Diferentes?

Capítulo 47 – Epílogo parte 2 – Diferentes de quem?

— Cléo!

Ouvi a voz de Mel cortar o silêncio da sala de espera.

— O que houve? Como minha mãe está?

Olhei Melissa e seus olhos estavam marejados. Abracei-a. Não sabia quem precisava de conforto.

— A bolsa estourou no voo. A médica disse que ela não poderia ter voado nesse estágio da gravidez.

— Droga. Vi você falando com ela. Por que tem que ser tão teimosa?

A voz de Melissa saía embargada pelas lágrimas. Abracei-a mais forte.

— Vai tudo ficar bem, Mel. Sua mãe é teimosa para tudo. Tinha que ser até para ter bebê, não é mesmo?

Falei sorrindo, entre as lágrimas.

— Descobri no voo, que ela aceitou ir num jato particular, porque as empresas aéreas não deixam viajar nesse estágio de gravidez. Vou matar sua mãe quando voltarmos para casa.

****

— Cléo Vasto Arqueiro Boaventura, sua filha é linda! Quer vê-la?

A nossa médica vinha ao meu encontro dando a notícia. Eu sorri com a sua euforia.

— Assunção, quero ver minha filha e minha mulher também. Meu coração estava aos pulos.

Nesse momento, Assunção fechou o seu sorriso. Não entendi.

— Cléo, você não vai poder ver a Sophia agora. Ela está na UTI.

— O que?

— Calma, Cléo. Ela teve problemas no parto. A pressão dela aumentou muito.

— Você está me dizendo que a Sophia está com problemas?

— Conseguimos contornar, Cléo.

— Assunção, não venha com metáforas ou meias palavras. Como a Sophia está?

Nossa médica parou, momentaneamente, antes de falar. Parecia que estava escolhendo palavras.

— Ela está em coma induzido. Ainda não temos uma posição dos danos da eclampsia. Faremos exames, ainda.

— Deus, não…

Minha voz saía fraca e voltei a derramar lágrimas.

“Por que, Sophia?” – Eu me perguntava.

Minha mãe e meu pai chegaram direto do aeroporto e eu chorava copiosamente. Minha mãe me abraçou e meu pai foi conversar com Assunção.

Eu me encontrava apática. Todos os nossos amigos haviam chegado, bem como os pais de Sophia. Preparei-me para enfrentar mais uma batalha com Arminda. Eu mataria essa mulher, se ela falasse qualquer absurdo, contra mim ou contra Sophia. Como eu temia, ela se aproximou em uma postura arrogante, como sempre. Minha mãe estreitou-me em seus braços, como para me proteger.

— Boa noite. Já foi ver sua filha, Cléo? Já está liberado para visitas. Gostaria de ver minha neta, mas creio ser grosseria, fazê-lo antes da mãe.

— “ Ãh! Foi isso que eu escutei? ” — Pensei.

— Ainda não, Dona Arminda.

— Quer ir agora, filha? – Minha mãe emendou, atenuando a situação. – Se está liberado, vamos lá.

Fui conduzida pela minha mãe e meu pai. Seu Anselmo, dona Arminda e Melissa vinham logo atrás. Chegamos ao berçário e vi através do vidro, um monte de crianças pequenininhas. Algumas dormindo e outras chorando em seus “leito-bercinhos”, outras ainda, em incubadoras. Minha mãe falou o nome de Sophia à uma atendente, e uma auxiliar de enfermagem que estava no lado de dentro, foi a um berço e pegou uma criança cabeludinha. Aproximou do vidro para que pudéssemos ver. Ela estava dormindo calma, serena. Tinha o rosto de “joelho” como qualquer recém-nascido, mas aos meus olhos, era linda.

Sentia que meu estoque de lágrimas, da vida toda, acabaria hoje. Havia chorado pela dor de ver Sophia desacordada, pela notícia do nascimento de nossa filha, por saber que Sophia a queria muito e agora estava inconsciente numa UTI. Agora chorava e por essa pequena criatura, que veio de mim, mas que tinha sido gestada por Sophia.

— Qual o nome dela, Cléo? Lembro que você queria Clara, e Sophia queria que o nome dela fosse Isadora. – Perguntou Arminda.

— O nome dela é Isadora. Você sabe que sempre perco nessas disputas para Sophia.

— Sim, eu sei. Mas sei também que, nessas disputas, você não se incomoda perder para ela.

Olhei minha sogra espantada.

“O que houve com essa mulher? Será que um anjo desceu do céu e “operou” um milagre na cabeça dela”?

