Autora: Mariana Cortez
Nota por Ana Paula Enes
Sinto dizer que Renata e Luciana são personagens fictícias, mas tão ficcionalmente reais que representam muito bem a mim e a tantas garotas que crescem em seus grupos sociais e, de algum modo, percebem-se, aos poucos, sendo encaixadas, moldadas na forma padrão que nossa sociedade cultua como certa, como a que serve para todos os homens, todas as mulheres e tudo aquilo em que se caiba um rótulo.
A Ana Paula desenvolvia-se nessa forma devidamente ro- tulada conforme as “regras” e a tradição dos “bons” costumes vigentes. Mas, por mais que se esforçasse para se acomodar confortavelmente nessa forma, não era possível. Uma perna, um cotovelo sempre cavam de fora. Então Ana criou Mariana Cortez, um nome apenas, mas um nome que a fazia livre para criar personagens que também eram livres para trilhar caminhos seus, sem formas, sem rótulos colados por uma sociedade muitas vezes hipócrita, que se esconde embaixo de tetos de vidro.
Mari Cortez criou, dentre tantas personagens, Renata e Luciana, que para descobrirem e aceitarem quem eram e o que queriam para serem felizes, tiveram que passar por momentos difíceis: questionaram-se, questionaram os outros, sofreram, abriram mão, recomeçaram, cresceram com dor. A trajetória delas é parecida com a nossa, com a minha, com a de garotas que decidem lutar por sua identidade, seu espaço no mundo, e nalmente serem quem são.
Chegou o momento, depois de agarrar a vida que queria com força e determinação, enfrentando o que tivesse que enfrentar, que Mariana voltou a ser Ana. Ana fora da forma, Ana que criou sua própria forma, seu próprio jeito de SER. Mas Mariana mora em mim porque foi minha libertadora, meu ego que gritou, que fez nascer mulheres especiais como Renata e Luciana.
Que xs leitorxs dessa história consigam construir seu próprio jeito de viver. Vocês me ajudaram a construir o meu.
Muito obrigada!
Ana Paula Enes (Mariana Cortez)
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