Depois do Colorir

2. Cumprindo promessas

Assim que chega ao hospital na manhã seguinte, Luísa procura pela assistente social. Explica por cima o caso de Helena e Mariana e pede para que indiquem alguém profissional e de extrema confiança. A assistente social diz que já irá procurar por uma cuidadora. Depois, Luísa vai procurar o médico de Mariana.

O médico responsável é um dos diretores do hospital e de excelente renome. Luísa por trabalhar há anos com ele, se tornou sua amiga. Por isso, assim que pede para a secretária dele uma pequena reunião, é prontamente atendida.

– Então Henrique, há uma chance dela conseguir o transplante? – pergunta depois de explicar a situação.

– Sim Luísa. Devido à idade e gravidade, ela está entre os primeiros nomes. O problema está em achar alguém compatível. Por ser adotada e ninguém saber o paradeiro da família de sangue, fica mais complicado.

– Isso complica mesmo. – suspira Luísa.

– Ela não é sua paciente, por que o interesse?

– Ontem acabei literalmente esbarrando na mãe dessa menina. Conversamos um pouco e a história delas me comoveu.

– A minha médica cirurgiã favorita!!! Além de excelente profissional uma alma bondosa!!

– Antes de ser médica, sou um ser humano dr. Henrique. – diz rindo.

– Foi bom vir conversar sobre esse caso comigo, estou há dias para te pedir que faça parte da cirurgia de transplante.

– Sério????

– Você é uma das melhores e sei que fez ao menos 4 transplantes. Quero alguém em quem confie e que tenha essa experiência.

– Com absoluta certeza!! Obrigada!!

– Você faz por merecer cada elogio Luísa. Bom, se não ficar chateada, preciso ir fazer minha ronda. Alguma cirurgia hoje?

– Hoje não, apenas farei ronda para ver meus pacientes.

Se despedem e Luísa vai até o andar onde Mariana está internada. Bate na porta e pede licença, já entrando no quarto.

Helena está sentada na poltrona ao lado da cama de Mariana, está jogando cara a cara com a filha. Quando vê Luísa, seu sorriso sai instantaneamente e a médica percebe.

– Nossa que surpresa te ver logo cedo! – Helena diz se levantando para dar um abraço na médica.

– Sempre cumpro o que prometo! Oi Mariana, como você está hoje? Me chamo Luísa. – diz estendendo a mão para cumprimentar a jovem paciente.

– Bom dia Luísa! Estou bem, consegui dormir quase a noite todinha, né mamãe? – diz numa voz alegre olhando para a mãe e apertando a mão da médica.

Luísa se encanta pela menina negra, de cabelos no estilo afro, de olhar alegre e sorriso encantador. Entende o motivo idiota que faz com certos familiares não a aceitem. Se pergunta que força maravilhosa vem de dentro desse ser pequeno e tão frágil, que a faz sorrir apesar de tudo.

– Sim dormiu muito bem! – a voz de Helena sai num tom mais feliz.

– Cada pequena conquista, cada pequeno milagre deve ser sempre comemorado! – diz Luísa num tom verdadeiramente alegre.

– Ebaaaaaaa!!! E o que vou ganhar?? – Mariana não se contém de tão feliz.

– Huummm como sou uma médica muiiitoooo legal e boazinha, eu te trouxe uma pêra.

A carinha de Mariana demonstra sua decepção com o presente.

– Opaaa! Mas não é qualquer pêra dona Mariana!! – ergue a mão e num gesto teatral, mostra a fruta para a menina.

– O que tem de tão especial? – diz num muxoxo.

– Ela foi elaborada por uma fada amiga minha!!! – e dá uma piscada para a menina, que começa a demonstrar interesse.

– Mãe ela tem uma amiga que é fada!!! – Helena sorri ainda mais vendo os olhinhos felizes e o sorriso no rosto da filha. – Como é o nome dela???

– Serena! Se você quiser, posso até trazê-la aqui!!

Mariana toda contente pede para sua mãe:

– Que nome lindo e é de fada mesmo!!! Pode mamãe? A fada pode vir??

Helena está sentada no braço da poltrona observando toda a cena, diz:

– Claro filha!

– Será bom né mamãe? Nunca recebo visitas!

Nesse momento, Luísa e Helena se olham e trocam um sorriso sem graça. A médica trata de etar o silêncio que paira no ar.

