Argentum

Capítulo 31

Nenhuma das duas disse algo após serem deixadas sozinhas em frente a baia de Lua, mas acabaram se aproximando da porta que, novamente, tinha a parte superior aberta. Ficaram alguns minutos apenas observando a interação entre mãe e filho de Lua e seu potro. Era lindo ver o pequeno animal andar pelo espaço explorando cada pequeno cantinho. Ambas provavelmente ficariam ali horas apenas observando, mas a voz da veterinária acabou por contar o silencio agradável que existia entre elas.

– E então, como anda a procura por nomes? – perguntou Alicia virando o rosto na direção da menor, mas ainda se mantendo com os antebraços apoiados na madeira da porta.

– A verdade é que eu continuo sem ideia nenhuma – admitiu Maia com um sorriso sem graça – Nunca fui boa em nomear coisas, nem quando criança eu dava nome aos meus bichinhos de pelúcia. Dar nome a um potro definitivamente não parece estar entre as minhas habilidades naturais – ela riu ao final da frase e a veterinária não segurou o sorriso bobo.

– Acho que você só precisa pensar melhor nele. Dar nome a animais não precisa ser necessariamente inventar um nome ou achar um nome que você conhece e que ache que combine – falou Alicia ainda com o sorriso largo e bobo que não conseguia disfarçar, os olhos verdes acabaram desviando do potro para ela e a veterinária voltou a olhar o animal para que Maia não percebesse seu olhar apaixonado – Muitas vezes eles nos ajudam a descobrir o nome certo. Basta você olhar bem e interagir com ele. O nome pode surgir simplesmente na sua mente sem muito esforço assim.

– Eu realmente não tenho como interagir muito com ele, mas o observo bastante – comentou Maia voltando a olhar o potro e logo que deixou de sentir o peso dos olhos verdes Alicia voltou a olhar para ela – Mesmo assim ainda não descobri o nome desse pequeno.

– Porque não vai lá falar com ele? – sugeriu a veterinária e não teve tempo de desviar seu olhar antes de ter os verdes cravados em seus castanhos – Digo, eu realmente falo com eles. Sei que entendem, não que eu consiga realmente compreende-los de volta sempre.

– Bom – falou Maia com um pequeno sorriso – Não faço isso, primeiro, porque acho que não teria muita firmeza no piso da baia. Segundo porque Eduardo diz que Lua é muito protetora e se ela resolver chegar muito perto ou querer um pouco de atenção também eu posso acabar me desequilibrando. E por último, ele é pequeno e agitado, pode me derrubar facilmente se eu chegar muito perto. Em resumo, eu prefiro não correr o risco de cair porque poderia realmente me machucar.

– Bom, tenho o argumento perfeito para acabar com todas essas questões – falou a veterinária se desencostando da porta e chegando um pouco mais perto de Maia – Estou aqui e não vou te deixar cair – ela afirmou com um sorriso divertido e piscou o olho direito para a menor no final.

Maia gargalhou com o jeito de mais velha, mas aceitou a ajuda dela para entrar na baia. Logo que pisou sobre a maravalha ela ouviu Alicia fechar a porta. No segundo seguinte sentiu o corpo arrepiar quando o braço esquerdo da mais velha envolveu sua cintura enquanto ela se posicionava ao seu lado direito. A muleta foi afastada delicadamente de sua mão e a mão direita da veterinária logo estava ocupando o lugar de seu tão conhecido objeto de apoio. Se Alicia não estivesse ocupada demais controlando a si mesma para não tremer ou perder seu controle por estar tão perto teria percebido o suspiro trêmulo que Maia soltou quando sua mão se firmou na cintura fina.

Assim que notou a presença das duas dentro da baia o potro correu de forma desastrada até perto da égua entrando por debaixo das longas patas da mãe tentando se esconder. As duas mulheres riram da forma desengonçada que o pequeno ainda tinha para correr e Alicia ajudou Maia a caminhar em direção a Lua. A veterinária disse para ela primeiro interagir com a égua e Maia usou a mão esquerda para acariciar o focinho que veio lhe cheirar. Os olhos verdes estavam atentos ao potro enquanto a voz da mais nova se dirigia de forma suave para Lua que pareceu entender as intenções das duas e permaneceu no mesmo lugar fazendo com que seu filhote também não se afastasse delas.

