Argentum

Capítulo 130

Capítulo Bônus Final

As duas mulheres voltaram para o quarto naquela noite com um sentimento de felicidade quase incontido. Haviam ficado muito perto de soltar a notícia durante as várias horas do dia. Claro que Amanda também e o casal percebeu como a filha estava comprometida em guardar o segredo das três e proteger a irmãzinha de “ser assustada”. Elas haviam decidido não contrariar a garotinha explicando como ainda era impossível saberem se o bebê seria uma menina ou um menino, apenas deixaram Mandy acreditar no que ela queria acreditar pensando que, dali algumas semanas, se descobrissem que seria um menino, elas poderiam conversar melhor com a filha.

Apesar de tudo, o dia havia sido cansativo. Com a notícia e elas tendo que controlar suas ansiedades, ainda haviam tido vários compromissos a respeito do Rancho. Alicia havia contratado, a pouco mais de um ano e meio, uma jovem recém-formada em Medicina Veterinária que havia sido uma indicação, por incrível que pareça, de seu ex-namorado da época em que viveu em Porto Alegre. Os dois não mantinham mais um contato regular, mas Maia tinha consciência de que Diego era um bom homem e que a relação dele com a esposa nunca havia passado realmente da amizade por parte de Alicia. A dona do Rancho até havia conhecido o homem alguns anos após o casamento delas. Quase dois anos atrás ele havia entrado em contato com Alicia perguntando se ela teria alguma vaga para uma veterinária recém-formada, aparentemente a jovem Gabriele, estava buscando sair de Porto Alegre e morar no interior, mas queria um emprego para isso.

Fora em boa hora que Alicia contratou a garota como Veterinária para a Clínica. Dona Marta estava morando com a amiga Catarina; a clínica e a casa praticamente ficavam sozinhas nos dias em que ela não estava trabalhando. Com a contratação de Gabriele agora alguém morava no sobrado e poderia cuidar de tudo sem nenhum custo a mais para elas. Gabriele não pagava aluguel, mas era responsável pelas contas do sobrado. Logo depois da jovem se mudar foi que Maia e Alicia decidiram realmente começar a tentar a gravidez novamente, Alicia teria mais tempo para cuidar da esposa se fosse preciso e isso foi um ponto importante para que elas tomassem a decisão naquele momento. Haviam passado por sete tentativas até aquela, que era a oitava, a última também havia dado resultados positivos nos primeiros exames, mas na confirmação do primeiro mês o resultado havia vindo negativo; a esperança delas era que dessa vez fosse diferente, principalmente agora que Amanda havia descoberto tudo.

Eram todas essas coisas que estavam passando pela mente de Alicia enquanto ela estava confortavelmente sentada dentro da enorme banheira da suíte do casal. Não faziam mais de cinco minutos ela havia terminado de preparar o banho delas e entrado na água para esperar a esposa que havia ido ao escritório deixar alguns documentos que havia analisado durante a tarde. A porta do banheiro estava aberta, então Maia não fez nenhum barulho ao entrar e pode perceber a esposa distraída olhando para a parede a frente dela. Repetindo uma ação comum entre as duas, a dona do Rancho começou a se despir, deixando suas roupas no cesto atrás da porta e depois seguiu a passos lentos enquanto enrolava o cabelo castanho longo em um coque alto.

Foi nesse momento que os olhos cor de mel se viraram, Alicia se perdeu em observar os movimentos da esposa, sua mente nostálgica com os últimos acontecimentos lhe trouxe todo o caminho que elas haviam percorrido até o ponto em que Maia se sentisse tão confortável em frente a ela daquela forma. A veterinária se permitiu admirar o corpo da esposa, afinal, era sua mulher, e enquanto isso sorria com a falta de inibição em estarem nuas uma em frente a outra. Haviam músculos muito mais definidos e volumosos, principalmente nas coxas e ombros, as cicatrizes continuavam ali, umas mais aparentes e outras em processo de desaparecimento. Mas Maia não tinha mais vergonha delas e Alicia sentia orgulho de ter ajudado a esposa nesse caminho.

Ela não desprezava mais suas cicatrizes, ao contrário, ela agora tinha orgulho do próprio corpo. Não que as inseguranças não mais existissem ou não pudessem voltar, Alicia tinha plena consciência de que elas poderiam muito bem ressurgir com o tempo. Ela se lembrava muito bem de como fora complicado para ela lidar com as inseguranças com o seu próprio corpo quando estava grávida de Amanda, durante e também depois. Eram coisas complexas, as mudanças no corpo junto da carga hormonal, a veterinária sabia antes de engravidar que seria assim, mas nada a preparou para as crises de choro no meio da madrugada quando começou a ganhar peso e sentiu a insegurança de não ser capaz de voltar a ter o corpo de antes ou não ser mais capaz de atrair a esposa.

