Distâncias

Distâncias – Primeira Parte

DISTÂNCIAS

Parte Um

O planeta Tah`plox fora invadido pelos tartazianos, raça guerreira que precisa de energia para suas naves, coisa abundante naquele planeta, os cristais zorinios, encontrados em minas, facilmente manejáveis, para motores de bordo. Energia durável em um pequeno pedaço de cristal. Mas como invasores que gostam de aumentar seus territórios, sem se importar se alguém sofre ou morre, tinha inimigos incontáveis e quase nenhum tão pacato quanto o povo de Tah`plox. Espalharam com rapidez bases pelo planeta, para coleta dos cristais, mas não tiveram muito tempo para tal.

Os planetas do Consórcio de Defesa DTR (Dolgat, Troxoult e Roytex), inimigos ferrenhos e antigos, atacaram com naves poderosas e desembarcaram tropas suficientes para expulsá-los, já que os tartazianos agiam como ladrões. Atacavam povos mais fracos, pegavam o que podiam rapidamente e fugiam quando atacados. O Consórcio também tinha interesse nos cristais, mas não pretendiam dominar o planeta, e sim, fazer um acordo comercial eficiente. O povo foi libertado, não mais obrigado a agir forçadamente como mineiros e as bases, temporariamente, passou a ter novos moradores.

No entanto, o comandante, responsável pelas tropas em terra, Cel. Feldar, tinha seu interesse não comercial naquele local. Ele, seu subcomandante e dois capitães, todos de Troxoult, como a maioria dos novos forasteiros, mas eles gostavam de certas práticas, não moralmente aceitas, por guerreiros e principalmente em parceiros comerciais.

O ten. Slovax era um herói entre as tropas, já recebera várias medalhas por bravura e como estava se recuperando de um ferimento desta guerra, faria parte da Administração, por enquanto. O Coronel resolveu que ele teria que fazer parte de seu “seleto grupo”.

Várias mulheres, todas lindas, haviam sido selecionadas pelo Coronel e, por sua ordem, aprisionadas numa ala de seu QG, sem o conhecimento do Consórcio, ou de seus outros oficiais, principalmente capitães das outras bases de intercâmbio. O Coronel e seu grupo com o ten. Slovax junto, este sem saber o que estava acontecendo, no final do dia, foram para a ala onde estavam as prisioneiras. Guardadas e alimentadas por um pequeno número de soldados, sobre os quais o Coronel tinha controle, ou porque lhe deviam algo, ou porque tinham alguém na família que ele poderia prejudicar. Portanto não tinham saída. Obedeciam-no.

Entraram no local onde havia 12 mulheres e o tenente assustou-se.

– Coronel! O que é isso? Nós não fizemos prisioneiros.

– Ora, tenente! É só uma compensação. Escolha uma. Ninguém vai saber. E lembre-se, se você não quiser, será uma a mais para nós e de qualquer forma não falará nada, porque se falar, diremos que você deu a ideia. Na realidade, como está trabalhando aqui, acabaria descobrindo; então aproveite.

Slovax sentiu vergonha de seus superiores. Olhava para as mulheres e não sabia o que fazer. Seu olhar cruzou com o olhar de uma delas e ele sentiu-se pior, queria conhece-la fora dali, em circunstâncias normais. Tinha que pensar rápido.

– Somos cinco, pra que tantas?

– Pra variar! – Riram e responderam em uníssono.

– Mas, senhor, não sabemos muito sobre esse povo. Podemos ficar com uma, dominá-la e, se tiver alguma doença e a gente ficar trocando, pode se espalhar. Pelo menos, até as conhecermos bem.

– Tenente, até que você tem cérebro. Eu acho que vou ficar umas noites com essa.

Estavam com o tradutor ligado. As mulheres estavam, em sua maioria, apavoradas, algumas não acreditavam, mas aquela que o Coronel escolhera, estava com raiva.

– Tire suas mãos nojentas de mim, seu porco. O que você está pensando em fazer, só se eu estiver morta?

O Coronel deu-lhe um forte soco no rosto e ela caiu desmaiada. Ele riu e escolheu outra, que não teve a mesma coragem.

– Tenente, como você é novo nisso, pode escolher antes dos outros.

Ele olhava, tentando parecer à vontade. Olhou novamente para aquela do olhar, aproximou-se dela e tentava dizer com seus olhos fixos nos dela “por favor, confie em mim”.

– Tem bom gosto, filho. Pessoal, escolham bem, pois vão ficar com a mesma por, pelo menos, uma semana.

Slovax levou-a para seu alojamento, trancou a porta, correu para o banheiro e vomitou. Ela o olhava da porta.

– Desculpe, nós não somos assim, não somos como eles.

– Por isso seus olhos estavam tão desesperados, totalmente em desacordo com a atitude de seu corpo!

– O que é que eu podia fazer? Isto não pode estar acontecendo. Olha, quando voltar pra lá, por favor, aja como as outras, não conte pra ninguém a meu respeito e quando eu falar com você, finja que tem medo de mim.

– Entendi.

Andou pelo quarto até de madrugada. Desarranjaram roupas e cabelos e ele a levou de volta. Conseguiu dar um cochilo de umas duas horas e teve que se apresentar para o trabalho. O dia todo seu cérebro dava voltas e não conseguia uma saída. À noite, o ritual se repetiu.

