Mulheres Maravilhosas>
Texto: Nefer>
Dia desses, em reclusão pandêmica, uma amiga me enviou vários artigos de astronomia e ufologia – sabendo da minha atração pelo assunto – e, trocando ideias a respeito, ela me chamou a atenção para a possibilidade de que haja mundos, inúmeros deles, habitados e comandados por mulheres, já que este “grão de areia” chamado Terra, que fica na periferia da galáxia (Via Láctea), uma das menores entre bilhões delas, não pode ser o único modelo estrutural de sociedade… “Em tempos idos, já houve matriarcado aqui…!” – afirma enfática.>
Não discuto. Passo para o campo da imaginação, permitindo que meus olhos se deleitem com o céu, estrelado e silente, que acompanha nossos diálogos. E a conversa prossegue. Imagino então que, desses orbes cadentes, venham mulheres maravilhosas habitar estas bandas, para mostrar o potencial de coragem, fibra, determinação e valentia de que, nós, somos capazes, sem abdicar da beleza e da sensibilidade. No panteão idealizado, surgem inúmeras.>
Uma delas recebeu, no dia 27 de julho, um doodle do Google: Jeanne Baret (27 de julho de 1740 – 05 de agosto de 1807), a primeira mulher a dar a volta ao mundo. Quando? Em 1766 até 1769, como membro da expedição de Louis Antoine de Bougainville, nos navios La Boudeuse e Étoile.>
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Jeanne Baret juntou-se à expedição disfarçada de homem, sob o nome de Jean Baret. Ela se alistou como manobrista e assistente do naturalista da expedição, Philibert Commerçon (ou Commerson), pouco antes dos navios de Bougainville partirem da França e, segundo Bougainville, Baret era mesmo uma especialista em botânica.>
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Agora pensem na ousadia dessa mulher que, em pleno século 18, residente na Borgonha, uma das províncias da França mais atrasadas naquela época, Baret sabia escrever, algo incomum para uma simples camponesa e ainda foi corajosa o bastante para embarcar em um navio onde a presença das mulheres era proibida pela marinha francesa.>
Pois ela ousou, passando inclusive pelo Brasil, no Rio de Janeiro, onde, ela e Commerson, coletaram espécimes de uma videira em flor, a qual nomearam buganvílias.>
Sugiro a leitura da biografia sobre essa incrível personagem, a qual vale muito a pena conhecer, escrita por Glynnis Ridley, sob o título O Segredo de Jeanne Baret.>
Prosseguindo, destaco também Elizabeth Cochran Seaman (05/05/1864 – 27/01/1922), jornalista, escritora, inventora, pioneira das reportagens investigativas realizadas sob o pseudônimo de Nellie Bly, chegou a se internar num hospital psiquiátrico para mulheres, na Ilha Blackwell, em Nova York, para trazer à tona as péssimas condições em que eram tratadas as internas, muitas delas, inclusive, ela verificou estar ali contra a vontade, não sendo insanas ou loucas.>
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Nellie Bly ficou mais conhecida por sua viagem ao redor do globo, em 72 dias de circunavegação, para recriar a viagem fictícia de Júlio Verne. Em 14 de novembro de 1889, ela embarcou no navio a vapor Augusta Victoria e iniciou sua jornada de 40 mil quilômetros, levando uma pequena bagagem de mão com roupas íntimas, um casaco de inverno, o vestido que usava e artigos de higiene, além de uma bolsa com 200 libras, ouro e alguns dólares.>
Ela esteve na Inglaterra, na França, onde conheceu Júlio Verne, em Amiens, Brindisi (Itália), Canal de Suez (Egito), Colombo (Sri Lanka), Penang (Malásia), Singapura, Hong Kong e Japão, viajando praticamente sozinha em toda a sua jornada. Por conta do mau tempo, Nellie chegou a São Francisco, em 21 de janeiro de 1890. O dono do jornal, Joseph Pulitzer, pagou por um vagão especial para trazê-la para casa e ela chegou em Nova Jersey, em 25 de janeiro de 1890, cerca de 72 dias depois de sua partida em Hoboken.>
Sobre esse feito, encontrei apenas o livro em ehol. (link abaixo)>
Estas duas dicas foram para atiçar a curiosidade de vocês, menin@s. Nos links abaixo, para não me estender em demasia, ainda trago personagens interessantes como Lady Hester Stanhope (1776 a 1839) a quem Byron descreve “como aquela coisa perigosa, uma sagacidade feminina”.>
Lady Hester era arqueóloga e foi a primeira mulher a chegar a lugares remotos como Palmyra (Síria), onde era chamada de “rainha” pelos habitantes locais. Numa dessas viagens, ela perdeu todos os seus pertences em um naufrágio, por isso passou a usar roupas masculinas locais – calça, colete, turbante e espada.>
E Isabella Bird (1831 a 1904), cuja história de vida é muito instigante, foi exploradora, fotógrafa, naturalista e escritora britânica.>
Deixo, também, como dicas de leitura “Estrelas além do Tempo”, de Margot Lee Shetterly, que mereceu adaptação cinematográfica, trazendo a história de matemáticas negras conhecidas como “computadores humanos” contratadas pela Nasa. Certamente, elas merecem lugar de destaque no panteão.>
E, “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, uma narrativa impressionante, onde vamos conhecer Kehinde, uma africana idosa, cega e à beira da morte que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por episódios de mortes, violência e escravidão, trazendo o contexto histórico importante na formação do povo brasileiro.>
Como vocês podem notar, o panteão de mulheres realmente maravilhos@s é extenso, lindo, audacioso… E como estamos precisando disso agora!>
Fontes:>
Jeanne Baret:>
https://www.learning-history.com/jeanne-baret-woman-around-globe/>
Livro sobre Jeanne Baret:>
https://europanet.com.br/livraria/literatura/o-segredo-de-jeanne-baret/>
Nellie Bly:>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nellie_Bly>
Livro sobre a viagem de Nellie Bly:>
Lady Hester Stanhope:>
https://trowelblazers.com/lady-hester-stanhope-queen-of-the-east/>
Isabella Bird:>
https://medium.com/@rntpincelli/a-vida-peripat%C3%A9tica-de-isabella-bird-1d1cf32b53eb>
Filme:>
Livro Estrelas Além do Tempo:>
https://www.saraiva.com.br/estrelas-alem-do-tempo-9403715/p>
Livro Um Defeito de Cor:>
https://medium.com/fale-com-elas-e-sobre-elas/um-defeito-de-cor-255cca45dc48>
Parabéns, Nefer, pelo texto, que ficou maravilhoso! É sempre bom lembrar que existem muitas outras mulheres extraordinárias.
Oi, Naty! Obrigada. Essas mulheres têm me inspirado bastante nesses dias sombrios e lamento não ter colocado outras tantas… Valeu!