Caminhos em Dias de Luz>
Texto: Carolina Bivard>
Revisão: Nefer>
Ilustração: Táttah Nascimento>
Capítulo 8 — A Reunião>
Laura encerrou seu estressante dia e foi para o seu apartamento recém alugado. Era simples, de dois quartos; fora reformado por um casal em início de casamento, porém a esposa havia sido transferida para São Paulo e resolveram alugar. Tinha uma cozinha americana e uma suíte mega confortável com direito a hidromassagem. Encheu-a, abriu um vinho e despiu-se entrando nela, reconfortante. Queria pensar nos seus próximos passos no trabalho, mas seu pensamento sempre voltava para a morena linda, de beijos gostosos e toque macio.>
“Saco! Por que eu não consigo ficar com raiva dela? Tinha uma loira com cara de vampira pendurada no pescoço. Acorda, mulher! Alesha já está em outra!” >
Decidiu sair da hidro e comer algo antes de deitar. Aqueceu uma lasanha pronta, comeu ainda com seus pensamentos voltados para a morena de olhos cor do céu. Foi deitar e deixou as lembranças vagarem pelo dia em que encontrara a morena na boate. >
Rememorou a conversa e descambou para os beijos e as mãos dela passeando por seu corpo. Quando deu por si, sua mão estava entre suas pernas e o prazer atrelado na morena era tanto, que se deixou levar pelas sensações, esfregando seu sexo e acariciando seu clitóris.>
Gemeu no ápice. >
— Que gostoso, Alesha! Iss! >
Seu corpo sacudiu forte, num gozo intenso e delirante. Alguns minutos depois, adormeceu sorrindo, sem perceber que o simples pensamento na mulher que teimava em aparecer em sua mente a relaxava tanto, ao ponto de esquecer todos os problemas. >
Os dias foram passando e não se deu conta de que todos os seus devaneios, eram no fim da noite direcionados a uma mulher, e que, seu prazer solitário se tornou um vício, para adormecer tranquilamente na expectativa de outro amanhecer.>
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> >
No dia da reunião de diretoria, Amalie estava extremamente confiante e tinha dados levantados por Dr. Amino e Laura, e que, a amparariam na sua decisão de mudanças. Sr. Arrais iniciou a reunião e disse que estava fortemente inclinado à demissão da nova chefe do jurídico, pelas mudanças drásticas e a consequente instabilidade causada na empresa. Serrão sorriu ao perceber a inclinação do diretor geral para o seu lado. Amalie permanecia impassível e serena. Deixou que Sr. Arrais se colocasse diante da situação e pediu a palavra para explicar tais mudanças.>
— Pois não, Amalie, entretanto, creio que qualquer explicação não será suficiente para mudar minha opinião. Estamos passando por uma crise interna da qual nunca vimos antes.>
— Nunca vimos porque a empresa sempre foi lucrativa, mesmo ocorrendo fatos que trazem prejuízos. Ao mesmo tempo, se esses fatos forem levantados e demandas de prejuízos forem sanadas, a empresa lucrará muito mais.>
— Do que exatamente você está falando?!>
Serrão falou num tom agressivo e desdenhoso. Amalie o olhou com desprezo e replicou calmamente.>
— Se o senhor me permite, Sr. Arrais, tenho uma pequena apresentação de dados levantados em meu departamento, nessas duas últimas semanas, que demonstram a incompetência do Sr. Queiroz à frente da chefia do departamento.>
Amalie olhou diretamente para Serrão, em sinal de desaprovação de sua escolha anterior para a chefia.>
— Pode apresentar.>
O presidente da empresa determinou.>
— Sr. Arrais, não creio que…>
— Serrão! Há algum problema em levantar fatos da administração de Queiroz?>
— Não! Não! É que…>
— … Então, deixe Amalie expor.>
Amalie custava a prender o riso, que tentava se insinuar, frouxo, em seus lábios. Adorou a repreensão de Arrais a seu rival, entretanto, aprendera a deixar as provocações de lado. Queria mostrar-se profissional e superar em competência. Percebera que Arrais detestava dissimulações e provocações desnecessárias em reunião e, dessa forma, acabava levando vantagem sobre Serrão por conta disso. >
Serrão sempre se descontrolava. Amalie conectou seu laptop à tela da sala de reuniões, abriu uma apresentação e começou a explanar as perdas da empresa em relação às demissões, ao ônus gerado à empresa, às perdas nas audiências de conciliações e, muitas vezes, pagamentos absurdos em processos trabalhistas. Mostrou que, mesmo os ganhos gerados com a aplicação dos valores que, seriam destinados às custas dos empregados, não chegavam a superar os prejuízos com os mesmos. Ao fim da apresentação, todos estavam calados e concentrados em avaliar os valores colocados em questão.>
