Após conversarem, Fira foi se banhar e depois, foi até a sala de jantar. Viu que os serviçais já estavam colocando a mesa e se dirigiu a uma delas.
— Deixem algum alimento aqui, para a nossa hóspede e enviem dois pratos, comida e vinho para o quarto de lady Ro… Milady. – Interrompeu a frase, vendo que Divinay entrara na sala.
— Não vai jantar comigo?
Divinay perguntou. A rebelde andava com dificuldade, mas pelo visto, apressou-se em conhecer o local onde havia sido presa.
— Infelizmente não posso. Tenho alguns assuntos a resolver, principalmente relacionados ao nosso acordo. O tempo urge e você sabe disto. – Lady Fira dispensou as serviçais, antes de continuar a falar. – Quanto antes soubermos onde a princesa está presa, mais chances temos de que o plano dê certo.
— Você me impediu de ir para o lado de fora e me impediu de andar por algumas partes deste castelo.
— Sem ofensas, Divinay, mas não quereria que expusesse a mim e nem o lugar onde costumo ter a minha segurança. Lembre-se que sou a duquesa e como tal, tenho inimigos. Minha posição não é nada confortável. Amanhã você estará livre e pode se esconder onde quiser, eu não. Tenho somente o castelo de Líberiz para morar, onde todos me conhecem e, responsabilidades públicas a cumprir.
— É, eu entendo. – Divinay sorriu sem jeito. – Eu nunca me coloquei no lugar de alguém como você.
— Mas você se colocou no lugar do povo. – A duquesa confortou-a. – Talvez seja essa interseção de que precisamos para fortalecer o ducado. Você entender mais o que se passa do lado de cá e eu, entender o que se passa verdadeiramente com o povo.
Divinay sorriu constrangida outra vez. Lady Fira era uma mulher diferente da imagem que sempre tivera. Mesmo tendo sofrido aquelas agressões pela mão da duquesa, sabia que milady poderia tê-la matado e não o fez. O seu entendimento político era diferente do entendimento da soberana. As ações e a forma como lidavam com as mesmas questões, também. Sempre estiveram em lados opostos, todavia, viu que seus objetivos eram os mesmos. Apenas não podiam agir da mesma forma.
— Perdoe-me por como a tratei, lady Líberiz. Eu não tive bom senso ao me aproximar e, do jeito que me dirigi à senhora.
— Como disse a Bert, lá na casa dela não estava como a soberana do ducado. Estava como amiga. Não tinha por que me tratar diferente.
— Eu sabia quem era, duquesa.
— Por favor, aqui é meu refúgio. Me chame de lady Dotcha. Não existe a duquesa Fira Líberiz aqui e se perguntar a qualquer um por este nome, rirão na sua cara.
— É. Havia me falado sobre isso antes. Foi só esquecimento.
— Não tem problema, mas acostume-se.
— Como eu dizia, não pretendia ser abusada, só que… talvez tenha me envaidecido por ver que estava me correspondendo.
Fira deixou escapar um sorriso de compreensão. A verdade é que Divinay era uma mulher atraente. Se lady Fira não estivesse em um reboliço pelo que estava vivendo com a princesa, talvez em outra época a rebelde teria lhe chamado a atenção. Apenas assentiu num gesto com a cabeça, tranquilizando a outra. Se distanciou da rebelde a passos calmos na direção da porta.
— Não se desculpe. Você é uma mulher muito interessante, Divinay, apenas estou presa a outros anseios no momento.
Falou, antes de ganhar o corredor de acesso ao quarto da princesa. O que disse para a rebelde estava a incomodando. Queria que fosse uma mentira, entretanto, sentia como se estivesse perdendo uma luta para coisas que insinuavam dentro dela.
Caminhou tranquila, vendo as serviçais levarem a comida que pedira para o quarto de Rogan. “Não sei se gosto de chamá-la de Rogan, ou Cécis….Não sei qual eu mais gosto.” Pensou, enquanto retardava o passo, até que tivessem preparado tudo no quarto da mulher que começava a lhe tirar o equilíbrio.
