Caminhos em Dias de Luz

Capítulo 16 — Procurando soluções

Caminhos em Dias de Luz

Texto: Carolina Bivard

carolinabivard@gmail.com

Revisão: Nefer

Ilustração: Táttah Nascimento


Capítulo 16 — Procurando soluções

— Bom dia, Naomi!

— Bom dia! Como foi seu fim de semana?

— Bom.

— Bom? Como bom?! Eu liguei duas vezes no sábado e não te encontrei em casa. Vai me dizer que não passou o fim de semana com Laura!

— Você é muito xereta.

— Para tudo! Você disse que ia jantar com ela na sexta; e sábado você some!

— Você podia ligar para o meu celular.

— E atrapalhar?

— Então você já sabe a resposta.

— Aha! Então esteve com ela. Me conta, vai!

Alesha riu da empolgação da amiga.

— Vem cá. Você não tem nada para fazer agora de manhã não? Que eu saiba tem um monte de arquivos para você trazer para cá e para a gente analisar.

— Iiiii! Já vi que não vou conseguir nada aqui. Você é chata, einh? Na hora boa, você não conta nada.

— Anda logo! Tem muito trabalho pra gente fazer…

Alesha ria da cara indignada da amiga.

— A época da escravidão acabou, sabia?

— Depois a gente conversa, ô curiosa. Enquanto a gente tiver vendo esses arquivos, eu te falo algumas coisas. Mas só algumas.

Passaram a manhã trabalhando e, quase na hora do almoço, bateram à porta.

— Entre.

Laura abriu a porta e viu tanto Alesha como Naomi atrás de pilhas de papéis.

A morena levantou a cabeça como que atraída por uma força invisível. Deparou-se com os olhos de Laura fitando-a com carinho.

“Até agora eu não consigo entender por que essa baixinha mexe tanto comigo, desde a primeira vez que a vi.”

— Oi.

— Oi.

— Oi, Laura.

— “Tô” vendo que vocês tão atoladas.

— Atoladas ou não, eu vou almoçar daqui a cinco minutos.

— E eu deixei? Você já falou comigo?

O rosto de Alesha estava sério.

— Minha querida amiga, nem que você fosse o homem mais gentil, carinhoso, bonito, elegante, rico e, mais apaixonado por mim, eu não deixaria de almoçar com meus filhos, hoje, pois é o aniversário de Karina.

— Você acabou de descrever uma grande utopia, mas quem sou eu para acabar com a sua miserável ilusão. 

— Não custa sonhar.

Laura ria da brincadeira das duas.

— Manda um beijo para Karina. Diz que, essa semana, eu passo lá para dar o presente dela e dar um abraço.

— Se eu falar, você vai ter que passar mesmo, sabe que ela te adora. Então eu não falarei até você dizer: hoje eu vou. Mas mando um beijo seu para ela.

— Você antes acreditava mais em mim!

— Nunca acreditei quando dizia que ia passar lá em casa. Você é uma velha ranzinza para essas coisas de família.

— Vai embora que agora você tá queimando meu filme.

— É pra já.

Naomi pegou sua bolsa e se despediu das duas. Laura se aproximou da mesa e sentou-se em uma cadeira.

— E você? Está liberada para o almoço?

— Tô, mas antes…

Alesha levantou-se, foi até a porta e a trancou.

— Alesha, estamos no trabalho.

— Só quero dar um beijo na minha namorada. Posso?

Laura riu.

— Namorada?!

Laura se levantou e abraçou Alesha a beijando com saudade.

Fitaram-se com carinho.

— Senti sua falta, ontem à noite.

— Também senti, mas sabe que a gente tem que ir com calma.

— Eu sei… Eu quero conversar com você hoje, pois amanhã farei uma viagem que talvez dure a semana toda.

— Uma viagem?

— Alesha, você sabe que eu tenho que resolver os problemas com meu pai. E uma das formas de fazer isso é desvencilhando a minha vida da dele.