— Esse levantamento foi feito em apenas duas semanas? — Perguntou Arrais.>
— Foram duas semanas muito intensas, Sr. Arrais. Por isso Laura suspendeu as atividades do departamento. Ela queria levantar todos os casos e avaliar todos os processos de dois anos para cá, que são esses que constam dessa planilha, todavia, para isso, precisava paralisar as atividades do departamento. Ela fez um trabalho minucioso com Dr. Amino, mas eu fico pensando o quanto a empresa não perdeu em todos esses anos.>
Serrão, já impaciente, se levantou para se pronunciar.>
— Sr. Arrais, eu gostaria de ter a palavra.>
Arrais o olhou com certo desprezo. Odiava puxa-sacos e pessoas dissimuladas. Teve desavenças com o pai de Serrão pelos mesmos motivos, contudo, eram páreos e tinham que conviver, minimamente, bem. Infelizmente, o filho tinha aprendido a caminhar da mesma forma.>
— Pode falar.>
— Senhor, eu creio que a senhora Amalie esteja acreditando, piamente, nesses dados, mas… — Ele deu uma parada de efeito, antes de continuar. — esses dados podem, muito bem, terem sido manipulados. A garota é nova, não sabemos bem qual a sua experiência e depois, ela nem da área jurídica é.>
Amalie se debatia para não responder à provocação direta contra ela, pois atacando a Laura, ele estava a chamando de inconsequente em colocar uma novata na função da chefia do departamento. Arrais suspirou. Estava com os olhos fechados e com o rosto sério. Demorou um pouco a se pronunciar. Castelão, Rezende e Fonseca estavam calados e assustados com os levantamentos demonstrados.>
— Serrão, se eu bem me lembro, quando você indicou o Queiroz para o departamento, ele nunca tinha tido qualquer experiência em gestão para chefiar o departamento, mas todos aceitaram por se tratar de alguém de sua confiança. A senhorita Laura, ao que me consta, tem um currículo muito melhor e muito mais experiência em gestão que o Queiroz, quando assumiu. Vi o seu currículo. Todos nós vimos. — O rosto do presidente parecia cansado. — O que ela fez, não foi nada de diferente que qualquer um, que tenha um pouco de preocupação em relação ao trabalho e bom senso de quem está assumindo, faria. Se você acha que esses dados são manipulados, podemos contratar uma empresa de sindicância externa para apurarmos. Aliás, acho que deveríamos fazer exatamente isso, pois esses dados são alarmantes; na verdade, extremamente preocupantes. Castelão, você que é o diretor do RH, nos atualize sobre como o departamento está andando.>
— Sr. Arrais, se me permite…>
Serrão pedia novamente licença para se colocar, mas estava temeroso.>
— Não permito, Serrão. Você já colocou a sua opinião e agora acho que devemos ouvir quem está na direção dos departamentos afetados.>
>>>>>>>>>>>>>>>> >
A reunião já se estendia por três horas e, por mais que Laura soubesse que estava amparada pelas evidências, sabia que nunca as coisas corriam só pela competência, muito menos em uma empresa eminentemente familiar. Ela estava impaciente e andava de um lado a outro da sala.>
“O que será que está acontecendo? Droga! Odeio ficar impotente e na expectativa!”>
Pensava, enquanto Dr. Amino estava pacientemente sentado e lendo um processo.>
— Você vai furar o chão, Laura.>
Amino falou sem levantar os olhos de sua leitura.>
— Não sei como fica tão calmo!>
— Não estou calmo, só aprendi a não sofrer por antecipação.>
Amino fechou o processo e olhou para Laura.>
— Quando você me chamou para ser seu assessor, eu estava pensando em me aposentar; e sabe por quê?>
Laura parou de andar e o olhou.>
— Apenas imagino.>
— Porque achava que meus serviços já não tinham mais valia aqui. Passei anos nessa empresa e conheci todos os antigos sócios. Se você está achando difícil agora, nem pode imaginar o que era dia de reunião entre os sócios em uma empresa que ainda era pequena e que a sala de reuniões dava, diretamente, para o salão dos empregados da administração. >
Ele sorriu nostálgico, antes de continuar.>
