Líberiz

Capítulo 33 – O Amanhecer

— Amor.

— Mmm…

— Não quero casar este mês.

— O que?!

Fira se levantou da cama, assustada e revoltada com o que Cécis acabara de falar. Os dias estavam maravilhosos ao lado dela. Tudo estava em seus devidos lugares, e Fira estava amando loucamente aquela mulher. “O que tinha acontecido de errado?” Ela pensava. Tinha deixado todas as convenções, se despido de todas as capas e medos e, principalmente, confiado. “Será que ela não me ama como eu a amo?” 

— Ei! Você quer voltar para a cama! – A princesa reclamou. – Meu corpo se ressente, quando sai assim, sem avisar.

Fira a olhou aturdida. Ao mesmo tempo que se assustou com as palavras, não via no rosto de Cécis algo que indicasse nenhuma insatisfação, ou mesmo que não a amasse.

— Por que não quer marcar o casamento para esse mês?!

— Volta para a cama, por favor! Hoje não tem audiência e nem nada marcado. Quero ficar exatamente aqui, com você!

A princesa apontou para o colchão ao seu lado, levando Fira a se deitar novamente, contudo, estava tensa e com as perguntas saltando na mente.

— O que quis dizer com…

— … Deuses, Fira! Casamos este mês e teremos a família inteira de Avar enforcada aos nossos pés. Não quero isso para o nosso casamento! Voltar das nossas bodas e encarar um enforcamento?! É mau agouro, sabia?!  Quero me casar depois!

O alívio tomou o rosto de Fira Líberiz de imediato.

Nota da Condessa de Lupi

Fira não encabeçou o enforcamento da família de Avar e a Princesa Cécis de Alcaméria articulou, muito bem, a prisão dos traidores junto ao duque de Moritz. 

A duquesa de Líberiz sempre tivera um princípio: Não assumir dívidas morais que não pudesse pagar. Ela dizia que: Dívidas passadas, são correntes futuras. Entretanto, o duque de Moritz se sentiu muito contente em atuar. Ninguém sabia que fora ele o homem a coletar, ao longo dos anos, todas as informações e espionagens a respeito do rei Deomaz de Alcaméria, exceto Fira. Sim, ela mesma. 

Quando a duquesa soube que alguém coletou informações a respeito de Deomaz, foi persistente na investigação de quem estaria por trás e descobriu. Não que ela quisesse se utilizar disso para prejudicar alguém, fazia-o simplesmente para ter algo na manga, caso quisessem prejudicá-la.  

Por este motivo, concordou de imediato que fosse Moritz a encabeçar o plano de prisão de Avar. Ele e a duquesa estariam quites e nenhum dos dois poderiam agir um contra o outro, pois as dívidas morais estariam quitadas. 

Depois de Fira Líberiz e Cécis de Alcaméria, o reino nunca mais seria o mesmo. “Graças aos Deuses”, como elas mesmas falavam.

Se elas tiveram filhos? Sim. Tiveram dois filhos gerados nas fogueiras em homenagem a Grande Deusa da Fertilidade. Concordaram que o primeiro seria gerado por Fira com o primo de Cécis. 

Bem verdade que Cécis fez com que Divinay chegasse na frente para tentar embriagar o rapaz, antes de Fira aparecer para a dita “homenagem”. Fira não aprovava esta conduta e a princesa e a rebelde armaram para os dois. O rapaz estava tão bêbado a ponto de não reconhecer a mulher que o cercou no festival. Algum tempo mais tarde, cumprimentaria Cécis na cidadela, perguntando o que ela achava sobre morar em Líberiz. 

A outra criança que nasceu, seria gestada por Cécis, que fraquejou no último minuto. Afinal, ela não cresceu com a cultura da Deusa e, apesar de respeitar, não era lá muito crente. Fira somente riu quando chegou o momento, e pediu que ela fosse para casa. Uma linda menina de cabelos negros nasceu, gestada novamente por Fira. 

O primo de Cécis nunca questionou, mas se empertigou da segunda vez. Ninguém gosta de ser manipulado. Desconfiou que Cécis e a duquesa se aproximaram só para gerar uma criança. Mas o fato é que ele em nada se arrependia. Se deitaria novamente nas fogueiras, pelo resto de sua vida. Nunca mais teve as nobres junto a ele na homenagem à Deusa.

