Buscando Ruínas

Capítulo 5 – Sai logo desse buraco.

Quem ai está com saudade da nossa dupla bem atrapalhada Geo e Elliot?

Pois ela estará de volta com novas aventuras, agora em Roma. Novas experiências e muita história pra contar. Parece que nossa Arqueóloga com síndrome de Lara Croft será arremessada para fora do armário.

Então é só aguardar, dia 20 de novembro será postado o primeiro capítulo.

– Benzinho, o que é que está escrito aqui. – Apontou para umas inscrições na parede.

– Corações puros e fieis, peguem o que puder pegar, não mais do que podem carregar, não pise com a cabeça, pois se assim o fizer não mais sairá.

– O que isso quer dizer? – Olhei para todos.

– Cuidado com a cabeça ou morreremos aqui. Basicamente isso. Vamos pegar o que for possível, Elli, me passa os sacos de vácuo, guarde apenas a quantidade de objetos que puder levar, Gabriela, faça o mesmo, levarei os pergaminhos. – Coloquei o que pude dentro dos sacos enquanto eles literalmente limpavam as prateleiras. – Eles sabiam que um dia alguém viria até aqui, que chegaria até esse ponto.

– Acha mesmo?

– Sim, eles sabiam, por isso falam para levar apenas o que podemos carregar. – Os espaços acabaram e coloquei Elliot para sair primeiro.

– Me passa as mochilas. – Entregamos para ele e logo Gabriela começou a subir, mas quando estava saindo bateu a cabeça e desmaiou.

– Elliot, ela pisou com a cabeça. Está começando a se encher de poeira aqui embaixo.

– Santa Cher. Você consegue colocar ela de pé? – Consegui a colocar de pé e subir dois degraus e Elliot a puxou. – Vem logo, Gio. – Subi o mais rápido que pude e coloquei a mulher em meus ombros.

– Leva as mochilas. – Andamos o mais rápido que aguentamos. – Elliot, esse é o caminho errado.

– Corre, Gio, os homens estão vindo pelo caminho que fizemos. – Ouvimos barulho de tiro e a terra embaixo dos nossos pés começando a ceder, ficamos isolados dos homens e a poeira começava a tomar conta, cada vez mais forte.  – Ali, parece que tem uma saída.

– Perfeito, Elli.

– Nosso equipamento, ficou na outra saída, vamos morrer. – Elliot começou a se desesperar e gritar.

– Não é a primeira vez que tenho apenas uma corda e um mosquetão para sair de um buraco, então se acalme. – Gritava enquanto a poeira tomava conta de tudo.

– Belezinha, mas você está esquecendo que somos três, uma corda velha e um mosquetão enferrujado. – Coloquei o corpo inanimado em seu ombro. – E o terceiro ainda é a Bela Adormecida.

– Elli, não começa a falar, preciso me concentrar. – Olhava para algumas pedras que tinham o mínimo de superfície para meu pé. – Eu vou subir o máximo que puder e tentar jogar a corda naquela madeira.

– Você está pensando em se matar? Se for, é melhor que todos fiquemos aqui embaixo cantando “cumbaiá”.

– Cala a boca, vai dar certo. – Prendi a corna na minha cintura e comecei a subir, já estava próxima da madeira quando meu pé escorregou.

– Aiii, viado, você vai morrer.  – Consegui sustentar o peso com a mão esquerda.

– Rogue praga para outro. – Achei a superfície para o pé e voltei a subir, um total de três tentativas e acertei a corda na madeira fixa entre a largura do buraco.

– Isso não vai te aguentar, não faz isso, Gio. – Fechei os olhos com uma ponta da corda amarrada na cintura e a outra em minhas mãos. Pulei e foi por pouco, estava firme o suficiente. Voltei para o lugar que estava e joguei uma ponta da corda.

– Prende a corda no mosquetão e trava ele no seu cinto, vou te puxar e você saí.

– Se você me deixar morrer, juro que viro alma penada só pra te assombrar durante toda sua infeliz vida.

– Anda logo, bicha dos infernos, eu já ouvi essa história antes. – Puxei o mais forte que pude, enquanto ele subia fui descendo para equilibrar o peso e tornar o processo o mais rápido possível.

– Eu estou vendo a luz, vou me agarrar na madeira e sair desse buraco.