Ela me sorriu de canto de boca. Olhou minha filha e saiu para o corredor, falando:

— Minha neta é linda.

Pronto. Vi tudo. Já veio ela, com essa posse sobre minha filha.

— Eu não vou poder pegá-la? – Perguntei para a atendente.

— Ela está em observação, mas é provável que a médica a libere ainda hoje. Sua filha é uma menina saudável, senhora Boaventura.

A criaturinha remexeu-se no colo da auxiliar e abriu o berreiro. Os olhos também abriram ligeiramente e eram claros, mas não consegui definir a cor. Eu não conseguia parar de rir, mesmo as lágrimas descendo por meu rosto, ao ver esse pedacinho de gente.

— Cléo.

Minha médica se aproximou pelo corredor e voltei-me para ela, apreensiva.

— Liberei sua entrada para ver Sophia, mas só por cinco minutos. Ela está estável e se os exames confirmarem que tudo está ok, a acordaremos nas próximas horas.

Desvencilhei-me de minha mãe e caminhei calada junto à Assunção. Chegamos à UTI. “Me paramentaram” com avental, toca, máscara e luvas.

— É necessário usar isso tudo?

— É o procedimento, Cléo. Trabalhamos para não haver risco de infecção hospitalar. Não importa a gravidade, quem entra na UTI tem que usar.

Assenti com a cabeça. Ela me conduziu para dentro. Era uma UTI com apenas dois leitos. No primeiro, havia uma mulher muito machucada e cheia de curativos. Meus olhos pousaram em seu rosto e fiquei consternada.

Assunção falou baixo.

— Acidente de carro. Apesar da gravidade, fiquei feliz, que o médico dela me falou, que é provável que se recuperasse.

Nos aproximamos do outro leito. Parecia que ela estava dormindo, mas a quantidade de coisas que estava ligado a ela me assustou. Tubos e fios ligados a um monte de aparelhos.

— Não se impressione. Na maioria, são só equipamentos para que possamos monitorá-la. Quando a acordarmos, se tudo correr bem, retiraremos a ventilação mecânica e depois da observação, ela irá para o quarto. Vou deixa-la com ela, mas só cinco minutos.

Quando Assunção se retirou, cheguei perto e peguei sua mão. Olhei seu lindo rosto que transparecia serenidade, mesmo sob os aparelhos. Não conseguia parar de pensar, que se tivesse acontecido algo a ela, eu não suportaria.

— Ah, Sophia! Por que fez isso conosco? Por que tem que ser tão imperiosa, o tempo inteiro? Eu te amo tanto, Sophia!

****

— Já tem vinte dias, Cléo! Vou ficar maluca dentro dessa casa, se não me deixar sair. Você não me deixa nem descer até a praia.

— E a médica liberou você para andar por aí, por acaso? Não. Não liberou. Sua consulta será amanhã. Se ela disser; pode, você faz, se ela falar; não, você vai ficar aqui e sem discussão! Pelo que eu sei, ela só vai liberar algumas coisas, então se conforma e acostuma.

Sophia bufou, mas não dei “bola”. Ela, dessa vez, estava encrencada comigo. Eu ainda estava aborrecida. Saí do quarto para ir ao escritório ver se Renata havia me enviado algum email da “Hermes”. Estava trabalhando em casa e ia à minha empresa, apenas quando tinha necessidade.

— Mãe. A Cléo está certa. Você pisou na bola feio. Agora aguenta quietinha.

— Melissa, não digo que não fui irresponsável, mas já está demais. Se deixar, a Cléo me prende nesse quarto.

— Com toda a razão, né? Não pensa que não vi você trocando e-mails ontem com Rosalina. Deixa só a Cléo pegar.

— Shiii. Fala baixo, pelo amor de Deus! Não fala nada para ela.

Eu ainda estava na porta do quarto, pelo lado de fora, quando escutei a conversa das duas. Segurei-me para não rir. Lógico que eu sabia que a minha linda “olhar de falcão” estava se inteirando das coisas que aconteciam na Grasoil. Dago tinha se tornado um aliado fantástico! Mas não podia deixa-la saber disso, senão, perderia minha moral para conter seus excessos. Cada um usa as armas que tem, não é verdade?

****

Tempos depois…

— Você está ótima, Sophia. Teve uma recuperação maravilhosa.

— Agradeça a mim, Assunção. Se dependesse dela, na segunda semana já sairia escalando.

Assunção ria de nós duas.

— Esses dois meses foram necessários, Sophia. Agora está pronta para outra gravidez se quiser.

— Nem fale isso para ela. Quem não aguenta outra gravidez dela, sou eu!