O primeiro filho delas seria o próximo duque de Líberiz. O nome dele era previsível. Elas o chamaram de Virtus Líberiz II. Já a menina, segunda filha, era o xodó do castelo e era paparicada até pelo irmão mais velho. Não se chamava Frigga, como a mãe de Fira. Ela foi agraciada com o nome da outra avó, mãe de Cécis.  Seu nome era Astra.

Eu aprendi muito e consegui distinguir o que era bom para mim e minha família. Descartei o que era lixo e fui fiel. Admirei uma mulher forte nos atos e vi os seus momentos de fraqueza. Pude olhar o amor nascer dentro dela e de outra mulher, também brava e nobre. 

Elas não eram nobres pelo título que carregavam e sim, pela verdade de suas almas. Eu e minha esposa, Maia, ficamos felizes ao conhecer a princesa Cécis de Alcaméria, através do olhar da minha soberana, Fira Líberiz.

Fim da nota

***

— É aqui que moraremos? Nós não precisamos disso tudo!

— Acostume-se, minha amiga. É assim que os condes vivem, Bert.

O condado ligado a Alcaméria finalmente havia sido criado. Cécis e Fira foram incumbidas de apresentar as terras onde Bert e Maia viveriam. O castelo não era muito grande, todavia era bem maior que a casinha do rancho da escudeira.

— Vamos! Dê a ordem para abrirem os portões.

Fira incentivou a amiga. Estavam montadas em seus cavalos diante da amurada e uma carruagem que vinha logo atrás, trazia as bagagens de roupa e os filhos do casal. Elas viam alguns guardas fazendo a vigia nas torres e eles tinham no uniforme as cores de Alcaméria. Bert não sabia o que falar.

— É só dizer: Abram os portões. – Disse Fira.

A duquesa e Cécis sorriram, achando graça do espanto no rosto da escudeira e sua esposa.

— Quem se aproxima? – Um guarda perguntou.

— Aqui é… – Bert deu uma parada na fala. Como ela se identificaria? – Somos as condessa de Lupi. 

Finalmente Bert falou, estranhando o próprio sobrenome dito tão formalmente. Escutaram cascos de cavalo se aproximando e os guardas das muralhas se colocaram de prontidão, com seus arcos em riste. Elas olharam para trás e Divinay se aproximava com Heloise. Assim que as reconheceram Maia imediatamente ordenou:

— Baixem os arcos! São as condessas de Dotcha chegando.

— Muito bem, Maia! Está mais esperta do que nossa amiga aqui. – Cécis deu um tapinha nas costas de Bert. – Iria deixar que seus guardas matassem suas amigas?

— O quê? Do que está falando?

Fira riu com gosto. 

— Bert, agora você é uma nobre e esses guardas – apontou para o alto da amurada – estão aqui para protegerem vocês. Eles só deixarão as pessoas se aproximarem, se vocês falarem que pode, entende? Essa é a função deles.

— Eu não preciso que ninguém me proteja, Fira. Isso é uma bobagem!

— Acredito que isso é algo que precisará avaliar. Quando se tem terras para gerir e pessoas que estarão sob sua proteção, nem sempre é tão simples.

Cécis falou com certo pesar e os olhos de Bert miraram o chão, tentando absorver as informações e a sua situação atual. Os cavalos de Divinay e Heloise emparelharam com os delas e Bert olhou para o alto. 

— Abram os portões.

Bert ordenou novamente e os portões começaram a se abrir. Entraram para o pátio e um rapaz veio pegar os cavalos. Era jovem. Esperaram a carruagem entrar e viram os filhos de Bert e Maia saírem. Nem esperaram que as mãe os contivessem. Saíram correndo, um atrás do outro, brincando. Maia fez menção em chamá-los e imediatamente uma moça se aproximou.

— Deixe comigo, milady. Cuidarei deles e os levarei para dentro. 

A moça saiu ao encalço das crianças sem nem ao menos dizer seu nome..

