Argentum

Capítulo 93

Alicia trouxe o chá e serviu a todas voltando a se sentar no mesmo lugar com Maia sobre seu colo. Elas não conversavam muito, em poucos minutos terminaram o chá e Marta explicou que passaria aquela noite na casa de Catarina. A veterinária sugeriu leva-las de carro, mas elas negaram dizendo que iriam naquele momento e, não demorou muito para que realmente saíssem. Catarina queria descansar em sua casa e não estava muito bem para conversas. Quando ficaram sozinhas elas decidiram se trocar e ir para a sala assistir a algum filme antes de Alicia preparar algo para elas jantarem. Maia vestiu uma calça de moletom cinza e colocou uma blusa de algodão azul que tinha uma gola redonda e mangas compridas, já Alicia colocou uma calça moletom preto e uma blusa branca de mangas curtas.

Acabaram vendo alguns filmes até as 21 horas da noite. Então foram para a cozinha, Alicia decidiu fazer um macarrão com molho de tomate e queijo e Maia se sentou em frente a mesa para assistir e ajudar. Enquanto a veterinária andava de um lado a outro na cozinha para preparar a refeição delas a dona do Rancho picava os ingredientes. No começo elas não falaram sobre assunto nenhum, mas quando ficou sem ter o que fazer apenas assistindo Alicia cuidar do molho, Maia resolveu iniciar uma conversa.

– Alicia? – ela chamou e a namorada virou o rosto em sua direção com uma expressão curiosa – Acha que Renato vai ficar preso por algum tempo? – perguntou por fim ao ter a atenção da outra.

– Eu não sei, amor – ela respondeu voltando a encarar a panela – Por um lado o Delegado Fernandes não vai querer deixar ele sair tão cedo. Os dois tem uma pequena desavença, coisa pessoal, mas Guilherme é um homem que, apesar de justo, não aceita ser desafiado.

– O que foi que Renato fez para desafiá-lo? – Maia questionou mais curiosa do que realmente interessada no assunto.

– Bem, vamos dizer que Renato tem uma certa reputação na cidade. É um homem jovem, que as mulheres consideram bonito, com um bom emprego, boa família. As jovens sempre estão interessadas nele e ele se aproveita disso sem nunca realmente assumir algum compromisso. Quando guilherme chegou para assumir o posto de delegado ele tinha uma noiva que vinha visita-lo quase todo mês. Pode-se dizer que Renato foi o motivo do fim do noivado, ao menos assim dizem os boatos – Alicia contou soltando um suspiro e desligando o fogo.

Ela despejou o molho sobre uma travessa que estava na mesa em frente a Maia onde estava o macarrão já cozido e a menor despejou sobre o molho o queijo ralado que estava num pratinho junto da travessa. Ainda em silêncio a veterinária pegou a travessa e colocou dentro do forno que já estava aquecido. Depois Alicia se sentou ao lado de Maia aproximando sua cadeira da menor e colocando os braços em volta da cintura de Maia.

– O que houve? – ela perguntou erguendo a mão esquerda e tocando o rosto da namorada – Alguma coisa está lhe incomodando.

– Eu tenho medo – admitiu Maia segurando a mão da veterinária com suas duas mãos – Por mim, por você, por todos os que nos apoiam. Sabemos que Renato não vai ficar preso muito tempo, mesmo que condenado, exceto o atentado contra Carlos não houve realmente nenhuma agressão contundente feita por ele. E nada garante que quando ele sair, vai ter esquecido todo esse assunto ou aprendido com os erros.

– Tem medo de que ele volte atrás de nós – Alicia concluiu sentindo um aperto no coração, ela se ajoelhou ao lado da cadeira de Maia e a abraçou colocando seu rosto contra o pescoço dela – Não pense nisso agora.

– É que não consigo não pensar – ela respondeu se encolhendo entre os braços da veterinária – Agora que estamos juntas, eu achei que as coisas fossem começar a se ajeitar. Estava me preparando para repetir todos os nossos momentos de felicidade e ter novos deles, mas agora temos que enfrentar toda essa situação.

Alicia decidiu não responder nada. Ela compreendia aqueles medos de Maia, entendia a namorada, já havia passado por algo do tipo, mas não tão pesado quanto a situação com Renato. Por saber que não havia muito que pudesse ser dito para melhorar ela escolheu pegar a namorada no colo. Ela se assustou com o movimento da veterinária a erguendo, mas apenas se agarrou ao pescoço da maior em silêncio esperando o que iria acontecer.

Alicia levou-a para seu quarto, a deixou na cama pedindo para que não saísse dali. Deixou um beijo nos lábios da mais nova e saiu do quarto. Maia se ajeitou sobre a cama, mas não demorou muito e Alicia voltou com uma bandeja sobre a qual estava um prato cheio de macarrão, dois garfos e dois copos com suco de goiaba. Ela deixou tudo nos pés da cama e se sentou ao lado da namorada virando-se de frente para ela e segurando o rosto de Maia entre suas mãos.