As duas riram do meu desespero. Apesar do que falava, eu também estava radiante. Isadora era uma menina saudável, Sophia estava mais tranquila, pois ainda ficaria em casa alguns meses, curtindo a nossa filha. E eu, bem, estava amando fazer todo esse paparico nas duas.

****

A porta da varanda estava aberta, fazendo correr uma brisa suave. Quando entrei no quarto, vi Sophia amamentando Isadora, recostada na cama. Era uma linda cena, que eu não cansava de olhar. Fiquei a observando em silêncio, como já havia feito diversas vezes.

— Essa menina é uma gulosa.

Sophia levantou o olhar e me sorriu.

— É uma menina saudável e linda. Os olhos dela estão cinzas, como os seus.

Eu sorri.

— Eles ainda podem mudar. Ela só tem dois meses. — Me aproximei e deitei, me recostando na cabeceira da cama a seu lado. — Depois que ela se fartar de tanto mamar, deixa que eu a faça arrotar.

Tentava falar cínica para implicar, mas não conseguia. Meu sorriso aberto e a ansiedade de pegá-la no colo, me denunciava.

— Não adianta, Cléo. Você não consegue implicar. Passa mais tempo com Isadora nos braços, do que eu.

Suspirei e apoiei minha cabeça no ombro dela, olhando aquele pequenino ser se saciar.

— Ela vai ser parecida com você. – Falei. – Será linda.

— Pois eu quero que ela se pareça com você. Seria mais linda ainda.

Elevei minha cabeça e depositei um beijo nos lábios de Sophia.

— Estamos duas idiotas melosas. – Falei.

— Estamos duas mães que se amam e amam muito a filha. – Ela falou.

Sophia amparava Isadora em um braço, apoiada no colo e com a outra mão, segurou meu queixo me puxando para um beijo mais intenso.

— Sophia… – falei com um ar preocupado. – Não quero que ninguém desconfie de onde veio o sêmen. Não quero ninguém falando que tem direitos sobre nossa filha.

— Ninguém vai desconfiar, Cléo. Meu primo morreu há dois anos de acidente. Poucas pessoas sabiam que ele fazia banco de sêmen. Na verdade, acredito que ele só contou para mim. Sua esposa não queria ter filhos.

— É, mas ela pode querer agora que ele morreu, sei lá. As pessoas são confusas.

— Não se preocupe. Fizemos pelos trâmites normais. Está certo que tínhamos a informação precisa para chegar a ele, mas foi tudo pelos trâmites corretos. Ninguém sabe que, o sêmen que utilizamos, era dele.

— Mmm. Eu queria muito que ela tivesse coisas de você.

— É. Mas ter o DNA não é garantia, pois tem o seu DNA também. E depois, eu é que quero que ela tenha seus olhos.

— Ela dormiu no seu peito. Me dá ela aqui.

Peguei Isadora e a apoiei em meu ombro. Ela começou a chorar forte.

— Meu Deus, minha filha! Que folego, einh?

Ela arrotou e aninhei-a em meus braços, ninando. Seu choro foi cessando e ela resvalou novamente para o sono. Coloquei-a com cuidado no berço, ao lado de nossa cama. Deitei-me novamente ao lado de Sophia e ela me puxou para um beijo apaixonado.

— Você me faz tão feliz. Me perco quando a observo, me perco quando vejo trocar de roupa, ou quando vejo olhando o horizonte, também perdida em seus pensamentos. Nada passa em minha mente, enquanto a olho. Só um sentimento profundo de amor. É como se meus dias estivessem sempre iluminados. Não consigo mais me imaginar sem você, Cléo.

Eu não sabia o que falar diante de suas palavras. Eram lindas e nada do que falasse, chegaria a expressar o que eu sentia perante ela. Meu sorriso se abriu radiante.

— Eu te amo tanto, Sophia…

Aproximei meu rosto e beijei. Estava sedenta dela. Degustei o sabor de seus lábios com paixão. Ela me segurou pela cintura e me puxou para seu colo. Tinha medo de machucá-la.

— Sophia… — Falei entre nossos lábios.

— Eu já estou liberada…a doutora falou que podia fazer tudo.

Sophia se apressou em falar e eu ri alto de sua observação.

— Eu sei, meu amor. Só estava pensando, se eu não iria te machucar.

— Não vai me machucar em nada. Já estou ótima.

Ela falava, enquanto segurava meus quadris, para me encaixar sobre ela.

