan?

A resposta da futura chefe sênior fez a IA se calar e Helena abrir mais o sorriso. O fato é que Isadora teve um irmão surdo-mudo. Na infância, para estimulá-lo, ela aprendeu a ler lábios juntamente com ele. Aprender a fazer isso em outra língua foi um pouco difícil, mas ao longo dos anos como agente, esse esforço passou a ser um diferencial na equipe dela. As únicas pessoas que estavam cientes dessa habilidade eram a sua equipe e Helena.

Novamente, a lancha se colocou em movimento e continuou o percurso. 

— Equipe Hiena, Allie.

— Na escuta, chefe.

— Quem está na vigilância da extremidade da enseada?

— Urze e eu estamos no comando com mais duas agentes. São duas em cada extremidade.

— Vocês estão vendo algo?

— Urze acabou de ver a lancha passar pela ala leste e eu já os peguei na vigilância. Estão passando em frente a enseada. Nenhum movimento agressivo, chefe.

— Estão fazendo reconhecimento.

— Parece que sim.

— Estamos vendo tudo pelo console. Eles não pegaram em armas, mas fiquem atentas.

— Entendido, chefe. 

— Você estava certa, Helena. Eles querem ver qual o nosso nível de atenção.

— Sim. Mas a questão é: Por quê? Você já foi monitorada presencialmente em alguma missão?

— Nunca. Nosso monitoramento sempre foi por comunicações através do coordenador e/ou satélites.

— Pois é. Eu também. É isso que é preocupante.

Elas viram a lancha passar pela enseada e circundar a ilha. As chefes observavam atentamente o deslocamento, acompanhando todo o trajeto. Em menos de vinte minutos, alcançaram a base do outro lado.

— Esta ilha não é grande. Dependendo do contingente de barcos, eles podem nos invadir em poucos minutos. — Helena sacudiu a cabeça, espantando os pensamentos. — Estou ficando tão paranóica quanto Jackie.

— Não é isso, Helena. Nós fomos treinadas para avaliar os perigos em uma missão e, convenhamos, tudo nesta empreitada está fora do lugar… tudo aponta para uma armadilha.

— Fique atenta, Isa. Acho que ainda não acabou. Tem alguma equipe no escarpado na parte da portaria?

— Sim. Além disso, instalamos mais câmeras ao longo de todas as nossas fronteiras, incluindo armadilhas.

— Estou monitorando toda a enseada em 360 graus, tanto com as novas câmeras, quanto por satélite e, também, por sensores de movimento que foram instalados na parte terrestre.

— Ótimo Annan. Qualquer sinal de movimentação atípica, nos alerte.

— Sim, chefe Helena.

Helena deu um toque na mão de Isadora e saiu da sala de controle, sendo seguida pela companheira de chefia. Elas rodearam a construção, parando na parte de trás. Se abrigaram na extensão do telhado, que fornecia uma proteção. A chefe sênior falou baixo, retirando o comunicador do ouvido e apontando para a orelha de Isadora para que ela fizesse o mesmo. Não queria que a IA as escutasse, ou visse o que elas conversavam.

— Não acredita que Annan não nos ouça pelos comunicadores?

— Não mesmo. E nem acredito que ela não leia lábios. Annan podia ter utilizado as câmeras que instalamos no alto dos morros, para vermos melhor a lancha, mas não o fez. 

— Bem, a verdade é que acabamos de permitir que ela utilizasse as câmeras. Não havíamos autorizado ainda.

— Talvez… contudo, não foi para isso que chamei você. Quero saber se as meninas conseguiram instalar os rifles automatizados na parte alta da enseada.

— Sim, mas estão no manual, como combinamos. Não estão conectados ao controle de Annan. 

Estão todos programados para uma eventual conexão?

— Sim. Margot e Datrea fizeram um link para nossos tablets sem conexão com o painel de controle. 

— Explique.

— Não podíamos lincá-los ao painel central, pois independente de estarem ligados ou não, Annan teria domínio sobre eles. O jeito que elas arrumaram foi ligar os rifles a um link externo em tablets. Um ficará comigo, outro com você e um terceiro guardado na gaveta da mesa da sala de controle para uma eventualidade.

