Caminhos em Dias de Luz

Capítulo 28 – Cheiro de Flores no Travesseiro

Caminhos em Dias de Luz

Texto: Carolina Bivard

carolinabivard@gmail.com

Revisão: Nefer

Ilustração: Táttah Nascimento


Capítulo 28 – Cheiro de Flores no Travesseiro

A luz entrava por uma pequena fresta do bandô que cobria as portas de vidro do quarto. As luzes atingiram um rosto tranquilo. Aos poucos, Laura acordava de seu sono restabelecedor. Passara a noite amando a mulher com quem gostaria de estar ao lado para o resto de sua vida e sentiu-se maravilhosamente amada. 

Abriu os olhos ainda com um pouco de dificuldade. Olhou a cama e todo o ambiente; Alesha já havia se levantado. Levantou-se calmamente e foi ao banheiro lavar o rosto. Viu uma toalha dobrada, um robe e escova de dente ainda lacrada. Sorriu. Era um gesto carinhoso e íntimo. De seu peito irradiava uma luz e felicidade nunca sentida. Tomou banho, se asseou e colocou o robe, saindo para o quarto. 

Laura estava com saudades. Nunca pensara que sentiria saudades só por ter a outra pessoa longe de seus olhos. Não era uma saudade sufocante ou que a deixaria desestabilizada se a outra mulher não estivesse próxima, pois agora sabia que Alesha a amava. Era uma saudade boa, de querer ficar junto quando estavam próximas. Saber que, ao final de um dia de trabalho, teria alguém que amava esperando por ela, ou ela esperaria por essa pessoa, e sabia que a tinha dentro de seu coração para sempre.

Olhou por todo o quarto e uma brisa entrava através do bandô. Foi até a fonte de ar e vislumbrou seu amor, sentado em uma chaise na varanda com uma xícara na mão e lendo um jornal. Levantou devagar o bandô para sair para a varanda e abraçá-la. Caminhou mansamente e depositou um beijo em seu rosto. 

–Bom dia, pequena! Dormiu bem?

— Sim, mas…

— Já sei. Está morta de fome.

Olhou sorrindo, provocando-a.

— Eu nunca vou me livrar das suas provocações?

— Não. Por dois motivos: o primeiro é que você faz uma carinha de indignada linda; e o segundo é que eu seria uma pessoa chata se não o fizesse. — Sorriu novamente.

— Ok! Concordo, contanto que não passe dos limites. – Laura deu um beijo estalado na morena. – E agora me leve até ele.

— Ele? Ele quem?

— O café, ora! Ou acha que vai me sacanear e não vai sofrer as consequências?!

Alesha deu um largo sorriso.

— Vamos lá. Está na cozinha.

Chegando à cozinha, Laura se deparou com uma senhora. Ficou um pouco encabulada. Alesha percebeu seu desconforto e tratou de apresentá-las.

— Laura, essa aqui é Constância. Ela me criou desde garotinha. Constância, essa é Laura…

Laura estendeu a mão para a senhora e ficou imaginando que nada conhecia do passado de Alesha.

— Prazer, Constância.

— O prazer é todo meu, minha filha. Não é sempre que essa mal educada traz alguém aqui, então imagino que você seja alguém muito importante!

— Constância!

— O quê? Vai repreender uma velha à essa hora da vida? E depois, é verdade. Se você fosse bem educada, teria me dito e eu teria feito um café melhor para a sua convidada!

Alesha cruzou os braços e assumiu uma postura de indignação.

— Então, você só faz um café melhor se eu tiver algum convidado. Por que você não aprende a fazer um café melhor todo dia?

— Para que? Você só levanta, toma uma xícara de café e sai correndo! Vou fazer para estragar?

Laura se divertia com a discussão e intimidade das duas. Resolveu intervir.

— Meninas! Acho que já entendi. Constância não faz café completo para você, pois você mal para em casa e, hoje, ela está feliz porque pode te alimentar. Pode ser desse jeito o arranjo?

— Por mim, pode. Sente aqui, menina, já estou gostando de você.

— Alesha?… Pode ser?

Alesha rosnou um “pode” atravessado e se sentou. Mas, no fundo, estava feliz que Constância tinha gostado de Laura. 

