N/A: Capítulo 4/7 da Maratona
Na manhã seguinte Maia acordou com certo alívio no peito. Eram seis horas da manhã quando ela colocou os pés para fora da cama, pouco antes das sete ela já estava descendo as escadas com o máximo de cuidado possível. Ao colocar os dois pés para fora dos degraus sua mente se recordou da cena da manhã anterior onde ela estava parada no mesmo local. Recordou-se dos braços firmes que a haviam impedido de cair, lembrou-se também do perfume suave da veterinária e sentiu um leve arrepio que decidiu ignorar. Estava preparada para encarar o irmão durante o desjejum quando chegou a mesa e ficou sabendo que ele já havia partido.
Sentou-se e se serviu. Maria ficou ao seu lado lhe alcançando o que queria para que não precisasse se levantar, mesmo que ela não tenha pedido pela presença dela. Depois de alguns minutos disse que ela poderia voltar a cozinha e continuou a comer sozinha. Olhando para a cadeira a seu lado Maia sentiu uma estranha sensação de vazio. Há muito perdera a conta de quantas manhãs passou sozinha frente a mesa, Quase nunca o irmão estava acordado no mesmo horário que ela. Nem quando a mãe era viva ela costumava ter companhia durante o desjejum. Acreditava ter-se acostumado com essa solidão matinal, mas naquela manhã, com as lembranças da manhã anterior, ela sentiu falta da companhia de alguém.
Sua mente lhe disse que não era apenas de alguém, afinal, Maria tinha estado ali antes e ela ainda estava com a mesma sensação de solidão. Mas não era só o fato de estar sozinha, havia algo faltando. Maia talvez não se desse conta, ou talvez não quisesse admitir, mas seu subconsciente sabia que o que estava faltando era a presença da mulher de olhos cor de mel. Entretanto ela se pôs a ignorar a sensação desagradável e se focou em sua refeição. Tinha planos para aquela manhã e decidiu não dar nota a sua mente confusa e se preocupar principalmente com as novas funções que pretendia começar a exercer.
Na pequena cidade a quarta-feira se iniciou mais cedo do que o normal para a veterinária. Alicia acordou antes das 40 da manhã e soube que não conseguiria voltar a dormir. A tarde e o começo da noite anterior não haviam sido muito agradáveis para ela. A mais nova dona e moradora do Rancho não lhe saia da cabeça por nada. Repassava os momentos em que esteve ao lado de Maia Almeida se recordando de cada detalhe que havia percebido da outra. Sua mente não parava de lhe recordar também do momento em que a havia amparado da quase queda, do calor e do cheiro dela. Ao deitar a cabeça nos travesseiros sua mente não se aquietou por nada e seu corpo insistia em recordar os arrepios que teve de disfarçar quando teve o corpo de Maia colado ao seu.
Nem sequer seus sonhos lhe deram descanso e, durante toda a madrugada, lhe encheram de imagens envolvendo ambas. Imagens que Alicia sabia que nunca sairiam de sua imaginação. Imagens que provavelmente lhe atormentariam por muito tempo e que ela sabia que seriam muito difíceis de controlar posteriormente. Por isso ao acordar às 43 da madrugada de um sonho, em que estava quase beijando a Srta. Almeida, ela decidiu que iria controlar a própria mente. Vestiu-se com um conjunto de moletom, colocou uma touca na cabeça e os fones de ouvido e saiu para correr pela cidade. Quando chegou em casa, às 6h45, encontrou sua mãe na cozinha preparando o um café.
– Meu Deus minha filha, a que horas você saiu? – perguntou Dona Marta se assustando com a filha entrando pela porta – Eu jurava que tu ainda estavas na cama.
– Fui correr um pouco mãe, acabei perdendo a hora – disse Alicia com um pequeno sorriso chegando perto da mãe e lhe dando um beijo rápido na testa.
– Eu percebi que foi correr – falou Dona Marta com um olhar desconfiado – Quero entender a que horas da manhã você saiu sem que eu notasse – completou ela encarando os olhos da filha e notando as olheiras que começavam a aparecer no rosto de pele morena.
– Apenas uma insônia incômoda minha mãe – falou Alicia notando que Dona Marta havia notado suas olheiras – Vou tomar um banho e já estarei como nova – disse se afastando e indo para o banheiro quase correndo para fugir dos questionamentos da mãe.
Tomou seu banho, escolheu uma camisa branca de algodão com gola redonda e que não era muito alta, um jeans preto e suas botas pretas. Apesar de odiar maquiagens se obrigou a pegar um corretivo e uma base para escolher as olheiras. Sua mãe as havia percebido, mas ela não queria que Talitha também notasse. Sabia que a amiga iria relaciona-las com a nova dona do Rancho e lhe encher de perguntas.
Alicia sabia o que lhe estava acontecendo. Fazia anos que havia sentido algo parecido, mas ainda se lembrava bem da sensação de estar se apaixonando para não reconhece-la. Havia namorado apenas duas pessoas, mas apaixonara-se apenas por uma delas. Seu último romance havia sido com um rapaz alguns anos mais velho quando ainda trabalhava em Porto Alegre, mas havia se apaixonado realmente apenas pela primeira namorada, ainda na época de faculdade. Mas ambas haviam sofrido muito preconceito, tanto de professores quanto de outros alunos, na maioria de outras turmas.