— Não está trancado?

— Está. A gaveta é de aço e possui uma chave digital. Datrea e Margot já estão habilitadas e farão o mesmo conosco, ainda hoje.

— E como funciona o link das armas?

— Se quiser ativar o link, basta tocá-lo que o comando inicializará uma ligação via satélite com Annan. Se não quisermos ligá-los no automático, qualquer agente pode utilizar as armas manualmente.

Helena passou a mão pelos cabelos e inspirou fundo. Os últimos dias foram uma gangorra de emoções, das quais ela não gostava. Pelo menos, parte delas.

— Começo a sentir saudades de quando, em nossos encontros, achávamos que poderíamos ser mortas uma pela outra. E nem tem tantos dias assim que isso acontecia.

— Eu nunca achei que você me mataria de verdade e nem você achava isso de mim, Helena. Era só implicância.

— Só que agora, nossas mortes podem ser reais. Mesmo assim, ainda sonho com minha aposentadoria.

— Trinta e nove anos não é uma idade de aposentadoria na maioria dos países.

— Em nossa profissão ninguém se aposenta muito mais tarde, concorda?

— Bem, considerando que a maioria de nós começou essa vida com quinze ou dezesseis anos…

Permaneceram em silêncio algum tempo e Isadora começou a reparar em Helena, pendendo a cabeça de lado. Espremeu os lábios, engolindo a saliva que se acumulou, quando a visão chegou à boca de sua ex-mentora. Tinha vontade de abraçá-la e beijá-la. Desejava confortá-la, bem como se confortar. Um dia essa “queima de arquivo” ocorreria com ambas, apenas não acharam que aconteceria tão cedo.

Helena elevou a cabeça, que estava ligeiramente baixa, equiparando suas alturas e pôde ver a expressão afetuosa da outra. Sua ira com a situação era que, muitas de suas agentes poderiam morrer para que a agência pudesse se livrar do “estorvo” de uma chefe antiga. Certamente a Alpha Dìon a considerava velha para o trabalho. Esse era o único motivo que Helena imaginava para uma conduta e ação, como aquela, por parte da agência.

— Vem aqui.

Helena tomou o primeiro passo, abraçando a outra fortemente. Escondeu o rosto na curva entre o pescoço e ombro de Isadora, aspirando o perfume cítrico natural. Elas não utilizavam perfumes ou sabonetes com aromas, e, o cheiro de banho de uma agente era puro.

As mãos começaram a se acariciar levemente no abraço e Isadora trouxe o rosto de Helena para que pudesse alcançar os lábios. Foi um beijo leve, a princípio. Somente um selar de lábios. A brisa noturna as embalava, propiciando uma aura de deleite terno e acolhedor. Helena foi a primeira a deixar que o momento de enlevo a tomasse, abrindo os lábios para que a língua amorosa de Isadora se introduzisse em sua boca e a arrebatasse. 

Embora a noite estivesse fresca, os corpos aqueciam no fervor do desejo e do beijo mais intenso. Ofegaram e quando se deram conta, se devoravam ardentes, como se o tempo parasse. Um assovio de coruja as assustou e elas se desapegaram, assustadas e alertas. Embaraçadas e prendendo o riso, tentaram voltar à normalidade, entretanto, viam no rosto da outra a chama de algo de outrora, que nunca se apagou.

— Vou entrar. Estamos em alerta.

— E eu vou dormir. Amanhã tenho que render você na coordenação.

Não houve despedidas. 

Isadora entrou na sala de controle, verificando as telas de vigilância. Sentia-se estranhamente feliz, apesar do passado, e Helena foi para o seu bangalô pisando em nuvens. Tinha conseguido chegar novamente ao coração da mulher que sempre amou.

— Algum problema, Chefe?

A voz da agente Ária a tirou da contemplação, irritando-a.

— Não. Volte a dormir.

Decretou, secamente.

  •  

— Lavínia.

— Na escuta, Allie.

— Estou vendo um movimento estranho na mata, próximo a base do vulcão, logo atrás de vocês.

— Entendido.