— Ok. Então vamos ver se você já está em condições mesmo…

Puxei meu vestido retirando-o sobre a cabeça, ficando apenas de calcinha. Segurei as bordas de sua blusa e deslizei-a pelos seus braços, deixando-a desnuda da cintura para cima. Os seios fartos, que ela adquiriu para a amamentação, saltaram graciosos felicitando a minha visão.

— Vem. Toca…

Sophia pedia, estimulada pela expressão maravilhada que meu rosto adquirira.

Encaixada em seu quadril, deslizei minha mão suavemente pelo seu abdômen, em direção aos seus seios, reparando o arrepiar de sua pele. Esse efeito produzido pelo meu toque, me fascinava sempre.

— Não olha tanto meu corpo. Não devo estar tão bonita assim.

— Shiii…

Calei seus lábios com dois dedos sobre sua boca.

— Você está linda! Você é linda.

— Eu engordei…

— Você está com a beleza da gestação… da amamentação. Formas mais acentuadas, seios maiores… você está linda. Eu sempre admiro como sua pele reage a meu toque.

Eu passeava minhas mãos suavemente pelo seu ventre, seguindo sempre em direção, onde meu corpo e o corpo dela, produziam mais prazer. Minha vontade era segurar seus seios, passar minha língua por eles, mas tinha medo de machucá-la. Deviam estar sensíveis e seus mamilos machucados. Parei minhas mãos na base deles e debrucei-me sobre ela, para beijar a boca novamente.

Ela pegou minha mão e conduziu para cobrir seu seio.

 — “Me toca”… — A voz rouca e súplice me fez olha-la com ternura. — Não fica com medo, eu preciso de você.

Acariciei seus seios com delicadeza e apreciei seu corpo reverente. Senti o carinho de sua mão em meus cabelos. Meu olhar não era só apreciativo. Estava emocionada de tê-la novamente e entendi que, ela não merecia que a olhasse como a mãe de minha filha, nesse momento de amor entre nós, e sim, como a minha mulher. Debrucei-me sobre seu corpo e cheguei ávida a seus lábios, beijando-a com paixão.

Ela segurou meu quadril, estreitando nossos corpos. Suas mãos resvalaram por meu dorso, num afago, tateando minha pele quente. Movi minha pelve sobre seu quadril e ela apressou-se em tentar retirar sua calça. Ajudei-a e retirei a minha calcinha também, voltando a me encaixar sobre ela. Sophia segurou minha nuca, encaixando seus lábios em meu pescoço, depositando beijos molhados. Perdia-me em seus toques gemendo sob suas carícias. Meu ventre contraía mais forte, fazendo-me devolver seus beijos. Prendi entre meus lábios a pele aveludada de seu pescoço, sugando com força. Sentia o fluxo quente de sangue vindo a borda da pele. Assustei-me com minha violenta luxúria, mas meu coração foi acalmado pelo urro de prazer, abafado, vindo do peito arfante dela.

Desvencilhou-se de meu agarro e virou-se de encontro ao meu rosto, capturando meus lábios loucamente, enquanto movia-se sob mim. Mais uma vez, minha mão chegou desejosa ao seu seio. Eu queria… queria muito senti-los em minha boca. Afastei-me de sua boca e olhei para eles. Ela sabia. Ela queria também.

— Vai… – falava com a voz entrecortada. – Faz…

Desci minha boca até a interseção de seus seios e passei minha língua devagar entre eles, buscando o prazer sensível do carinho. Ela segurou minha cabeça e conduziu meus lábios para tocar seu mamilo. Minha resistência foi por terra. Suguei-o delicada. Abri meus olhos para mirá-la e ela mordia a mão, com os olhos semicerrados, na tentativa frustrada de abafar seu forte gemido. Seus sons levaram a derramar meu líquido, que escorreu por minhas pernas. Eu não seguraria mais tempo. Peguei sua mão e a conduzi para meu sexo molhado e coloquei a minha no seu, que igualava em calor e umidade ao meu.

Não importava quantos meses ficamos sem sexo. O nosso amor é que era o mais importante.

Nos movemos na dança de corpos, nos beijando para conter nossos gritos de prazer. Nosso orgasmo chegou com força e não conseguimos segurar os sons que fizemos. Isadora acordou chorando.

Estava lassa, mas a pequenina não tinha culpa de perturbarmos seu sono. Olhamos sorrindo.

— Eu ou você? – Perguntou-me Sophia.

— Nesse momento, seremos nós, espertinha. Eu levanto e fico balançando o berço, enquanto você vai ao banheiro se lavar e coloca o robe para pegá-la. Depois eu me lavo.

