– Dago, ela falou que estaria aqui no fim de semana e me ligaria…
– “Para”, Cléo! Hoje é sexta! Tá desorientada, é?
– Ah, Dago. Desculpa, vai! Mas esses dias “tão” demais, viu? Cara, não a vejo desde antes do sequestro… Mmm… Vi na delegacia, mas não vale. Não falei com ela, neste dia.
– Cléo, “cê” sabe que seu ex foi preso?
– Sei. E ele não foi preso, foi chamado a depor ou qualquer coisa do tipo. Não sei o nome que dão quando chamam um cara suspeito, para interrogar. A Donna me contou. Estão abafando tudo…
– A Donna?
Eu sorri. Essa era a melhor parte. Vou contar a notícia bombástica para vocês. Vocês lembram da Rizzoli? Aquela investigadora que a Donna vivia pegando no pé. Isso mesmo, a Beth. Pois bem, ela chamou a Donna para depoimento, aí a Donna, daquele jeito turrão… Deixe-me narrar a vocês:
……..
– Donna, por favor! Só estou fazendo o meu trabalho.
– Fazendo o seu trabalho?!! Cara você tá me prendendo aqui e que eu saiba, não ligou nada deste caso a mim. “Tá”. Reconheço que a Cléo está no meio da investigação. Mas e daí? Você até já a liberou por ter concluído que não tem ligação com o sequestro. Então, o que é que “tô” fazendo aqui?
– Se você respondesse as minhas perguntas sem qualquer sarcasmo, eu já teria liberado você também. Desisto! – Beth levantou os braços em rendição. – Vou chamar outro investigador para pegar seu depoimento.
– Ah! Mas não vai mesmo!
– O que você quer, então? Quer que eu te chame para jantar?
A investigadora falava em tom de zombaria.
– Quero. É o mínimo por me deixar horas nesta sala.
– O quê?!
– É isso mesmo! Tá pensando o quê? Chega, prende a gente sem qualquer motivo e sai ilesa? “Tô” morrendo de fome, já escureceu e, pelo menos pagando meu jantar, teria alguma coisa para aliviar desse estresse e trauma todo…
– Não prendi você, criatura! Infelizmente você fez parte disto. Preciso fechar a investigação, preciso saber todos os detalhes que transcorreu! – Beth falou exaltada.
– Só falo se você pagar o jantar.
Donna cruzou os braços defronte à mesa e se calou, emburrada. Beth revirou os olhos. Sabia que Donna estava de birra. Desde o primeiro dia que se encontraram, foi um eterno digladiar. Estavam sempre em enfrentamento. A vontade de prender Donna era muita, podia alegar obstrução, mas eram processos e depois recursos, enfim. Optou pelo mais fácil, mesmo sabendo que poderia arrancar o depoimento de outras formas, como chamar outros investigadores para modificar a abordagem, porém seria um desgaste de energia tolo.
– Tá bem. Pago o jantar. Agora coopera e faz valer a pena esse depoimento. Espero que tenha mais informações valiosas para a investigação, pois não vou pagar jantar à toa, não.
— Pode deixar que, se o depoimento for fraco, o jantar vai fortalecer.
………
Para finalizar a história, Beth teve o depoimento, Donna teve seu jantar e de quebra levou Beth para uma boate. Não sei como a convenceu, só sei que dois dias depois, passei na casa da Donna depois do trabalho e encontrei, amassada saindo do quarto, nada mais nada menos que Beth. Fiquei pasma e parada no meio da sala olhando de uma para a outra. Resumindo, vocês conhecem aquele ditado que diz que “quem desdenha quer comprar”? Acho que foi mais ou menos isso, pois a implicância da Donna com a “Rizzoli” era além dos limites. Não parou por aí, ela ainda contou para a investigadora que a chamávamos de “Rizzoli” e quando queria implicar com ela, passou a chamá-la desse jeito na cara dura mesmo. Bom, voltando a conversa com Dago, depois que eu contei a ele também, disse-me:
– Cara, “tô” pasmo! Essa sua amiga não dá mole.
