Argentum

Capítulo 9

N/A: Um pouquinho mais da Alicia e da Talitha para vocês. Aliás, ressaltando que adoro Talitha (queria uma amiga que nem ela). Espero que gostem.

 

;]

 

 

Ela tinha acabado de terminar a segunda e última consulta do dia, que era apenas um retorno. Se despediu da cliente que saía com sua paciente, uma gatinha de oito meses, nos braços e acompanhou as duas para fora de sua sala. Ao sair ouviu Talitha ao telefone concordando com algo.

– Sim, Senhora. Irei avisar a ela sim – falava a garota com o aparelho junto ao rosto – Não se preocupe, passarei o recado assim que ela terminar a consulta – mais uma pausa enquanto sua paciente era levada para fora da clínica e ela se aproximou da mesa – Certo, boa tarde para a senhora também.

– Com quem estava falando? – perguntou a veterinária se sentando sobre a mesa.

– Dona Antonieta – respondeu Talitha com um largo sorriso que fez a veterinária dar um sorriso sem jeito, ela ainda não havia voltado para conversar com a garota depois da conversa após o almoço – Vamos lá Doutora – falou ela rindo – Me conte como é a Senhorita Augustus.

– Senhorita Almeida – respondeu Alicia pegando novamente uma das cadeiras da sala de espera e se sentando em frente à amiga – E acredito que você precise me passar um recado. Porque Dona Antonieta ligou?

– Não te conto se não me disser o que quero saber – disse ela apoiando os cotovelos sobre a mesa e apoiando o rosto nas mãos.

– Não seja infantil – reclamou Alicia rolando os olhos e apoiando o braço esquerdo na mesa também.

– Sou mais nova que você, tenho o direito de ser infantil. Agora diga – falou ela com um sorriso convencido que fez a veterinária suspirar e rolar os olhos outra vez.

– Certo, mas você só venceu essa porque eu sou uma pessoa curiosa – afirmou a mais velha apontando o indicador direito na direção da outra fazendo Talitha rir e fingir concordar – Bom, já admiti que a achei bonita.

– Não me enrola Alicia – disse a mais nova rindo da expressão sem graça que estava estampada no rosto da veterinária.

– Me deixa terminar, se não vou parar de contar – ameaçou a veterinária rindo, quando ambas pararam de rir ela continuou – Ela parece ter algo em torno dos 25 anos, é bem magra, mas não posso afirmar muita coisa porque estava usando um vestido longo e bem solto. Pelo que Carlos me contou seu nome é Maia Augustus Almeida. Ela é menor que eu e…

– Claro que ela é menor que você – falou a garota rolando os olhos e interrompendo a descrição – Vamos combinar que 90% das pessoas do Brasil devem ser menores do que você.

– Talitha! Se me interromper outra vez eu não conto mais nada – ameaçou Alicia fazendo uma expressão irritada – E eu nem sou tão alta assim.

– Tá, tá. Não vou mais interromper, mas você é alta assim sim e não discuta porque no fundo sabe que é verdade. Agora continua – falou a menor rindo baixo.

– Para constar, ela é maior que você – afirmou Alicia cruzando os braços e Talitha fingiu uma expressão indignada – Eu acho que ela tem por volta de 170 cm, não sei ao certo. Os cabelos são castanhos claros, quase achei que fossem loiros por causa da luz, mas quando ela se aproximou mais vi que eram apenas castanhos muito claros. E – a veterinária fez uma pausa e olhou para a mesa ainda de braços cruzados, sabia que a amiga iria rir muito dela se completasse a descrição da forma que pretendia, mas não conseguiria descrever de uma outra forma tão impactante – E com o par de olhos verdes mais lindos que eu já vi – terminou ela olhando para a parede e evitando o os olhos castanhos de Talitha.

– Sério? Tinham que ser verdes? – ela falou rindo o que fez Alicia ficar emburrada – Uma mulher que você admite pra mim ser bonita e que ainda tem os olhos verdes, cor em que você sempre foi apaixonada. É a mulher perfeita pelo visto – comentou Talitha rindo.

– Não – murmurou a veterinária abaixando a cabeça – Não é a mulher perfeita. Ela não vai ficar aqui e você bem sabe que eu não posso abandonar tudo. Nunca daria certo.

– Você não sabe o que ela vai ou não fazer. Não deveria presumir assim – repreendeu Talitha e viu a veterinária se levantar.

– Ela não vai ficar, Talitha. Esse seria o pior lugar que ela poderia escolher para ficar – falou a veterinária e, quando viu que sua amiga iria repreende-la de novo ela completou – Ela tem problemas nas pernas, Litha – disse num tom mais brando junto de um suspiro – Não sei o que é, mas notei que todo o lado esquerdo do corpo dela parece ter problemas motores. Ela teve que caminhar se apoiando no Giulio para entrar no pavilhão. Seria ilógico uma pessoa com deficiências motoras escolher vir para um lugar onde o maior nível de acessibilidade é você conseguir trafegar com carros e motos.

– Podia ter dito que ela tinha esses problemas antes – murmurou a garota sem jeito e com uma expressão constrangida.

– Talitha, não entenda errado – a veterinária voltou a se sentar encarando a amiga – Eu notei as deficiências dela, mas isso não me pareceu um defeito. Ela continuou linda aos meus olhos – murmurou Alicia com um suspiro o que fez um pequeno sorriso surgir no rosto da mais nova – Só não acredito que ela vá ficar por muito tempo, por isso não vou deixar meus pensamentos correrem soltos. E depois, mesmo que por um milagre ela fique, você sabe o quão difícil seria a minha situação. Ela não é o tipo de pessoa por quem eu posso me dar o luxo de desenvolver algum tipo de sentimento. Primeiro porque não daria certo, segundo porque ela provavelmente não sentiria nada por mim e eu iria me magoar.