Maia e Bert olharam toda a volta. Havia homens e mulheres trabalhando por toda parte. Alguns carregavam pedras em carroças, outros passavam com marretas nas mãos e ainda, moças com fardos de palha. O cavalariço fez uma reverência desajeitada.

— Milady. Meu nome é Alvor e sou o cavalariço. Levarei os cavalos para o estábulo. Quer que dê um banho neles?

— Alvor? Você não é o filho de Hanikor?

— Sim, minha senhora. Meus pais têm uma casa próxima ao seu rancho em Líberiz. São eles que querem comprar suas terras lá. Quando soube que estavam contratando pessoas para trabalhar aqui no condado, eu me prontifiquei. Sempre sonhei em vir para Alcaméria tentar a vida. 

Bert não compreendia muito bem o que estava acontecendo, todavia escolheu se calar e perguntar para Fira quando estivessem em um local mais reservado.

— Dê água e comida. Deixe-os descansar um pouco e depois os escove. 

— Sim, milady.

Outro rapaz se aproximou, no entanto, este estava mais bem trajado. Parecia-se com o senescal de Líberiz, contudo mais novo.

— Agora você vai me dizer que é o filho de Tomaz?

— Como sabe, Milady?

Bert abanou a cabeça, como se estivesse espanando os pensamentos. Quando pensou em assumir um condado, não imaginou tudo que estaria por trás.

— Qual o seu nome, rapaz?

Maia tomou a frente. Via que Bert estava confusa, e ela também, entretanto, sua praticidade fez com que reagisse pragmaticamente. 

— Sigmund, mas todos me chamam de Sig, milady.

— Nos leve ao interior do castelo. Estamos todas cansadas da viagem. 

— É para já, milady. Sigam-me. 

Elas atravessaram a praça e subiram os cinco lances da escadaria da frente da porta imponente de entrada. Divinay não brincou com a amiga, pois aprendeu que as melhores brincadeiras seriam feitas na intimidade. Passaram pelo hall de entrada e seguiram para uma outra porta que, quando foi aberta revelou um salão, não muito grande, mas o suficiente para uma recepção modesta. 

— Sig, mande levar nossas bagagens para os quartos. Depois conheceremos o castelo. 

Bert ordenou e começava a se questionar se gostaria daquela vida. O jovem senescal fez uma reverência e saiu.

— Milady. Estou aqui para atender às suas necessidades. 

Uma moça de voz conhecida se aproximou por trás. Bert se voltou para ela e lançou-se em seus braços.

— Delante!

A felicidade da recente condessa ao reconhecer a moça, fez com que as outras rissem com gosto. Depois que ela se desfez do abraço, encarou a ex-patroa. A expressão de seu corpo dizia a Fira que havia acertado na indicação de Delante para ser a dama de companhia do casal.

— Pensei que um rosto amigo nessa nova jornada traria um conforto a vocês.

A ex-escudeira não sabia o que falar ou o que pensar. O olhar parecia de súplica por uma orientação e Fira acomodou o braço sobre os ombros da amiga confortando-a. 

— Não se apresse e, muito menos, deixe que a ansiedade lhe tome, Bert. Sabemos que a mudança é grande e estarei aqui para ajudar vocês.

— E eu também. – Divinay se aproximou, cingindo-a pela cintura do outro lado. – Acredite, minha amiga, as primeiras semanas em Dotcha foram complicadas para mim. A gente vai rir muito depois que te contar.

— Vou trazer sidra e algumas iguarias para vocês. Devem estar cansadas e poderão conversar e relaxar antes do jantar.

Delante colocou a mão sobre o ombro de Bert em apoio e saiu para agilizar os preparativos na cozinha.

— Bem, como havíamos dito, essa agora é a casa de vocês.

A atenção de Bert era total para o que Fira falava e a seguia pelo salão até um corredor lateral. Todos a seguiam. 

— O castelo estava abandonado há anos. Deomaz não dava muito valor para as terras ligadas diretamente ao reino, porque ele recolhia gordos impostos dos ducados.

— Ele achava uma chatice ter que lidar com as contas de condados da coroa. Não será mais assim. – Cécis pontuou. – Outros condados serão criados e daremos àqueles que foram íntegros e leais. 