Era óbvio que ela não voltaria ao mesmo corpo após trazer a primeira filha ao mundo, mas Alicia havia conseguido voltar a amar o próprio corpo e a entender as marcas e diferenças nele como sinais de que ele havia carregado o serzinho que ela amava de todo o coração e que, graças a ela, agora corria e aprontava onde passasse. A veterinária sabia que muito disso era por causa da mulher que, naquele momento, caminhava na sua direção totalmente nua e terminando de ajeitar o cabelo. Os olhos verdes perceberam o olhar dirigido ao seu corpo e um sorriso preencheu seu rosto enquanto ela se aproximava da banheira e Alicia pensava que não poderia deixar aquela mulher maravilhosa, que chamava de sua, se sentir mal com o próprio corpo outra vez.

– O que foi? – Maia perguntou antes de colocar o primeiro pé dentro da banheira e parar para encarar a esposa.

– Nada, só admirando – foi a resposta de Alicia acompanhada de um sorriso sugestivo que fez a outra erguer uma sobrancelha.

– Gosta do que vê? – ela perguntou se movendo para colocar o outro pé dentro da água e sorrindo, mas sem encarar a esposa.

– Você sabe muito bem que sim – Alicia respondeu colocando as mãos que estavam nas beiradas da banheira para dentro da água e deslizando para frente para tocar as panturrilhas da esposa que estava em pé no espaço entre suas pernas – Eu amo o que vejo – ela completou erguendo o rosto para encarar os olhos verdes com um sorriso.

Maia rolou os olhos numa falsa expressão de tédio como se desdenhasse do comentário da esposa, mas logo sorriu de volta e virou de frente para a mesma se abaixando até colocar as mãos sobre os ombros da veterinária e terminar de se virar para colocar os joelhos na superfície lisa da banheira ao lado das coxas de Alicia.

– Em que está pensando tanto? – Maia perguntou desfazendo o tom de brincadeira entre elas e deslizando as mãos dos ombros para o pescoço da veterinária, aproveitando que suas mãos ainda estavam secas para arrumar melhor o cabelo escuro preso para o alto da cabeça dela.

– Como sabe que estou pensando? – Alicia questionou ainda no mesmo tom de antes por saber que não era nada sério e por ainda estar feliz demais com os próprios pensamentos.

– Somos casadas a mais de oito anos – Maia respondeu voltando ao tom descontraído e sorrindo – Eu conheço os trejeitos da minha mulher.

Alicia riu e envolveu a cintura fina com ambos os braços puxando a esposa para mais perto, Maia aproveitou que havia espaço atrás da veterinária para desdobrar as pernas e coloca-las atrás de Alicia, seus pés contra a porcelana e os joelhos quase saindo da superfície da água morna. Sentada no colo da sua mulher ela ficava com os olhos verdes um pouco mais altos que os castanhos da outra e aproveitou a posição para deixar um beijo na testa da veterinária, mostrando que o contato próximo não a faria desistir de descobrir os pensamentos da outra.

– Ainda tenho a mesma sensação da primeira vez que me chamou de sua mulher toda vez que o faz – Alicia comentou com a cabeça erguida para enxergar os olhos verdes e sentindo as mãos de Maia descerem pela pele de suas costas e voltarem a subir trazendo a água morna para sua nuca, antes de qualquer resposta ela baixou o olhar plantando um beijo longo no ponto de pulso da lateral esquerda do pescoço a sua frente – Estava pensando em nós – ela admitiu distribuindo beijos mais curtos pela pele do pescoço e ombros de Maia que ainda estavam secos – No que percorremos e no que nos espera.

Maia afasta um pouco os troncos das duas para segurar o rosto da esposa. Alicia sorri soltando o abraço na cintura dela e trazendo suas mãos para espalmá-las sobre a barriga da mulher em seu colo, uma palma a cada lado do umbigo de Maia. Ela fecha os olhos verdes e coloca sua testa contra a da veterinária.

– Ainda não consigo acreditar que ele está aqui – Maia sussurra baixinho ainda segurando o rosto de Alicia e então cruzando as pernas em volta do quadril dela – Não quero perdê-lo de novo.

– Nós não vamos perdê-lo – Alicia afirma acariciando a pele por baixo da água com os polegares – Eu sinto que dessa vez ele está pronto para vir para nós. Ou ela, Amanda parece ter uma convicção de que será uma menina – Alicia brinca com os olhos abertos admirando o rosto da esposa.

