BRINCAR DE COLORIR

4. Inventando uma desculpa

Laís até que tentou não pensar mais na moça ruiva, em vão. Durante a semana pensou em ligar e inventar uma desculpa para ouvir a sua voz, quem sabe marcar um encontro. Tinha algo que lhe dizia que Serena não era mais uma dessas mulheres com quem estava acostumada a ter um rápido relacionamento, onde o sexo era o objetivo. Quando se lembrava do sorriso de menina e dos olhos azuis como o céu em tarde de outono, sentia algo mais intenso e não era simples tesão.

Resolveu listar os motivos que a impedia de ir além e os que a incentivavam a investir:

NEGATIVOS

– não devia ter nem 26 anos (diferença de idade de pelo menos 19!!)

– era uns 20cm mais baixa

– trabalhava na loja da família, não tinha os mesmos recursos para viajar ou sair

– tinha jeito de menina do interior, e ela é extremamente urbana

– sua rotina era simples demais, nunca deve ter ido a outro Estado, imagina a outro país

POSITIVOS:

– não conseguia parar de pensar nela

– sentia uma vontade nada comum de conhecê-la melhor

– não queria apenas transar com ela

Laís ficou um bom tempo analisando sua lista. Apesar dos “negativos” serem em maior quantidade, os poucos “positivos” lhe pareciam mais relevantes.

Era sábado e estava tomando seu café da manhã pensando numa forma de encontrar Serena, quando chega uma mensagem:

“oi Laís, e sua horta como está?”

Laís quase engasga com seu café.

“oi Serena, confesso que tentei, mas não sei se sobreviverão! rs”

“poxa, não posso deixar isso acontecer!! Que tal se eu for aí para avaliar e te ajudar?”

“seria ótimo!”

“quando posso ir?”

“hoje é sábado, se não tiver nada à tarde, posso te buscar.”

“manda o endereço que vou lá pelas 14h, pode ser?”

Com o coração acelerado, Laís passa seu endereço, mas antes insiste:

“eu te busco, você me fará um favor, nada mais justo…”

“huuum…posso pensar em outras formas de você me pagar…”

Laís lê a resposta e pensa: “será que ela está me dando bola mesmo ou é só minha imaginação? Que absurdo, eu uma mulher de 45 anos com medinho desse jogo de palavras, quer saber? Se ela quer brincar com fogo, então vamos brincar.“

“nada mais justo você escolher a melhor forma de te pagar pelo favor”

“huuum posso cobrar além do que vale…”

“posso dizer não…”

“pode, mas acho que não diria….”

“será?”

“algo me diz que é um preço que você pode e vai querer pagar…”

“pode parcelar? Rs”

“em todas as vezes que você quiser….”

Serena não sabe ao certo onde isso vai dar, só sente que essa mulher tem algo especial, meio misterioso que a atraía. Laís por sua vez se surpreende com a ambiguidade das respostas da menina de cabelos vermelhos.

“se é assim, acho que darei conta de te pagar”

“rsrs até mais linda, bjs”

“bjs”

Laís passa as próximas horas pensando no sorriso encantador e nos olhos azuis. Faz um almoço simples, toma um banho e coloca um short jeans e uma camiseta regata, já que vai mexer na terra, não tem porque colocar algo mais sofisticado.

Serena vai todo o trajeto imaginando o que poderá acontecer. Quando chega ao prédio vê que é de alto padrão, se intimida um pouco. Em seguida se lembra das palavras da sua mãe:

“Ninguém é melhor que ninguém, somos apenas diferentes.”

O porteiro interfona e Serena é liberada a subir. Toca a campainha e logo a porta é aberta. Dá de cara com Laís, linda de short e regata, com os cabelos milimetricamente bagunçados e seu sorriso marcante.

– Olá menina! Gostei você é pontual!

– Oi moça séria, essa é apenas uma das minhas qualidades. – diz sorrindo.

Ela entra e ambas se beijam no rosto e dão um rápido abraço. Laís sente o perfume floral e doce de Serena, que está com um macacão jeans e camiseta branca.

– Uniforme?

– Ah sim, minha roupa para ajudar donzelas perdidas na difícil arte de plantar manjericão! – e dá uma risada quase de criança que fez arte.

Laís se sente mais encantada com a moça de cabelos vermelhos, que hoje estão presos num rabo de cavalo.

– Seu apartamento é lindo!

– Vem vou te mostrar onde está a horta. – e a leva direto para a ampla varanda em frente à sala de estar.

A horta na verdade é constituída de três vasos no canto.

– Aqui bate muito sol, um ótimo lugar para fazer a horta. Mas posso dar algumas sugestões?

– Claro!

E Serena vai dando ideias sobre horta vertical com materiais reciclados, diz que iria valorizar ainda mais o ambiente, deixando-o mais agradável. Laís apenas ouve e não consegue tirar os olhos da menina que não para de falar, gesticular e mostrar fotos no celular.

