DAKOTA

16. Uma tortura danada de boa

— Aceita uma bebida? — George perguntou para Dakota.

O pai de Isadora era um homem de cabelos grisalhos e sorriso gentil, assim como a esposa, embora esta última estivesse se esforçando para parecer um pouco rígida. Enquanto era guiada pelos cômodos da casa até alcançarem uma porta lateral, que levava a um pequeno jardim, Isadora resumiu a conversa que teve com a mãe.

Dakota fez uma piadinha sobre isso, mas intimamente ficou um pouco apreensiva. E a verdade era que não se recordava da última vez em que se sentiu assim, tampouco de ter desejado que alguém gostasse dela gratuitamente.

Ela relaxou as costas no encosto do sofá de jardim que ocupava com Isadora e antes que pudesse responder, a moça o fez:

— Não é assim que funciona com a Dakota, pai. A questão não é se ela quer uma bebida, mas sim, como foi o dia dela.

— Não entendi.

Dakota riu gostoso.

— Você não vai esquecer isso, não é?

— Pode apostar que não — Isadora explicou ao pai sobre o que estavam falando. — Cerveja para relaxar no fim de um dia cansativo, vodca para acalmar os nervos e vinho para dividir com uma boa companhia.

— Hm, gostei disso — o homem aprovou. — Então, o que vai ser?

— Uísque.

— Onde entra o uísque? — Isadora quis saber.

— Em qualquer momento do dia — sorriu. — É minha bebida preferida.

George riu de lado e foi em busca da bebida, achando a amiga da filha uma mulher interessante. Ao menos, tinha bom humor. Perguntou-se o que Alma estaria pensando, visto que Dakota era bem mais velha do que Isadora comentou.

Aproveitando que ficaram sozinhas, Isadora escorregou para mais perto dela. Sua mão uniu-se a de Dakota em um toque suave.

— Sua mão está gelada. Está nervosa?

— Talvez.

— Sério?

— Não posso ficar?

— Poder, pode, mas você costuma ser tão dona de si. Problemas no trabalho?

— A ausência de problemas é que seria preocupante e me deixaria desempregada — Dakota fez um carinho singelo na mão dela, depois riu. — Bom, a verdade é que faz bastante tempo que uma mulher não me apresenta para os pais.

— Então é isso?

— Sim, um pouco — admitiu. — Sabe, acabei me casando com a última que fez isso.

— É um pedido? — Isadora provocou-a.

— Você é mesmo ligeirinha — brincou. — Não sei se eu tenho coragem de passar por essa experiência novamente e, principalmente, se iremos além desses momentos agradáveis que temos compartilhado. Amanhã você pode decidir que não quer mais isso ou que eu sou um perigo ambulante…

Isadora apertou a mão dela, interrompendo sua frase.

— Bem, você é o perigo mais gostoso que passei. Está um tesão vestida assim — deslizou a mão livre pelos botões do colete dela. Com o calor, Dakota havia tirado o blazer e agora expunha suas tatuagens e um decote tentador, ainda que muito discreto.

— E eu achando que você curtia a minha vibe motoqueira rebelde — mostrou um sorriso malicioso.

— Acho que gosto das duas, mas a melhor parte é te ver sem roupas.

— Realmente, adoro quando a sua timidez vai embora.

Dakota queria beijá-la, arrancar suas roupas e fazê-la arfar de prazer ali mesmo. E estava claro que o seu desejo se refletia em Isadora, que deslizou a ponta do dedo até o queixo dela e a beijou voluptuosamente.

— Você me enlouquece — Isa deixou escapar entre os lábios dela, causando-lhe um arrepio na nuca.

O som dos passos de George as separou e, ainda com um sorriso provocativo, Isadora passou o dedo pelos lábios de Dakota, limpando o batom borrado. Quando seu pai surgiu na porta, as duas tinham colocado uma distância segura entre seus corpos. Nem por isso, sentiam-se menos famintas por aplacar o desejo que as consumia.

Isadora repreendeu-se pelo que disse, porém, não podia estar sendo mais sincera. Dakota, por outro lado, rememorava a conversa que teve com Rachel, no dia anterior, com a certeza de que já era tarde demais para colocar freio nos sentimentos que Isadora estava despertando nela. Um pouco entristecida, admitiu que estava se apaixonando pela morena e que, com toda a certeza, sairia ferida desse envolvimento.