– Então prove a pêra e me diz se não é coisa de fada mesmo.

Mariana come e faz uma cara boa.

– Nossa nunca comi uma pêra tão boa!! É foi feita pela fada mesmo mamãe!!

– Bom lindas, tenho que ir trabalhar, mas volto hoje no fim da tarde e assim que puder, trarei minha amiga fada ok? – diz dando uma piscada para a menina.

– Ahhh já vai??? – Mariana diz fazendo bico e cruzando os bracinho a frente do corpo.

Luísa dá um beijo em sua testa e mexe no lindo cabelo da menina.

– Eu volto ainda hoje antes de ir pra casa, combinado?

– Combinado!!!!

Se abraçam carinhosamente, enquanto Helena assiste a cena comovida.

– Agora posso conversar um tiquinho com sua mãe lá fora?

Mariana balança a cabeça concordando.

– Sabe, acho que a mamãe fica tanto aqui que tá até branca que nem neve. Falo pra ela sair um pouco, dar uma volta, mas ela nunca vai!! – diz mordendo a pêra.

Luísa olhando para Helena diz:

– Então seu desejo será realizado menina! Vou levar sua mãe pra dar uma volta na rua agora!

– Não…não posso ir…. – Helena gagueja.

– Mamãe a médica já veio e agora vai demorar um tempão pra voltar aqui. Já sou grande e posso ficar um pouquinho sozinha.- diz num tom sério.

Helena fica sem ação, Luísa toma a dianteira e a pega pela mão.

– Vem Helena, vamos tomar um café. – e a puxa para fora do quarto.

Helena a segue de forma automática, mas gosta da sensação de alguém estar fazendo algo por ela, nem que seja apenas levá-la para um simples café.

– Ainda tenho muitos pacientes para visitar, por isso não se incomoda de tomarmos um café aqui mesmo? – diz já apertando o botão do elevador.

– Ahan…claro que não me importo. – e puxa delicadamente sua mão soltando-a da médica.

Luísa se dá conta que estavam de mãos dadas e fica um tanto sem graça.

– Ah desculpa, eu não percebi…

– Tudo bem Luísa.

Vão até o quinto andar onde fica a cantina, sentam-se e pedem café e pão de queijo. Para quebrar o clima um pouco estranho, Luísa começa a falar tudo o que aconteceu na manhã.

– Conversei com o médico da Mariana, aliás, um dos melhores que conheço. Ele me inteirou do caso e me garantiu que ela tem prioridade. Estão correndo atrás de algum doador. Também falei com a assistente social e pedi prioridade para acharem alguma profissional que possa revezar com você. Até amanhã me garantiu que você conhecerá algumas pessoas.

Helena fica olhando para Luísa sem dizer nada, segurando a xícara no ar. Só consegue olhar e agradecer internamente o esbarrão que deram no dia anterior.

– Tudo bem Helena? – diz colocando sua mão na mão da mulher que a olha com lindos olhos azuis.

Helena baixa os olhos até a mão das duas, nessa hora Luísa fica sem graça e retira sua mão rapidamente. Helena a pega no ar ainda, segurando com firmeza a mão macia da médica. Luísa a olha sem entender o que está acontecendo.

– Obrigada. – e dá um beijo na mão da médica.

Luísa sente um arrepio e por um milagre, fica sem saber o que falar ou fazer. Se dá conta que além de verdadeiramente querer ajudar Mariana e que faria a mesma coisa por outra pessoa, sente algo diferente por Helena.

Ficam se olhando por algum tempo, Helena solta a mão, baixa o olhar e termina seu café. Luísa se levanta e paga a conta.

– Então até mais tarde Helena. – lhe dá um beijo no rosto.

– Não tenho como te agradecer…tudo o que fez em menos de 24 horas pela minha Mari e por mim…nem tenho palavras…

– Fiz o que minha consciência e meu coração mandaram. – e segue para a escada de emergência.

– Não vai de elevador? – Helena pergunta meio que querendo aproveitar um pouco mais da sua presença.

– Ah tô atrasada demais!! – e joga uma piscada.

Helena pensa na sensação boa que sente perto de Luísa, no quanto se sente protegida e cuidada. Parece loucura, pois se conhecem a menos de um dia, mas ela fez tanto em tão pouco tempo. O elevador abre a porta no andar que deve descer e ela leva um susto. Vai direto ao quarto ver Mariana.