— Por isso a rainha Dólias demorou um pouco a mapear e conceder as terras a vocês. Precisaria reformar os castelos dos antigos condes. Esse em que estamos, são as terras mais próximas a cidadela de Alcaméria. 

— E toda essa gente que está trabalhando aqui? Como iremos pagar por isso? Não temos bens e dinheiro.

— Não pagarão durante cinco anos. – Maia atiçou os ouvidos para escutar tudo que Cécis dizia. – Essas reformas e os empregados serão pagos pela coroa durante esse tempo. Não só aqui, mas em todos os condados que forem criados. 

— Vocês terão tempo para mapear as terras, formar as fazendas, designá-las para vassalos e depois de cinco anos, terão que fornecer durante sete anos, trinta por cento da colheita para os silos de Alcaméria. Os outros setenta por cento, poderão dispor para negociação.

— Assim poderemos formar nosso patrimônio para pagar as pessoas e os guardas que trabalharão para nós.

— Exatamente, Maia.

Chegaram à sala de jantar e se acomodaram em torno da mesa. Sem que pedissem, Delante entrou, conduzindo alguns serviçais que colocaram jarras de sidra, copos e algumas iguarias sobre a mesa. Bert havia se sentado ao lado de Maia em uma das laterais e a cabeceira ficara vazia.

— Não que me incomode, Bert, mas acredito que uma das cabeceiras é designada a você e a outra a Maia. – Heloise que até então estava muda,  a orientou. – Não é por nós, mas se acostumem. Infelizmente, quando forem negociar seus produtos com algum comerciante ou mesmo para outro condado, esperam que os receba com todas as honras de alguém importante. 

— Heloise tem razão, Bert. Você não conseguirá fugir de alguns protocolos. 

O desânimo tomou conta da recente condessa. As amigas viam os sinais em seu corpo. Gestos tão sutis que se elas não a conhecessem bem, mal daria para perceberem.

— E como farei isso? Eu era somente uma escudeira e fazendeira. 

— Ora, Bert, você mais do que ninguém conhece os protocolos. Sempre preparou tudo para mim. É só se lembrar deles.

— Tudo bem. Então vamos começar hoje mesmo com essas firulas.

Ela espalmou o tampo da mesa e se levantou. Maia ria da esposa. Espelhou seu gesto e as duas tomaram seus assentos nas cabeceiras da mesa.

— Não gosto de ter Maia tão longe de mim.

— Nem eu, meu amor, mas faremos quando for necessário.

— Tem uma solução para isso. – Maia e Bert prestaram atenção no que Cécis dizia com bastante interesse. – Peça para trocarem a mesa. Ela foi reformada para receber vocês hoje, mas tem a cabeceira curta. Se tiverem uma mesa com a cabeceira para acomodar duas pessoas, poderão sentar-se juntas sem problemas. 

— Sim. Espera-se que casais possam se sentar juntos.

— Bom, acho que podemos pensar em soluções e adaptar muitas coisas aqui, seguindo os protocolos e nosso gosto também. Entretanto uma coisa me preocupa.

— E o que é, Maia?

— Eu sempre lidei com as finanças em nossa casa. Administrava a fazenda e as negociações, contudo, não acredito que tenha competência para administrar finanças dos fazendeiros súditos. 

— Nisso eu posso auxiliar. Era eu quem administrava as finanças do ducado de meu pai. Tenho contadores e escribas competentes que poderão treinar os que vocês contratarem e eu mesma posso ajudar você nesses primeiros meses de gestão. 

— Obrigada, Heloise. Não sabe o quanto estamos apavoradas com tudo que está acontecendo.

— Mãe, Mãe!

Um jovenzinho peralta entrou correndo pelo salão com a moça do pátio vindo logo atrás dele. Os irmãos maiores os acompanhavam e a sala de jantar se encheu com risadas infantis.

— O que é, meu filho? E pare de correr desse jeito dentro de casa.

Ele chegou ofegante e subiu no colo de Bert, enrolando os bracinhos em seu pescoço.

— Aqui é muito grande, Mãe. Tem dois estábulos. Um que estão nossos cavalos e outro grandão. – Ele abriu os braços teatralmente. – Nos disseram que era para os moços da guarda. 

— É mesmo, meu filho? E está gostando daqui?