Antes de deixar a mensagem no quarto da estalagem, Fira vigiou a princesa de perto, durante os meses que sucederam a morte de seu pai. Ela sabia que depois da morte de Virtus Liberiz, a vida se complicaria com o ducado de Cárcera. Ivanir nunca investiria, acintosamente, contra o duque de Líberiz. Não tinha força política, apesar de desejar imensamente aquilo.
No entanto, quando o duque morreu, Fira seria uma quebra de forças e uma fraqueza para o próprio ducado. Tinha certeza de que Cárcera investiria e tomou a decisão de se aproximar da princesa irreverente. Só não contava em encontrá-la em locais como aqueles, onde pessoas de todos os tipos se misturavam.
Mandou espionar Cécis e mapeou suas ações. A princesa, uma vez por semana, conseguia sair do castelo de Alcaméria, acobertada pela coronel e guarda pessoal. Fira não sabia como a nobre conseguiu fazer com que a coronel Aneirin fosse tão leal, a ponto de esconder as fugas. A guarda pessoal não era isenta. Ela participava das diversões, tanto quanto a princesa. Contudo, Cécis não pensou muito, diante da proposta de Fira.
A própria Cécis armou para que sofressem a emboscada, pedindo apenas que a guarda não fosse morta ou ferida, e que fosse liberada para contar como foram pegas. Na noite do sequestro, a dúvida havia sido lançada sobre Cárcera. Nenhum dos agressores tinha qualquer uniforme. Era como se fossem rufiões na estrada, mas um único homem se escondia entre as árvores, como se estivesse à espreita. Ele estava com o uniforme de Cárcera e se deixou ver pela coronel, antes que a desacordassem.
“Será que Cécis sente falta dessa vida que levava?”
Deixou que as serviçais saíssem para bater na porta. Esperou Cécis a autorizar para entrar, mas foi surpreendida pela outra, abrindo a porta para ela.
— Entre. Não pensei que enviaria o jantar para cá. Gostei.
A princesa afirmou, dando passagem à duquesa. Estava com uma calça negra lisa, com frisos bordados em fios prata nas laterais. Fira a olhou apreciativa. A camisa branca por baixo da casaca negra, também bordada nos punhos e na lapela, com os mesmos desenhos dos frisos da calça, fizeram com que Fira se sentisse lisonjeada e exultante. Estava claro, pela forma elegante e esmerada com que se vestiu, que Cécis queria lhe agradar.
Lady Líberiz não deixou por menos. Colocou um vestido de festa da corte, na cor creme, também bordado, porém os fios eram na cor dourada. A intenção das duas não estava distante, uma da outra. Sorriram, vexadas pela situação.
Pensaram da mesma forma. Queriam se mostrar e seduzir. Cada uma a seu jeito. Fira, uma mulher objetiva e que nunca se imaginou tentando agradar a alguém; e a princesa, dentro do turbilhão de imposições e obrigações que demandavam dela, sequer pensou em algum dia, se interessar por qualquer nobre.
— Em algum momento, espero oferecer um jantar realmente digno.
Falou a princesa, tirando as duas das contemplações.
— Um dia, quem sabe, ainda a receba em Líberiz com as devidas pompas, minha alteza.
Fira respondeu com um pequeno cumprimento e um sorriso mais aberto.
— Agrr! Não fale assim que me sinto uma idiota.
Riu a princesa, recebendo outro riso em troca.
Já dentro do quarto, Cécis colocou vinho em dois cálices, oferecendo um deles à duquesa. Bebericaram mudas, tentando entender o que estava acontecendo, pois as duas estavam perdidas. Procuravam explicações para o que se passava e o que sentiam.
— Não acho que deva renegar quem é. O reino e o povo não têm culpa pela forma que seu pai o conduz. Meu pai sempre disse que o rei, pai do seu pai primou pelo bem e fortalecimento do reino, embora as ações dele, por vezes, fossem radicais e desastrosas.
Fira comentou, diante do desagrado que a princesa esboçou pelo jeito como se referiu a ela.
— Por que está falando isso agora?
