Autora: Marina Porteclis
Nota por: Drey Damaso e Sara Lecter
A escrita, como tantas outras expressões artísticas, tem o poder de transformar a mente humana. Cada escritor, mesmo que tome para si algumas influências, possui singularidades que tornam sua obra única.
Ler Marina Porteclis é como embarcar em uma jornada permeada de sensações que aguçam cada sentido, que despertam o mais adormecido dos sentimentos; uma jornada que, inicialmente, transporta-nos para um universo repleto de arranjos que nos tiram o fôlego, de sintaxes elaboradas que flutuam diante de nossos olhos, insuflando-nos com aquele enredo que, a cada frase, a cada leitura, se mostra mais e mais.
Ler Marina Porteclis é como mergulhar em um caleidoscópio de palavras que trazem sons, imagens, cheiros, vertigem, cores que se mesclam, que se fundem, desaguam em nossas almas e afluem em nossos corações, transbordam em nossos olhos, no suor gelado das pontas dos dedos, trêmulos, com o passar de cada página.
No entanto, como se ainda fosse preciso, Marina Porteclis nos faz refletir, nos faz repensar nossa existência, nosso papel social, nossa identidade, nossa moral, nossas verdades… Nosso mundo é real, repleto de pessoas reais, pessoas que comentem erros. Erros que afetam a vida de outras pessoas. Pessoas que reagem a isso e que afetam nossas vidas. São amores, são dores, são sorrisos e lágrimas; são escolhas, são promessas declamadas diante de espe- lhos, sussurradas ao vento, mantidas diante de olhares que maculamos sem nunca nos darmos conta disso.
A verdade nos chega com palavras doces, com a poesia que se mescla, tal qual na vida, com a linguagem simples com a qual existimos. Viver: respirar, amar, sofrer, experimentar, verter-se em gozo, em lágrimas, nas dores do cotidiano, no ser humano.
Não somos heróis, não somos vilões. E as diferenças que nos separam são detalhes quando postas lado a lado. São escolhas, são caminhos que nos unem e nos separam.
Marina Porteclis, de maneira magnífica, aborda a dura batalha que é superamos a nós mesmos, superarmos os “Esquadros” tão engendrados, arraigados, cortantes; inflamáveis à menor faísca, pois a verdadeira essência, mesmo que adormecida, é combustível para um coração valente, para a força mor que nos rege: o amor.
Estamos tão habituados a nos prendermos às primeiras impressões, ao que as vozes vazias cochicham contra o vento; tão habitua- dos a nos rendermos sem disputa às asperezas dos muros invisíveis que limitam nossas vidas; e não percebemos o quanto somos mais, o quanto vamos além, o quanto podemos ser surpreendentes!
A moça de All Star azul no ponto de ônibus, a menina de olhos de coruja na fila da padaria, a senhora cheia de sacolas descendo a ladeira da feira, a mulher de tez lisa que fecha o vidro do carro ao parar no sinal vermelho… Quantos segredos escondemos além da superficialidade que os costumes nos obrigam a mostrar?
São as palavras de Marina Porteclis que nos incitam a pensar, a repensar, a ir mais fundo e cortar as raízes que nos seguram no lugar. Se há poder nas palavras, é o de nos insuflar de leveza, a ponto de navegarmos sem restrições pelas correntes da imaginação, numa dualidade tão penetrante que é a vida inventada e a realidade esperançada.
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