Amores de Sofia

15. UM ENCONTRO MARCADO

A volta a São Paulo ocorreu no outro dia pela manhã, Sofia dispensou a carona de Carlão e retornou com Marina no carro, manteve sua mão sobre a coxa dela quase que a viagem inteira, foi tão natural que nem percebeu, parecia que sempre estivera ali.

Foi deixada no Aquarela, tinha pendências, hoje era a quarta do café, o dia em que o bar abria bem mais cedo e se enchia de estudantes, escritores e executivos que vinham pelo café e pelo brownie de Bené, tinha tentado trazer a receita do bolo de coco com chocolate, mas essa nem sequer era escrita por Bené para não correr o risco de ser surrupiada.

– Pronto, a senhorita está entregue.

– Eu queria agradecer a você, Marina, por ter aceito o meu convite, eu sei que não agi de forma correta  no sábado, eu quero realmente que me desculpe.

– Sofia, eu sou paciente, paciente até demais. Eu passei meses pensando numa forma de chegar até você, de não ser invasiva, de não assustá-la. Eu sou muito transparente, desde o começo, eu deixei claro o que queria com você, fui gentil e respeitei seu espaço, mas, por favor, gostaria que você também fosse honesta comigo, que você me fale o que está tirando sua paz e o que impede a gente de continuar, de dar um passo a mais. Não estou cobrando nada e nem sei se realmente você deseja ter alguma coisa mais séria comigo, nós nunca conversamos sobre isso de forma efetiva, mesmo que você me magoe ou que eu sofra, eu prefiro que você seja sincera comigo.

– Marina, tudo está acontecendo muito rápido entre a gente, mesmo você tendo esperado tanto, eu saí agora há pouco de um relacionamento bem tóxico, estava quase subindo no altar, herdei o Aquarela, o que pra mim é um grande desafio, eu ainda sofro com a morte da minha tia, nós éramos muito ligadas, foi doloroso ver tudo o que eu vi.

– Ela morreu de quê? Se não quiser conversar sobre isso não tem problema, eu vou entender.

– Ela falaceu por causa de um câncer, acho que foi por causa de muito sofrimento.

– Sofrimento? Por causa da doença?

Neste momento, Sofia percebeu que havia falado demais e resolveu, por enquanto, encerrar aquele assunto por ali.

– Olha, Marina, vamos caminhando devagar, tudo bem? Eu sei que você quer que tudo seja definido, determinado agora, eu gosto muito de você, estou adorando nossos encontros, nossas conversas, seus beijos, nosso jeito de fazer amor, eu sinto sua falta praticamente o tempo todo, isso é bom não é?

– Isso é muito bom, meu bem, eu também sinto sua falta e falta do seu cheiro o tempo todo.

– Pois pronto, vamos caminhando lado a lado, certo? Abraçadas e agarradas, o que você acha disso?

– Estar agarrada a você me parece uma proposta muito tentadora, contudo chegará um momento em que apenas isso não bastará, eu compreendo o momento e como eu disse anteriormente, sou extremamente paciente, a gente vai se falando, agora você e eu precisamos trabalhar.

A despedida foi dolorosa para Sofia, sabia que Marina tinha ficado um pouco chateada e o tempo de decisões estava se esgotando, dar um passo a mais e firmar um compromisso seria natural, sabia que se Marina não fosse filha de quem fosse, esse passo já teria sido dado, havia um incômodo no peito, o coração acelerava todas as vezes que imaginava Flora Holanda e o convívio que teria que ter, caso optasse por um relacionamento sério, no fundo, sabia que estava apaixonada, sabia que o amor feito tinha sido diferente.

Entrou no Aquarela e o movimento da sua equipe já sinalizava que tinha muita coisa para fazer, Carlão a esperava perto do balcão, o trabalho ocuparia sua cabeça, já que o coração estava descompassado e ocupado, Marina tinha preenchido o peito insone e vazio.

Esses dias com Sofia deram a dimensão correta do quanto estava apaixonada, bastou um telefonema que tinha largado tudo para ir encontrá-la. Usou todas as horas disponíveis no seu banco de horas, não pensou duas vezes, arrumou uma bolsa de mão e dirigiu uma hora e meia para ver seu amor, que estava a coisa mais linda e com frio, derreteu, Sofia conseguiu derreter até a raiva e a dúvida, e isso não era uma forma adequada de começar alguma coisa, porque sabia que o relacionamento não nomeado, não era sequer um relacionamento, não conseguia definir aquilo que tinha com Sofia, sequer poderia dizer que existia algo concreto, não iria insistir, deixaria o nó frouxo, considerar as possibilidades de um relacionamento não deveria ser algo unilateral, unitário, todos os passos , ou pelo menos quase todos, tinham sido dados por si, agora esperaria um passo a mais de Sofia, sabia que iria sofrer, mas esperaria.

