Depois do Colorir

6. A proposta

Deitada no sofá do quarto de Mariana, Helena estranha, pois já mandou três mensagens e Luísa nem visualizou. Pensa em ligar, mas fica com receio de quebrar o que tinham combinado. Adormece e quando acorda quase duas da manhã, olha o celular, nada, nenhum sinal de Luísa. Tenta dormir de novo, enfim o sono vence.

Logo que acorda, Luísa olha seu celular e vê algumas mensagens de Helena, isso aquece seu coração. Ela sentiu sua falta tanto quanto a médica sentiu da mulher de lindos olhos azuis. Conforme tinham combinado, dará espaço e tempo para que Helena avalie o que sente por ela.

Depois do café, Luísa vai correr no parque, passa algum tempo aproveitando sua merecida folga. Recebe uma mensagem:

“oi linda, só para agradecer a linda noite de ontem, bj Marcela.”

Como ainda está tudo confuso, Luísa investe nessa amizade colorida.

“eu que agradeço, espero repetirmos em breve.”

Helena está inquieta, hoje será a primeira noite que dormirá fora do hospital já que Mari gostou muito de Célia, a cuidadora. Quer falar com Luísa, quem sabe fazer o prometido jantar, mas já é quase hora do almoço e nenhum retorno dela. Seu celular toca, dando um susto nela.

– Oi Helena!

– Oi Lu. – ouvir a voz da médica a acalanta.

– Desculpa a falta de retorno, mas de fato precisava descansar, correr um pouco e me desligar de tudo.

– Imagino, muita correria sua vida.

– E como está a Mari, você?

– Estamos bem.

– Helena?

– Oi.

– Estou com saudades e sei o que combinamos, mas será que não poderíamos apenas nos ver hoje?

Helena se enche de alegria, pois também está com muitas saudades de Luísa.

– Sabe Lu hoje será a primeira noite que a cuidadora dormirá com a Mari, pensei se não posso pagar o jantar que te prometi, o que acha? – sua voz está carregada de apreensão.

– Sim!! Aceito!! Quero!!!

As duas riem e combinam que Luísa passará no hospital para pegar Helena. O dia custa para passar, cada uma inventando um modo de acelerar o tempo.

No horário combinado, Luísa já está com carro estacionando esperando Helena, que chega pontualmente e entra no carro. Se cumprimentam com um beijo no rosto e um longo abraço.

– Nossa que saudades, Helena!

– Eu também Lu!

– Onde me levará?

– Sabe, pensei em irmos ao mercado e depois eu prepararia um jantar na sua casa, pode ser?

– Uau! Será que me arrisco a comer sua comida?

– Poxa Lu, sou ótima na cozinha!!

Elas vão ao mercado e Luísa percebe que esse simples ato lhe causa um bem estar enorme. Estar ao lado dela fazendo algo tão prosaico, lhe enche de alegria. Seguem para o apartamento de Luísa e Helena começa a preparar o jantar.

Helena está focada no peixe e no molho, enquanto Luísa abre um vinho e senta na cozinha, se deleitando com a presença de Helena.

– Vou tomar um banho enquanto você termina. – diz Luísa tomando o último gole do vinho.

– Ah…por que não me espera? Termino rapidinho…. – a voz é carregada de segundas intenções.

– Helena…Helena…

Ela se vira e encara a médica.

– Lu eu pensei muito e em tudo.

– E?

– E que estou morrendo de medo do que possa acontecer, mas tenho uma certeza. – diz se aproximando da médica.

– Qual é essa certeza? – Luísa a abraça pela cintura, elas ficam com as bocas muito próximas.

– Que eu quero você. Eu não paro de pensar em você, de imaginar coisas com você. Meu marido está fora há alguns dias, mal falo com ele ou sinto sua falta.

Elas ficam se olhando, Luísa sente felicidade misturada com medo.

– Helena pode ser carência?

– Pensei muito nisso. Não é.

– Desejo?

– Não penso em você apenas nesses momentos, seria bom se fosse, mas eu penso em você nas coisas mais simples, conversar apenas, caminhar, coisas bobas sabe?

– Sim.

– Eu sei que é uma situação complicada e que você pode não querer nada disso, mas queria te propor uma coisa.

– Qual sua proposta Helena?

– Que tal eu terminar aqui, aí tomamos uma banho e no jantar conversamos? – diz já dando um beijo em Luísa.

Finalizam o jantar, arrumam a mesa e vão para o banheiro. Tiram suas roupas e entram no chuveiro. Luísa começa a ensaboar todo o corpo de Helena, com delicadeza. Quando termina, Luísa faz a mesma coisa no corpo da médica. Brincam com as mãos em seus corpos, sentem a água quente lavando toda a saudade que ambas sentiram. Luísa desliga o chuveiro e elas vão para o quarto, nuas e molhadas. Fazem amor de forma intensa, o suor se mistura com a água do banho. Helena pela primeira vez toma a postura ativa e aproveita a entrega de Luísa. Sente cada pedaço da sua pele, cada canto do seu corpo, lambe, suga e tateia Luísa inteira, sem deixar nada sem tocar ou beijar. O gozo da médica deixa seu corpo todo trêmulo e saciado. Helena por sua vez, se sente completa e inteira.

– Vem vamos jantar…. – diz beijando a boca da médica.

– Nuas?

– Sim, nuas! – a voz de Helena é firme.

– Nossa que delícia!

Sentam à mesa e Helena serve a ambas. Saboreiam o delicioso jantar em silêncio, apenas flertando e sorrindo. Quando terminam, Luísa pega a mão de Helena e a leva até o sofá. Coloca Helena sentada de costas, encostada em seu corpo.

– Hummm tão bom isso, ficar assim com você Helena…

– Adoro, você me faz tão bem. Me sinto segura com você Lu.

Ficam curtindo o momento até que Luísa pergunta:

– E qual sua proposta linda?

Helena pigarreia e respira fundo, sabe que sua proposta é ousada e pode se recusada, mas depois de muito refletir, decide que já abriu mão de tantas coisas, agora quer ao menos ter Luísa perto. Ela se vira e senta no colo de Luísa, ficando de frente para ela.

– Lu enquanto a Mari não operar não posso e nem tenho cabeça para tomar alguma atitude quanto ao meu casamento. Mas não quero me afastar de você e também não quero apenas sua amizade. Eu te proponho sermos amantes. – sua voz sai trêmula pelo medo da resposta.

Luísa se ajeita no sofá e pensa que, apesar de não ser ideal, é o que também quer. Ela poderá ser livre e ainda ter Helena, não da forma que queria, mas é melhor do que se afastar.

– Helena eu aceito, mas tem uma condição.

– Qual?

– Até você tomar ou não uma atitude quanto ao seu casamento para que possamos de fato, vivermos uma relação monogâmica, eu não serei fiel a você. Não que eu vá continuar com várias mulheres, mas apenas quero deixar claro que, se você não pode agora ser fiel a mim, também não vou prometer isso. Seria hipocrisia entende?

Helena esperava por isso, apesar de não querer nem imaginar outra mulher tocando Luísa, não tem como pedir fidelidade se ela própria não pode oferecê-la.

– Sim Lu, entendo e aceito sua condição.

Elas passam o resto da noite namorando, transando, conversando e curtindo o tempo juntas. Helena dorme no apartamento de Luísa e no dia seguinte, vão juntas ao hospital.



Notas:



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