– Joga o mosquetão de volta e amarra a ponta da corda em sua cintura, Elliot, vou amarrar a desmaiada e você puxa. – Amarrei a mulher da melhor forma possível e meu amigo começou a puxá-la.

– Gio, se prende também, eu consigo puxar as duas juntas.

– A corda vai ceder antes de chegarmos, continua puxando. – As vigas que mantinham o lugar começaram a quebrar.

– Gio, Gio, vai desmoronar.

– Eu sei, bicha, anda logo com isso, vou dar um jeito. – E a poeira enfim tomou conta do lugar.

– Gio, pelo amor de Deus, fala comigo!

– O que aconteceu? Onde estamos?

– Graças a Deus você acordou, Bela adormecida, a Geovana acabou de salvar sua vida, só que ela ficou lá embaixo.

– Eu vou descer.

– Vai descer nada, se alguém aqui vai descer sou eu.

– Elliot, eu escalo montanhas normalmente e eu não teria força para te segurar.

– Você venceu. – Gabriela se amarrou e desceu devagar.

– Geovana, você consegue me ouvir?

– Estou aqui. – Falei baixo, havia poeira na minha garganta e nariz, estava impossível respirar.

– Vou tirar você daqui, está sentindo alguma dor?

– Acho que quando a poeira me atingiu veio junto uma bala, ouvi os homens gritando e atirando, minha perna deve ter sido atingida.

– Eles ainda devem estar por aí. Vou apoiar as pernas dos dois lados e você se segura no meu pescoço.

– O chão ali embaixo cedeu, eles devem estar em algum buraco Inca e essa corda não vai aguentar nós duas.

– Gabriela, Geovana, se vocês não responderem eu vou gritar feito a marica que sou e chamar atenção de todos os meninos maus.

– Estou com ela Elliot, segura firme que ela vai subir. – Seus olhos encararam os meus. – Eu vou ficar sustentando o peso da corda, quando você terminar de subir eu subo.

– Como pode estar tão certa disso?

– Eu sou socorrista em altura. Normalmente quando as pessoas vão escalar e sofrem algum problema eu vou.

– Talvez de tudo tenha sido bom ter vindo.

– Se eu não estivesse, não teria batido a cabeça e feito todo esse estrago.

– Não, na verdade foi bom, o que não pudemos carregar está enterrado para sempre. – Ela me deu o sinal para subir, minha perna doía perto do tornozelo. Cheguei até o Elliot e logo Gabriela estava ao meu lado examinando minha perna.

– Para sua sorte foi apenas raspão, não acertou o osso.

– Isso que é sorte. – Sorri de forma fraca. – Elli, preciso de água.

– Cuida dela que vou procurar o tenente. – E saiu.

– Ela foi uma heroína.

– Não vou discordar. – Tomei quase que todo o conteúdo de água. – Elli, quero sair logo daqui, acho que nem tão cedo voltarei ao Peru.

– Já vamos, meu amor, já estou vendo o Deus Peruano vindo com todo seu esplendor e arma apontando em minha direção.

– Por que ele está apontando uma arma para você. – Falei tentando me levantar.

– Quietinha, que essa arma somente meus olhos podem ver, me acabo naquela espingarda.

– Ah, você deve estar falando das partes intimas de um oficial do exército, cuidado para não ser preso por isso.

– Se tiver algemas, ainda melhor. – Fechei os olhos novamente e senti um toque suave em meu rosto.

– Vou precisar limpar o ferimento, ok? Não queremos que infeccione. – Balancei a cabeça afirmativamente e voltei a fechar os olhos.

– Senhorita Smith, o resgate está a caminho, logo a levaremos até um hospital. Conseguiram salvar o que vieram salvar?

– Grande parte, mas com certeza a história será contada com mais detalhes.

– Isso é ótimo, Senhor Elliot. O bando que estava tentando chegar até a passagem em grande maioria fugiu.

– E o que conseguiu descer provavelmente estão mortos.

– Acredito que tiveram o que mereceram.

– O resgate aéreo está chegando, não podem pousar e por isso iremos içar a senhorita Smith e nós subiremos pela escada.

– Eu tenho pavor de cair desses negócios.