— Aqui está — George entregou o copo com uísque para Dakota, que tomou um gole longo sem cerimônia. O olhar de Isadora queimava sua pele, tanto quanto a bebida que deslizava por sua garganta.

George a acompanhou na bebida e sentou na poltrona de vime à sua frente. À vontade, ele perguntou como as duas se conheceram. Ainda estava tentando entender o fim do relacionamento da filha com Alice e, pelo pouco que a esposa lhe contou, o fato de Isadora já estar se envolvendo com outra mulher. No entanto, ele não iria opinar sobre isso. Isadora já era adulta e sabia bem o que fazia da vida. Como pai, lhe restava torcer pela sua felicidade.

— Dakota é neta da Rosana — Isadora contou, percebendo o desagrado momentâneo que visitou as feições da amante. Contudo, era melhor falar sobre isso do que explicar que elas não se davam bem e que Dakota só retornara a Cascabulho em busca de uma filha que não era sua e que se envolveu em problemas com gente muito ruim.

— Como assim? — Dona Alma perguntou, junto à porta. Ela trazia alguns aperitivos, os quais se apressou a colocar na mesinha de centro. Enquanto sentava na outra poltrona, Isadora complementava a informação, pedindo desculpas silenciosas para Dakota.

— Eu já falei para vocês que Dona Rosana tem uma neta…

— Nós não nos damos bem e não mantínhamos contato até pouco tempo — Dakota a interrompeu. — Mas desde que fui embora de Cascabulho, Tonho e sua família sempre estiveram próximos. Sou madrinha de Isabela, que é sobrinha dele. Ela até morou comigo por alguns anos. Nós também somos… éramos sócios no bar e eu possuo uma propriedade na região, então quando ele faleceu, retornei para a cidade a fim de resolver algumas questões relacionadas à nossa sociedade e as propriedades de Tonho. Os irmãos dele não se encontravam com cabeça para isso.

Isadora soltou o ar dos pulmões, satisfeita com a explicação dela. Não era de todo uma mentira.

— Eu lamento muito por ele. Era um bom homem.

— Era como um irmão para mim — revelou, tomando o resto do uísque de um gole só.

— A polícia já tem pistas de quem o matou?

— Não. Ainda é um mistério — Dakota respondeu baixinho.

Notando seu desconforto, Dona Alma sugeriu à filha que levasse sua “amiga” para conhecer o resto da casa e apresentasse para ela o quarto onde dormiriam. O que Isadora fez com enorme satisfação.

— Você está bem?

— Sim. Só fiquei um pouquinho emocionada — passou a mão pela cintura de Isadora, apreciando o perfume suave que lhe invadiu as narinas. A mochila pendia do seu ombro direito e foi atirada ao chão quando a moça a introduziu no quarto e fechou a porta.

— E aqui estamos — disse ela, mostrando um sorrisinho meio bobo.

Era um quarto espaçoso e ligeiramente decepcionante, pois Dakota imaginou que o cômodo teria resquícios de Isadora na adolescência. Contudo, ela admitia que deixou a imaginação correr solta e que isso não fazia sentido.

— O banheiro fica ali — Isadora apontou, enquanto os olhos de Dakota estavam sobre a cama de casal e o seu cérebro delineava ideias nada inocentes. O guarda-roupa embutido tomava uma parede inteira e prateleiras com livros e alguns enfeites ocupavam outra. Ao lado da porta do quarto havia uma cômoda, na qual a dona pousou uma das mãos, dizendo: — Você pode guardar suas coisas aqui.

O seu tom era baixo e rouco e atraiu o olhar de Dakota, que se virou para encará-la em tempo de vê-la girar a chave e trancar a porta. Um sorriso devasso marcou seus lábios e Isadora riu baixinho, chamando-a com um gesto delicado. A moça envolveu o pescoço dela, unindo suas bocas em seguida.

— Hm… isso me faz sentir como uma adolescente — Dakota brincou, admirando o brilho travesso nos olhos dela. A conversa sobre Tonho e Rosana, já esquecida com o incômodo que lhe causou.

— Pelo pouco que você me contou da sua vida, esta certamente seria sua primeira experiência, fazendo algo proibido no quarto de uma garota de quem está a fim.

Dakota inclinou a cabeça para trás, numa risada alta e apaixonante. Isadora pegou-se pensando que adorava vê-la rir daquela forma, como se não houvesse nada no mundo capaz de apagar a alegria que a dominava.