— Eu sei, mas sabe que ele colocou um detetive particular para te vigiar. Como pretende viajar sem ele saber?

— Meu amor… Existem algumas coisas que meu querido pai não sabe e eu tenho certeza disso, pois essas coisas foram feitas pela minha mãe, antes de eu ir morar em Bristol. Além do que, eu vou lhe dar uma dose de seu próprio veneno.

— O que essa cabecinha prodigiosa está imaginando, einh?

— Eu te conto, mas você vai ter que dormir comigo em um hotel hoje. Combinado?

— Eu… dormir em um hotel com você, hoje?

— É.

— (***)

— Alesha, o Dr. Amino me aconselhou a dormir fora com a sua ajuda, já que contei a ele e a Amalie que estamos juntas, conforme eu e você havíamos decidido no domingo, para que nada nos pegasse de surpresa, aqui na empresa.

Alesha fez uma cara de impaciente.

— Eu posso ser uma pessoa inteligente, mas ainda não consigo adivinhar coisas, Laura.

— Meu amor, eu vou ter que viajar para a cidade que nasci. Para a cidade de minha mãe e meus avós, sem que meu pai saiba.

— Isso eu já intuía, mas e?

— Bem, Dr. Amino vai levar meu carro e dormir em meu apartamento. A filha dele está aqui, ela é advogada também. E adivinha? O escritório dela defende algumas das empresas que são extremamente prejudicadas por ações das empresas de minha família, principalmente ações que são tomadas para bloquear transações de importações por essas empresas. Na realidade, pelo que eu andei investigando…

— Você andou investigando?

— Bem… Não, exatamente, eu. Na realidade, desde que eu tive aquela conversa que lhe falei com a Amalie e Dr. Amino, eu coloquei Dr. Amino como meu advogado e ele contratou uma empresa de segurança e investigações. Tenho recebido relatórios a respeito das operações de meu pai nas empresas e, anteontem, quando eu soube que ele estava me vigiando com detetives particulares, também coloquei essa empresa para vigiar os detetives que me vigiavam…

— Essa é a dose do próprio veneno que você falou. — Alesha gargalhou. — Eu tô começando a ficar com medo de você, garota! Então, me deixa entender. Você e eu sairemos do estacionamento da empresa com o carro do Dr. Amino e vamos para um hotel para despistar os detetives de seu pai. O Dr. Amino sai com seu carro e vai para o seu apartamento e dorme lá hoje. A filha dele sai com meu carro e vai para… O meu apartamento?!

Alesha aumentou o tom assim que entendeu o raciocínio da trama de Laura.

— Deixa de ser mal humorada!  — Laura sorriu. — É por uma boa causa, não é? E você é inteligente mesmo! Como adivinhou?

Laura deu um beijo rápido nos lábios de Alesha.

— Laura, eu não adivinhei, apenas juntei as peças. E não é que eu não ache que valha a pena, mas você não acha que tem gente demais interferindo na nossa relação?

— A questão, Alesha, é que se eu não conseguir resolver isso, meu próprio pai vai interferir na nossa relação. Eu não quero ir com você para um hotel, hoje, só para namorar antes de viajar, eu quero que você saiba de tudo que eu estou fazendo e o por quê. Depois que conversarmos, você é que vai decidir se quer seguir adiante com a nossa relação ou não.

— Amor, me desculpa, mas eu não acho que você vai se livrar de mim tão fácil. Seja lá o que está maquinando nessa sua cachola, vai ter que me aturar perto de você.

Alesha sorriu e deu um beijo rápido também em Laura, revidando a brincadeira.

— Ok! Agora vamos ver se eu entendi direito. Vou com você e me hospedo em um hotel, ninguém vai nos seguir, pois estaremos no carro do Amino. O carro dele tem insulfilm?

— Tem.

— Então, o Amino vai para sua casa no seu carro, mas o seu carro não tem insulfilm!

— Tem, coloquei na sexta quando saí daqui, antes de ir para casa. Dr. Amino havia me orientado a colocar para me preservar um pouco.