Allie se colocou de costas para a enseada, observando com o binóculo onde Liv havia descrito. Não via nada, contudo, ela sabia que se uma outra agente a alertou, não podia desprezar. Estava deitada na borda do escarpado e virou novamente de frente para a enseada, pegando o tablet de vigilância. 

Tocou em um ícone e um pequeno e um mosaico se abriu, mostrando diversas telas das câmeras que estavam espalhadas pela enseada e mata. Selecionou uma delas e a imagem se abriu, tomando todo o visor. Logo abaixo, ela acionou outro ícone e deslizou o dedo no desenho, fazendo a câmara se movimentar para o lugar que ela desejava observar.

Fez esse procedimento com mais duas câmeras próximas ao local do alerta e em uma delas encontrou um felino se alimentando de uma caça. Allie relaxou um pouco e tocou seu ponto auricular.

— Liv…

— Na escuta.

— Parece ser somente um animal noturno que está se alimentando. É uma onça… pantera, sei lá. 

— Entendido. Mesmo assim, rastreie em volta.

— Já estou fazendo.

— Menina esperta.  

Lavínia implicou com a outra.

— Ei! Quem é da equipe da chefe sênior?

— Bom ponto. Mesmo assim, não quer dizer que seja melhor, só que está a mais tempo do que eu. 

— Tá me chamando de velha, por acaso, Liv?

— Não falei isso… 

Lavínia riu e as duas desligaram, voltando a se concentrar em suas atividades.

  •  

O dia passou normalmente e Helena não teve mais alertas. Ela coordenava as equipes de todas as áreas. A sala de controle estava sob supervisão de Datrea e ela entrou para ver como tudo estava funcionando.

— Alguma novidade?

— Nada, chefe. Tudo normal.

Assim que a subordinada respondeu, um alerta surgiu e a voz da IA tomou o ambiente.

— Um helicóptero se aproxima. O transponder o identifica como aeronave da Agência. 

Helena e Datrea se encararam, com a subordinada fazendo um barulho de muxoxo. 

— Você tem que se benzer. Parece que atrai problemas, chefe.

— E você anda muito abusada.

Helena respondeu, sem dar muita importância. A brincadeira descontraída entre elas não tirava o ar de preocupação. As duas observavam o aparelho se aproximar e Datrea iniciou o contato de protocolo. Conseguiu a identificação do transponder.

— Aeronave NYK 362, identifique seu status.

Aqui é a aeronave NYK 362 da Alpha Díon, transportando os coordenadores da equipe Hiena e materiais. Pedimos autorização para pousar.

Helena meneou a cabeça, autorizando e saiu da sala para subir até a entrada.

— Contate Isadora, Datrea. Ela já deve ter acordado. Diga para nos encontrar lá em cima.

Ordenou, antes de ultrapassar a porta.

— Entendido.

Ária estava no turno do dia e se encontrou com Helena, assim que ela subiu. Já havia recebido as informações da sala de controle.

— Boa tarde, Helena. Estamos monitorando o helicóptero e Datrea já nos enviou o aviso.

— Perfeito. Vamos ver o que trouxeram para nós. Abra o galpão, escolha duas agentes e venha comigo também. Assim que passarmos para área de pouso, mande fecharem.

Ária estranhou a ordem, mas não contestou e deu as diretrizes para as agentes da portaria. Isadora acabava de chegar e se juntou ao grupo. Saíram do galpão e imediatamente os portões automáticos se fecharam atrás delas. O helicóptero começou a baixar no heliponto, porém ainda não havia tocado o solo. 

— Posição de defesa em “U” para abordagem de aeronave.

Isadora ordenou e imediatamente as agentes da equipe Cymorth se posicionaram com as armas em punho, incluindo ela mesma e Ária. A única que se adiantou para receber a equipe da Agência foi Helena. Os coordenadores desceram do helicóptero de carga para encontrá-las e Cooper franziu o cenho.

— O que é isso, Isa?

— Isso o que?

— Estão nos tratando como pessoas suspeitas?

— Estamos seguindo todos os protocolos. Vocês, mais do que ninguém, deveriam saber que faz parte da segurança.

— Elas estão certas, Cooper. — Henrique concordou. — Sempre orientei Helena para manter todos os protocolos de segurança. 

— E eu obedeço.