– Não se preocupe, estarei logo atrás de você e terá equipamento para que não caia. – Elliot provavelmente nesse momento deu seu melhor sorriso, logo seu Deus Grego atrás, seria trágico se não fosse cômico.

Bem, eu dei uma bela descansada durante o caminho e até depois de chegar ao hospital, fiquei lá por mais dois dias, em resumo toda a documentação foi encaminha para seus respectivos locais graças ao meu bom amigo Elliot, ganhamos uma bela recompensa que foi dada boa parte para abrigos e asilos do país, no mais uma parte para o Tenente e uma para Gabriela, afinal, além de ter me ajudado a sair daquele buraco ainda permaneceu no hospital até que eu saísse.

– Eu gostaria de levá-los para jantar, como forma de agradecimento. – Falei assim que chegamos na saída do hospital.

– Se for amanhã eu estou dentro. – Elliot falou animado.

– Amanhã partiremos, Elli, tem que ser hoje.

– Nada disso, ficaremos mais três dias, ordens médicas.

– Bem, mas eu parto essa madrugada, preciso resolver algumas coisas antes de voltar para o trabalho.

– Então iremos hoje de qualquer forma, por você tudo bem, Gabriela, Tenente?

– Eu adoraria. – Disse a mulher.

– Eu tenho um compromisso, e pela cara do meu compromisso, ele é inadiável. – Olhei para Elliot que sorria de orelha a orelha e o Tenente ficando vermelho.

– Bem, espero que se divirtam. – Falei sincera, olhei para Gabriela. – Se importa se for apenas nós duas?

– De modo algum, eu adoraria saber um pouco mais das suas histórias. – Elliot me olhou com aquela sobrancelha bem-feita arqueada.

– Pode ser no restaurante do hotel? O médico pediu para evitar longas caminhadas.

– Perfeito, te encontro às oito?

– Sim. – Me despedi dos demais. – Elli, volta para o hotel comigo?

– Claro, minha bela dama, preciso de um banho. Hugo, te encontro às sete onde combinamos.

– Estarei te esperando. – Quando eles saíram olhei para meu amigo.

– Parece que vai testar sua teoria! – Ele sorriu. – Como isso aconteceu?

– Rolou um clima ontem depois que fomos liberados, conversamos um pouco sobre nossas vidas e ele me convidou para jantar na casa dele.

– Espero que aproveite, agora vê se me ajuda a entrar nesse táxi.

– E me diz, que olhar foi aquele de sua bela salvadora?

– Que olhar. – Perguntei assustada. – Eu não percebi e nem dei margens para que levasse qualquer coisa por outro caminho, senão o do agradecimento.

– Acho que a mocinha caiu de amores, viu?

– Mas eu… eu… não sou, você sabe!

– Calma, bicha, sem piti. Só deixa claro e pronto.

– Agora estou com medo, será que ela levou para outro lado o convite?

– Creio que não e Gio, você já é mulher, tem 28 anos, não precisa ficar com esse medo bobo. Além do mais você é uma mulher linda, alta, esbelta, com esse cabelo sedoso e encaracolado, esse rosto fininho, essa boquinha linda que só sabe falar coisas legais. Relaxa, ela não vai te atacar. – Apesar de tudo que Elliot falou não me senti mais tranquila.

Não me leve a mal, eu jamais teria qualquer preconceito e além do Elliot tinha outros amigos gays e até mesmo amigas lésbicas, mas ela era uma total desconhecida, que salvou a minha vida, mas ainda sim. Quando a imobilizei senti um incomodo gigante em estar naquela posição, o corpo junto demais… E quando estava saindo daquele buraco precisei apoiar em seu corpo, mesmo todo sujo de poeira ainda tinha um cheiro amadeirado. Droga, Geovana! Pare imediatamente de pensar essas coisas.

– Fiquei grata com o convite, mas declino a parte de ser um convite da sua parte, ficaria muito feliz em pagar a conta.

– Jamais, eu convidei, Gabriela. – Me ajeitei o melhor possível para não ficar reparando no mínimo decote do vestido da mulher, minhas mãos estavam suando mais que o necessário.

– Por favor, não faça isso, não deveria ter dividido comigo a recompensa por ter descoberto aqueles itens.

– Era o justo, você estava ali também.

– De forma indesejada de sua parte.