Fira a encarou. Antes de conhecê-la, tinha uma ideia bem diferente sobre a princesa e toda a situação. Tentou explicar a mudança de como pensava em relação ela.
— Porque achava você uma mulher libertina e descompromissada com qualquer coisa. Acreditava que não tinha senso de responsabilidades pelo seu povo. Isto antes de te conhecer, é claro. Você pensa muito mais em seu povo do que seu pai.
— Ora, Fira, eu queria largar Alcaméria e deixá-la, segundo as vontades dele! – Falou colérica. – Eu seria uma porcaria de governante. – Decretou.
— Não é verdade. – Fira se aproximou. – Você queria se distanciar de algo no qual não via solução. Apenas vislumbrou uma forma de sair dessa armadilha que o destino lhe imputou. Você é uma mulher inteligente e preocupada. Certamente seria muito melhor no trono de Alcaméria que o rei Deomaz.
— Mesmo que os novos planos deem certo, Fira, não tenho grandes esperanças de subir ao trono. Para isto, precisaria que meu pai modificasse as leis do reino e implicaria que os ducados concordassem. Só Líberiz mudou a forma de acessão ao governo interno. Você, bem sabe, que isso faz com que Líberiz fique numa situação delicada, perante os outros ducados.
Fira olhou para o tom rubro de sua bebida, se perdendo em pensamentos. O silêncio envolveu o quarto por instantes e, por fim, falou:
— É um começo. Não vou dizer que é fácil, mas eu não ficaria de braços cruzados, vendo tudo ruir. Todos acham que meu pai matou minha mãe quando nasci. Pelos anos que convivi com ele, posso dizer que é uma grande mentira. Ele se esmerou em cultivar a memória de minha mãe, dentro de meu coração. Um homem que matou a própria esposa não perderia tempo com isso. Me educou para assumir o governo e não aceitava que isto não ocorresse, somente pelo fato de que eu fosse mulher.
— Fiquei curiosa quando adotou o nome Dotcha, aqui, mas não queria mexer em feridas. Achava que era porque tinha se ressentido com meu avô e com o reino. Não conheço a sua história propriamente dita, mas sabia da história que envolveu Dotcha. Muitas vezes me perguntei se você não confiava em mim por conta do que meu avô fez.
A Duquesa e a princesa entravam por caminhos que machucavam ambas, mas não perceberam, até que verbalizaram suas angústias e frustrações.
— Eu nunca tive nada pessoal contra você, Cécis.
O fato de Fira ter chamado a princesa pelo nome real, de forma seca, fez com que chamasse atenção dela. Ali, estava a prova da mágoa contra a sua família.
— Entendo…
A princesa retrucou a olhando inquisitiva, levando Fira a sacudir os pensamentos. Ela se ressentia contra o avô e o pai de Cécis sim, mas não contra as princesas. Nunca estendeu essa mágoa para a linhagem do rei, principalmente, por saber que ele havia atentado contra a própria família.
— Desculpe se expressei dessa forma, talvez pela mágoa que trago em mim, por seu avô e pelo seu pai. No entanto, é verdade que nunca levei esse sentimento ao resto de sua família. Também não sei o que aconteceu com a sua mãe e a sua madrasta, mas as pessoas falam coisas por aí. Acho que me colocava, um pouco, no seu lugar e de suas irmãs, pelo que ocorreu com o povo de minha mãe e por conta dos boatos em relação a vocês.
— Certo.
Era a vez de Cécis se perder na cor intensa do líquido da taça que trazia nas mãos.
— Vou lhe contar uma coisa. Meu pai jurou, até mesmo para nós, que a minha mãe o havia traído. Eu tinha cinco anos, apenas, quando isso aconteceu. Cresci com revolta dentro de mim, pois minha mãe era uma mulher doce e submissa. Fazia tudo que ele queria e nos dava todo amor que podia. – Olhou novamente o cálice, tentando arrumar os pensamentos. – Normalmente isto não acontece numa casa real. Nós princesas, somos criadas por amas, mas minha mãe não era assim.