– Não quero nem ver no que vai dar isso, Dago. Mas “tô” achando a Donna mais tranquila, sabia?!
– Tranquila? Você viu o programa dela que foi ao ar essa semana? Cara, foi um “quebra pau” dos infernos, pois ela se colocou na mesa redonda junto com uma médica legista, um pai de um adolescente que foi agredido, um psicólogo, além da apresentadora burra…
– Apresentadora burra?!
– É. Pois acho que a mulher não pegou muito o “feeling”. Donna estava quase pulando no pescoço dela, mas se conteve. Afinal, é mais fácil mandarem a diretora embora do que a apresentadora gostosa e conhecida. Houve ligações e discussões. Fanáticos religiosos falando sobre “a mão de Deus cair sobre os pecadores”, ignorantes homofóbicos que falavam sobre moralidade e transformação do mundo hetero em mundo gay, pessoas apoiando a iniciativa do programa e até um cara ameaçando e dizendo que mataria todos do programa que fossem pervertidos.
– Cara, como é difícil para eu entender, o que as pessoas têm a ver com a vida do outro. Não consigo entender porque essas pessoas acham que o amor de duas pessoas influencia na vida delas.
– Também não sei. Às vezes acho que as pessoas veem a homossexualidade no mesmo patamar que a pedofilia ou algo assim.
– Deus! Isso é tão absurdo que chega a beirar o ridículo! O pedófilo está agredindo outro ser humano e um ser humano em formação, inocente e que não pode se defender. E tem outra coisa, te garanto que essas pessoas só acham horrorosa a pedofilia praticada contra meninos, pois o Brasil é cheio de abusos praticados contra meninas e tem gente que acha natural. Existem lugares em que os próprios pais vendem a filha virgem de nove, dez anos e muitos, que deveriam proteger a sociedade contra este tipo de crime, fecham os olhos. É muita hipocrisia junta! Mas tenho certeza de uma coisa, conhecendo a Donna como conheço, ela não vai parar por aí.
– Espero que esteja certa. Pelo menos alguém do nosso lado, lutando em veículos de massa. Você sabe por que o seu “ex” foi preso?
– Não foi preso, Dago. — falei com voz de enfado. — Parece que a Beth não quis contar para a Donna, por envolver a segurança e a discrição da investigação.
– A Donna não deve ter gostado muito.
– Não gostou, mas entendeu. Fiquei até surpresa com isso, pois Donna é curiosa ao extremo e, intrometida também.
A porta da nossa sala se abriu e eu girei a minha cadeira para poder ver quem era. Meu coração veio na boca e eu fiquei paralisada.
– Ainda trabalhando às cinco da tarde de uma sexta-feira? Se quiserem aumento, vão ter que fazer melhor que isso.
Segurei-me com todas as minhas forças para não pular no pescoço de Sophia. Não faria isso no ambiente de trabalho em que ela chefiava e muito menos na frente de Dago, afinal ainda não tinha contado a Sophia que eu havia falado com os meninos sobre nós. Para falar a verdade, não sabia como nós ficaríamos daqui para frente e no que dependesse de mim, realmente seríamos “nós”.
– Sophia! Que bom tê-la aqui!
Dago levantou e foi cumprimentá-la. Ela o puxou para um abraço e quase sumiu em seus enormes braços. Animei-me e levantei aproximando. Queria um abraço também, oras! Ela desvencilhou dele, virando-se e me abraçando logo em seguida.
Abarquei-a em meu peito. Que sentimento bom! Fechei meus olhos, sentindo seu raro aroma. Seus braços circundavam a minha cintura e estreitaram mais nossos corpos. Foi um momento breve, mas de extremo prazer. Sentia-me feliz, como se um sonho ruim tivesse findado e um sonho maravilhoso começasse.
A porta se abriu de rompante e uma loirinha, com uns papeis na mão, entrou falante.
– Cléo, a área de…Oh! Desculpe-me se atrapalhei… Sra Brandão! — Ela meneou a cabeça para cumprimentar. — Tudo bem com a senhora?