– Não me leve a mal por isso, apenas sou receosa, foram várias noites em claro estudando aquelas pistas e mapas antigos e ainda tinha aquele grupo de ladrões, quem poderia garantir que você não era um deles? Mas provou que não era e ainda salvou minha vida, apesar do Elliot ter se oferecido para me buscar, seria muito complicado, não sei se percebeu ele é sensível e grande demais, não leva o menor jeito para resgates. – Sorrimos ao imaginar a cena.

– Eu poderia passar horas agradecendo a aventura que me proporcionou, mas prefiro ouvir um pouco mais sobre você. – Olhei para os lados, totalmente encabulada. – Sobre seu trabalho, fica melhor?

– Ah, sim, claro, não há muito o que falar sobre a minha pessoa. – E as horas passaram, o jantar acabou, a sobremesa, o café… e outro. – Então quando encontramos o sarcófago da tia de Nefertiti, que era de tudo um pouco mais simples, como deveria ser, Elliot logo quis abrir para saber se havia alguma inscrição por dentro, normalmente os egípcios deixavam dizeres para que quando a alma saísse do corpo pudesse ver o quanto era amado naquele mundo. Só que ele não contava com a poeira e a má preservação das ataduras de linho, quando ele iluminou o rosto da múmia tinha um amuleto que refletiu em seus olhos e ele gritou alto falando que tinha sido amaldiçoado por ter encontrado uma múmia.

– Eu acho que também gritaria, deve ter sido uma cena engraçadíssima. – Falou sorrindo.

– Mas ele sabia que naquela época, os egípcios colocavam joias entre a atadura, mas eu me arrependo até hoje de não ter gravado aquilo.

– E por que estavam procurando pela tia de Nefertiti?

– Na verdade ainda não sei se era realmente a tia de Nefertiti, até hoje essa rainha é desconhecida em partes, sua descendência e tudo mais é um grande mistério, procurávamos por essa mulher para identificar o dna e finalmente achar um parente.

– Seu trabalho deve ser uma verdadeira aventura.

– Eu amo o que faço. – Olhei para o relógio. – Está na hora de tomar os remédios.

– Se é assim eu me despeço aqui, pegou a conta e pôs no colo.

– Não precisa ir agora, podemos conversar mais um pouco, ainda estou sem sono, a não ser que queira ir, deve estar cansada… – Comecei a falar mais rápido.

– Ei, calma, eu adoraria conversar um pouco mais, mas o meu voo saí em três horas, preciso voltar para o hotel que estou e pegar minhas coisas. Mas vou te levar até o quarto, não pode fazer muito peso para os pontos não abrirem. – Levantou e pagou a conta, soltei um suspiro de indignação, mas deixei passar. – Vamos?

– Você não deveria ter pago toda a conta.

– Faremos assim, que isso valha para uma próxima vez, quero saber mais sobre os lugares que foi, apenas não continuo essa conversa por ter que voltar para o Brasil. – Passou o braço envolta da minha cintura contendo o peso que faria sobre a perna.

– Tudo bem, mas que não faça isso novamente. – Entramos no elevador e ela me olhava, todos os outros pontos estavam perfeitamente mais interessantes que retornar os olhos para ela.

– Não farei.

– Não fará o que? – Olhei em seus olhos.

– Pagar a conta sozinha.

– Ah, sim. – Meu tom pareceu desapontado, mas o que eu estava esperando? O que eu queria ouvir?

– Bem, chegamos, continue tomando a medicação nos horários certos e logo estará nova em folha.

– Farei isso, obrigada pelo jantar. – Abri a porta e me apoiei na lateral.

– Obrigada por sua companhia, foi adorável ouvir as histórias. – Ela está se aproximando, faça alguma coisa, fale alguma coisa, feche a porta na cara dela. – Pegue, é meu número, quando estiver pelo Brasil me ligue.

– Ligarei. – Senti seus lábios em meu rosto. Demorando um segundo a mais do que deveria demorar. Seu rosto deslizando no meu e os olhos se encontrando ainda mais próximos. – Gabriela…

– Me desculpe, eu prometi mentalmente que não deixaria meu desejo falar mais alto. – Se afastou lentamente e meu coração disparou, gritou…

– Me beija!

FIM…SÓ QUE NÃO! CONTINUAÇÃO NUMA PRÓXIMA AVENTURA.



Notas:



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