Argentum

N/A:

Olha quem voltou hehe =P

Gente, antes de tudo, me perdoem pelo sumiço, mas eu tinha q organizar minha vida e o fim do semestre da faculdade foi tenso, juntando com mais um tanto de coisa que aconteceram na minha vida eu simplesmente não tive cabeça pra atualizar Argentum e menos ainda pra conseguir terminar a história.
Mas agora estou de férias e, mesmo que não esteja tudo tão mais calmo assim, eu consegui me organizar. Então será o seguinte esse mês: Argentum está para acabar, eu tenho alguns capítulos prontos e todo o final idealizado e estou escrevendo os últimos. Começando por hoje (sábado) teremos um capítulo dia sim dia não para que eu consiga responder tods vcs nos dias sem capítulo =]
Era isso pessoinhas lindas do meu coração. Aproveitem que eu já to com saudade, mas já passei dos 110 capítulos escritos e isso tem que ter um final kkkkk

Bjinhos e até segunda
;]

A próxima a se sentar naquela cadeira isolada foi Maia e esperavam que ela ficasse ali muito mais tempo do que todos os outros. Alicia vinha tentando se preparar mentalmente para aquele momento, principalmente porque a gravação feita no dia em que Maia conversou com Renato no banco seria reproduzida. A veterinária sabia do conteúdo presente ali, mas em nenhum momento ela realmente ouviu cada uma das palavras e isso a deixou nervosa desde que ficou sabendo que precisaria ouvir a gravação ou parte dela.

De fato, conforme o depoimento da namorada era realizado e a gravação era ouvida pelos presentes, a veterinária precisou se controlar com todas as suas forças para não sair dali direto atrás de Renato exigir satisfações do homem. Para ela era algo inexplicável de onde aquele rapaz havia tirado todos aqueles absurdos para serem ditos e a raiva que ela sentia apenas por ouvir e lembrar do estado em que Maia chegou em sua casa após o ocorrido, era um sentimento que ela entendia como ruim, mas que não conseguia não sentir. O advogado de Renato não teve muito o que falar a respeito da gravação, não havia como negar as coisas que o homem havia dito e o máximo que ele tentou foi desqualificar o áudio como prova no processo, mas naquele momento já não faria muita diferença a existência ou não da gravação.

Alicia só se acalmou realmente quando Maia finalizou o depoimento e voltou a se sentar ao seu lado. Assim que se sentou ao lado da namorada os olhos verdes notaram as mãos da veterinária fortemente fechadas sobre as pernas, abaixo da mesa. A dona do Rancho discretamente estendeu sua mão esquerda por baixo da madeira da mesa até sobrepor o punho direito de Alicia, os dedos mais finos e frágeis envolveram a mão da veterinária que já estava perdendo a cor de tanta força que ela fazia com os dedos contra a própria palma. O toque atraiu a atenção dos olhos cor de mel que estavam mais escuros pela raiva que ela sentia e os olhares delas se encontraram.

Maia iniciou um pequeno carinho com seus dedos próximos ao pulso da veterinária que foi relaxando os músculos lentamente até que seus dedos pararam de serem pressionados e os dedos da menor fizeram a palma de Alicia se abrirem entrelaçando os dedos de ambas. Apenas nesse momento ela se acalmou realmente, mas sabia que a namorada iria querer saber o que ela havia sentido e que elas acabariam conversando sobre a gravação. No fundo Alicia só estava aliviada que Renato não estava perto, ela não acreditava que teria todo o controle que teve na última vez que se viram e não queria perder sua razão com alguém que não valia o esforço e os problemas que isso traria.  Logo após esse pequeno momento entre elas o juiz encerrou a audiência e liberou todos eles avisando aos advogados que deveriam comparecer a próxima audiência que seria realizada apenas com o acusado.