– Eu entendo que tenha medo. Não tiro sua razão em ter – ela falou com seus polegares acariciando as laterais do rosto de Maia – Também tenho medo do que pode vir a acontecer, mas não podemos deixar esse medo restringir a nossa vida. O que quer que vá acontecer, vamos enfrentar isso juntas e cuidar uma da outra – ela completou aproximando seus lábios dos dela.

Maia sorriu, suas mãos seguraram os pulsos da veterinária e ela aproximou os lábios de ambas. Alicia passou a mão direita para o pescoço da namorada e a mão esquerda foi para a cintura enquanto Maia escorregava suas mãos pelos braços dela até os ombros e segurando o rosto da veterinária. Alicia foi puxando Maia pela cintura fazendo a menor quase subir em seu colo durante o beijo, mas antes disso ela encerrou o contato das bocas com selinhos.

– Vamos jantar – sussurrou Alicia com um sorriso e os olhos fechados – Temos o resto da noite para continuarmos isso.

– Só te perdoo por interromper o momento por um único motivo – Maia sussurrou de volta mordendo o lábio inferior de Alicia e depois o queixo dela antes de continuar – Eu realmente estou com fome e o cheiro da sua comida está ótimo.

A veterinária sorriu, mas não respondeu. Deu um selinho em Maia e então elas se separaram, Alicia pegando a bandeja e colocando sobre seu colo e Maia se sentando ao seu lado e pegando um dos garfos. Elas comeram trocando selinhos e sorrisos. Um pouco depois de começarem a comer Alicia se levantou e ligou seu computador colocando uma playlist para preencher o ambiente. Quando terminaram ela pediu para Maia continuar na cama enquanto ela levava tudo de volta a cozinha, mas a menor puxou a bandeja. Como estava vazia ela conseguiu colocar a bandeja para o chão. Alicia ficou em silencio observando as ações da namorada e se surpreendeu quando ela se virou com as mãos vazias e se aproximou mais dela, mas logo sorriu ao sentis os lábios de Maia contra os seus.

– Eu tenho certeza de que deveria levar as coisas para a cozinha, podemos acabar esquecendo depois – ela sussurrou abraçando a cintura de Maia enquanto a menor se aproximava ainda mais fazendo seu corpo se recostar contra os travesseiros.

– Não te deixo esquecer – foi a resposta que Alicia recebeu antes das mãos de Maia segurarem seu rosto puxando-a para um beijo mais lento e longo.

As mãos da veterinária subiram contornando a barra da blusa que Maia usava para se espalmarem na base das costas, a pele morna se arrepiando com o toque quente da palma. As pernas da dona do Rancho se perderam e se embaralharam com as da namorada, mas Alicia logo notou que Maia buscava mais contato e aquela posição não era a mais confortável. Se afastou dos travesseiros agarrando a parte de trás das coxas da menor. Maia parou o beijo, ainda segurando a nuca de Alicia, e sentiu seus corpos se mexerem na cama.

Alicia as afastou da cabeceira e da parede, se sentou sobre o colchão e ajudou Maia a se ajeitar, a menor seguiu os toques da namorada até se ver sentada na cama entre as pernas da veterinária e com as suas pernas envolvendo frouxamente a cintura da mesma. Seus peitos colados, os rostos na mesma altura, os quadris provocantemente próximos. Ao fundo duas vozes suaves escapavam das caixas do aparelho de som, eram vozes desconhecidas para a menor, mas ela não reparava nisso.

Maia reparava na boca entreaberta da namorada, a respiração quente batendo contra seus próprios lábios, os olhos castanhos escuros, mesmo com a luz do quarto iluminando tudo. Fleches da primeira e, até aquele momento, única noite delas juntas piscaram por trás dos olhos verdes. Algumas sensações daquela noite se misturando com as que percorriam seu corpo naquele momento. Seu rosto queimou por motivos além da falta de fôlego que sentia pelo beijo, corou ao identificar a vontade que tinha de sentir Alicia daquela mesma forma mais uma vez.

Alicia percebeu o que se passava, ela também estava reparando em cada detalhe das expressões de Maia. Notou os olhos verdes se tornarem duas esmeraldas escuras e profundas, viu também o rubor se espalhar nas bochechas enquanto os olhos da menor desceram por seu corpo até o ponto onde seus quadris se encontravam. Não foi difícil entender o que se passava com a outra já que ela sentia a mesma coisa. Ela quis passar confiança, sabia que as luzes acesas poderiam retrair Maia e não queria isso, queria que a namorada sentisse a mais profunda confiança nela. Por isso não falou, não quis quebrar a tensão gostosa que se preenchia o ar do quarto e parecia ser aprofundada pelo som de uma guitarra da música que soava ao fundo.