— Ela era carinhosa e zelava por vocês.
— Sim. Ela nunca deixou nossa educação por conta de empregados. Sem achei pouco provável que tivesse acontecido o que meu pai falou, até que com quinze anos, conheci um homem que foi um dos maiores conselheiros de Alcaméria. Misteriosamente ele havia sido afastado, depois que minha mãe foi enforcada. Este homem estava morrendo, quando o conheci. Ele me garantiu no leito de morte que minha mãe era inocente e acredito nele. Mesmo que ela tivesse traído meu pai, não lhe condenaria, pelo simples fato de saber o jeito que o rei Deomaz a tratava. Mas sei hoje, que ela aturou seu fardo, sem reclamações.
— Então me responda, Cécis, não acha que deva lutar pelo trono? Não acha que seria melhor governante que seu pai?
— Meu pai, com certeza, é o maior idiota que já conheci e o mais inescrupuloso, também. No entanto, conheço minha condição. Mesmo sabendo e até se conseguisse comprovar as ações atrozes dele, não teria força política. Não amo meu pai. Ele nunca nos deixou amá-lo.
Fira deixou o cálice em cima da mesa e se aproximou de Cécis. Mirou-a diretamente e estendeu a mão, acariciando o rosto alvo. Admirou os cabelos curtos e assanhados e, falsamente rebeldes. Ela era delicada, mas nunca se permitia a isso. Aquele rosto, cuja tez suave contrastava com as linhas angulares dos maxilares, expressavam uma beleza singular. Os olhos num brilho intenso, traziam um ar de falsa inocência. Fira fora capturada por eles, no mesmo dia que se viu diante dela na estalagem. Infelizmente teve que escapar, não podendo fazer o que agora se permitia, que era contemplá-los diretamente.
Delicadamente, resvalou a mão para a nuca, fazendo um carinho na parte de trás do pescoço. Cécis fechou os olhos, aceitando a leve carícia e o prazer que a mão da duquesa lhe proporcionava. Sentiu os lábios serem cobertos pela boca de Fira e cingiu a cintura dela com as mãos.
A princesa acariciou as laterais daquele corpo que, em pouco tempo, fez com que perdesse o controle das próprias ações. Entreabriu os lábios e deixou que a língua procurasse o gosto do vinho, juntamente com a língua da outra.
As duas se abraçaram e em poucos segundos, permitiram que o beijo se tornasse devorador. Se espremiam, deixando que as pernas se entremeassem e sentissem o calor do contato.
Fira era uma incógnita para a princesa e, lady Líberiz sentia o mesmo em relação a Cécis. Separaram-se e se encararam por um tempo, atônitas pela intensidade com que se deixavam levar nos lábios e toques da outra. As duas riram incrédulas, ainda dentro do abraço.
— Será que não vai diminuir?
Perguntou Cécis, ainda rindo, se referindo a forte reação do corpo de ambas, que respondia a um simples beijo.
— Não sei. Espero que não.
Respondeu Fira, saindo do conforto dos braços da princesa, dando-lhe um breve sorriso. As duas caminharam até a mesa, posta com o jantar e Fira se adiantou, puxando a cadeira para que Cécis sentasse. Esta gargalhou, diante da situação. Sempre fizera esta gentileza, pois tomava uma posição ostensiva em relação as suas conquistas. Diante do sorriso cínico de Fira, vira que as ações, tanto de uma quanto de outra, eram sempre enigmáticas para ambas.
Naquela hora, beiravam a ridicularidade, diante das vestes que assumiram para aquele encontro. Cécis não deixou de se render a amabilidade dos gestos de Fira, mesmo levando no traje elegante, uma roupa em corte nitidamente masculino. Em contraponto, a duquesa em uma vestimenta impecável e feminina, transformou aquele galanteio, em algo sutil e delicado. A princesa se sentou um tanto constrangida, mas divertida com a situação.