Quando todos saíram Márcio conversou alguns instantes com eles afirmando que tudo estava transcorrendo como o esperado, mas nenhum dos três estava muito à vontade em continuar ali. Carlos voltaria para o Rancho enquanto que Maia havia decidido ficar na casa da namorada. Dona Marta estava na porta para receber as duas com um abraço apertado e acolhedor e uma xícara de chá bem quentinho de hortelã quando chegaram. Ela levou as duas para dentro e fez com que comessem algo também, não perguntou nada sobre a audiência, mas tanto Maia quanto Alicia decidiram contar por alto o que havia acontecido. As duas jovens decidiram que não queriam jantar, então Marta avisou que deixaria algo leve na geladeira se elas quisessem comer mais tarde antes de deixar o casal ir para o quarto da veterinária para descansarem.

Era noite, o relógio de pulso de Alicia sobre o criado-mudo marcava quase 21h, e as duas estavam deitadas vestindo moletons confortáveis sobre a cama da veterinária. Maia sentia que a audiência havia sido mais pesada para a namorada do que para ela própria. A mais velha estava deitada com o rosto em seu pescoço a abraçando pela cintura e quase, apenas quase, parecia menor que ela própria enquanto a dona dos olhos verdes a envolvia pelos ombros com o braço direito e lhe acariciava os cabelos escuros com a mão esquerda. Maia sentia que deveria guardar a informação que tinha recebido no dia anterior para a manhã seguinte, mas estava ansiosa e queria muito a resposta da veterinária a respeito para poder concluir certas coisas.

Alicia notou a ansiedade que surgiu de repente na namorada enquanto elas estavam aconchegadas ouvindo a música suave que saía do pequeno rádio, sintonizado em uma FM aleatória, posicionado próximo a televisão do quarto. Num primeiro momento ela pensou que poderia ser sobre a audiência, mas não fazia sentido já que aquela ansiedade que faz Maia começar a suspirar e se mover levemente a cada meio minuto havia surgido apenas a pouco tempo, quando as duas já estavam deitadas a mais de uma hora e tudo parecia finalmente estar mais calmo. Beijou o pescoço fino uma vez antes de erguer o rosto beijando o maxilar delicado e escorregar os lábios pela linha suave até o queixo da namorada.

– O que está te incomodando? – a veterinária perguntou burlando com a ponta dos dedos a barra da blusa de moletom que Maia usava para acariciar a lateral de sua cintura.

– Porque acha que tem algo me incomodando? – Maia questionou juntando as sobrancelhas e estreitando os olhos para encarar os castanhos, cor de mel, mas um pequeno sorriso teimava em se formar em seus lábios pelo carinho que estava recebendo.

– Você está inquieta, dá pra sentir – Alicia respondeu dando de ombros e apoiando seu queixo sobre o peito de Maia para encarar os olhos verdes – O que aconteceu?

– Não é nada sério, não estou exatamente incomodada – Maia respondeu colocando a mão esquerda que acariciava os cabelos de Alicia contra o rosto dela numa carícia leve – Mas tem razão, tem algo me deixando inquieta – ela fez uma pausa encarando os olhos da namorada que se manteve em silêncio esperando – Tem uma coisa que eu quero te fazer, mas você precisa concordar para que eu possa realizar isso – os castanhos ficaram curiosos e as sobrancelhas de Alicia se ergueram demonstrando sua expectativa e fazendo Maia sorrir com a expressão que, para ela, era incrivelmente fofa – O registro definitivo de Argentum finalmente está pronto, me ligaram a uns dias da Associação. E eu pedi uma coisa à Marcio, ele agilizou os documentos que eu solicitei e eles estão prontos agora, mas para terem validade precisam das assinaturas e serem enviados à Associação.

– Que documentos? – Alicia perguntou cada vez mais curiosa e se apoiou em seus cotovelos sobre o colchão para encarar Maia melhor – Não tem outros documentos necessários para o registro dele.

– Não são exatamente para o registro dele – Maia contou mordendo o canto direito do lábio inferior – São para uma alteração que eu quero fazer nesse registro.

– Que tipo de alteração? – a veterinária perguntou sem entender nada do que a namorada estava falando, não havia nada a ser alterado no registro, aquela conversa estava bem ilógica para Alicia.