O tom da chefe sênior não continha qualquer cinismo, o que não era novidade. Mesmo que fosse ironia o que falava, Helena não deixaria brecha para que houvesse discussão entre eles. 

— Consegui tudo que pediram. Vou pedir para descerem as caixas. 

Henrique autorizou alguns homens que estavam dentro do helicóptero a descarregar.

— Onde quer que coloque?

— Próximo ao portão de entrada, Henrique.

Ele se virou para os carregadores.

— Ouviram a chefe. Coloquem os caixotes empilhados próximo ao portão.

Ele voltou a sua atenção para a chefe sênior outra vez.

— Como estão as coisas? Tudo certo para receberem o staff do resort?

— Com esse carregamento de hoje, estará tudo completo. Conseguimos montar a equipe adequadamente.

— Ontem até derrubamos uns drones. A lancha que veio fazer o reconhecimento não entrou em contato e os derrubamos.

Isadora comentou, esperando para ver a reação dos coordenadores.

— Lancha de reconhecimento?!

Henrique parecia verdadeiramente surpreso. 

— É. Saiu do outro lado da ilha.

— Deve ser da equipe do acampamento, Henrique. — Cooper se pronunciou. — Devem já ter montado o grupo de vigilância para o restante da ilha.

— Vocês chamam uma base militar inteira de acampamento?

— Como assim, Chefe Isadora?

— Ora, uma base militar é uma base militar. Galpão, agentes, heliponto, atracadouro, jipes, armas, lanchas, aeronaves…

Henrique diminuiu a importância da situação para não se complicar com as chefes.

— Bem, então a Agência está levando a sério essa missão, afinal. Ótimo!

— O que muito me intriga, Henrique, é que não nos comunicaram nada. Nunca estive tão às cegas em uma missão quanto agora!

— É uma operação diferente, Helena. Uma experiência que nunca tivemos. 

— Mesmo assim, não gosto de surpresas. Saiba que seguirei todos os protocolos de segurança e se alguma lancha aparecer no meu radar sem se identificar, abaterei. Quase fiz ontem. Agradeça a Isadora por não ter matado agentes nossos.

— Pode deixar, Helena. Vou verificar e entrar em contato com a base.

Despediram-se e Henrique estava furioso. Não era o combinado. Entrou no helicóptero, seguido por Cooper e os outros homens. Estava acabrunhado.

— Calma, Henrique. Devem ter tido motivos.

— Não me importa se tiveram motivos, Cooper. Quero saber de tudo que se relaciona com essa missão e não está acontecendo! — Falou irritado. — E se Helena tivesse abatido a lancha? São desmiolados ou o quê?

A equipe da enseada viu o helicóptero alçar voo e só depois Isadora deu ordem para que abrissem os portões do galpão de entrada.

— Vamos lá, pessoal! Peguem uma empilhadeira e levem esse material para dentro, o mais rápido possível. — Virou-se para Ária. — Abram as caixas e verifiquem possíveis rastreadores ou escutas. Pedirei para Talíria subir com uma equipe para auxiliar na inspeção.

— Se me permite, chefe… Poderia pedir para alguma especialista em armamentos vir também? É para verificar se há armas violadas.

— Perfeito. Bem pensado, Ária.

A agente Cymorth fez um aceno e foi coordenar a equipe para o remanejamento do material. Isadora se virou para seguir Helena, se maldizendo mentalmente.

Merda! Merda! Merda!

— Por que está com essa cara? Nosso encontro com eles não foi tão mal, Isa.

— Não é isso. Acho que estou amolecendo.

— Por que diz isso?

— Acabei de elogiar Ária por uma sugestão feita.

Helena riu. Caminhavam em direção ao elevador.

— Está comprando a historinha triste dela, Isa?

— Pode sacanear. Eu mereço.

— Para com isso, Isa. — Helena falou com um sorriso discreto nos lábios. — A verdade é que nossa formação é feita para incentivar boas práticas, tanto quanto endurecer na hora das falhas. Posso te assegurar que certamente chamaria a atenção dela, caso falasse algo inadequado.

— Não importa. Não quero dar espaço. Foi ela quem caiu de paraquedas aqui e não quero confiar. É uma questão de sensatez.