Fira se adiantou para se sentar de frente para a princesa. Era verdade que havia feito o gesto para provocá-la e, colocar a conversa pesada que tiveram anteriormente num limbo, do qual sabia que resgatariam em outra hora. “Quero me sentir bem. Quero que ela faça amor comigo como na outra noite…”
E com esses pensamentos, Fira conduziu o jantar, brejeira e bem-humorada. Quase ao final, Cécis lhe perguntou algo, que fez com que pensasse se acaso a princesa estaria alimentando algum sentimento por ela. Incrivelmente a duquesa se sentia calma e leve, ao lado daquela mulher de cabelos curtos e gestos seguros. Evidente que na medida do possível e diante da situação em que elas se conheceram. Chegava a pensar se não poderiam estreitar mais esse relacionamento que, por enquanto, era pautado em segredos e conspirações políticas.
— Fira, quantas mulheres já teve em sua vida?
Perguntou a princesa antes de levar uma garfada à boca.
— Se atreve a me perguntar isso?
— Não precisa me lembrar que conhece minha vida e minhas experiências. Não perguntei como crítica. É apenas uma curiosidade.
Respondeu contrariada, pois sabia que não conseguiria apagar o passado e nem como Fira a conhecera. A duquesa percebeu o incômodo de Cécis, ao respondê-la. Em absoluto criticava a vida dela e viu que, mais esta provocação na conversa, colocou uma virgula de insatisfação no rosto da outra. Baixou seus talheres no prato e a olhou.
— Algumas. Não tenho nomes para lhe dar, porque nunca fui para a cama com uma mulher conhecida. Procurava mulheres e homens dentre o povo, para uma noite só. Minha vida sexual não era muito diferente da sua, Cécis. Só nunca procurei em tabernas e não com tanta frequência.
Elevou uma sobrancelha e exibiu um sorriso, não conseguindo se conter num comentário debochado.
— Muito, engraçadinha. – Repreendeu a princesa. – Pois saiba que “Lady Rogan” é uma lenda entre as mulheres de vários reinos.
Respondeu a provocação de Fira, no intuito de contrariá-la. Cécis sempre teve em mente em não expor este lado controverso dela em Alcaméria. Tentava preservar o mínimo de decoro na corte, mas também, não se envergonhava do que fazia. Como já dissera uma vez para Fira, considerava muitas mulheres que encontrou nesses lugares, mais honradas do que a hipocrisia de outras tantas de “boa família” que conhecia.
— Espero que me mostre essa noite, o lado de “Lady Rogan” que a transformou nessa lenda.
Respondeu Fira, sem nenhum traço de contrariedade, no entanto com um sorriso insinuante no rosto.
“Pelos Deuses! Essa mulher nunca para de me surpreender? Acho que me dei mal no dia que a beijei na tenda do acampamento. Me transformei num eterno desafio para ela.”
A princesa Cécis se incomodava com o fato de nutrir pela duquesa sentimentos mais fortes e desconhecidos. Para ela, parecia que a nobre estava apenas usufruindo de bons e prazerosos momentos e, nada mais. Parou, por instantes, e avaliou se queria se perder mais uma noite nas maravilhosas sensações. Se perder em desejos satisfeitos era uma coisa, mas será que conseguiria afastar seus sentimentos depois?
Fira era uma mulher controlada e demostrava isto, tanto em seus passos como estrategista, como na vida pessoal. Era como se para a duquesa, uma noite de prazer pudesse satisfazê-la momentaneamente e no dia seguinte, passasse para outra fase de seus planos. Ela abandonava a noite, pois havia atingido o objetivo, recarregara suas energias, e nada mais.
“ Eu mesma não faço isso? – Se perguntava. – Vamos ver lady Fira. Veremos se você é uma mulher tão controladora assim. Você não vai gostar só da minha cama… Não perde por esperar”
A princesa fez a promessa para si, em silêncio. Apesar de saber que os caminhos que pretendia trilhar com a duquesa poderiam ser perigosos, também não conseguia deixar de lado um bom desafio.
No fundo, sabia que este desafio era apenas um estimulante para o que queria alcançar. Mesmo com os inúmeros receios que rondavam a mente, desejava conquistar Fira, e que, seus dias felizes em camas ocasionais findassem. Queria algo mais estável e duradouro.