– Oi amor, me desculpe a demora!

– Ah mamãe tô bem, acho que a pêra da fada tem poderes mágicos mesmo!!!

Passam a tarde brincando, Helena percebe que depois da visita de Luísa, até Mariana se mostrou mais falante, feliz.

Até Mariana…..logo….ela também…aliás, ela se sentia mais feliz depois da visita da médica como há tempos não se sentia…

A porta quando se abre e bate de leve, tira Helena de seus pensamentos estranhos.

– Oi amor. – entra seu marido apressado.

– Oi Fabio, chegou cedo hoje. – retribui o selinho leve que recebe do marido.

– É que vou precisar ir pro Rio ainda hoje e vim aqui ver como vocês estão.

– Vai ficar quanto tempo lá?

– Uns quinze dias. Oi minha menina linda como você tá??

Mariana desata a falar da visita da médica e seu pai se mostra animado. Depois de quase uma hora conversando, ele se despede.

– Bom se cuida minha menina linda. – dá um beijo amoroso na testa da filha.

Se vira para Helena, a abraça e dá um beijo xoxo em sua boca.

– Tchau Lena, me liga a qualquer hora do dia ou da noite ok?

– Ligo sim, avisa quando chegar ao Rio.

Ele vai embora, deixa as duas no quarto. Mariana se aconchega na cama e começa a cochilar. Helena aproveita para dar uma volta no corredor do andar. Se sente sufocada e estranha. Enquanto caminha, olha no relógio toda hora.

“ela disse que viria no fim do dia, já são mais de seis da tarde e nada….”

Esse pensamento a assusta, então volta para o quarto. Quando entra dá de cara com Luísa examinando Mariana. Fica parada na porta olhando. Ela ausculta o pulmão, coração, conversa com a enfermeira sobre os sinais vitais da menina. Helena a contempla, sente que o leve desanimo some e é preenchida por uma sensação de bem estar. Mariana está dormindo tranquila.

– Oi Luísa. – diz entrando no quarto.

– Oi Helena! Prometi e estou cumprindo! – e lhe dá um sorriso.

A enfermeira se despede e sai do quarto. Helena repara que o sorriso dela é sincero, traz uma espontaneidade que não está acostumada.

– Percebi que sempre cumpre mesmo. – caminha até ficar ao lado da médica. – E como está minha menina?

– Tudo bem. Os sinais estão estáveis, a Selma me disse que hoje ela pareceu mais animadinha, isso é ótimo!

Luísa sente que Helena está muito próxima, sente o perfume de xampu e fica um tanto nervosa. Helena esbarra seu seio de leve no braço de Luísa, que sente um choque leve, as duas se olham. A assistente social entra no quarto, fazendo as duas acordarem do pequeno transe.

– Que bom que está aqui Dra. Luísa.

– Essa é a Patrícia assistente social, essa é a Helena mãe desse anjinho. Ambas se cumprimentam apertando as mãos.

– Bom selecionei três cuidadoras muito bem recomendadas, trouxe o currículo delas para você avaliar. – diz entregando à Helena.

– Obrigada Patrícia. – diz Helena.

– Se precisarem de algo, por favor me chamem. – se despede e sai do quarto.

– Estou sem graça, mas posso te pedir mais um favor? – a voz de Helena sai baixa.

– Você não me pediu nenhum favor, eu que sou intrometida mesmo. – dá um sorriso para disfarçar seu estranho nervosismo.

– Me ajuda com isso? – e levanta os currículos das cuidadoras.

Luísa percebe que Mariana está num sono profundo devido aos medicamentos e acha saudável que Helena saia um pouco daquele ambiente.

– São quase sete da noite e tô morrendo de fome, essa princesinha tá num sono profundo, te ajudo se me acompanhar até a cafeteria, pode ser?

Helena olha para a filha, percebe que não acordará tão cedo e que ela quer ficar mais tempo perto de Luísa. Quando pensa em dizer não, sua resposta é contrária:

– Sim, vamos. – se assusta com a própria resposta.

Vão conversando sobre Mariana e o que podem fazer para aliviar a tensão de praticamente estar morando no hospital. Sentam na mesma mesa do dia anterior. A garçonete se aproxima para anotar os pedidos.