— Dá medo. – Ele escondeu o rosto no pescoço de Bert e as amigas riram do modo como o menino havia falado. – Essa moça ficou correndo atrás da gente e eu não a conheço. A senhora sempre falou para não dar bola pra gente estranha. 

— Ela não é estranha, Bobo. – A irmã implicou com o menino. – Ela que vai cuidar da gente.

— Nós vamos falar com vocês mais tarde. Agora vão se limpar para comer. – Maia se voltou para a moça simpática. – Qual o seu nome, menina?

— Me desculpe não me apresentar. É que não estava querendo perder o olho das crianças. Meu nome é Gaia, senhora.

— Bonito nome! Gaia, poderia levá-los para se lavarem? Retorne com eles para poderem jantar.

— Sim, milady.

Quando a moça saiu com os filhos, Bert e Maia se encararam e riram a valer.

— Milady, pode passar a jarra de sidra para mim?

Bert pediu a sua esposa jocosamente e todas as amigas se juntaram no riso de Maia.

Nota da condessa Bert Lupi

O condado de Lupi, que assumimos, segue muito bem, mas na próxima semana, travaremos uma discussão intensa com o conselho do comércio de Alcaméria. Se aprendi alguma coisa com a minha amiga Fira, foi confiar, mas não amolecer, pois podemos ceder ao que não queremos.  

Fui condecorada com a comanda de condessa e posso afirmar que os anos que passei ao lado de Fira Líberiz foram intensos, loucos e felizes. Fui a escudeira Bert e agora, sou chamada de Condessa Bert Lupi do condado de Lupi do reino de Alcaméria.

O meu Brasão foi desenhado por um escriba de Líberiz e dado a mim de presente pela minha soberana Fira. Hoje posso ser uma nobre, condecorada em honras pelo reino, mas em meu coração, Fira Líberiz sempre será minha soberana. Eu me recusei a colocar as serpentes da bandeira de Alcaméria, junto ao Lobo no estandarte do meu condado. Não que eu não goste do reino, mas as serpentes me lembram uma época triste. Lembram-me de um tempo que eu poderia ser morta pelo simples fato de amar uma mulher e ter minha família junto a mim. 

A rainha Dólias compreendeu, mas até hoje ironiza quando vou a Alcaméria com meu lobo solitário no estandarte. Ela diz que a minha bandeira destoa das outras delegações e isto não é elegante. Sei que ela fala só para implicar conosco, e para ser presenteada com alguns barris de nossa sidra, e eu não recuso. Afinal, os fazendeiros de meu condado conseguem vender muito e a um preço justo para a coroa.

E assim, o ducado de Líberiz e o reino de Alcaméria caminharam. 

Alcaméria não teve mais reviravoltas durante o reinado de Dólias e Ranaz e tampouco Líberiz com as suas regentes. Para alguns, as mudanças em Alcaméria não satisfizeram, mas para a grande maioria uma terra fértil, um povo feliz e próspero, foi o suficiente para trazer a paz sem intrigas.

Lady Fira e a princesa Cécis tiveram dias bons e outros ruins. Possuíam personalidade intensa e nem sempre estavam de acordo com todas as coisas. Nos dias bons, cavalgavam pelo ducado, vendo tudo que seu povo necessitava e nos dias ruins, dormiam em quartos separados, deixando a todos no castelo em tensão. Nada que uma porta entre os quartos não resolvesse o impasse. 

Em Alcaméria, uma linda princesa chamada Fira nasceu. Ela seria a herdeira direta do trono, sem qualquer empecilho para governar. A rainha Dólias e Ranaz de Kendara não pararam por aí. Tiveram mais filhos, que seriam educados para respeitar as novas leis.

Fim da nota. 

Três anos haviam se passado após o nascimento de Astra; Fira e Cécis estavam apreciando o dia do descanso no ducado. Estavam na cama decidindo se iam se levantar àquela hora. Ainda era cedo e embora o costume de acordarem ao amanhecer, gostariam de aproveitar a calmaria do dia.

Fira estava serena e se espreguiçou, esticando seu braço sobre o rosto da esposa, implicando com ela. Cécis entrou na brincadeira e segurou o braço, mordendo-o levemente, rosnando. A duquesa de Líberiz riu e se virou de lado na cama para encarar a mulher que amava.