Não era amor, assim pensava. Entretanto, ter alguém em quem pudesse confiar e que gostasse do que fazia, parecia uma boa forma de aquietar. Olhou diretamente lady Liberiz e deu-lhe um sorriso misterioso. Levantou-se da mesa, seguiu se posicionando atrás da cadeira da duquesa. Colocou as mãos sobre os ombros dela e abaixou, aproximando o rosto dos ouvidos de lady Liberiz. Falou intimamente:
— Sabe Fira, eu gosto do seu nome em meus lábios, mas gosto de Dotcha também. Qual gostaria de ouvir de minha boca hoje à noite?
Depositou um beijo no pescoço da duquesa, próximo ao ouvido e escorregou suas mãos para frente do corpo, asilando-as nos seios que saltavam em copas no decote do vestido. Continuou depositando pequenos beijos sobre o pescoço e ombros, enquanto massageava os contornos do bojo sobre a veste. Assanhou com os polegares os bicos. Lady Fira prendeu a respiração por momentos, e soltou em seguida. Cécis sorriu, quando percebeu que a duquesa fechava os olhos e pendia a cabeça para o lado, facilitando a sua incursão. Voltou a lhe perguntar, pouco depois de lamber o lóbulo da orelha.
— Quer que eu lhe chame de Fira ou de Dotcha?
A duquesa, ainda de olhos fechados, levou um tempo até responder. Sabia que a voz sairia trêmula e não gostaria de denunciar seu estado de fragilidade. Era um poder muito grande que conferiria a Cécis. “Se controle, Fira. Se controle”. Estes pensamentos se misturavam ao de desejo de deixar que a outra comandasse o prazer que teriam naquela noite. Estava cansada. Queria deixar se perder e relaxar.
— Fira.
Tomou a decisão. Nunca fora chamada por algum amante pelo próprio nome. A princesa era diferente. Sabia quem era ela e compartilhavam segredos, muitos deles perigosos para ambas.
— Então venha. Se quiser pode me chamar de Rogan, ou Cécis. Fique à vontade.
Comandou Cécis, segurando as laterais do corpo de Fira, ajudando a se levantar. Colou imediatamente o corpo nas costas da Duquesa, conduzindo-a em meio a carinhos, até a borda do leito. Se aproximou do suporte do dossel da cama e fez Fira se apoiar nele.
Antes que Fira virasse totalmente de frente para ela, Cécis sacou a adaga que trazia numa pequena bainha na parte de trás da cintura e colou-a na garganta de Fira. A duquesa recuou, encostando o corpo na madeira dura do suporte do dossel. Com o coração acelerado, a expressão do rosto de Fira passou do espanto à decepção, em segundos. Trazendo a boca seca e a pulsação latejando na têmpora, ensaiou palavras que foram interrompidas por Cécis.
— Ah, a traição….
— Não, não. Não fale coisas das quais pode se arrepender, lady Fira!
Cécis escorregou devagar a ponta do punhal da garganta até peito de Fira, olhando o tórax da outra subir e descer arfante.
— Não fique com medo. Hoje não é um dia para dor. Confia em mim.
Pediu sorrindo de lado, reparando que os olhos de lady Liberiz espremerem em incompreensão.
— Olha nos meus olhos, Fira. Você confia em mim?
Da segunda vez não pediu para que Fira acreditasse nela. Questionou-a. Cécis não desviava o olhar e conseguiu vislumbrar um brilho novo nos orbes da amante. A duquesa abanou a cabeça, fechando ligeiramente os olhos e sorrindo, perguntou:
— Isso é um fetiche, Rogan?
Fira queria ganhar tempo. Não se convencera das boas intenções da outra, apenas pelo pedido de confiança, mas incrivelmente se sentia excitada e com uma vontade louca de ceder ao apelo da princesa. Era como se um macaquinho travesso, pulando em seu ombro lhe falasse ao ouvido: Deixe-a fazer o que quiser. Vai gostar!
— Sim e não, Fira. Sim porque é excitante ver você reagir a um confronto direto e não, pois não preciso de coisas assim para fazer a noite ser prazerosa.