Levantamos. Sophia foi ao banheiro e quando retornou, Isadora estava quase dormindo. Ela a pegou. Quando voltei, de banho tomado, a pequena já estava no berço novamente. Sophia velava seu sono, de pé, ao lado dela. Abracei-a por trás.

 — Acho melhor a gente levar o berço para o quarto dela. Tem babá eletrônica, câmeras… não tem porque mantermos ela aqui, amor.

— Eu sei. Só que gosto de olhar diretamente para ela.

— Mas então, vai ser um problema quando a gente fizer amor. Ela vai acordar sempre.

— Você está querendo dizer que a gente faz muito barulho?

Ela me olhou, por cima do ombro, com um sorriso irônico e com as sobrancelhas arqueadas.

— Que é isso! Não fazemos barulho nenhum.

Devolvi a ironia. Ela se voltou para mim, sorrindo. Olhou meu rosto e colocou uma mecha de meu cabelo, que caía sobre um de meus olhos, atrás de minha orelha. Suspirou.

— Eu concordo, mas vou deixar esse berço aqui. Colocamos outro lá no quarto. Quero poder deixa-la aqui perto quando eu estiver carente.

Meneei a cabeça assentindo. Sorri e a beijei.

****

— O que acharam do filme?

Donna estava com seu filme finalizado e fez uma cópia para que nos juntássemos e víssemos antes da estreia. Estávamos amontoados na sala de tv, comendo pipocas e bebendo refrigerante, como em uma sessão de cinema. Tudo arregimentado por Donna.

— A história é ótima, Donna. Passa uma emoção incrível! – Falou Lucy.

— Que familiazinha ruim dessa mulher, einh? – Comentou Erick.

Olhei Sophia, mas não pareceu que sentiu qualquer desconforto com o comentário dele. Fiquei fascinada como Donna modificou e conduziu a história. A julgar pela reação de nossos amigos, que não ligaram a história a nós, acho que minha amiga conseguiu conduzir perfeitamente, sem nos denunciar.

— É mais que emoção. Você fez um filme maravilhoso. Quero ver se vai ter alguém, que fale bobagens por ser a história de duas mulheres. – Arrematou Dago.

— Mas pegou pesado nas cenas de amor das duas. Foram lindas as cenas, mas a galera vai achar ousado, só acho. – Falou Mel.

— Isso porque eu mudei e suavizei a maioria.

Donna explanou, nos olhando e rindo. Olhei rapidamente para Sophia e ela para mim, ruborizada.

— Cara, você queria impactar como em “Azul é a cor mais quente”, ou como em “Cinquenta tons de cinza”, sapata?

— Cara, você é um insensível, Erick. Não vê que o sexo era só a forma de demonstrar o amor lindo, delas? – Retrucou Donna.

— Até compreendi isso, mas que tem umas coisinhas, ali, que dá para experimentar, ah, isso dá.

Concluiu Walda, fazendo com que eu e Sophia olhássemos de súbito para ela. Ela sorriu de lado e piscou sutilmente. Droga! Ela tinha visto, as inúmeras vezes que Donna tinha vindo aqui falar conosco, quando estava iniciando o projeto.

— Também acho. – Remendou, Mel – A gente pode tentar, né amor? – Falou se dirigindo a Lucy.

— Poupe-me desses comentários, Melissa. Não preciso ficar sabendo da sua vida sexual.

 Sophia se levantou, cortando a conversa.

— Vou colocar as pizzas no forno. – Eu disse.

— Vou ver se está tudo bem com Isadora.

Sophia saiu da sala apressada. Antes de sair, escutei Donna rindo, porém, acabando com a discussão.

— Galera, por favor, vocês estão focando na parada errada do filme. Será que dá para me falar, se consegui passar a mensagem de amor das duas?

Quando retornei da cozinha, esbarrei com Sophia voltando do quarto. Ela enlaçou a minha cintura, rindo.

— Por essa eu não esperava. Donna, dessa vez, me pegou desprevenida. Mas amei o filme.

— Achou que Donna conseguiu retratar o nosso amor?

Perguntei abraçada a Sophia, rindo para ela e pensando que Donna, muitas vezes me surpreendia também, mas de uma forma positiva.

— Ela fez um trabalho ótimo, mas posso afirmar que o que vivemos, é infinitamente melhor.

Selou meus lábios com os seus.

Fim



Notas:

Uma nota vai entrar aqui!




O que achou deste história?

Uma resposta para Capítulo 47 – Epílogo parte 2 – Diferentes de quem?

  1. E algo lindo de ser ler sentir e recorda.
    E mas que uma linda história e um.desejo de vida amar e ser amada encontro alguém que se sinta tudo .

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