Depois de alguns minutos assim Alicia levou a mão direita da menor para o pescoço da égua e, muito devagar, se posicionou mais atrás de Maia segurando-a pela cintura com ambas as mãos. Uma não podia ver o rosto da outra e Maia não tentou se virar porque sabia que, provavelmente, estava com uma expressão surpresa. Ela estava surpresa demais com a forma com que seu coração acelerou e perdeu algumas batidas ao sentir a firmeza das mãos fortes em sua cintura. Já Alicia tinha o lábio inferior preso entre os dentes tentando controlar a si mesma para não mover as mãos do lugar já que seu corpo todo pedia para escorregar as palmas pela cintura fina puxando o corpo menor contra o seu.

– Continue falando com Lua – sussurrou a voz da veterinária próxima ao ouvido de Maia fazendo a mais nova travar – O potro está curioso, vou me abaixar para chamar a atenção dele. Se precisar de apoio use meu ombro – ela completou antes de soltar a mão direita da cintura da menor.

Maia continuou com suas mãos no pescoço de Lua, mas virou o rosto para ver o que a veterinária fazia. Viu Alicia se abaixar lentamente colocando-se sobre um joelho no chão. Sua outra perna ficou dobrada logo atrás das pernas da menor e a mão esquerda da mais velha continuou na parte posterior da cintura da dona do Rancho. Os cabelos negros que estavam soltos foram jogados para trás pela mão direita enquanto ela se inclinava para encarar o potro que estava do outro lado da égua, mas com a cabeça embaixo do corpo da mãe.

– Hey pequeno – chamou Alicia com um sorriso estendendo um pouco a mão direita na direção do potro que, desconfiado, se aproximou alguns centímetros – Pode vir aqui. Só queremos ver você melhor – murmurou a veterinária num tom baixo concentrada no animal e sem notar os olhos verdes a observando com atenção e admiração – Venha, não tenha medo. Sua mãe gosta do carinho, viu? Aposto que você vai gostar também.

Aos poucos Maia assistiu o potro de pelagem tão escura quanto os cabelos da veterinária se aproximar. Primeiro o focinho encostou nos dedos da mão estendida cheirando com cuidado. Vendo que não houveram movimentos ele se aproximou um pouco mais e a mais velha virou lentamente a mão com a palma para cima. O focinho do potro se encaixou na palma da mão aberta e a língua do animal explorou os dedos colocando um deles na boca em uma mordida leve para testar o que era aquilo.

– Meu dedo definitivamente não é o que você está pensando mocinho – riu a veterinária baixinho puxando de leve a mão e levando-a até a parte superior do focinho do potro.

Aos poucos ele foi se aproximando das duas. Lua estava bem parada e sua atitude de se manter ali parecia incentivar o potro a se aproximar das duas mulheres. Com um pouco mais de paciência e espera o pequeno filhote ficou perto o bastante de Alicia para que a veterinária conseguisse esticar sua mão pelo pescoço e tórax dele. Quando ele começou a ganhar confiança foi se aproximando ainda mais das pernas de Maia que continuava com ambas as mãos sobre o dorso e pescoço da égua.

– Deixe sua mão para baixo – pediu a veterinária retirando sua mão esquerda da cintura da mais nova e estendendo-a num pedido mudo para que a mais nova segurasse sua mão.

Tendo as mãos juntas Alicia aproximou a mão de Maia do potro que encarou as mãos das duas com uma postura curiosa. O mais lentamente possível a veterinária aproximou ambas as mãos do pequeno animal que primeiro cheirou os dedos de Maia. Alicia virou sua mão, fazendo a palma de Maia estar sobre o dorso de sua mão esquerda. Depois ela aproximou as mãos da cabeça do potro que cheirou a palma da veterinária antes de deixa-la tocar próximo de suas orelhas. Enquanto o animal se distraía com o jeans de Maia a mais nova escorregou sua mão da mão de Alicia e começou a fazer um carinho suave entre as orelhas do potro. Seu sorriso foi imenso ao ver aquele pequeno ser confiando nela e permitindo que ela o acariciasse.



Notas:



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6 Respostas para Capítulo 31

  1. Eu nao teria essa paciência e controle que Alicia tem perto da Maia nao! .kkk
    logo .. logo Maia esta montando de novo! ela adora cavalos! e aposto que vai ter outra aula com Alicia, rss!
    bjs
    Fica na paz
    Mascoty

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