Maia ergueu as mãos tocando as laterais do rosto da namorada e encarando os detalhes do rosto de traços fortes, de pele bronzeada e até um tanto maltratada pelo sol. Seus polegares traçaram as linhas do maxilar e queixo quando ela escorregou as palmas para o pescoço de Alicia.

– Quero alterar a identificação de propriedade no registro dele – Maia contou, o que só fez a confusão ficar maior no rosto da veterinária, com um sorriso divertido em seus lábios os olhos verdes encararam firmemente os castanhos antes dela continuar – Vou colocar seu nome como proprietária de 50% de Argentum.

– O que!? – Alicia exclamou assustada se erguendo apoiada com as mãos sobre o colchão dos lados do corpo da namorada.

– Quero que você seja tão dona dele quanto eu – Maia reforçou deixando suas mãos, que escorregaram do rosto da veterinária, caírem sobre sua barriga já que ela continuava parcialmente deitada contra os travesseiros.

– Maia não há motivo nenhum para você fazer isso – Alicia disse com uma expressão séria – Além de tudo vai te dar mais trabalho e dor de cabeça com documentação e tantas outras cosias. É totalmente desnecessário.

– Não preciso de um motivo – ela falou rolando os olhos para a clara negação da namorada – Não tenho que ter nenhum outro motivo além da minha própria vontade. E não comece com desculpas que você sabe que não fazem sentido, não serei eu a tratar da “papelada” – ela fez aspas com as mãos – É algo que eu quero fazer e vou fazer nem que tenha que te obrigar a assinar os papéis – Maia terminou a fala cruzando os braços e encarando a veterinária com uma postura confiante.

– Amor, você não tem que fazer isso – Alicia falou amenizando o tom e voltando a se apoiar sobre os cotovelos deixando seu rosto mais perto do da outra.

– Eu quero fazer isso – Maia também suavizou seu tom e voltou a segurar o rosto da namorada puxando-o para perto o bastante para que ela não tivesse que se mover para alcançar os lábios da outra – Não pense nisso como um presente ou um capricho meu. Eu pensei muito sobre antes de tomar essa decisão. Eu quero dividir isso com você – Alicia mordeu seu lábio inferior encarando os olhos verdes com tanta admiração e devoção que Maia puxou-a para um beijo lento e calmo antes de continuar o que estava falando – Eu quero dividir minha vida toda com você – ela sussurrou contra os lábios macios da namorada, as duas com os olhos fechados – Me deixe começar por isso.

– Você já começou – Alicia abriu os olhos para mover seu rosto e deixar pequenos beijos próximos aos lábios da namorada – Já está dividindo muitas coisas comigo assim como eu já comecei a dividir minhas coisas com você. Porque também quero dividir contigo a minha vida toda.

– Me deixe reformular – Maia sorriu abrindo os olhos e segurando o rosto da veterinária próximo ao seu, os olhares perdidos uma na outra – Eu quero dividir tudo com você, me deixe começar isso legalmente falando. Por favor, minha veterinária, me permita ter seu nome junto do meu de forma oficial em algo pela primeira vez.

Alicia fechou os olhos, sorriu e balançou a cabeça de leve antes de colar os lábios das duas outra vez. Ela deixou seu corpo voltar a se apoiar sobre o da menor, ainda mantendo seu peso sobre seus cotovelos e antebraços, mas permitindo que seu tronco se moldasse ao de Maia enquanto se beijavam de uma forma mais profunda e intima que a anterior.

– Te amo – ela sussurrou contra os lábios doces da dona do Rancho – E eu aceito ter meu nome junto do seu pela primeira vez em um ‘documento oficial’ – a veterinária falou em meio a um sorriso enquanto tentava manter os lábios delas colados.

Maia se limitou a sorrir por menos de dois segundos antes de puxar a namorada para outro beijo um pouco mais longo e mais ávido. Ela definitivamente iria dividir tudo com aquela mulher deitada sobre ela, desde o mais simples dos desejos até tudo o que ela possuía na vida. Maia sabia que seria a melhor decisão que poderia tomar em toda sua existência e queria poder já dividir tudo com Alicia, mas iria começar devagar e Argentum seria a melhor forma.