– Na verdade queria jantar, sabe comida com garfo e faca? – diz Luísa olhando o cardápio.

Helena ri do jeito dela, encosta na guarda da cadeira e tem uma expressão mais tranquila no rosto.

– Que foi?? Eu almocei era meio dia, acha que pra manter esse corpinho é com frutinha, alface??? – a médica diz já rindo e fazendo Helena rir ainda mais.

Pedem quiche de queijo e suco de laranja. Luísa percebe que Helena está entretida com o celular e aproveita para esmiuçar seu rosto, suas lindas mãos e cabelos. Apesar de parecer sofrida por tudo que lhe acontece, é uma mulher muito bonita. Sente que ela está mais relaxada, como se um pouco do peso que carregasse, tivesse sido tirado de suas costas. Se sentindo observada, Helena sobe o olhar até encontrar os olhos verdes de Luísa.

– Desculpa, estava respondendo ao meu marido.

– Imagina, ele está bem? Achei que iria conhecê-lo pelo horário que fui ver a Mari. – diz sentindo uma pontadinha de um sentimento antigo que achou não ter mais, o tal do ciúmes.

– Ele foi hoje ao Rio e deve voltar daqui uns 15 dias. – seu tom é sem emoção.

Comem em silêncio.

– É doutora você está mesmo com fome. – sorri e pisca para Luísa.

– Se eu te falar que ainda estou, vai ficar assustada? – e dá o último gole do seu suco.

Helena apenas a olha, quer guardar na memória os traços, os trejeitos, as covinhas que aparecem toda vez que sorri, além dos lindos olhos verdes.

– Aceita jantar comigo? – a pergunta escapa da sua boca.

Luísa se eta com o convite e antes de responder, Helena emenda:

– Assim que acharmos uma cuidadora e como forma de agradecimento a tudo que já fez em tão pouco tempo.

Dessa vez é Luísa que a observa, sente uma quentura gostosa no peito, uma vontade louca de pular e beijar aquela boca pequenina e carnuda, mas se contém e responde:

-Claro que sim, e olha que eu cobro viu?

Durante os próximos minutos analisam os currículos, decidem chamar as três e Helena e Mariana escolherão.

– Mais uma vez obrigada Luísa.

– Lu.

– Oi? – Helena não entende.

– Me chame de Lu, é assim que minhas amigas me chamam.

– Só se me chamar de Lena então!

– Não, amo seu nome e só a chamarei de Helena!

Fica um silêncio gostoso no ar, as duas se admirando, flertando. Helena morde o lábio inferior e diz com voz mais baixa e mirando a mesa.

– Você é uma agradável surpresa Lu.

– Confesso que nunca gostei tanto de atropelar alguém!

As duas riem.

– Você passou o dia todo trabalhando, deve estar exausta e louca pra ir pra casa. Vamos pedir a conta e dessa vez, eu pago! – Helena diz já indo em direção ao caixa.

Luísa fica observando seu andar, uma mistura de delicadeza e sensualidade, mesmo usando jeans e camiseta, ela tem um porte elegante, meio nobre.

– Vamos Lu?

Assim que saem da cafeteria, Luísa pergunta:

– Você não trabalha ou parou pra cuidar da Mari?

– Parei pra cuidar dela, sou advogada e trabalho na empresa da minha família.

– Seu tom não demonstra entusiasmo com sua profissão.

– Sou também formada em História e meu sonho era ser professora universitária.

– E por que não é?

Helena solta um suspiro cansado.

– Uma longa história que não quero falar.

Se sentido invasiva, Luísa pede desculpas.

– Não Lu, tudo bem, não é que não queira compartilhar com você. Apenas não quero estragar essa sensação boa que sinto quando estou com você, falando de algo que me é desagradável.

Ambas se olham, Helena fica sem graça e Luísa se aproxima.

– Helena eu entendo. Depois de tanto tempo no hospital só falando sobre sua filha e pelo que me disse, sem ninguém pra te fazer companhia, normal que eu me torne algo bom pra você.

– É bem isso….

Quando chegam ao hospital, Luísa a abraça e dá um beijo no rosto, quando vai se afastar, sente Helena a puxar a impedindo de sair daquele abraço. Ouve a voz rouca e um pouco grave de Helena em seu ouvido.