– Entendi, gostei das ideias, mas não tenho capacidade de fazer tudo isso sozinha.

– Posso te ajudar, basta você decidir o que quer fazer!

Serena se empolga com a possibilidade de montar uma horta em um apartamento tão chique e, principalmente, pelo tempo que passará com essa mulher misteriosa e tão interessante.

– Que tal tomarmos um café e discutirmos isso? – sugere Laís.

– Amo café!

Laís vai preparar o café e Serena a segue até a cozinha.

– Nossa tudo muito clean, muito bem decorado.

– Obrigada.

Serena encosta na geladeira e diz num tom mais sério:

– É lindo, mas parece que falta um pouco de alma.

Laís se vira para a menina ruiva e faz uma cara um tanto contrariada.

– Alma? É uma casa, objetos não tem alma Serena!

– Não fica brava, me desculpa!

Laís a contragosto balança a cabeça, aceitando a desculpa e se volta para a pia.

Serena vai até ela, e delicadamente segura seu braço e a faz virar novamente.

– Não queria dizer dessa forma. Só acho que você tem muito mais alma, mais coisas interessantes a mostrar do que mostra e sua casa a mesma coisa. Falta cor, entende?

Estão muito perto, Laís sente o hálito de Serena, uma súbita vontade de beijá-la surge, mas consegue se conter. Se desvencilhando diz de forma fria:

– Tudo bem Serena. Entendo o que você quer dizer. Porém, sinto decepcioná-la, sou exatamente como essa casa e não tenho nada que quero demonstrar, além do que já demonstro.

– Pelo visto te ofendi e não sei como me desculpar…

– Tudo bem.

– Não está não, olha só sua cara! Dá até medo. – Serena dá um sorriso e aponta para o espelho do hall.

Laís vai até o espelho onde Serena está apontando. De fato sua cara está carrancuda. Olhando Serena no reflexo, acaba dando um sorriso tímido.

Serena se aproxima e diz:

– Ah agora sim!!!!

Laís se vira, está bem perto da menina de cabelos vermelhos. Olhando intensamente para os olhos azuis, diz num tom mais baixo:

– Menina que tem olhos de mar e cabelos de fogo…

Serena dá um passo e fica a centímetros de distância, sua voz sai mais rouca:

– Mulher misteriosa com olhos de neblina…

– Olhos de neblina?

– Lindos, mas que escondem alguma coisa…

– Por acaso quer descobrir? – Laís diz sem tirar os olhos da sua boca.

– E você vai deixar?

Laís passa delicadamente as costas dos seus dedos pelo rosto de Serena. Com o polegar, passa em volta da boca.

– Se você merecer….

– Posso te surpreender….

Serena coloca sua mão na nuca de Laís e a puxa delicadamente até suas bocas colarem. Com sua língua, passeia delicadamente nos lábios da mulher misteriosa, que fecha os olhos ao mesmo tempo em que abre a boca, Serena a explora com sua língua.

Laís coloca seu braço em volta da cintura da menina de cabelos de fogo e a puxa até seus corpos se unirem. Com a outra mão, explora o pescoço e a nuca. Tira o elástico que prende os cabelos cor de fogo.

O beijo vai do suave ao intenso em pouco tempo, ambas sentem certa urgência de se descobrirem.

– Menina é melhor parar… – Laís diz com a boca colada a de Serena.

Serena nas pontas dos pés aproxima sua boca do ouvido de Laís e sussurra:

– Por que, está com medo de mim? – e dá um sorriso.

Nesse momento, Laís tira as alças do macacão de Serena e a gira para que fique encostada na parede. Levanta seus braços e segura enquanto beija seu pescoço, sente que ela estremece e solta um suspiro. Desce pelos braços com as pontas dos seus dedos, levanta a barra da camiseta e segura firme sua cintura. Serena fecha os olhos, agora sua respiração fica mais intensa. Quando Laís sobe suas mãos pelo colo da menina cor de leite, ouve um gemido doce.

– Posso? – Laís pergunta com as mãos a milímetros dos seus pequenos seios.

– Por favor…

Laís aperta cada um com vontade e beija sua boca, coloca sua perna no meio das de Serena que suspira mais forte. A menina a abraça com mais força, quando percebe que Laís está tão excitada quanto ela, a empurra devagar e pergunta:

– Prometi te surpreender né?

Laís fica sem entender nada, até que Serena com suas mãos agarra seu pescoço e a puxa para um beijo ainda mais intenso. Com seu corpo empurra o de Laís, levando até o sofá da sala, a deita de costas. Sem dizer nada, arranca o short e a regata. Laís surpresa, apenas se deixa ser despida. Serena passa as mãos pelas pernas sem deixar de olhar nos olhos de neblina.

