As duas saíram juntas do carro estacionado na rua em frente ao laboratório. Maia esperou na calçada com sua muleta enquanto Alicia retirava do porta malas o botijão de transporte acomodado numa caixa de isopor própria junto ao envelope com o material genético de Argentum. Tendo o botijão na mão esquerda e o envelope na direita a veterinária se aproximou da mais nova oferecendo o braço direito para ajudar no apoio dela durante a caminhada e a subida de alguns degraus até a entrada da recepção do laboratório.
Por questão de agendamento Maia havia comunicado ao laboratório que as amostras chegariam próximo ao fim do dia, mas não havia comunicado quem as entregaria. As duas mulheres entraram juntas e se aproximaram do balcão da recepção. Identificaram que traziam as amostras do Rancho Aureus e a recepcionista pediu que esperassem enquanto um dos técnicos vinha para receber o material. Alicia as guiou até uma fila de cadeiras em frente ao balcão onde se sentou ao lado de Maia enquanto esperavam.
Não demorou cinco minutos e um homem, usando um jaleco branco com um crachá pendurado no bolso da frente surgiu de um dos corredores. Ao lado dele vinha um outro homem de aproximadamente 30 anos que vestia uma polo preta, calças jeans e uma bota também preta. Maia não reconheceu o emblema no bolso da camisa polo, mas sabia que era algo familiar. Alicia se levantou assim que viu os dois homens se aproximarem e os olhos verdes logo perceberam a mudança na expressão da mais velha. Quando os homens se viraram na direção delas a expressão do que usava estava de preto ficou surpresa, mesmo que ele tentasse disfarçar. Já Alicia estava claramente séria e Maia presumiu que ela conhecesse um dos homens.
O técnico que usava jaleco era alto e magro, tinha cabelos e olhos claros. O outro homem era mais baixo e tinha ombros largos, parecia ser relativamente forte e seus cabelos pretos estavam bem aparados num corte curto. Ambos se aproximaram delas e Maia se levantou também antes que eles estivessem muito próximos. Alicia continuou a encarar os dois, principalmente o mais baixo, mas moveu-se quase que inconscientemente para perto o bastante de Maia para que a mais nova pudesse se apoiar em seu braço.
– Boa tarde, senhoritas – disse o técnico com um sorriso gentil estendendo a mão direita primeiro para a veterinária que o cumprimentou, mas continuou a encarar o outro homem.
– Boa tarde – falou Maia cumprimentando o técnico e esperando a reação do outro homem que também encarava Alicia.
– Boa tarde – falou o homem se aproximando de Maia que lhe estendeu a mão direita a qual ele apertou brevemente antes de se afastar.
– Boa tarde Marco – falou a maior quando estendeu sua mão direita para o homem de camisa preta que, aparentemente contrariado, devolveu o aperto de mão.
– Boa tarde Alicia – disse ele – Não esperava ver você aqui.
– Que interessante – respondeu a veterinária – Eu também não esperava te ver aqui. Afinal, não há motivo algum para sua presença no laboratório.
– Eu apenas pretendia conferir as amostras que iriam chegar – falou ele com uma expressão séria – Afinal, acreditávamos que seriam entregues por uma transportadora. E nem sempre se pode confiar nisso.
– Foi por esse exato motivo que decidi vir pessoalmente – disse Maia notando o clima entre os dois – Acredito que não fomos apresentados formalmente – disse ela encarando o rapaz que desviou o olhar de Alicia para encará-la – Sou Maia Augustus Almeida, a nova dona do Rancho Aureus.
– Sou Marco, o veterinário responsável pela associação dos criadores no estado – se apresentou ele ainda sério estendendo a mão novamente para a mais nova que logo compreendeu o motivo dos olhares sérios entre ele e Alicia – Não sabia da presença de vocês e vim checar a integridade das amostras que acreditávamos que você nos enviaria por uma transportadora – contou ele.
– Que atencioso da sua parte – falou Alicia morrendo de vontade de cruzar os braços, mas Maia ainda se apoiava parcialmente em seu braço direito, por isso ela apenas colocou as mãos nos bolsos da frente da calça.
– Realmente, muito atencioso – falou Maia notando como a veterinária a seu lado parecia tentar se controlar – Agradeço muito a iniciativa. Sua atitude poderia ser muito útil caso eu não viesse pessoalmente, afinal, precisamos mesmo garantir que tudo esteja perfeito para esse exame já que não temos muito material do garanhão.
– Exatamente – falou o veterinário sério e cruzando os braços – Foi um verdadeiro milagre esse potro ter sido concebido. Ninguém quer que o registro dele seja comprometido por amostras que não favoreçam a correta identificação do pai dele – completou Marco com um sorriso claramente falso.
– Disse bem – começou Maia antes que Alicia pudesse falar algo já que ela notava, pelo braço da mais velha que estava segurando, que a veterinária estava se irritando com o jeito do homem – Argentum é um verdadeiro milagre – falou ela com um sorriso calmo e um olhar sério – Sua concepção só aconteceu pela fé e iniciativa de meu tio-avô e seu nascimento só foi possível graças a ótima veterinária que temos na região.
Marco desviou o olhar para os olhos verdes um tanto confuso sem saber se o tom da menor fora cínico ou honesto. Já Alicia encarou o perfil da mais nova surpresa com o rumo da conversa.
– A doutora Ferrez realmente é uma ótima profissional – respondeu Marco dando de ombros com um sorriso convencido e, usando um tom completamente falso, terminou – Para uma veterinária de cidadezinha pequena do interior ela é realmente incrível.