— Então por que quer fazer algo assim?
Olhou para a mão de Cécis que segurava firme o punhal.
— E por que não? – A princesa sorriu.
“Pelos Deuses! Estou ficando maluca em permitir isto!” Fira travava uma batalha interna entre o seu desejo e a razão. Meneou a cabeça, dando permissão à princesa para fazer o que planejava, mesmo sem saber a real pretensão dela.
Cécis segurou a borda do decote posicionando o punhal entre os seios da duquesa. O metal frio em contato com a pele, fez com que, mais uma vez, o coração de Fira acelerasse. “Eu estou realmente louca!” Lady Liberiz pensou novamente, quando sentiu a umidade em seu sexo, denunciando o tamanho de sua excitação.
Os olhares se cruzaram novamente e Fira arfava. Cécis piscou. Ela poderia rasgar o vestido, sim, pois esta era a ação a se tomar com a adaga naquela posição, no entanto, também poderia simplesmente cravá-la no peito ofegante. Correndo o fio do punhal no tecido, lentamente a princesa o rasgou, deixando o corpo da Duquesa exposto. Jogou o punhal sobre a mesa, voltando a atenção para Fira.
A boca da duquesa encheu-se de água. A memória do som do tecido rasgado, aos poucos, e o corpo sendo revelado diante da companheira de cama, fez com que uma dor de prazer contraísse o ventre. O olhar de desejo de Cécis diante dela, afastando as bordas do vestido cortado, para terminar de despi-la, fazia a excitação aumentar assustadoramente.
Lady Liberiz não se reconhecia. Acreditava que pela primeira vez, alguém conseguiu chegar tão perto, a ponto de fazê-la se deixar conduzir sem grilhões no desejo. O vestido foi ao chão e, de repente, o rubor tomou a face, ao escutar a gargalhada estrondosa da princesa. Sim, Lady Liberiz sabia o porquê da reação da outra.
— O que pretendia fazer com isso, Fira?
Oláaa, cara, essas duas sao foda!! Cécis, é louca… e sao d8uias desconfiadas, maqs sempre disse a mais arrogante e durona, sempre é a mais sensível e carente, por isso necessita de máscaras, mas agora se danou toda…
Eu n li ainda, mas ela deve tá c um dildo? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Verei q porra ela tem pra outra falar isso!!
Que bom q voltou a trabalhar!!!!:)
Beijao
o que a Lady Fira fez?
Oi, Anônimo!
A pergunta melhor é: O que Fira leva com ela por baixo do vestido? rs
Daqui a pouquinho tem o desfecho. Já já vou postar! rsrs
Brigadão, Anônimo!
Bom domingo e uma ótima semana pra ti!
Beijão!
O que Fira tem sob o vestido?
Minha mente fértil está pensando em várias possibilidades, sendo que uma delas se sobressai. Será? kkk
Oi Fabi!
kkkkkk Ela tem algo que realmente não seria para se ter numa noite romântica. rs Hoje terá a revelação! rsrsrsr
Valeu, Fabi!
Um bom domingo e uma ótima semana!
Beijus!
Incrível como essas duas são, o quê que dona Fira escondeu, será o mesmo que ela?! Fora que ainda tem uma Divinay bem interessada na duquesa, Cécis pode muito bem não gostar muito disso, vamos agora esperar o próximo capítulo pra matar mais um pouco da curiosidade.
Tudo no seu tempo Carol 😘😘 boa semana
Oi Blackrose!
Acabei de responder seu outro comentário. rs Acho que exagerei, mas não liga, pois eu estava meio alterada por ler uma notícia que me indignou e aí fiz uma declaração e não um comentário. rs
Então, hoje vai haver a revelação do que ela tinha com ela. Já já posto. rs
Quanto a Divinay, ela pode vir a ser uma adversária para a princesa, pois gostou muito da duquesa e vamos combinar que Fira não é exatamente uma santa. rs
Obrigada, Blackrose e bom fim de semana e ótima semana pra você
Beijão!