Passou em casa rápido, deixou a mala, tomou banho e voltou para o papel que desempenhava tão bem, a de executiva de uma multinacional.

Simone ainda estava tentando reunir todos os documentos solicitados por Dom, apenas um seria pegue em um cartório pela manhã em São Paulo, os prognósticos da feira na Fazenda Cariri, a princípio, a feira da região tinha ganhado um espaço maior, a procura de alguns produtores locais já tinha começado e o fluxo de estratégia teria que ser bem diferenciado se quisessem se especializar e se tornarem os maiores expositores da região.

A quarta passou apressada para todos, Marina optou por não procurar Sofia, tinha um jantar com sua mãe e queria curtir Dra. Flora num bom restaurante, bebendo um excelente vinho.

Simone decidiu ir a SP apenas na quinta de manhã, Ciço ficaria na fazenda, apenas a irmã e um dos filhos iriam para a reunião.

À noite, Simone estava na varanda da casa grande bebendo uma taça de vinho, os pensamentos estavam longe, parada e coberta, com as pernas sobre uma cadeira, não percebeu a aproximação de Bené, que chegou com uma taça vazia para roubar um pouco do vinho da cunhada.

– Oi, cabeça longe?

– Oi, Bené, nem vi você chegando, desculpe.

– Eu percebi, está preocupada com a feira?

– Não, acho que estamos no caminho correto, a conversa que tive com Marina e Dom foi bastante esclarecedora e acredito que, com essa parceria, a feira será bem administrada e um total sucesso, minha preocupação é outra coisa.

– Estou aqui, você sabe, né? Para o que você precisar.

– Você sabe do que a Ida morreu?

– Ela teve um câncer, todo mundo soube, Simone.

– É verdade, mas, segundo Sofia, essa doença chegou ao corpo da tia por causa de um amor, de uma tristeza enorme, de uma desilusão que nunca foi curada.

– Um amor?

– Isso. Ida era apaixonada por uma colega de escola, tentou de todas as formas ficar com ela, depois que entraram na faculdade, as duas começaram a vivenciar esse amor, isso tudo acontecia numa época em que o país vivia aquele período político tenebroso, então, até onde sei, elas viviam escondidas e para a maioria das pessoas eram boas amigas. Robson me disse que tudo mudou, quando o pai da namorada de Ida chegou de surpresa no apartamento das duas , percebeu o romance no ar, três dias depois, Ida foi abandonada, a namorada casou e foi morar em Paris.

– Meu Deus, que coisa triste, elas nunca mais se encontraram?

– Parece que depois de 20 anos , Ida foi procurada pela ex, mas não quis saber dela, ignorou completamente a mulher. Sofia acredita que a doença da tia tem a ver com isso tudo, que havia o câncer, mas que, verdadeiramente, a tia morreu de tristeza.

– Que coisa horrível, Simone.

– Pois é, isso tudo é muito triste. Eu tive uma paixão por Ida, você sabe disso e eu não escondo minha orientação de mais ninguém, mas ela nunca esteve completa na minha cama, quando Ida se deitava comigo ou com qualquer outra mulher, apenas metade dela estava ali, a outra metade ela perdeu quando foi deixada.

– Meu Deus, como essa mulher deve ter sofrido, mas por que você está pensando nisso agora?

– Por que a minha reunião amanhã será com a namorada que abandonou Ida, o destino é uma tsunami que nos atropela.

– Não estou acreditando nisso, quer dizer então que Dom e Marina são filhos dessa mulher?

– Essa mulher se chama Flora Holanda e é a mãe de Dom e Sofia.

– Eu estou chocada!

– Pois é, eu também fiquei quando a Sofia me disse tudo que estava vivenciando com Marina.

– E ela vai continuar com a Marina?

– Está num dilema, ainda não teve contato com a sogra, mas pelo que entendi esses dias, Sofia está apaixonada e cheia de medo. Muito relutante, acha que se ficar com Marina estará ferindo a memória da tia, nós conversamos um pouco quando ela decidiu se abrir comigo, mas é tão teimosa quanto a tia, mal sabe ela que aquele coração já tem dona, vamos esperar.

– Meu Deus, como o destino prega peças, vou dormir, boa sorte amanhã nessas reuniões e tomara que dê tudo certo. Sei que  Ciço vai dar o aval para tudo que você e os meninos decidirem e saiba que eu também, confio em vocês plenamente.

– Eu sei, Bené, muito obrigada, confesso que estou um pouco ansiosa com esse encontro, por dois motivos: daremos uma passo grande em relação aos negócios e temos que nos preparar e, segundo, eu sei que Flora Holanda e Dom são extremamente competentes, você deve imaginar que falei com algumas pessoas sobre eles e sobre o respectivo escritório, e eu só tive pontos positivos sobre todos, mas fazer negócios com ressalvas, não é tão reconfortante.