A dona do Rancho sentiu os músculos do antebraço de Alicia que estavam sob sua palma esquerda se contraírem e, pela visão periférica, notou a expressão da maior se endurecer. O homem havia falado aquilo na clara intenção de ofender Alicia e havia conseguido, mas Maia não permitiria que ele se saísse bem com aquilo. Mesmo com a própria raiva do veterinário ela controlou a si mesma e, apertando mais firmemente o braço de Alicia, fez com que a maior desviasse o contato visual que tinha estabelecido com o outro. Ao ter a veterinária desviando o olhar do seu para encarar a mulher ao seu lado Marco acabou por fazer a mesma coisa e olhar para Maia que, calmamente, abriu um sorriso. Um sorriso calmo e confiante.
– Novamente tem toda razão, Doutor Marco – disse ela fazendo seu sorriso ficar ainda mais largo – Alicia é realmente incrível e é ainda mais incrível que ela continue na nossa pequena cidade com a capacitação que tem. Soube que ela já foi chamada por algumas importantes propriedades até de outro estado. O senhor sabia? É realmente uma grande sorte que tenhamos ela por perto – completou a menor desviando os olhos verdes para encarar a veterinária que estava surpresa por Maia saber daquelas informações, mas tinha um sorriso contente no rosto.
A expressão do veterinário não foi nada boa após ouvir Maia, mas o homem apertou as mãos em punhos, ainda com os braços cruzados, para se controlar. O técnico, que não sabia bem o que fazer naquele diálogo, resolveu começar seu trabalho e pediu as amostras. Alicia estendeu a caixa com o botijão de transporte e se virou para pegar o envelope.
– Bom, acredito que não haja mais razão da minha presença – falou Marco num tom sério e sem paciência.
– Concordo plenamente – respondeu Alicia – Com certeza há algo mais útil para você fazer do que ficar acompanhando a entrega dessas amostras – ela falou sem perder a oportunidade de provocar o colega de profissão que apenas ficou ainda mais sério controlando a própria raiva.
– Alicia me explicou que o teste dura muitas horas – começou Maia segurando o riso e falando com o técnico – Mas eu realmente gostaria de ver como é o início do processo – ela pediu ignorando o veterinário que encarava Alicia com um olhar irritado – Claro, se for possível.
– E também, seria bom se pudéssemos já levar o botijão de transporte após vocês processarem a amostra do garanhão – falou a veterinária ignorando os olhares do outro homem para conversar com o técnico também.
– Eu acredito que não poderão ver todo o início do procedimento – falou o técnico pegando as amostras – Mas se quiserem me acompanhar poderão ver a separação das amostras o encaminhamento delas para o laboratório onde será feito todo o processo.
– Agradecemos por isso – Alicia sorriu para o técnico que já carregava as amostras e depois olhou para o outro veterinário – Até outro dia Marco – falou ela começando a andar e levando Maia que apenas acenou para o homem sem nenhuma vontade de prolongar uma despedida falsamente educada.
N/A: Bom dia =]
Espero que gostem desse capítulo. Mas antes de me despedir eu gostaria de dizer algumas palavras.
Bom, eu tenho muitas leitoras elogiando e dizendo que, mesmo demorando para o beijo, elas gostaram do ritmo em que a relação de Alicia e Maia foi se construindo. Como não conseguimos agradar a todos nunca, eu também recebi alguns comentários de quem tem a opinião contrária.
O que tenho a dizer é que respeito a opinião de todas vocês e as criticas que recebi vão com toda certeza me ajudar a melhorar. Eu tenho um fraco por descrições e as vezes exagero um pouco descrevendo certos detalhes que podem não ser relevantes. Mas o que me incomodou um pouco foi que algumas pessoas parecem não ter notado certos detalhes que importam e que eu deixei soltos no meio do texto. Talvez vocês se recordem de alguns nos próximos capítulos. E saibam que já estou revisando os próximos para não adicionar detalhes irrelevantes, então pensem que se eu descrevi algo é pq é importante ou pq eu estava tentando explicar algo que acredito que nunca tenham visto.
Espero que tenham gostado. Nos vemos amanhã, mas sintam-se livres para falar comigo sempre pq adoro interagir com vocês (Twitter: @an_403998). E eu agradeço imensamente todos os comentários, sugestões, criticas e dicas que recebo.
Bjs
;]
Esse marco é um pé no saco também! acho bonitinho como uma protege a outra!
Moça, seu conto é ótimo, nao mude nada a nao ser que você queira.
Oras, estamos no capitulo 52 e elas nao se beijaram ainda e eu nao consigo parar de ler a historia, esta mega interessante! você tem o dom de conseguir deixar seus leitores preso na historia!
Beijos
Fique na paz
mascoty
Ai como eu odeio esse Marco >< Odeio muito ele.
Eu fico muito feliz em conseguir prender minhas leitoras e leitores por tanto tempo sem nem ao menos ter mostrado uma interação mais consistente entre as duas *-* Por isso que não mudei nada do rumo que já tinha idealizado no começo.
Beijos
;]
Adorável a maneira que Maia defende a Alícia! ?
Sobre ritmo da história, apesar de lento eu creio que está muito bom.
Mas deixo a critério da autora que sei fará um ótimo trabalho!
Maia é um ser adorável *-*
Espero realmente fazer um ótimo trabalho
;]