Catarina estava visivelmente sem graça, o que não passou despercebido por nós. Sophia estreitou ligeiramente os olhos. Foi um movimento no olhar breve, mas eu amava decifrar suas expressões e seus olhares. Quando respondeu o tom de sua voz era brando e cordial.
– Tudo bem, Catarina. E você? Como vai?
– Bem, também. Éééé… Só vim deixar uns documentos com Dagoberto e com a Cléo.
– Certo. Ainda está trabalhando com Dagoberto e Cléo na “Qualidade”? Agora que Dagoberto retornou, talvez não seja mais necessário.
Dago percebeu o rumo que o assunto tomava e se adiantou.
– Na verdade, Sophia, fui eu quem pediu que Catarina permanecesse. Ela se mostrou bem eficiente dentro do programa e achei que poderíamos aproveitar suas habilidades.
– Mm. Ok.
Apesar de transparecer indiferença em relação ao assunto, assumira uma postura mais rígida e de certa forma intimidante. A garota deu os documentos na mão de Dago, enquanto era acompanhada pelos olhos atentos de Sophia. Despediu-se e saiu rapidamente.
Não consegui conter um sorriso que teimou em bordar meus lábios. Sophia, quando queria, sabia ser má. Através da postura, fez a coitada tremer da cabeça aos pés. Dago a conhecia e sabia que ela só tinha este tipo de atitude quando em “enfrentamento”. Mais tarde, quando conversamos sobre o assunto, contei a ele o que aconteceu na nossa sala e o deslize dos olhos de Catarina em meu decote. Ele riu a valer e contou que era o tipo de comportamento que Sophia assumia quando em reunião com diretores, ou mesmo superiores e normalmente em ocasiões que se colocavam contrários a decisões que ela tomava. Falou-me, que sempre conseguia fazê-los recuar. Contou também que quando presenciava, ele adorava, pois na maioria das vezes, os caras se portavam de forma arrogante e nunca tinham muita razão nos argumentos. Depois que acabava a reunião, ele voltava para a sua sala só para rir da cara dos marmanjos se encolhendo todos no fundo de seus assentos.
Depois que a Catarina saiu, Sophia voltou-se para nós.
– Já vou indo. Só vim visitá-los e saber como tudo está caminhando. Eu aluguei um apartamento no Leblon e queria saber se vocês gostariam de ir conhecê-lo, hoje ou amanhã. A Melissa ficará mais uma semana comigo e depois voltará para São Paulo, pois suas aulas ainda não terminaram.
– Quero sim. Hoje ou amanhã? – Falei já ansiosa por tê-la por perto.
– O que vocês preferirem.
– Vou falar com Erick. Por mim, pode ser hoje mesmo.
– Então deixarei meu celular e daqui a pouco vocês me confirmam.
Ela anotou o celular e nos passou. Deu um abraço em Dago e se voltou para mim, abraçando apertado. Estava gostoso demais tê-la ali comigo! Seu perfume, seu toque, as batidas de seu coração. Desvencilhamos e ela saiu me deixando um pequeno aperto. Voltei-me para Dago.
– Como é que é? Vamos?
– Por mim vamos sim, mas deixa falar com o Erick. Ele ainda se sente cansado… – Dago deu uma pausa antes de continuar. – e sabe o que mais? Vou fazer força, pois Erick tem se mostrado arredio quando falo para sairmos, até mesmo um simples jantar perto de casa. Não estou achando muito normal, pois ele sempre foi quem queria sair, badalar, tinha um fogo dos infernos quando o assunto era sair. Agora, inventa milhões de desculpas para a gente ficar em casa. Sempre diz que está cansado e que ainda não está bem para caminhar.
– Oh, Dago! – Falei melancólica — A gente sabe que este tipo de violência que sofreram, traz sequelas, não só físicas… Não acha que está na hora de procurar ajuda profissional? Não digo só para ele, mas para você também, meu amigo. Foi barra o que vocês passaram. Estas coisas deixam marcas profundas.