– Acho que é um pouco mais que isso…

Um arrepio percorre todo o corpo de Luísa, que aumenta a intensidade do abraço. Alguns minutos depois, se afastam e a troca de olhares é intensa, nenhuma sabe ao certo o que dizer. Luísa passa levemente sua mão no rosto de Helena, que fecha os olhos.

– Boa noite Helena, até amanhã.

– Boa noite Lu…. – e fica vendo a médica se virar e ir para o estacionamento. Fica um tempo lá parada, perdida na cena que acabara de acontecer. Respira fundo, solta o ar e segue para dentro do hospital.

Luísa dirige seu carro sem vontade de ir para casa, mas também não sabe para onde ir. Pensa no bar que costuma frequentar, quer tentar exorcizar as sensações confusas que sente quando está com Helena. Seu celular toca.

– Oi Lu como você tá amiga? – a voz doce e alegre de Serena.

– Oi Sê! Nossa você adivinha quando preciso de você??

– Acho que sintonia de amigas…o que houve?

– Ahhh amiga, treco estranho, sei lá, tô confusa…

– Quer vir em casa pra conversar?

– A Laís tá aí?

– Tá sim, mas se preferir, podemos caminhar só nós duas, que acha?

– Acho que é até bom ela estar, me conhece talvez também me ajude.

– Vem pra cá que vou preparar um jantar pra nós!

– Tô indo. Serena?

– Oi Lu.

– Obrigada!

Luísa para na frente do prédio de Serena, desce e toca o interfone. A porta é aberta e ela sobe cabisbaixa. Quando chega ao andar, já encontra Serena com a porta aberta e o seu lindo sorriso.

– Oi Lu!! – corre e a abraça. – Vem, entra linda.

– Oi Lu. – Laís dá um beijo e um abraço.

– Obrigada meninas, tô precisando desabafar.

– Senta aqui. – Serena indica o sofá.

Luísa senta numa ponta e Laís na outra, Serena senta no chão em frente às duas.

– Diga amiga.- Serena diz.

Luísa explica os últimos acontecimentos, diz as sensações estranhas que sente ao estar e até ao pensar em Helena. Laís é a primeira que fala.

– Lu, ela corresponde?

– Parece que de certa forma sim, mas ela tá tão fragilizada que pode ser apenas gratidão sabe?

– E por que não fala com ela? – Laís questiona enquanto Serena só observa.

– Ah ela é hétero e casada, deve estar me vendo como uma amiga e eu não quero ferrar com tudo. De certa forma, percebo que por incrível que pareça, ela me vê como um apoio.

Serena levanta e vai buscar vinho para elas. Quando volta, fala:

– Desde quando a senhorita tem medo das pessoas ou situações??

Luísa ri e toma um gole do vinho.

– É uma sensação estranha que faz muito tempo que não sentia.

– Posso ser invasiva? – Serena pergunta.

– Claro Sê.

– É o mesmo que sentiu pela Laís?

Luísa e Laís se olham e olham para Serena, ambas constrangidas.

– Er…não…tipo.. – Luísa gagueja.

– Lu já tem mais de um ano e hoje somos três ótimas amigas, correto?

– Sim Sê, é que me pegou meio desprevenida…

– Serena que doida! – Laís diz timidamente.

– Amor, somos maduras e sinceras. Até onde sei, vocês duas tiveram um lindo relacionamento e graças a Lu, estamos juntas.

– Verdade meu amor, tem razão. – Laís dá um beijo em sua mão.

– Eu não fiz nada, vocês que sempre se amaram…

– Claro que fez! Me deu vários conselhos e para a Laís também, agiu como a grande mulher que você é.

– Ok! Vamos parar com essa rasgação de seda que tá ficando meio gay. – Luísa diz em meio a uma sonora gargalhada.

– Lu vou te dar o mesmo conselho que me deu e que segui, e foi a coisa mais certa que fiz. Se você sente algo, sendo recíproco ou não, tente, não se acovarde com medo da resposta. Tente ao menos. – Laís diz enquanto segura a mão da médica.

As três amigas se abraçam. Elas conversam durante todo o jantar. Luísa sai da casa das amigas mais tranquila e com uma decisão tomada. Independentemente do que Helena sinta ou não, ela se deu um prazo de uma semana, se perceber que as sensações continuam, vai falar abertamente para ela. Ao menos tentará e tirará a dúvida.



Notas:



O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2018 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.