A ex-namorada era alguns meses mais nova, mas o relacionamento não durou muito. Ainda no segundo ano de faculdade, seis meses depois de iniciarem o namoro, ela havia desistido. Terminou com Alicia e se transferiu indo para outro estado concluir os estudos. A veterinária nunca mais teve notícias da ex-namorada, sequer sabia se ela havia concluído o curso ou não. Mas depois disso Alicia havia se tornado um tanto mais dura para abrir seu coração. O segundo namoro se iniciou depois de 5 anos de amizade com o rapaz. Haviam se conhecido durante um estágio, trabalharam alguns meses juntos e, depois de muito tempo, ele a pediu em namoro. Ambos se conheciam muito e eram muito amigos, por saber que ele estava mesmo apaixonado ela deu uma chance.
Conseguiram um emprego juntos, apesar de ela ter iniciado primeiro. Conviveram durante muito tempo, saíam várias vezes e ela foi percebendo que a amizade que ele sentia por ela foi mudando. Ela havia gostado muito dele, mas sabia que nunca o amou ou sequer foi apaixonada pelo rapaz. Esse segundo namoro não durou muito, porém ficaram quase um ano juntos até ela decidir voltar para a cidade natal por conta da doença do pai. Ele quis tentar um relacionamento a distância, mas Alicia sabia que não o amava e, pelo bem dele, decidiu por um término amigável.
Enquanto corria naquela manhã e pensava sobre os últimos acontecimentos ela já havia se dado conta de que estava começando a se apaixonar pela Srta. Almeida. Mas não podia permitir que começasse a desenvolver sentimentos por ela. Por mais incrível que a jovem pudesse ser Alicia sabia que não poderia se permitir apaixonar-se. Não queria sofrer de novo com a rejeição, ainda se culpava por ter feito o ex-namorado passar por um término sabendo que ele a amava. Não queria ter de sentir de novo a sensação de ter alguém importante lhe rejeitando de novo. Decidiu que iria sufocar aquele sentimento antes que pudesse se desenvolver. Resolveu que o melhor seria ver Maia Almeida o menor número de vezes possível e se comprometeu a não ter deslizes. Não iria permitir que seu coração se apaixonasse novamente e sofresse por isso.
Talitha não entendeu a súbita mudança de humor da amiga quando a encontrou, no meio da manhã, na clínica. Alicia atendeu a duas consultas e depois evitou-a se ocupando em organizar e limpar todos os seus instrumentos. A tarde mandou Talitha para casa dizendo que não haveriam mais consultas agendadas e que a amiga poderia ir estudar. Isolou-se até da mãe enquanto fazia uma organização geral na clínica. No dia seguinte foi quase a mesma coisa, com exceção de que, após o almoço, Alicia comunicou que iria até uma cidade vizinha comparar algumas coisas que estavam faltando.
Dona Marta tentou argumentar que ela poderia encomendar e não precisaria ir até a outra cidade buscar o que faltava, mas Alicia disse que queria ver alguns novos instrumentos e equipamentos. Por isso iria até a outra cidade pesquisar preços e falar com vendedores. Talitha tentou conversar com a amiga, mas, sabendo que a mais nova chegaria no tópico do Rancho, a veterinária se esquivou e não houve o que a fizesse ficar. Fez uma pequena mochila, disse que passaria a noite num hotel na outra cidade e saiu logo após almoçar para a viagem de quatro horas. Precisava se afastar, estar longe da possibilidade de encontrar com Maia. E foi isso o que fez.
Enquanto Alicia tentava não pensar na dona dos olhos verdes, Maia tentava ter tempo para pensar em qualquer outra coisa que não fossem problemas. Sabia que não seria fácil assumir a administração do Rancho, mas não esperava ter que passar um dia inteiro e um pouco mais com Giulio no escritório conversando e analisando papéis. Por sorte seu tio-avô era um homem muito organizado, mas não era nada adepto às tecnologias mais avançadas. Tinha um registro geral de tudo o que possuía, mas as especificações e todas as outras informações relevantes se encontravam em pastas e mais pastas de arquivos impressos.
Mal pode respirar ar puro na quarta e na manhã de quinta. Entretanto, antes de dormir deixou sua mente voltar ao sorriso e aos olhos cor de mel da veterinária. Disse a si mesma que apenas se lembrou dela por ter pensado em Lua e no pequeno potro que ainda não havia nomeado. Mas durante o café da manhã ela ainda teve a mesma sensação de que algo faltava, apenas se impediu de pensar sobre por se concentrar mais nas funções que teria que assumir. Mas o destino parecia estar querendo mantê-las próximas e, por mais que tentassem não pensar uma na outra ou estivessem ocupadas demais para se permitirem pensar, não seriam capazes de se manter longe por muito tempo.
Eita, Alicia ja admitiu que eesta apaixonada por Maia! kkkk. Ta perdida! nao adianta fugir! kkkkk
Bjs
Mascoty
Admitiu kkkk, mas tentou fugir Kkkkkkk
;]
Não fuja Alicia! Volte que a coisa tá ficando boa!
Kkkkkkkkkk Será q ela vai conseguir fugir?
Eu acho que não kkkkk
;]