– Já conversei sobre isso e ele fala que está bem, não quer falar do assunto.
– Então comece você. Diga que você precisa e quem sabe ele não atentará para o fato e aceita fazer?
– É. — pensou um pouco. — Tem razão. Não adianta forçar, mas talvez eu consiga me aliviar e até aprender a lidar com isto.
……………
Dago ligou para Erick e não precisou convencê-lo. Acho que ele meio que se identificou com o que aconteceu a Sophia, afinal, violência é violência, independente do que seja. Depois ele ligou para Sophia confirmando nossa presença e eu fui fazer cabelo, unha e comprar um vestido e sandálias novas. Já contei a vocês que eu não sou vaidosa? Pois é, eu não sou. Costumo dizer que sou apenas cuidadosa!
Liguei para Donna, pois há alguns dias não falava com ela e contei sobre a Sophia. Ela queria ir comigo, mas mandei-a sossegar o “facho”. A Sophia não a tinha conhecido pessoalmente e, eu queria marcar algo em que pudesse apresentá-las em uma ocasião mais relaxada. E depois, ela era metida. Não tinha nada que ir se convidando para a casa alheia! Ela disse que se eu “desse” para Sophia novamente e levasse outro “toco”, ela não ficaria me paparicando…
– Olha só! Você não quer me apresentar para a “olhar gostosão”, então não vem “alugar” meu ombro!
– “Para”, que não é isso! “Ô” chantagista de porta de botequim! Quer que eu te carregue para a casa de alguém que nunca te viu e ainda, acabou de sofrer um sequestro? “Deixa ela” relaxar conosco, que eu marco algo para te apresentar. Vai poder até levar sua “Rizzoli” particular!
– Não fala da minha “Rizzoli”, que ela não é mercadoria exposta em vitrine na “rua da alfandega”. Só eu posso falar que ela é “Rizzoli”!
– OK. – falei com indiferença.
– Ok?! Como assim, ok?
– Sim, ok. Vou parar de chamar Beth de “Rizzoli”. – Parei brevemente de falar para dar um efeito ao que diria. – Só que você vai ter que parar de chamar Sophia de “olhar de águia”, “olhar gostosão”, “poderosa power ranger” e outras coisinhas mais.
– Você tá sem graça. Acho que não quero mais brincar com você… Tá bom. Pode chamar minha “Rizzoli” de “Rizzoli”. Mas você vai ter que marcar, e rápido, um encontro para eu conhecer a “olhar destroçador”!
Bufei. Não aguentei!
– Cara, não sei como é diretora de TV! Você é tão … tão…
– Tão criativa? Tão divertida? Tão amiga?
– Tão irritante!
– Obrigada.
– De nada.
Paramos momentaneamente de falar e começamos a gargalhar. Quando estávamos juntas, a sós, ou apenas no telefone, parecia que nos tornávamos as mesmas crianças de quase vinte anos atrás.
E essa foi minha conversa com Donna para convencê-la a não levá-la na casa da mulher mais reservada que eu já conheci. E, diga-se de passagem, era a mulher que eu amava! Deus do céu! Eu falei isso? Eu falei que a amo? Que merda! Eu podia pensar, eu podia sentir, mas eu não podia ter expressado isso! Agora “tava” ferrada mesmo!
……………………….
Cheguei ao endereço e até fiquei surpresa. Ela tinha alugado um apartamento no chamado “selva de pedra” do Leblon. Era um conjunto de apartamentos de classe média, alguns de dois quartos, outros de três. Não é que tenha nada de mais, pelo menos para mim, porém com a quantidade de grana que ela tinha, fiquei imaginando se, não havia ali um “que” de trauma. Algo de negação do que ela era e do que significava o que ela tinha.
Identifiquei-me na portaria e esse ato me remontou ao dia que cheguei a Grasoil. Lembrei cada passo que dei até chegar a sua sala e vê-la entrar pela porta lateral de seu escritório. Elegante, segura, altiva e linda. De repente, escutei a música que tocava no pequeno rádio do porteiro e as imagens de meus últimos meses com Sophia ficaram tão intensas que me perdi naquele som, enviado por algum ser etéreo “trollador”…
“O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou… O que está acontecendo? Eu estava em paz quando você chegou”!