— Você é rápida!

Alesha roubou outro beijo da loirinha.

— E a filha de Amino, como é o nome dela?

Laura ria da forma teatral que Alesha falava querendo tornar a história ridícula, como se fosse um enredo de filme.

— Lúcia é o nome dela.

— Então, a Lúcia vai para meu apartamento no meu carro que tem insulfilm e eu não gostei nada disso… Dessa parte pelo menos.

— Para Alesha, isso é sério! – Laura gargalhou.

— Eu estou falando sério. Essa parte eu não gostei mesmo e você vai me dever isso.

— E o que você vai me cobrar?

— Ainda não sei, mas pode apostar que vou pensar em algo…

— Tô ferrada!

— Que é isso? Você acha que eu faria alguma coisa de que você não gostasse, acha? Ô mulher desconfiada!

A forma com que Alesha a olhou, deu a entender bem o que ela deveria pagar em troca do apartamento ser disponibilizado para uma pessoa que ela não conhecia.

— Qual é?! Vamos lá, senhora esperta. Tá na hora da gente almoçar também, lá pelas seis horas a gente vai sair pela saída da diretoria que dá diretamente no estacionamento e nos encontrarmos com Amino e Lúcia.

— Que menina esperta é você. Eu quero saber com que roupa eu vou dormir e que roupa venho trabalhar amanhã!

— Eu comprei roupa para você e já está no carro. Pelo menos, a roupa para você trabalhar amanhã. Na realidade, eu não achei que você precisaria de roupa para dormir…

— Mmm… Isso tá ficando interessante…

— Vamos lá, ô!


Nota: Meninas, vou deixar aqui meu cometário de agradecimento a tod@s, pelo carinho e a força que vocês têm demonstrado por mim. Espero não estar sendo indelicada em responder num comentário geral aqui na história, porém, ainda não me encontro em condições e também ando resolvendo com meus irmãos assuntos inerentes a perda de meu pai.

O meu carinho a tod@s e tenham certeza de que leio a todos os comentários e me sinto confortada.

Obrigada!



Notas:



O que achou deste história?

7 Respostas para Capítulo 16 — Procurando soluções

  1. Sei que vc está precisando de tempo, mas por favor, pare de nós deixar na corda bamba da ansiedade em ver as coisas darem certo e o bandidão se dar mal!

    • Carol, maravilhoso capítulo!! Vamos ver se conseguem despistarem o sabidinho do pai com esses detetives!!
      Elas como sempre lindas!
      Querida amiga, você nunca foi indelicada, está fazendo o que sua capacidade permite num momento delicado como esse! Quando tiver pronta, vc responde ou nem precisa, já nos deixou mensagem geral falando o q acha. Se acha q falar sobre o q sente tá te faz bem, então diga!:). Mas n se preocupe com nada, apenas com vc!!Quero minha amiga carioca de boa!!:)
      Você tá sendo bem confortadas sim e espero que do outro lado mais ainda!! Toda vibe pra vc e seus irmãos para resolver o que seja preciso!!
      Seu pai sempre esteve em minhas orações diárias, agora mais ainda!!
      Beijos cheios de carinho e amor
      Cuidem-se muitoooo!!!
      Fui

  2. Mais um cap. especial…
    Adoro tudo isso k k k…

    Carol, creio estar falando por todas, o q queremos
    é q tu fique bem, não tem o pq respostas individuais.

    Tu ficando bem, nós tb ficamos… bjs

    • Obrigada, Nádia!
      Tenho tentado me distrair e então, as coisas vão voltando para o lugar na cabeça e no coração.
      Muito obrigada pelo carinho e compreensão.
      Um beijo!

  3. Siga sempre firme e confiante. Para quem crer a morte é tão somente um distanciamento físico e momentâneo. Deus a abençoe e aos seus nesse momento que bem sei que sao de dores, saudades, inquietacoes, indagações. Mas Deus é maior. Confie!!! Bjs

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