Enquanto isso, Dakota chegava à conclusão de que sentir Isadora grudada a si, reacendeu o desejo de momentos antes. Aquela mulher estava se tornando a faísca para o seu corpo embebido em gasolina. Sabia que iria se queimar, porém, ansiava por isso a todo instante.

Isadora ousou beijá-la de novo e com tanta aflição que o ar lhes faltou.

— Como eu queria mais que um beijo agora — disse ela, ainda mais rouca —, mas se demorarmos muito, um dos meus pais virá aqui. O que eles têm de hospitaleiros, têm de inconvenientes.

— Não sei se consigo esperar até a hora de dormir — Dakota a trouxe para mais perto, beijando-a de novo, como se estivesse prestes a devorá-la. Isadora sentiu as pernas bambas, inconformada com o poder arrebatador que aquela mulher exercia sobre seu corpo e desejo em tão pouco tempo de convivência. Se antes de transarem pela primeira vez já era difícil fugir ao magnetismo dela, agora que conhecia cada centímetro do seu corpo, era quase impossível não desejar se afogar nos prazeres que Dakota prometia com apenas um olhar.

Suas costas bateram na cômoda, fazendo os poucos objetos sobre ela balançarem com barulho. Riu entre os lábios da motoqueira, e tomou um pequeno susto quando ela a ergueu e fez sentar sobre o móvel.

— Não podemos… — mordiscou o lábio quando a mão de Dakota invadiu seu short. Que felicidade ele ser largo o suficiente para não lhe oferecer resistência. Os dedos dela roçaram na sua calcinha, constatando a umidade adquirida durante o beijo no sofá do jardim.

— Só precisamos ser rápidas e silenciosas — Dakota provocou-a, aumentando a pressão sobre sua calcinha.

— Porra! — Isadora gemeu, enroscando uma das pernas nela. — Você é tão cruel…

— Se você quiser, posso parar — sussurrou ao seu ouvido, provocante. A ponta da língua tocando o lóbulo da orelha, levando um arrepio delicioso para a pele de Isadora. A morena inclinou o corpo para trás, o olhar se prendendo ao de Dakota, que parecia bailar entre a devassidão e a admiração apaixonada.

— Se você parar, juro que te mato!

Sorrindo contra a pele dela, Dakota afastou sua calcinha para o lado. Seus dedos deslizaram facilmente na umidade provocada pela excitação. Um gemido rouco escapou da agrônoma, que abriu mais as pernas para facilitar o contato. Dakota acariciou de leve, uma provocação gostosa e um tormento para quem ansiava por algo mais incisivo.

— Você não disse que tínhamos que ser rápidas? Não me torture! — Isa sentia um turbilhão de chamas a percorrer suas veias quando os dedos dela a invadiram suavemente. Aflita, empurrou sua pélvis contra eles.

Suas bocas se buscaram num beijo guloso e acelerado como o ritmo das estocadas. Isadora iria explodir a qualquer instante ou acabaria morrendo em busca disso. Ela sentia o gosto do uísque no beijo de Dakota e o perfume amadeirado dela invadindo seus sentidos, tão insanamente excitantes quanto os dedos no vai e vem frenético que a consumia.

Ela só queria extinguir aquele fogo ou torna-se ele completamente e, para isso, agarrava-se ao corpo de Dakota como se pudesse se fundir a ela, sussurrando coisas indecentes e excitantes entre seus lábios, ao passo que lutava contra a vontade de gemer alto o nome dela, implorando para que fosse mais rápido e com mais força.

Dakota escorregou a mão livre até o pescoço dela, afastando-a momentaneamente. O polegar deslizou pelos lábios inchados e rubros de Isadora, cujo olhar parecia querer atear fogo em sua alma. Ela era inebriante e excitante; querê-la começava a se tornar um tormento, mas sequer cogitava a possibilidade de fugir disso.

Isadora arfou, o olhar ainda grudado ao dela quando abocanhou seu polegar e o chupou, provocante. Dakota sentiu o borbulhar em suas entranhas aumentar, tamanha a vontade de tê-la chupando outras partes de seu corpo. Tocar Isadora daquela maneira era tão intenso que seu próprio gozo se avizinhava sem qualquer esforço.

Ansiosa, Isa enfiou as mãos por baixo do colete dela, arranhando suas costas antes de voltar a se grudar nos seus lábios, desesperadamente. O vulcão no corpo dela crescia, formando um redemoinho escaldante em seu ventre, que a fez irromper num gozo arrebatador. O grito que não conseguiu conter foi abafado no ombro de Dakota, onde enfiou seu rosto, aspirando o perfume dela e sentindo o coração bater descompassado.