Nesse pequeno instante, Cassia Eller definia com o refrão de “Relicário”, meu mais íntimo sentimento em relação ao que eu vivi naquela sala e ao longo desses meses.
– Senhora… Senhora!
– Uhm?!
– A senhora pode subir.
– Ah! Obrigada.
Peguei o elevador e quando a porta abriu, fui recebida alegremente por Melissa.
Veio ao meu encontro tagarelando, me abraçando e falando com falsa indignação sobre sua mãe.
– Oi, Cléo! Seja bem-vinda ao “ap”, mais modesto e “hi-tech” do Leblon.
Ria, abraçada com a menina e sua espontaneidade.
– Por que tá falando isso?
– Você não “tá” entendendo. Minha mãe estava lá na casa dos meus avós, louca para ver um apartamento para a gente ficar por algum tempo. Disse que não queria nada de mais e perturbou o coitado do corretor. O problema é que ela não queria um “ap” muito grande, mas queria todo montado. Só que o montado dela é “reaaalmeeente” todo montado, entende?
Entramos abraçadas no apartamento. Sophia estava arrumando uma mesa e estava com um short jeans, rasteirinha e camiseta. Gente, morri!
“O que é que é iiissooo, gente”!
Esse foi meu pensamento e minha bandeira. Pois minha boca tinha caído até o peito com a delícia que a mulher estava. Nem liguei, ou melhor, nem me toquei que sua filha pudesse reparar.
Eu já tinha visto Sophia nua, eu já tinha visto elegante, eu já tinha visto no trabalho, mas aquilo… não! Era a verdadeira deusa Afrodite na terra! A mulher queria me matar, né?!
Pensamentos super indecorosos povoaram minha mente e tive certeza que minha “lesbianice” não tinha volta. Começava a partilhar pensamentos que Donna costumava expressar comigo a respeito de mulheres com quem ficou. Se bem que, não me imaginava tendo esses sentimentos, ou pensamentos por outra mulher, enquanto Donna costumava tê-los por todas as mulheres que já circundaram sua vida. Bom ponto. Talvez eu não fosse realmente uma lésbica. Talvez fosse apenas uma mulher terrivelmente apaixonada. Sacudi minha cabeça tentando dissipar, tanto a impressão da imagem de Sophia, quanto o pensamento altamente preconceituoso que tive a respeito de mim mesma.
– Tudo bem, Cléo?
– Ãh?
– Cléo, você está aérea novamente.
Sophia olhou para nós nesse momento e sorriu. Olhou para mim diretamente, sem parar de fazer a arrumação. Sua expressão era de: “E aí? Gostou”? Inspirei, me voltando para Melissa ao mesmo tempo em que falava.
– Não. É só impressão sua. O que tem demais na imagem de sua mãe de short e rasteirinha, compondo uma mesa de jantar, num apartamento de três quartos?
Melissa gargalhou a valer. Sophia apenas parou de fazer a mesa, e sorrindo, veio ao nosso encontro. Nada de mais, não é? Não. Na realidade era tudo demais para meu coraçãozinho, pois ela me abraçou forte e demoradamente, beijando-me no rosto, quase perto do meu pescoço. Um beijo e abraço apertados e demorados. Nestas horas, adorava ser mais alta que ela, pois a altura de sua boca sempre fica na mesma que a base de meu pescoço. Já falei para vocês que os lábios dela em contato com meu pescoço faziam verdadeiras maravilhas em minhas entranhas? Pois é, nessa hora gostaria de entender um pouco dessa história de anatomia e tudo mais, para intensificar esses frissons. O que estou falando? Não quero nada. Quero até que esse tesão todo vá embora. Segurei um pouco a respiração para tentar dissipar essa sensação louca eeee… gostosa demais!
Melissa nos olhou com uma expressão de divertimento.
– Não liga, Cléo. Minha mãe anda sensível ultimamente.