— Hoje tive um sonho bonito. 

Cécis se virou para ela e a encarou amorosamente.

— Me conta, então. 

— Sonhei que estava grávida e, quando a criança nasceu, era uma menininha linda. 

Cécis se jogou de costas, observando o teto.

— Sei o que está fazendo, Fira. Quer ter mais um filho.

— Seria tão ruim assim? Temos filhos maravilhosos, Cécis; e nunca tive dificuldade para gestar e parir. Não tenho problemas com gravidez e nem com o parto. 

— Eu sei. Amo nossas crianças. Não é isso…

— E o que é então?

— Vamos embebedar meu primo de novo nas fogueiras da Deusa? Não vai colar dessa vez. Ele desconfia do que fizemos. Uma vai, mas fizemos duas vezes.

— Não precisa ser dele. Queria alguém parecido comigo…

Cécis a fitou com um olhar amoroso que Fira não via há muito tempo.

— Acho que teremos outro filho, então. 

A princesa beijou a duquesa com ternura, o que foi um problema, visto que não saíram do quarto até a hora do almoço, preocupando os serviçais. Eles não tinham permissão para entrar nos aposentos delas nesse dia. 

Fim.



Notas:

Chegamos ao final de mais uma aventura. Espero que tenham gostado da saga de Fira Líberiz,  Cécis de Alcaméria e todos os outros personagens.

Quero deixar meu agradecimento a vocês por me acompanharem durante essa história e pelo carinho de sempre. 

Quero deixar meu agradecimento também a Nefer, Táttah e Isie por serem meus olhos nos erros ortográficos e pela caminhada que nos trouxe até aqui.

Por último e sempre muito importante, agradecer a minha esposa. É ela que sempre atura meu mau humor quando travo na escrita. Fico irritada e sabem como é, quem está perto é quem mais escuta. Beijos para você, meu amor!

Obrigada a tod@s e até a próxima!

Ps.: Se puderem deixar as suas impressões nos comentários, será muito bem-vindo!




O que achou deste história?

21 Respostas para Capítulo 33 – O Amanhecer

  1. Como imaginava que seria: uma imaginativa epopeia, cheia de peripécias e saídas magistrais.
    Até o próximo.

  2. acabou? *emoji chorando* eu vou sentir falta das encrencas da Cécis. Eu já aguardo outro história sua hein, mal posso esperar❤.

    • Oi, Adria!
      Desculpe-me demorar a responder, mas depois que terminei a história, verifiquei e depois de uma semana me afastei um pouco para descansar. Mas, estou de volta, com nova história. rsrs
      A Cécis era uma adorável encrenqueirinha rs Acho que depois sossegou, mesmo que sua alma inquieta a fizessem aprontar outras bagaças em Líberiz. rsrs
      Amei tê-la aqui!
      Valeu pelo carinho e Um beijão para você

  3. Biii, tudo bem?
    Cheguei tarde, mas aqui estou!!!
    Pô, vc broca sempre!! eu já tinha terminado de ler, mas depois tive um empecilho, logo, não tava conseguindo publicar aqui, mas depois consegui.
    Hoje estou para deixar meu último parecer…Fodástico!!!!
    Ameii acompanhar essas mulheres incríveis, amo suas estórias, vc bem sabe, amo fantasia!! Vc as escreve muito bem!!!!! Broca geral!!
    Quero sempre le-te mais e mais!!!
    Então, vamos tirando mais e botando no papel kkkkk
    E agora? Vai ser fantasia, Ficção científica??
    o niver é seu, mas quem ganha é a gente,n?!!! kkkkk
    Bem, esperando, quando vc esteja inspirada, uma nova estória!! Aqui estarei como sempre….
    Beijão, Bii e outro pra sua esposa!!!!!