Dakota a abraçou forte, escondendo o sorriso entre seus cabelos. Ela distribuiu beijos miúdos e carinhosos por seu ombro, enquanto acariciava suas costas. Isadora gostava disso, pois a fazia se sentir querida e não apenas alguém para compartilhar a luxúria e saciar as vontades do corpo.

E falando nele, seu próprio corpo ainda reverberava os tremores do orgasmo, quando Dakota a levou para a cama e deitou ao seu lado, fazendo um carinho leve em seu rosto.

— Descansa um pouco — ela sentou um beijo em sua testa com um olhar carinhoso, antes de ficar de pé e ir até a porta para destrancá-la. Pegou a mochila, que havia jogado ao lado da cama e anunciou: — Vou tomar um banho.

Isadora a fitou, lânguida. Sua respiração ainda estava ofegante quando afirmou:

— Mais tarde, retribuo. Caramba! Isso foi deliciosamente insano — riu baixinho, reparando que Dakota não a acompanhou no riso.

— Foi mesmo… — ela concordou após um instante, os olhos castanhos brilhavam como brasas que escondiam promessas devassas.

— O que foi? — reuniu forças para sentar.

— Nada. É que estava pensando no quanto você fica linda quando alcança o clímax — sorriu para a face corada dela.

— Você não se cansa de me deixar envergonhada? — atirou um travesseiro nela.

Dakota se aproximou, devolvendo o travesseiro.

— Que posso fazer, se você fica ainda mais linda quando sua timidez retorna? — fez um novo carinho no rosto dela, que estranhou a forma como ela a olhava. No castanho daquelas íris parecia haver uma infinidade de sentimentos, mas Isadora não conseguia interpretá-los ou, mais precisamente, não tinha coragem de fazê-lo.

— Você está bem, Dakota?

— Estou ótima — deixou escapar um riso nasal.

— Mesmo?

— Sim, Isa. Assim como você, estou apenas apreciando o efeito do orgasmo.

— Uau, você…

Dakota riu de novo e mais abertamente.

— Já faz um bom tempo desde que gozei apenas por dar prazer a uma mulher. E agora eu preciso de um bom banho e uma calcinha limpa! — piscou, brincalhona, e Isadora deu uma gargalhada alta, envaidecida.

— Fique à vontade — deu um beijo rápido nela. — Vou descer antes que alguém venha até aqui e perceba que a gente andou se divertindo. Não que eu me importe de perceberem isso, mas esta ainda é a casa dos meus pais e, bem, até algumas semanas atrás, eu namorava Alice.

Dakota lhe fez um cafuné ligeiro e, antes de entrar no banheiro, falou:

— Que bom que Alice é uma idiota.

Outra vez, Isadora se negou a interpretar o verdadeiro sentido daquelas palavras. Com um gesto, indicou onde ela poderia encontrar toalhas limpas e saiu do quarto. No andar de baixo, foi preciso fazer um grande esforço para esconder o sorriso de satisfação que bordava seus lábios.

— Onde está sua amiga? — Dona Alma perguntou quando ela entrou na cozinha.

— Tomando um banho — contou, deixando a mente projetar imagens do corpo de Dakota debaixo do chuveiro. As costas largas e tatuadas, o bumbum empinado, o abdômen trabalhado, os seios… ah, adorava os seios dela. Nem grandes, nem pequenos, na medida perfeita para o seu gosto.

— Quando você disse que ela era um pouco mais… experiente, não imaginei que seria tão mais velha.

Isadora obrigou-se a prestar atenção ao que a mãe dizia.

— Não exagera, mãe. Dez anos não é tanto assim. E mesmo que fossem mais, não faria diferença.

— Idade não me importa, filha. Foi apenas um comentário. O que realmente me incomoda é que ela é prima da sua ex, a mulher que você namorava até três semanas atrás. Há um claro conflito aqui. Tem certeza de que não está se envolvendo com essa mulher apenas para provocar Alice?

— Parece até que a senhora não conhece a filha que tem — sorriu, descrente. — Eu não preciso me rebaixar, fazendo esses joguinhos ridículos. Pode relaxar. Alice está mesmo puta com a Dakota, mas não é por minha causa. A preocupação dela é com a fazenda, Dakota é a verdadeira herdeira daquelas terras. E deixando isso de lado, tenho quase certeza de que Alice tem uma queda por ela.