Os olhos castanhos se fecharam quando ela sentiu as mãos pequenas deslizarem por seus ombros e descerem por seu peito até seu abdômen. Ela deixou Maia tomar a iniciativa e esperou, logo os lábios delas estavam colados outra vez em outro beijo longo, mas calmo. Alicia subiu as mãos pelas laterais do corpo da namorada, suas palmas escorregando contra a pele morna e erguendo a blusa de algodão. Ela sorriu contra os lábios de Maia ao notar o arrepio da outra, talvez por suas mãos, talvez pelo ar frio no quarto. Aquilo fez Maia abrir a boca puxando o ar em maior quantidade antes de soltá-lo lentamente. A veterinária aproveitou para descer seus beijos para o maxilar da namorada.

Alicia tirou suas mãos de dentro da blusa de Maia que abriu os olhos, mas antes que ela protestasse a veterinária colocou suas mãos na barra de sua blusa puxando-a por sua cabeça e soltando o tecido branco em algum lugar no chão ao lado direito da cama. Os olhos verdes se perderam na pele bronzeada, nas marcas de sol que as roupas deixavam fazendo a pele de Alicia ter dois tons próximos, um mais bronzeado que o outro. O tecido branco de um top que parecia folgado e confortável envolvendo os seios que eram maiores que os seus. Quando os verdes subiram e encontraram os castanhos que estavam escuros elas sustentaram aquele olhar por mais alguns instantes.

As mãos de Alicia de volta a pele da cintura de Maia e a menor com as suas palmas sobre os braços fortes da namorada. Era um pequeno e intimo diálogo acontecendo naquele olhar. A pausa fez o som da música ao fundo voltar a ser percebido. Enquanto trocavam olhares e ouviam a letra da música Maia sentiu que a veterinária lhe fazia uma pergunta muda com os olhos castanhos. Ela sabia a própria resposta, só faltava mostrar.

Maia soltou os braços da namorada e segurou a barra da blusa de mangas que usava. Ela puxou o tecido lentamente e as mãos de Alicia envolveram acompanharam aquela subida escorregando pelas costas da mais nova. As palmas dela subiram sem encontrar nada e o coração de Alicia acelerou, como na primeira vez, ao comprovar que não havia nenhuma peça de roupa por baixo da blusa. Quando o tecido foi abandonado no mesmo lugar que a blusa branca a veterinária as virou.

Lentamente, sem se desgrudarem, as costas de Maia encontraram com delicadeza o lençol da cama. A música soando parecia se misturar com os batimentos das duas. A batida da música e a letra, as vozes leves cantando palavras que pareciam tomar significado dentro do peito de ambas. Uma última troca de olhares, as mãos de Maia arranhando de leve a lateral da cintura de Alicia, um arrepio subindo pela linha da coluna da veterinária. as bocas se aproximaram, divididas entre continuar a tentar recuperar um fôlego que elas não haviam feito esforço para perder e voltar a se sentirem.

Alicia quebrou o olhar, ela precisava ver. Ver tudo e cada detalhe. A pele branca macia e quente, o peito subindo e descendo no mesmo ritmo que o seu, os seios pequenos pressionados contra si. Seu olhar percorreu aquele corpo, pela primeira vez sem ter sombras o envolvendo. A mão direita da Maia segurou seu queixo e ergueu seu rosto, os olhos verdes estavam constrangidos, mas havia um certo divertimento brilhando neles. Alicia acabou por sorrir, então reparou na música que tocava e em uma das frases da letra e sorriu ainda mais. Segurou a mão da namorada e beijou os dedos antes de morder a ponta de um deles. Depois se inclinou para o pescoço descoberto de Maia, próximo a orelha dela.

– Eu quero ouvir tuas reticências – ela sussurrou junto da música com os lábios colados no pescoço de Maia e, logo depois, deixou mordeu de leve o local.

Maia não respondeu com palavras. Pressionou as unhas cortas contra as costas de Alicia e deixou um suspiro escapar de seus lábios quando os dentes foram substituídos pelos lábios úmidos em seu pescoço. Elas ouviriam bem mais do que apenas as reticências uma da outra naquela noite.



Notas:

N/A: 

Olá!
Eu sei que estou atrasada, mas esses últimos dias tem sido corridos pra mim. Tenho mais um concurso esse começo de mês e estou estudando demais para ele (infelizmente a gente precisa trabalhar pra sobreviver).
Por isso não tive muito tempo para terminar o capítulo de uma forma que me deixasse satisfeita com ele, mas ontem consegui e cá estou eu.
Também queria dizer que fiquei um tantinho desanimada quando vocês não se interessaram muito pelo meu desafio, mas ok. O placar foi 3 erros e Zero acertos. A música era A Gente Junto, mas duas das pessoas que deram palpites falaram Calendário, ai decidi citar a música indiretamente (o solo de guitarra que elas reparam é dessa música).
Bem, espero que gostem desse capítulo.
Beijos pessoas e até o próximo
;]

PS: Para quem quer entrar no grupo do Whats me avisa que eu mando o link ;]




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