Constância havia sido sua babá, sua segunda mãe, para não dizer a única, e depois que Alesha se estabilizou, passou a “cuidar” dela. Os conselhos e a presença leal da mulher mais velha lhe davam a direção, o ritmo e orientação em sua vida. Tomaram café, descontraidamente, com as rabugices de Alesha de um lado e a presença de espírito da velha mulher de outro.

— Então, você é a pessoa que está tirando a minha menina de seu mundo recluso?

— Constância!

— O quê? Como se eu não soubesse que você gosta de mulher e como se você não tivesse mudado durante esses últimos meses!

— Você é uma enxerida, mesmo.

Constância fez ar de que não era com ela a repreensão, retirando os pratos da mesa e Laura ria da cara emburrada de Alesha.

— Vamos até à sala, Laura. Gostaria de falar com você.

— Se ela pedir para você morar com ela, Laura, pense bem, pois ela é uma chata no dia a dia…

Laura sabia que Constância estava implicando com Alesha, mas olhou seu amor e não pode deixar de defendê-la. Era a verdadeira imagem da sublime alegria que sentia.

— Caso ela me chame para morar, não conseguiria resistir, Constância. Ela é o calor que faz minha alma acender. 

Alesha estava embevecida com as palavras de sua pequena, e Constância sorria. Encontrava-se de costas, pois estava lavando a louça do café, mas congratulou-se de que sua menina tinha encontrado alguém para dividir sua carga e sua vida. Havia gostado da menina. Era uma garota doce, que exalava uma luz interior contagiante.

“Ela vai fazer bem para minha menina!”

Terminou de lavar a louça, já enxotando as duas para a sala.

— Anda! Anda! Estão atrapalhando meu almoço. Querem ir conversar? Vão para a sala ou qualquer outro lugar, por favor!

— É pra já, velha rabugenta.

Alesha pegou a mão de Laura e saiu rebocando a loirinha para o quarto novamente.

— Você não queria conversar comigo na sala?

— O quarto é um lugar melhor ou é bem capaz dessa velha ficar nos espionando…

— Até parece que você acha isso dela. — Laura riu.

— Não. Não acho. Mas é um acordo silente que temos. “Torro” o saco dela e ela enche o meu. Assim a gente se desencana das frustrações.

Alesha sentou na cama e puxou Laura para seu colo. Beijou-a com um carinho jamais sentido pela loirinha. Não era desejo, era suave e cheio de amor. 

— Mmm. Delícia de beijo. Isso tudo é só para falar comigo?

Alesha estava um pouco envergonhada, pois nunca se imaginou querendo compartilhar sua vida com quem quer que fosse. Não sabia por onde começar.

— Bem, é que… sabe, a gente ficou longe e… Eu senti sua falta e… Eu sei que sou uma pessoa difícil… Sei que, às vezes, eu posso ser teimosa, posso ser explosiva… Mmm…

Olhou para o teto e prendeu a respiração. Estava sem palavras; e soava como uma idiota aos seus próprios ouvidos.

Laura pegou seu rosto entre as mãos e atraiu seu olhar para si.

— Alesha, me deixa falar uma coisa para você. Quando falei para Constância que você é o calor que faz minha alma acender, não estava mentindo ou querendo florear. É exatamente isso que eu sinto por você.

Depositou um beijo suave nos lábios da morena e voltou a encará-la.

— Hum, bem… Quando Constância brincou com o fato de querer morar com você… bem… Ela é uma “bruxa”, sabe! Não sei como ela faz isso…

Alesha desviou o rosto para olhar o mar, através das vidraças. Estava encabulada e o rosto pegava fogo. Ficava imaginando porque essa loirinha conseguia fazer isso com ela. Era uma mulher segura e eloquente, mas, diante dessa pequena, não conseguia ter o mínimo de raciocínio lógico. Confiaria a vida nas mãos de Laura, mas falar de seu sentimento sempre fora difícil. Sempre fora controlada e custava a relaxar. Preferia mostrar com atos.

Pelas palavras que Alesha havia falado, Laura compreendeu seu dilema e a achou mais encantadora.

— Meu amor, olha para mim. — Segurou seu rosto novamente para encará-la. – Eu também quero. Só vai ser uma mão de obra terrível, eu acabei de comprar meu apartamento e, realmente, queria curti-lo e, pelo visto, você gosta muito do seu. Vamos ter que revezar, durante algum tempo, até eu me desapegar. E depois, Ronan mora comigo; ele não me deixaria e, eu também, não quero deixá-lo.