Elas desceram para a enseada. O dia estava lindo, com o sol quente e a brisa fresca que trazia o aroma do mar, da montanha e dos coqueiros. 

— Eu bem que moraria num lugar como este na minha aposentadoria.

— Ah! Não sou somente eu que tenho pensado nisso!

— É claro que não. Por que acha que só você teria essa perspectiva de vida?

Ambas pararam apreciando a paisagem. Era um lugar magnífico. Se entreolharam e suspiraram juntas.

— Vamos ao planejamento para amanhã.

— Certo, mas quero ter um escritório só nosso para avaliar o que temos em mãos. Gosto de ter paz, sem ninguém opinando. 

— Estava pensando no mesmo, Isa. Que tal a antiga sala de controle?

— Pensei em algo mais reservado, sem chamar muito a atenção.

— O seu quarto no bangalô?

— É realmente um lugar atrativo, mas… acho que a cama me distrairia com você por perto. 

Isadora soltou a frase rindo e recebeu um empurrão de ombro. Não acreditou no que viu. Helena havia ficado rubra. 

— Vamos para o bunker das armas que achamos. Faremos de lá nosso complexo de articulação.

— Bem pensado, Isa, mas não acredito que Annan não saberá onde estaremos.

— Estou por aqui, chefes, mas se quiserem, podem travar meu áudio para ficarem à vontade. Infelizmente não posso deixar de ser o que sou. Mas, podem controlar o que ouço e não saberei o que fazem dentro do bunker. Não há câmeras lá dentro.

— Annan, proíbo você de dizer nossa localização, até que autorize o contrário.

— Ordem atendida, chefe Isadora. 

— Trave o seu áudio a partir do momento em que entrarmos no bunker, exceto em necessidades extremas.

— Especifique as necessidades, chefe Helena.

— Alertas de invasão, acidentes com perigo de morte e…

— …Situações que sugiram atenção de suas funções. 

— Exatamente.

— Entendido, chefes. Assim que ultrapassarem a porta do bunker, inicio os protocolos.

Elas caminharam para a entrada e observaram se havia alguém por perto. Destravaram e entraram.

— Fico imaginando o que eles querem com um local como este.

Helena ficou muda diante da observação da companheira de chefia. Ela também queria muito saber quem estaria por trás de tudo aquilo.



Notas:

Oi, pessoal!

Feliz 2024! 

Como falei na outra semana, fui eu quem fez as festas de fim de ano da minha família e acabei me enrolando. Mas agora, acredito que estarei mais calma para postar.

Espero que tenham tido uma passagem de ano maravilhosa e que 2024 seja repleto de alegrias!

Um beijão!




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2 Respostas para Capítulo 8 — Visita Surpresa

  1. Oiee, Bi!!! Tudo bem??? Tudo ótimo por aqui!!
    Espero que tenha passado uma boa virada com sua família que inclui tb sua esposa!!

    Eita que a coisa tá tocando boa!!!
    Essa IA, n Sei, será que é totalmente confiável? Realmente, como Isa disse, ela poderia Ter visto algo e n comentou…..
    Cooper com seus segredos. Louca de curiosidade pra saber o que tá passando do outro lado da ilha e que estavam tentando fazer…Helena deveria Ter aniquilado uns, só como aviso….
    Ária tb ainda n tenho total confiança….

    Ao contrário de Black que tem uma boa hipótesis, acho que Cooper n faria isso com elas. Ao menos Henrique,pelo que vi, n….mas nunca se sabe… porém abateriam a equipe inteira. Que é a melhor, n teria sentido….

    Mas querem encubrir algo, então inventaram essa coisa de ensaio fotográfico e seguranças….e talvez necessitem delas tb, mas sabem que elas seguem os protocolos e n faria tal coisa, por isso deixaram elas a cegas…deve ir por aí…cheia das hipótesis

    Bem, ansiosa pelas novidades!!

    lindo finde pra vcs!! Beijão

  2. Que 2024 traga coisas melhores para todos nós!

    Analisando toda essa situação, fico pensando que esse trabalho é a maior queima de arquivo da agência. Mas esse mulherada não é de brincadeira, vai ser ruim de derrubar kkkk

    Beijos Carol

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