— Esse salão era dividido apenas por pequenas divisórias entre os computadores. Todos os departamentos eram no mesmo lugar e nós ouvíamos os gritos, à distância, do Serrão. Não esse aí, mas do Serrão pai, e do senhor Arrais . — Suspirou. — Por isso eu te digo, fique calma que tudo dará certo. Sr. Arrais é um homem justo. Por ouvirmos as reuniões, nós sabíamos em quem confiar. Uma pena que o Serrão, o filho, tenha herdado a mesma forma de pensar do pai. Por que você não dá uma volta pela empresa? Enquanto a reunião não termina, vá ver a empresa onde trabalha. Você ficou tão absorta nos problemas, desde que entrou, que nem conhece os outros departamentos. Vá andar por aí, assim você se distrai e se acalma.>
Laura o fitou e teve a impressão que via Ronan à sua frente. Sorriu e agradeceu o conselho.>
— Você tem razão.>
Laura abriu a porta, indo até sua secretária Sabine.>
— Estarei pela empresa. Se a Amalie chegar, gostaria que você entrasse em contato comigo em meu celular, ok?>
— Pode deixar, Dona Laura. Ligarei assim que ela chegar.>
Laura agradeceu e saiu pelos corredores. Passou pelas salas dos advogados. Observou que, cada um de seus subordinados se encontravam absortos em processos e o setor emanava silêncio e tensão.>
“É! Acho que entrei de sola. O pessoal está tenso. Mas o que eu podia fazer depois que descobri tudo aquilo? Eu não podia ficar parada esperando que me engolissem e, muito menos, a Amalie que foi muito honesta comigo!”>
Abaixou a cabeça, já sentindo uma enorme pressão por seus atos no primeiro emprego no Brasil. Pensava se poderia ter feito de forma diferente, todavia, todas as outras possibilidades deixavam a desejar. >
Pegou o elevador e foi ao andar de baixo. Olhou a placa que indicava o departamento de RH. Logo no início, já percebeu a diferença para o seu departamento. Tinha uma enorme sala onde haviam inúmeros postos informatizados, alocados em grupos de quatro. Era um contingente muito maior de pessoas e apenas algumas salas fechadas por divisórias, onde existiam renomeações para subsetores dentro do próprio departamento.>
Vagava, apenas observando e se deparou, de repente, saindo de uma das saletas, com a funcionária que havia levado o currículo das candidatas à secretária na sua sala. A mesma que vira com Alesha, no restaurante há alguns dias. Observou-a com o coração disparado. Era uma mulher bonita já na casa dos quarenta anos. Anuiu com a cabeça em reconhecimento e esta lhe sorriu.>
— Bom dia, senhorita Archiligias! Está querendo falar com o senhor Lacerda? Creio que ele não se encontra, hoje, no departamento. Parece que está adoentado.>
— Não… Na realidade estou apenas conhecendo a empresa. Estou caminhando a esmo. Desde que cheguei não tive muito tempo. Estava querendo mesmo, ver como é a empresa… senhora.>
Laura tentava lembrar do nome da funcionária. Considerava uma incompetência não conhecer os funcionários que tratavam diretamente com ela. >
Naomi sorriu, ao perceber que a chefe do departamento jurídico estava se esforçando para lembrar seu nome. Achou muito educado, já que a maioria passava por eles e nem se dava conta de onde trabalhavam. Ela a havia visto apenas uma vez, muito rápido e ainda se esforçava para lembrar. Gostou disso na chefe do jurídico. Mais do que nunca, achava que ela tinha uma personalidade íntegra e, talvez, fosse realmente a força que a empresa precisava para mudar internamente. A pessoa certa para levantar determinadas questões.>
— Ok, senhorita Archiligias. Se quiser, eu mostro para você o departamento e apresento algumas pessoas.>
— Não me chame de senhorita, por favor. Apenas Laura.>
Laura sorriu e, apesar de não gostar de tirar conclusões precipitadas sobre as pessoas, simpatizou com a mulher. Parecia ser alguém sereno e que transmitia essa mesma tranquilidade à sua volta, pois observou que as inúmeras pessoas que passavam no corredor, a cumprimentavam com simpatia.>
Naomi correspondeu ao sorriso e, quando ia falar novamente, a porta de sua sala foi aberta e Alesha saiu com alguns papéis na mão.>
— Naomi, você encaminhou…>
Os olhos de Alesha cruzaram com os de Laura. Calou-se, diante de Naomi e da chefe do jurídico, paradas em frente à porta de sua sala.>
Nota: Espero que tod@s estejam bem, diante destes dias tenso por conta do perigo do corona vírus. Não esqueçam as recomendações das secretarias de saúde. Pode parecer exagero, entretanto, são necessárias, pois são medidas de contingência justamente para que essa doença não se alastre como ocorreu em outros países. >>
Os meus mais sinceros agradecimentos e votos de sucesso, aos profissionais de saúde e todos aqueles que necessitam estar na linha de frente. >>
Um abraço a tod@s>>
Maravilhosa história. Autora você é demais.