Alesha olhou Laura, intensamente. Um enorme sorriso se abriu em seus lábios.

— Não vamos deixar Ronan e podemos revezar entre o meu apartamento e o seu, até termos o nosso. Assim fica bom? – Falou com entusiasmo.

— Uhum!

Beijou-a novamente, mas, dessa vez, nada era terno, era poderoso. A sensação de assomo era grande e as tomava por completo.

Alesha levantou com Laura em seu colo e se jogou na cama, fazendo a loirinha cair de costas no macio colchão, cobrindo o corpo com o seu. Abriu o robe sem sutilezas e abocanhou um seio, prendendo o outro mamilo entre seus dedos. Laura gemeu alto, deliciando-se com a morena movendo-se forte sobre ela. Retirou ansiosamente o robe da outra e prendeu suas pernas ao redor de sua cintura. Alesha encaixou seu quadril e moveu a pelve entre as pernas da loirinha alucinadamente, mas o contato não se fazia suficiente para aplacar seu desejo.

— Ah, Laura! Eu quero você toda em mim!

— Alesha, vem, passa as suas pernas entre as minhas! Ah! Isso, assim!

Alesha entremeou suas coxas por entre as coxas de Laura, fazendo com que a coxa da loirinha tocasse seu núcleo e a sua tocasse o de sua amante. Aumentaram o ritmo do rebolado, mas nem assim o contato era satisfatório.

— Amor, eu quero mais!

— Entra em mim, que eu quero entrar em você também… Uh! Mais…

Alesha entrou em Laura, enquanto ela resvalava para dentro da morena da mesma forma. A agente deixou seu polegar massageando o clitóris da pequena mulher e foi correspondida com o mesmo gesto. Os movimentos eram fluidos e coordenados. A excitação aumentava vertiginosamente em cada uma. O som dos corpos em movimento, dos dedos entrando e saindo sendo lubrificados pelo líquido, dos gemidos tomavam todo o quarto. 

— Ahhh! Mexe mais! Ahhh!

— Vem forte, amor! Tô chegando, Alesha. Vem comigo, vem!

As palavras, o corpo em movimento, os dedos a lhe preencher, o rosto de Laura tomado de desejo, tudo contribuiu para que Alesha começasse a estremecer no orgasmo, levando Laura, que também estava próxima ao ápice, junto com ela!

— Uh! Assim… junto! Ah!

Seguraram a respiração para que os tremores terminassem de passar por cada uma. Alesha debruçou sobre a loirinha, drenada de suas forças. Como em uma dança, a respiração pesada permanecia em ambas. 

Laura olhou o belo rosto anguloso de sua morena, o acariciou e deu-lhe um beijo sereno.

— Obrigada.

— Pelo quê? — Perguntou Alesha, sem compreender muito bem.

— Por ser quem você é. 

Alesha beijou-a, carinhosamente.

— Não fica mexendo com meu coração assim pequena, pois dessa forma não sairemos hoje da cama.

— Mmm! Até que não é má ideia…

— Meu Deus! Acho que hoje eu morro mesmo, e você está um monstrinho!

— Não faça drama. Você não é a mulher grande e durona?

Alesha gargalhou.

— Está certa, eu tenho que fazer jus ao título, não é?


Nota: Pessoal, às vezes não consigo postar na segunda-feira. Remarcarei o dia da postagem para terça e se acaso conseguir postar na segunda, adianto o capítulo. 

Um beijo grande a tod@s



Notas:



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6 Respostas para Capítulo 28 – Cheiro de Flores no Travesseiro

    • Oi, Ângela!
      Ué! Ele já está postado. Se você lê pelo celular, a sequencia dos capítulos fica logo abaixo do final do cap que você está e poderá clicar nele para ir para o capítulo que quer ler. Se você lê no computador, a relação de capítulos aparece ao lado do texto. Também é só clicar no nome do capítulo que quer que o site abrirá nele, ok?
      Um beijo!

  1. Estou por aqui. Agora que falou vou ficar mais calma e esperar segunda ou terça. Tava doida para saber o que ia acontecer no dia seguinte. kkkkkk
    Parabéns autora
    bj

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