– Você não deveria ser tão pessimista assim com a sua vida amorosa, Alicia – murmurou a garota estendendo as mãos e segurando as mãos da veterinária.

– Você melhor que ninguém sabe que eu não tenho uma ‘vida amorosa’. Talvez, se um dos caras daqui conseguisse me interessar o mínimo, ela poderia ter surgido. Mas não ocorreu – falou a veterinária se levantando de novo e se separando do toque gentil de conforto que sua amiga e funcionária tentava lhe oferecer – Vou arrumar tudo, você já pode ir pra casa hoje. Melhor ir antes que esfrie mais, a previsão disse que vai haver mais uma queda de temperatura essa noite.

Talitha não respondeu. Antes de tudo porque Alicia já tinha se afastado, mas ela sabia que a amiga não ouviria nada que ela dissesse no momento. A garota apenas guardou suas coisas e saiu da clínica deixando a veterinária com suas obrigações. Mas tomou o cuidado de enviar uma mensagem ao celular da mesma avisando que Dona Antonieta havia ligado para passar o recado de que ela deveria ir até o Rancho bem cedo para dar uma olhada no potro. Depois foi para casa deixando uma Alicia confusa e chateada a organizar, lavar e desinfetar todos os ambientes.

Ela queria muito ser capaz de ajudar a amiga de alguma forma. Havia crescido muito próxima a família Ferraz e sempre teve Alicia como uma irmã mais velha. Aliás, sempre se surpreendia como conseguia ter mais carinho por Alicia do que pelo próprio irmão. Mas isso talvez se devesse ao fato dele ser sempre muito recluso enquanto que a veterinária sempre esteve lá por ela quando precisou. Se lembrava de quando Alicia havia voltado a cidade e de como, depois de anos sem se verem, elas haviam criado uma amizade instantânea.

Com pouco mais de um ano convivendo elas passaram a ser quase que irmãs, o que deixava as duas mães muito contentes. As duas acabaram confiando muito uma na outra. Alicia já a havia tirado de situações complicadas com certos casos dela, rapazes que haviam ficado bem nervosos por terem sido dispensados. A confiança entre elas era tanta que Talitha havia se tornado a segunda pessoa a saber que Alicia era bissexual. Ela era uma das três pessoas daquela cidade que sabiam sobre isso e desde que soube tomou todo o cuidado do mundo para não revelar a ninguém aquela informação tão particular.

Por muito tempo ela havia desejado que a amiga conseguisse se interessar por um dos rapazes da cidade. Haviam saído juntas muitas noites e Talitha havia até apresentado alguns amigos da sua idade para a mais velha. Alicia nunca havia demonstrado interesse por nenhum deles, mesmo não tendo demonstrado interesse por nenhuma mulher da cidade também. No fundo Talitha tinha medo de ver a veterinária viver eternamente solitária, mas sabia que não havia muito o que fazer além de esperar que Alicia desenvolvesse interesse por alguém.

E agora que isso finalmente acontecia era por alguém como a sobrinha do velho Augustus. Uma das famílias mais tradicionais da região, uma das mais ricas também. E, pelo que Alicia havia contado, a mulher já era o tipo que tinha dinheiro mesmo antes da herança. Se não bastasse toda a dificuldade dela ser o tipo de pessoa que provavelmente não se interessaria pelo mesmo sexo ainda havia a questão das deficiências dela. A garota sabia que a veterinária tinha razão, para alguém com problemas de locomoção viver numa cidade de interior como aquela não era uma boa ideia.

E mais uma vez a estudante de enfermagem só pode ver sua melhor amiga se reprimir para não sofrer ou causar transtornos. Ela daria qualquer coisa para ser capaz de fazer aquilo parar e permitir que Alicia fosse feliz. Mas, infelizmente, ela não poderia fazer nada além de apoiar a quase irmã no que ela decidisse fazer. Mas Talitha jurou a si mesma que, se a herdeira do velho Augustus continuasse na cidade e fosse morar no Rancho, ela faria todo o possível para fazer ela perceber a pessoa maravilhosa que Alicia era.



Notas:



O que achou deste história?

6 Respostas para Capítulo 9

  1. Thalita é um figura mesmo heim?? Adorei ela, e uma amiga como ela penso que todas iríamos gostar, eu ao menos tento ser assim kkkkk.

    Mas a altura que você imaginou ser a Alicia?? Deu a impressão dela ser enorme kkkkkkk.

    bj

    • Ela é kkkkkkkk. Me inspirei numa amiga antiga q tive, mas que não tenho mais contato, pra criar a Talitha e adorei o resultado kkkkkkkkk.

      Alicia não é tãaao alta assim kkkkk Talitha que implica pq ela tem mais de 10 cm de diferença. Mas a Alicia tem 178cm (não lembro se falei isso em algum ponto até agora, mas é a altura exata dela)

      Bjs
      ;]

  2. Que bom ter você no Lesword, Alini.
    Lembro quando li Nightingale no Nyah, me encantei com a história e passei a acompanhar o seu trabalho.
    Tô adorando ler Argentum e já estou torcendo pela Alicia. Colega de profissão bem retada! ?
    Aguardando ansiosamente o próximo capitulo?

    • Estou adorando estar por aqui também =]

      Colega de profissão? É veterinária também??? Que lindo *-*

      Estou pensando em aumentar a frequência dos capítulos, mas me travo na minha falta de tempo. Mas todo fim de semana tem um, isso eu garanto =]

      ;]

Deixe uma resposta

© 2015- 2017 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.