Dona Alma, que estava picando cebolas com rapidez e destreza, largou a faca e encarou a filha.

— Não pode estar falando sério.

— Alice nunca foi santa, Dona Alma. A chegada da Dakota me arrastou para um poço quase sem fundo de ciúmes e olha que Alice ainda não sabia sobre o parentesco delas. Não sei como ela está se sentindo agora que sabe que são primas e a Mimosa está em jogo, mas antes disso, embora Alice negasse, dava para notar que ela se sentia atraída.

— Eu sinto muito, filha.

Isadora exalou forte. Não queria pensar em Alice e no seu relacionamento fracassado.

— Eu sei, mãe. Eu fiz besteira, me deixei cegar pela paixão.

— Mas e a Dakota?

— O que tem ela?

— Alice e a fazenda, como ela se sente sobre isso?

Um sorriso calmo bordou os lábios de Isadora.

— Ela não está interessada na fazenda, nem em Alice e, muito menos, em reatar laços com Dona Rosana.

— Mas e vocês? Filha, eu percebi a forma que se olham e estou muito preocupada com você.

Isadora se escorou na pia, cruzando os braços.

— Nós somos duas mulheres adultas que estão aproveitando a companhia uma da outra, assim como lhe falei esta tarde. Não temos rótulos, nem intenções de manter um relacionamento sério. Afinal, mal nos conhecemos.

— Sinceramente, não entendo isso.

— Não precisa, Dona Alma. Só nos deixe seguir assim até onde for possível.

— Tenho medo que se machuque. Aliás, acho que já está fazendo isso ao se envolver com essa mulher após um término tão recente. Você não tomou um tempo para cuidar das suas feridas, Isadora.

— Eu não quero cuidar delas. Só desejo seguir adiante e Dakota está me fazendo perceber que eu mereço muito mais que as migalhas que Alice me dava. Não é que eu esteja apaixonada ou projetando um romance novo onde não há, é apenas um fato. Sabe, Dakota é uma amiga que já passou por um relacionamento bem mais complicado do que o meu com Alice. É bom estar com ela e saber que não preciso explicar os meus medos e dores, pois ela me compreende. Entendo o seu receio, mãe, porém, me sinto segura com ela. E prometo para a senhora que se perceber o menor sinal de que possa me machucar, irei me afastar dela.

— Muito fácil falar.

— Verdade — deu um pequeno sorriso. — Mas com ela, apesar de parecer incerto, sei onde posso pisar e até onde quero ir.

Dona Alma fitou a filha longamente. Isadora parecia feliz, apesar de tudo que lhe aconteceu nas últimas semanas.

— Tudo bem, meu amor. Só quero que se cuide.

Isadora sorriu para ela e aceitou o beijo no topo da cabeça, como se ainda fosse uma menina. E enquanto a mãe voltava a picar cebolas, virou para a janela e abrigou o olhar no jardim que circundava a casa. Imediatamente, sua mente foi atraída para Dakota. Ainda sentia o calor dos beijos dela em sua pele, sem falar na agitação em seu ventre. Estava muito longe de se sentir satisfeita.

— Acho que também vou tomar um banho antes do jantar — anunciou e, sem mais explicações, saiu da cozinha.

Um minuto depois, entrou no quarto sem se anunciar e encontrou Dakota enrolada em uma toalha. Ela ainda não havia se banhado, em vez disso, despiu-se com calma e espalhou sobre a cama as poucas roupas que trazia na mochila. Escolhia o que iria vestir para o jantar, imaginando que os pais de Isadora sentiriam certo impacto ao conhecer sua versão despojada após vê-la vestida tão formal.

Como fizera mais cedo, Isadora passou a chave na porta. Seu rompante fez Dakota perguntar, por sobre o ombro:

— O que foi?

Como ela não respondeu, virou-se para encontrá-la a poucos centímetros de si. Havia um brilho faminto nos olhos dela, acentuado quando lhe tirou a toalha e a empurrou sobre a cama.

— Está amassando as minhas roupas — Dakota falou rindo.

— Não se preocupe, aqui temos um ótimo ferro de passar — Isadora se ajoelhou ao pé da cama. Dakota apoiou-se nos cotovelos, a fim de ver o que estava fazendo. O olhar dela era quase animalesco e Dakota voltou a sentir a umidade se espalhar em sua intimidade, unindo-se a de momentos antes.

