Era uma noite fria e chuvosa na pequena cidade do interior do Rio Grande do sul. O município interiorano tinha sua economia diretamente ligada a produção de frutas em geral, tendo diversas grandes propriedades dedicadas a monoculturas do tipo. Mas naquela noite havia, além do frio, uma nuance de melancolia. Naquela tarde havia falecido um dos grandes produtores rurais da região. O Senhor Antônio Augustus havia falecido, aos 93 anos de idade depois de mais de sete décadas a frente da administração da maior fazenda da região. O Rancho Aureus tinha mais de 150 anos e era o maior produtor de pêssegos da região, assim como um grande produtor de uvas e, além disso, também tinha uma enorme criação de cavalos que havia sido a paixão de Antônio Augustus.
Ele não tinha família ali, mesmo tendo vivido sua vida inteira naquela pequena cidade. Havia se casado em seus tempos de rapaz com uma moça cujo pai era um dos grandes proprietários de terras da época. Teve dois filhos com a esposa, um rapaz e alguns anos depois uma garota. Sua esposa havia falecido a mais de 10 anos, mas seus filhos já não mais estavam com eles a muito tempo. O rapaz havia morrido em um grave acidente de carro com apenas 21 anos. Oito anos depois a irmã, que era seis anos mais nova, acabou falecendo por conta de uma leucemia; isso tudo a mais de 40 anos. Nenhum de seus filhos havia casado nem deixado netos ao velho Augustus e a dúvida do que aconteceria com a propriedade após seu falecimento tirava o sono de mais da metade da cidade.
O Rancho Aureus empregava dezenas de famílias, 15 delas moravam numa pequena vila dentro da fazenda que ficava próxima a casa principal. Ainda haviam duas dezenas de funcionários que moravam na cidade e compareciam ao rancho apenas para trabalhar. Além, é claro, da meia centena de funcionários temporários durante algumas épocas de colheita. A grande dúvida das pessoas era como o Rancho continuaria agora que seu proprietário havia falecido. Obviamente ninguém esperava a pequena reviravolta na sucessão da propriedade.
Enquanto muitos se preocupavam em como a economia da pequena cidade iria continuar a sobreviver sem o funcionamento daquela grande propriedade, alguns dos funcionários mais antigos conduziam o caixão para dentro do pequeno cemitério da família. Em outro lugar do país, mais especificamente em Minas Gerais, um advogado descia de um voo comercial portando um envelope lacrado contendo o testamento de Antônio Augustus.
<p “text-align:=”” center;”=””>——xxx——
Alicia Ferraz era uma Médica Veterinária de 31 anos, a única veterinária da região. Ela estava tranquilamente organizando seus equipamentos naquela segunda-feira fria. Sua clínica ainda não estava aberta, ela havia acabado de descer de sua casa, que ficava no segundo piso do pequeno prédio onde funcionava a clínica. Alicia morava com a mãe, Marta Aguerro Ferraz de 68 anos. Há quase 3 anos havia retornado para a pequena cidade onde cresceu, depois de mais de 13 anos morando em Porto Alegre. Sua volta se deu em decorrência do estado de saúde de seu pai, Alberto Ferraz, que falecera logo depois dela voltar, dois anos antes. A, na época, jovem médica decidiu assumir a clínica veterinária do pai e continuando a atender a região como seu pai fizera por mais de 20 anos.
Passava um pouco das 6h da manhã quando alguém bateu na porta da clínica de forma desesperada. Alicia havia descido para separar alguns equipamentos que tinham passado a noite na estufa de esterilização, sequer havia tomado seu desjejum quando correu para atender quem lhe chamava do lado de fora. Na calçada ela encontrou Carlos, o filho do gerente do Rancho Aureus. O rapaz tinha 29 anos e era alto e forte como o pai, mas estava desesperado buscando a doutora veterinária. Um dos cavalos preferidos do finado Senhor Augustus estava passando mal com sintomas de cólica. Eles teriam feito os procedimentos normais, mas a égua estava no ultimo terço de gestação e ficaram com medo de ser algo com o potro.
Alicia não pensou em nada, alcançou sua maleta de equipamentos e medicamentos, passou a mão pela jaqueta de couro pendurada junto de alguns jalecos e chegou aos pés da escada que levava ao andar superior gritando a mãe que iria atender uma emergência. Quando saiu deixando a porta da clínica aberta, se deparou com a velha caminhonete do rapaz. Bateu a mão no bolso da jaqueta achando suas chaves e correu para a lateral da clínica entrando em seu próprio carro. Sabia que com seu Troller eles conseguiriam percorrer as estradas de terra e pedras muito mais rápido do que com a velha S-10 do rapaz.
Arrancou com o veículo deixando Carlos voltar em seu próprio carro e voou pelas estradas na direção do Rancho. Praticamente não reduzia a velocidade nas curvas nem em nenhum outro momento. Entrou pela estrada do Rancho e foi diretamente aos estábulos que ficavam próximos à casa principal. Em sua pressa não reparou nos dois sedans pretos parados na frente do casarão. Parou de qualquer jeito na porta dos estábulos, desceu largando as chaves, celulares e carteira dentro do carro. Abriu a porta traseira, retirou todas as suas coisas de dentro e depois tirou a jaqueta marrom jogando-a por cima dos bancos e ficando apenas com uma camisa de botões azul com detalhes em verde.
Eduardo, um dos cavalariços responsável pelos cavalos mais importantes e caros, correu na direção dela. Alicia deixou que o rapaz carregasse as duas caixas com suas coisas e correu na direção da porta da baia onde estaria a égua. Gritou algumas ordens no caminho. Pediu para chamarem Giulio, pai de Carlos e quem quer que tivesse visto a égua primeiro naquela manhã. A movimentação de funcionários correndo em volta do casarão chamou a atenção das pessoas que se encontravam no escritório encerrando uma conversa séria que havia sido iniciada na noite passada. O rapaz que apenas um dos ocupantes da sala sabia se chamar Eduardo, entrou escritório a dentro pedindo pela presença do senhor Giulio urgentemente no estábulo.
Dois pares de olhos verdes encararam o outro lado da janela maior da sala. Suas vistas caíram diretamente na porta de entrada do estábulo e eles viram a intensa movimentação. Notaram também um carro prata que não estava ali a minutos atrás, mas apenas a dona do par de olhos verde musgo sabia dessa informação. Giulio correu pedindo desculpas aos outros três presentes no escritório quando ouviu de Eduardo que a égua Lua estava deitada com sintomas de cólicas. As decisões importantes já haviam sido tomadas e eles apenas aguardavam o desjejum ser servido, por isso o rapaz de olhos verdes sugeriu que fossem ver o que estava acontecendo nos estábulos.
Olá ♥
Nova por aqui, Mas já amei o primeiro capítulo. Amo histórias assim, que me prendem desde a sinopse e que deixam parar de ler. Espero continuar gostando.
Seja Bem-Vinda =D
Espero q goste do resto da narrativa =]
;]
ola,moça! ja amei o primeiro capitulo! sabe que nao perco nenhuma das suas historias, posso ate demorar a ler mas perder jamais! rrs
fica na Paz
Beijos
Mascory,
Olá =]
Vc demora mesmo, mas sempre aparece hehe. Espero que goste dessa
Bjs
;]