O Coronel aproximou-se da que o desafiara.

– Então, mocinha. Está mais calma hoje? Venha até aqui.

Ela se aproximou, olhando-o com ódio.

– Beije minha mão e venha com a outra para o meu quarto.

Ela encarou o sorriso no rosto dele e mesmo com o rosto inchado, cuspiu, acertando-o na face. De imediato, ele socou seu abdômen e jogou-a em seguida no chão, puxando-a pelos cabelos, deixando-a contorcendo-se e tossindo.

Slovax e Tanid entraram no quarto. Ele ficou parado de pé a mão na boca e ela sentou-se na cama.

– Ele vai matá-la se ela continuar desafiando-o.

– Então é provável que ela morra em breve. Nantani não vai obedecê-lo nunca.

E mais um dia e nova noite. A mulher que um dos capitães escolhera, estava como catatônica. Slovax não sabia se era pelos maus tratos, ou se sua mente surtara. A do major, estava obviamente machucada. O Coronel mandara o recado pra ele ir ao alojamento. Ele não viera. No quarto, Slovax chorou. Tanid afagava-lhe a cabeça. Quando parou, conversaram.

– Hoje ouvi a conversa de um soldado com o capitão, dizendo que tem mais mulheres presas lá embaixo. Existe algum lugar onde elas possam se esconder por uns dias?

– Tem sim. Você vai se arriscar?

– Faça um mapa. À noite não vai ter guarda lá. Não podem deixar os outros perceberem. Eu tenho cópias das chaves. Vou tirá-las de lá agora.

Ela fez o mapa. Ele escalou a parede, saindo pela janela, descendo por uma saliência de tubulação. Chegando ao local, abriu as portas de algumas pequenas celas, onde havia 8 mulheres, acordou uma, tapando-lhe a boca enquanto punha um dedo da outra mão sobre os próprios lábios, indicando que fizesse silêncio. Ele ficou vigiando e ela acordou as demais. Ele mostrou-lhes o mapa, duas sabiam o que era, conheciam o local. Mostrou-lhes como sair da base e voltou para seu quarto, fazendo o caminho inverso. Ao chegar foi abraçado.

– Obrigado!

– Pelo abraço? É de agradecimento.

– É obrigação minha salvá-las.

O Coronel costumava visitar as outras bases, mas por causa das mulheres, mandou o tenente a uma base que estava com um pequeno problema de alimentação, pra resolver se possível, ou trazer-lhe todos os dados. Slovax foi apreensivo, se teria alguma mudança com as mulheres, principalmente com Tanid, se ele não conseguisse voltar até a noite. Foi obrigado a ficar lá durante a noite, pois o problema fora de documento de recebimento com o local de armazenamento. O encarregado recebera, guardara e fora transferido para outro planeta. Foi questão de conferir e descobrir onde ele guardara, pois seu sistema era esquisito. Tiveram que vasculhar e contabilizar pela base toda.

Enquanto todos se empenhavam na busca, Slovax, pela primeira vez, teve alguns minutos de liberdade, junto ao setor de comunicação e enviou uma mensagem.

No dia seguinte, ao retornar ao QG, foi elogiado pelo Coronel por ter resolvido o problema. À noite, o Coronel não foi à ala das mulheres, novamente mandou que ela fosse até ele. Slovax estava enojado em ver a situação moral e emocional daquelas mulheres. Agradecia por Tanid ser boa atriz, mas estava acabando o prazo que o Coronel dera de uma semana, aceitando a única ideia que tivera para evitar que todas sofressem mais. Não fora nem verificado quem ajudara na fuga das oito mulheres, pois quando quisesse, o Coronel prenderia outras.

– Nantani quase não se mexia hoje. O que aconteceu ontem?

– Seu querido Coronel mandou-a ajoelhar-se e pedir-lhe perdão e ela mandou-o para o inferno. Parece que duas costelas estão ou trincadas, ou quebradas. Os outros se divertiram.

– Meu Deus! Gostaria tanto de conhecê-la, Tanid, desde a primeira vez que a vi naquela maldita ala, mas depois do que tem acontecido, tenho certeza que não vai querer me ver nunca mais, quando tudo acabar.

– Eu estou vendo que você não é como eles, não se preocupe. – Beijou-lhe a face.

Na noite seguinte, Slovax pensava que sua mensagem não chegara ao destino. Ao chegarem à ala, no meio da “sala de reunião”, havia uma mesa com amarras. O Coronel entrou e acenou para Nantani. Ela esforçou-se e levantou-se com caretas de dor.

– Sua última chance, vadia. – O Coronel ria.

– É a profissão de sua mãe?

A bofetada derrubou-a e sangue saía de sua boca cortada. Os dois capitães levantaram-na brutalmente. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas a altivez continuava lá.

– Dispam-na. – Gritou o Coronel.

Rasgaram o que restava de suas vestes e seguindo os gestos do Coronel, prenderam-na na mesa.

– Vai ficar aí até eu voltar e, quando voltar, vou usar esse seu belo corpo como quiser.

– Vai mesmo, Coronel? Soltem-na.

– Ora, quem você pen… Senhora?!?



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