Oiee!
Obrigada por suas palavras!
Laura tá caidinha por Alesha!!
Agora conheceu Naomi e descobriu que Alesha trabalha na mesma empresa…e agora? Vão fingir q n se conhecem?!!! Ainda bem q vc vai colocar capítulo novo amanhã..extra extra!!!:). Você q disse….rs
Realmente devemos ser responsáveis, cuidados, conscientes nesse momento! É uma situação delicada, mas se seguimos as indicações o vírus não vai de espalhar. Ficar em casa pra quem pode e quem tem que trabalhar sim ou sim, ser muito cuidadoso! E um aplauso prós profissionais de saúde que estão em contanto direto,mas fazendo com amor , cuidando!!!
Se cuida ,Carolzinha, sua esposa e família e todas as pessoas que estão aqui e seus familiares! Vibremos com amor, sejamos solidários com o próximo!!
Até amanhã!!!
PS: Fazendo uma lista do q farei nós próximos dias, se n me organizar, Mocita vai ficar louca com meus 1000 volts..kkkkk
Beijão
Oi, Val!
Que legal que está gostando! Desculpa se demorei a responder, mas tô tentando adiantar mais histórias para soltar, ok?
Obrigadão pelo carinho!
Um beijão pra ti!
Oi, Lai! rsrs
Me atrasei nessa resposta aqui e acredito que já tenha respondido algumas coisas lá no outro comentário do cap 09. rsrs
Ah, menina, Mocita já conhece seus 1000 volts kkkk Não se preocupe, mas faça uma organização sim, pois vamos ficar um tempo por conta dessa defesa da saúde. É preciso. rs
Um beijão e obrigada, Lailicha!
Um beijão pra ti e pra Mocita!
Oh meu Deus! Que choque! Parou tudo e Naomi percebeu… Amanhã tem continuação?
Esperando ansiosamente.
Bjs
Oi, Ione!
Não deu para sair tão rápido, mas saiu. Desculpe-me o atraso na resposta. Tenho tentado adiantar não só esse, como o Evernood e Blindwar.
Brigadão pelo carinho de sempre!
Um beijão pra ti!
Yes,
Agora sim vão se encontrar…
Guria, bom D++
Oi, Nadia! Tudo bem com você e sua família, nessas épocas loucas que vivemos?
Desculpe-me pela demora na resposta.
Obrigadão pelo carinho e sim; se encontraram! rs
Um beijão para você e família!
Aqui em casa todos de quarentena.
As x temos q conversar com meu pai…
Mas tá tudo tranquilo.
Somos previligiados e sabemos disso.
Bjs…
Oi.Então pra melhor passarmos este momento de reclusão, faça mais postagens por favor. Que Deus no dê sabedoria e muito amor pra passarmos por Esse momento. Proteja sim os que estão na linha de frente. Saude e paz!!!
Oi, Angela!
Estou tentando adiantar para postar mais. rsrs Desculpe-me a demora pela resposta ao comentário.
“Que Deus no dê sabedoria e muito amor pra passarmos por Esse momento.” – Que assim possa ser!
Muita saúde e paz para você e seus familiares também!
Sei que o momento é difícil, mas também tenho certeza de que coisas boas virão à partir desse caos, como por exemplo: Os oceanos ficarão mais limpos, o ar ficará mais puro e as pessoas aprenderão a viver com mais responsabilidade, pensando no próximo e não só em si mesmas.
Tento tirar coisas boas do caos. rsrs Pedindo sempre ao alto para nos abençoar e orientar.
Um beijo grande para você e sua família! Saúde e paz para você também!