Sente o corpo de Laís ficar mais quente. Com a boca vai desenhando as coxas, a barriga, os seios, o pescoço, até chegar à boca. Laís agarra suas costas e passa suas unhas por toda ela. Serena passa a língua na orelha e pergunta com a voz inundada de desejo:

– Me deixa te colorir?

– Tira sua roupa. – Laís suplica.

Serena arranca seu macacão e camiseta, fica novamente sobre Laís. Abre as pernas dela e encaixa sua mão para sentir seu vão, já tão quente e úmido. Beija os seios, depois morde de leve e chupa cada um devagar, Laís geme mais alto.

Quando a penetra com seus dedos, sente Laís rebolar com mais intensidade. Não aguentando de vontade, vai com a boca até o clitóris e o lambe devagar, explora cada pedaço sem tirar seus dedos de dentro dela. Aos poucos aumenta a velocidade e intensidade da língua e dos dedos.

– Vem menina. – a voz de Laís é carregada de tesão.

Rebolando cada vez mais, sente seu gozo explodir. Sente seu corpo trepidar. Com voz entrecortada, diz:

– O que foi isso menina?

Serena se deita sobre seu corpo, sente outra vez o delicioso gosto do beijo e diz com voz suave e rouca:

– Comecei a te colorir. Tenho muitas outras cores na minha paleta, basta você permitir.

Laís mergulha naqueles olhos azuis como tarde de outono, acaricia o rosto branco cheio de pequenas sardas, passa a mão pelos cabelos cor de fogo e sussurra:

– Vem colorir meu corpo, minha alma e meus dias.

Nesse instante, Laís inverte as posições, pois não aguenta mais segurar a vontade de sentir o gosto da menina e de estar dentro dela.

De frente para ela, Laís segura seus braços acima da cabeça com uma das mãos e invade a boca com a sua, num beijo intenso. Desce sua outra mão pelo corpo delicado de Serena. Ainda se beijando, não tiram os olhos uma da outra. Quando Laís encaixa sua mão no vão de suas pernas, Serena geme e morde sua boca.

– Quero te ver gozar. – diz com voz sussurrada no ouvido de Serena.

Ela abre as pernas para que a mão de Laís tenha mais espaço para explorar seu sexo molhado e latejante. Ela encaixa seus dedos dentro de Serena, que geme alto. Vai ritmando seus movimentos conforme o rebolado da menina de cabelos de fogo.

Serena aumenta cada vez mais a intensidade do movimento do seu corpo e pede quase numa súplica:

– Laís me chupa… agora!

No que é prontamente atendida. Quando sente a boca de Laís, solta um gritinho e joga sua cabeça para traz. Laís cada vez mais excitada, suga seu clitóris e a penetra com mais força e rapidez.

Ambas sentem seus corpos formigarem em um tesão avassalador. No momento que ambas não conseguem mais segurar o gozo, se olham intensamente. As duas conseguem gozar juntas.

Elas se abraçam e ficam curtindo a mansidão que vem depois do intenso prazer. Depois de um tempo, Laís recupera seu fôlego e diz:

– Nunca gozei apenas por fazer alguém gozar, sem ser tocada, como aconteceu agora.

Serena sorri e a provoca:

– É que você nunca esteve com uma menina que a surpreendesse.

Laís encaixa suas pernas entre as de Serena, se apoia com os braços no sofá, olha para os lindos olhos azuis e também a provoca:

– Ou porque tem muito tempo que não transo.

– Huum….acho que entramos num impasse….

– E agora para resolvermos? – Laís a provoca.

– Tenho uma ideia! Daqui uns dias a gente repete tudo e você tira suas conclusões.

Laís gosta do ar desafiador de Serena. Sente um medo brotar no fundo, mas não lhe dá atenção. Se permite curtir o momento e não pensar no amanhã.

– Concordo com você. Vamos fazer isso, é a melhor forma de sabermos a verdade.

Quando a noite começa a chegar, Serena diz que precisa ir para casa.

– Quer tomar um banho antes?

– Não, prefiro ir sentindo seu cheiro e gosto em mim, em casa tomo…

Se veste e dá um beijo suave em Laís.

– Pena que nem resolvemos o lance da sua horta.

– Marcamos outro dia apenas para isso. – Laís dá um sorriso e abraça Serena.

Depois que Serena vai embora, Laís enche uma taça de vinho e senta na varanda. Se pega relembrando a tarde que viveu e sente uma sensação de vazio. Se pergunta se esse vazio veio porque está há muito tempo sozinha ou está de fato encantada com a menina branca como leite.

Serena sente uma felicidade genuína ao se lembrar de tudo que fizeram. Decide que irá investir e quebrar a barreira que a mulher de olhos de neblina, faz questão de colocar a sua volta.



Notas:



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