    • Oi, Lailicha!
      Cara, você sabe que até eu fiquei bloqueada nos comentários? kkkkkk Acontece que tem uma proteção no servidor que bloqueia se a gente errar a senha algumas vezes. O servidor acaba nos reconhecendo como spam. rsrs
      Cara, valeu Lailicha, eu sei que você gosta de fantasia e ficção rsrs Eu também. As vezes é difícil pensar em algo do cotidiano para escrever.
      Mas ando com uma ideia rondando, ainda não tá firme e não é fantasia e nem ficção científica, mas é de agentes…. Uma agencia de proteção, talvez. Vou ver o que sai dessa ideia. he he he
      Cara, amo quando você vem por aqui, você sabe. Valeu Lailicha, pelo carinho que sempre teve nessa nossa jornada. Faz muito tempo, não faz? rsrs Aliás, seu niver tá chegando também, que eu sei. rsrsr
      Um beijão para você, menina! Beijão para sua esposita, também!

  4. Eu so tenho a dizer que é sempre maravilhoso ler uma História sua, eu amo pq é algo que me abriu portas, então adoro prestigiar quem me fez ver o mundo com outro olhar.
    Eu to apaixonada com o final da historia parabens !! 😍😍😍

    • Oi, Maria Vitória!
      Que bom que a minha escrita te fez bem de alguma forma. Fiquei muito feliz por saber disso. Eu acho que a literatura deve ser assim; deve nos abrir a mente para questionamentos e coisas boas.
      Obrigada por seu retorno e pelas palavras ternas.
      Um grande abraço para você!

  5. Já acabou??

    Fira e Cecis formaram uma família linda e a família de Bert também teve um belo desfecho, Bert merece 👏🏻

    Carol, suas estórias sempre deixam um gostinho de quero mais. Sua forma se escrever é única.
    Parabéns, você sabe que sou sua fã nr 02 rs
    Já quero outra, não demore 😁

    • Oi, Fabi!
      Obrigada pelo carinho de sempre, menina!
      Então, verei se consigo pensar em alguma aventura para escrever. Se conseguir rápido, eu volto rápido. rs
      Um beijão pra ti

  6. Olá querida Carolina! Adorei a história e saber mais das nossas maravilhosas heroínas! Já estou com saudades da Brid, Kara, Helga e da irresistível Decrux! Já estou louca pra saber qual será a próxima aventura que irás nos seduzir! Um beijo e parabéns pela teu talento! 😍😍😍💜❤️💜❤️😘😘😘

  7. Que pena que acabou. Amo as estórias criadas por você são fantásticas, o enredo envolvente.
    Descanse um pouco, em breve volte a nós presentear com seu talento.

    • Oi, Carol!
      Valeu! Obrigada pelas palavras carinhosas. Espero voltar em breve sim, mas tenho que ver se a imaginação permite. Um descanso é bom. rs
      Mais uma vez agradeço o carinho.
      Um beijão para você!

  8. Olá, tudo bem?

    Parabéns pelo texto. Como sempre, bem escrito. As suas histórias fantásticas são muito boas de serem acompanhadas. Ansiosa para mais uma.
    É isso!

    Post Scriptum:

    ”A vida é maravilhosa se não se tem medo dela. ”
    Charles Spencer ‘Charlie’ Chaplin, Jr.,
    Ator E Diretor

    • Oi, Kasvattaja Forty Nine!
      Muito obrigada por estar sempre acompanhando e pelas palavras de carinho e, por ter sempre um dito especial ao final dos comentários. Aprecio muito!
      Um beijão!

  9. O fim é sempre triste, mas adorei o final, amei cada capítulo dessa história e espero outras iguais ou melhores, como sempre faz Carol.

    Beijos e até a próxima aventura

    • Oi, Blackrose!
      Foram muitas semanas e meses, juntas nessa aventura, né Blackrose! Tenho muito a agradecer pelas suas palavras de incentivo, sempre presente.
      Obrigada pelo carinho, menina!
      Vamos que vamos! Tentarei não demorar muito para a próxima.
      Um grande beijo e até mais! rsrsrrs

  10. Ahhhh acabou?!
    Amo essa história!
    Mas tudo bem, deixo passar se logo vir outra, Bivard!
    Parabéns!!

    • Oi, Nefer!
      Legal que gostou! Aliás, tenho que agradecer muito a sua disposição em corrigir meus textos.
      Você me conhece e sabe que daqui a pouco, a coceira nos dedinhos para a escrita começa a atiçar novamente. rsrs
      Brigadão, Nefer!
      Beijão

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