Maia acaba rindo ao lembrar da reação da filha. Por pouco não tiveram de enfrentar um furacãozinho ciumento, mas agradecia que elas haviam criado Amanda bem o bastante para que ela entendesse que não era a única com direitos. Alicia ergueu o queixo capturando os lábios da esposa com os seus não resistindo ao sorriso que havia neles. Maia entreabriu os lábios convidando-a a aprofundar o contato das bocas e Alicia deslizou as mãos para cima até envolver a base dos seios da sua esposa que segurou seu rosto com mais força e apertou as pernas envolta de sua cintura.

– Você vai ser a grávida mais maravilhosa desse mundo – Alicia sussurra contra os lábios de Maia antes de aprofundar mais ainda o beijo passando do carinho apaixonado para o desejoso enquanto desliza suas mãos para as costas da esposa trazendo-a para mais perto.

– Oh não – Maia ri baixinho sentindo os lábios se desviarem dos seus para buscar a pele de seu pescoço – Esse posto é seu meu amor, todo seu.

A dona do Rancho escorrega suas mãos pelos ombros e braços fortes da veterinária aproveitando os beijos em sua pele por alguns instantes antes de voltar a segurar com firmeza o rosto de Alicia puxando-o a uma distância suficiente para que ela se incline e comece e deixar beijos próximos a orelha e ao pescoço. As unhas curtas da mão direita arranham de leve o ombro enquanto a mão esquerda segura o queixo da veterinária mantendo o pescoço exposto para sua boca. As mãos de Alicia descem agarrando as coxas e tentando trazer o corpo da esposa para ainda mais perto do seu. O quadril de Maia começa a se mover lentamente quando ela prende entre os lábios o lóbulo da orelha da esposa. Alicia solta um gemido baixo que faz sua garganta vibrar contra a mão da esposa e então sobe a mão direita na direção do seio pressionado contra seu tórax. A mão que segurava o rosto da veterinária agarra o pulso da mão que subia e a força de volta para baixo, guiando-a para que a palma se coloque contra a parte de trás da coxa.

Maia cola os lábios das duas, mas acaba sorrindo contra o sorriso de Alicia quando a veterinária desce ainda mais mão direita, trazendo a esquerda na mesma direção, e agarra os glúteos da esposa puxando o quadril dela contra sua barriga acompanhando os movimentos lentos que ela fazia com o quadril. As mãos pequenas agarram os seios da veterinária enquanto elas tentam se beijar em meio aos baixos gemidos que ambas estão deixando escapar. Alicia sabe o que vem a seguir quando as mãos espalmadas em seus seios prendem os mamilos entre os dedos enquanto as pontas deles aplicam pressão massageando com um pouco mais de força.

Ela sabe que, em alguns instantes, vai estar carregando a esposa nos braços enquanto elas se secam desajeitadamente até a cama de casal no quarto para logo depois Maia estar em cima dela comandando cada uma de suas ações. Não que a cena da esposa a dominando na cama seja incomum, ao contrário, com os anos de relacionamento elas se soltaram muito em suas relações sexuais a ponto de não terem vergonha nenhuma uma da outra para pedir ou mandar quando queriam algo. E, com base no que foi a gravidez dela, a veterinária sabe que até o final da gestação Maia vai acabar por fazê-la admitir outras diversas vezes que perdia o controle toda vez em que a esposa a dominava.

Mas, afinal, Alicia não via nenhum problema em ser dominada pela mulher incrível com quem havia se casado.

 

 

N/A: E acabou :´[

Mas eu tenho surpresas hehe

Até breve pessoinhas e obrigada por todo o carinho de vocês comigo e com essas personagens que eu amo tanto.

Cuidem-se, se protegam, fiquem em casa nesse período louco de 2020 e vamos em frente que a fila anda e as ideias continuam surgindo.

Bjinhos

Vejo vocês mais breve do que imaginam.

Um grande abraço a todas

;]



Notas:



O que achou deste história?

4 Respostas para Capítulo 130

  1. Parabéns por mais este trabalho!
    Uma historia muito bonita de superação, cumplicidade, companheirismo. Mostrando beleza existente também nas marcas e cicatrizes de cada um. O crescimento pessoal do ser humano. E, para fechar, a sensibilidade e carinho no desenvolvimento do diálogo de Amanda com Argentum e, posteriormente com suas mães e a irmãzinha, para mim foi o ápice.
    Você tem um jeito muito especial de elaborar e conduzir suas histórias.

    • Muito obrigada pelo comentário.
      Escrever a trajetória de Alicia e Maia foi gratificante, porque me levou por ensinamentos muito importantes pra mim além e, de certa forma, fez parte do meu crescimento próprio.
      Eu agradeço muito os elogios e espero continuar conseguindo transmitir bons sentimentos para as pessoas em outras histórias.
      Muito obrigada por acompanhar
      ;]

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