— Isa, seus pais…

— Não se preocupa com isso — tirou os óculos de grau e os colocou sobre a mochila que jazia no chão, então segurou as pernas dela e a puxou para mais perto da beirada da cama. Dakota engoliu em seco quando o hálito dela acariciou sua intimidade. Isa ergueu a face, fitando-a nos olhos. — Eu quero você.

Outra vez, Dakota notou seu desejo refletido nela. Sua pele arrepiou inteira e, num sussurro, disse:

— Vem.

Três letras. Uma palavra tão pequena, que causou um incêndio em Isadora. Será que Dakota fazia ideia do quão deliciosa era aquela expressão de tesão? A puxou para um beijo sugado e molhado. Mordeu o lábio dela, arrancando um gemidinho baixo e manhoso.

— Isa…

Era tão bom fazê-la perder a pose confiante e se entregar às suas carícias. Não conteve o sorriso ao deslizar sua boca para o queixo dela e depois para o pescoço. O cheiro dela era tão bom e excitante, estava se tornando o seu preferido. Suas mãos foram preenchidas com os seios de Dakota, os biquinhos entumecidos pelos seus toques. Isadora achava-os perfeitos, mesmo aquele que possuía uma cicatriz de queimadura, do acidente que ela sofreu anos antes. Dakota ainda não tinha escolhido uma tatuagem para cobri-la, assim como fez com a do braço.

Abocanhou um mamilo, sugando-o e massageando com a ponta da língua, enquanto a amante não escondia sua pressa. Dakota guiou a mão dela até sua intimidade e Isadora arfou pelo prazer de senti-la tão molhada.

— Caramba, por que me deixou sair desse quarto, se você estava assim?

Aquele sorriso torto moldou a expressão provocadora da outra.

— Mas você voltou, não foi? Então, já que está aqui, menos conversa e mais trabalho.

Isadora não retrucou. Em vez disso, a puxou um pouquinho mais para a beirada do colchão. Dakota enfiou a mão nos cabelos dela, bagunçando-os enquanto se deliciava com as pequenas chupadas e mordidas na parte interna das coxas.

— E agora, quem está sendo cruel? — Dakota murmurou a pergunta para, no segundo seguinte, morder a própria mão para conter o gemido alto que escorregava por sua garganta. Isadora passou a língua sobre seu clitóris, circundando-o vagarosamente.

Era uma deliciosa tortura, da qual Dakota não desejava escapar. Seu corpo estava derretendo na boca dela, que alternava lambidas e chupadas ao mesmo tempo em que deslizava os dedos em seu interior. Hora devagar, hora com pressa.

Tortura. Uma tortura danada de boa, que a fez jogar o corpo sobre o colchão e morder o travesseiro para que o resto da casa não ouvisse seus gemidos, enquanto se desmanchava em um gozo intenso.

Isadora sorriu entre as coxas dela e beijou-as um par de vezes, antes de subir na cama e sentar sobre o seu ventre, apoiando as mãos ao lado do seu rosto.

— Acha que fiz um bom trabalho, chefa?

— Eu diria que foi excelente — ofegou a resposta, escorregando um dedo pelo queixo dela.

Ficando de pé sobre a cama, Isadora se livrou das próprias roupas.

— Você é viciante, Dakota — voltou a sentar sobre o ventre dela, se esfregando devagar. — Quanto mais penso sobre isso, mais quero continuar nesse vício.

Dakota a fitou como se estivesse tentando encontrar um significado oculto naquelas palavras. Colocou as mãos na cintura dela e Isadora mordiscou o lábio com jeitinho sacana, quando suas intimidades roçaram uma na outra.

— E você é muito gostosa. Se continuarmos com isso, seus pais vão precisar arrombar essa porta.

Isadora rebolou sobre ela, com um riso devasso.

— Você tem razão. O problema é que eu não quero parar. Meus pais que lidem com isso! Então acho que vamos nos atrasar um pouco para o jantar — curvou-se e a beijou.

— Mal posso esperar para ver seu rostinho tímido quando todo esse tesão passar e você tiver que encarar seus pais na mesa do jantar — riu jocosa.



Notas:

Oi, amores!

Última postagem do ano. Nos reencontraremos em 2025. Espero que seja uma virada de paz e alegria ao lado das pessoas que vocês amam. Que o próximo ano seja mais feliz que este.

Beijos e xêros!




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