– Tudo dará certo, Simone, o amor sempre vence.

– Nem sempre, Bené, e quando isso não acontece, as marcas são inapagáveis. Mas temos uma feira para organizar e marcas para patentear, nosso sucesso só está esperando por nós.

O dia amanheceu lento em São Paulo, ninguém sabia se era o sol que brigava para nascer ou se era a chuva que o empurrava para molhar. Dom acordou cedo, estava ansioso, não que precisasse fechar o negócio com a Fazenda Cariri, mais do que nunca o escritório com sua mãe estava mais do que consolidado, eram pioneiros no Direito de Patentes e essas patentes não incluíam somente produtos artísticos ou de moda, já tinham ultrapassado essas duas vertentes, o negócio com a Fazenda Cariri envolvia sua irmã e o projeto também.

Levantou e desceu até a sala aberta de sua casa, o cheiro de café arábico já invadia a casa, Ella ainda dormia e Priscila já desfilava pela casa com roupa de dormir, Dom adorava. Agarrou a esposa assim que ela passou por ele, como de costume e ouviu a gargalhada que adorava.

– Bom dia, amor da minha vida!

– Bom dia, Dom!

– Não é assim, Priscila, que você deve responder, eu já expliquei infinitas vezes: “Bom dia, Donzinho do meu coração , homem da minha vida!” Não é assim que combinamos? Priscila gargalhou, fazia de propósito, adorava ver o marido encenando uma mágoa.

– Bom dia, meu amor! Por que você levantou tão cedo?

– Estou ansioso.

– Com o quê?

– Com a visita da Simone mais tarde e com a reunião com a minha mãe.

– Dom, tem alguma coisa que você queira me falar? Desde sábado, depois da saída de Sofia daqui, você mudou, tem alguma coisa a ver com a história do passado da sua mãe?

Quando Dom resolveu que iria passar o resto da vida com Priscila, logo depois que pediu a sua mão em casamento, contou toda a história da sua vida e, por tabela, a história da sua mãe, teria que explicar , por que na época não falava com seu pai e que , provavelmente, seu avô materno não estaria no casamento, era um segredo dos dois.

– Tem e acho que entraremos numa tempestade daqui a pouco.

– Porque não sentamos e tomamos nosso café e você me conta o que descobriu, eu conheço você, eu sei que conviveu com um amigo na Europa que tem um histórico complicado e investigar virou uma mania sua, pensei que tinha parado com isso. Ella ainda vai dormir um pouco mais.

– Por isso, amo você, me conhece tão bem que antes de eu falar alguma coisa, já sabe o que eu fiz e como eu fiz.

– Eu sei que a saída súbita de Sofia lhe deu algumas informações e você foi atrás de outras, mas eu duvido que ela seja filha de algum mafioso ou neta de algum traficante.

Dom subiu, enquanto Priscila arrumava o balcão da cozinha para o café, minutos depois, uma pasta foi colocada ao lado da garrafa de café. Priscila abriu e viu um breve histórico de Sofia, algumas fotos finalizavam o que Dom tinha pedido, ou seja, estava ali toda a explicação do que ocorrera sábado.

A foto de Sofia abraçada a tia fez Priscila congelar.

– Sofia é sobrinha de Ida, o grande amor da vida da minha mãe. Eu acredito que no início do envolvimento dela com Marina, ela não sabia sobre a família ou sobre minha mãe, aliás não tinha nem porque saber disso, Marina, como meus irmãos, não sabe absolutamente nada sobre essa história, minha mãe implorou para que eu guardasse segredo, ela sabe que se isso vier à tona, meu pai e meu avô perderão os netos. Acredito que Sofia não sabia de quem Marina era filha e, no sábado, ao ver o mural de fotos, percebi que  parou exatamente na foto da minha mãe e o semblante mudou, ela quase desmaia, ficou branca, depois disso foi embora. Eu apenas juntei as informações, não foi tão difícil.

– Quem mais sabe dessa história, Dom? É visível que Marina está muito apaixonada, sua irmã é sua versão melhorada sua, ela está investindo numa relação que não depende apenas de sentimentos ou do querer dela ou de Sofia, você precisa falar com sua mãe sobre isso tudo.

– Eu pensei em falar com minha mãe hoje, mas não quero condicioná-la na assinatura do contrato com Simone e com a Fazenda Cariri, eu realmente acredito nesse projeto, Priscila, nós temos naquela fazenda infinitas possibilidades, inclusive de exportação para um nicho de alto luxo para a Europa, eles estão investindo em café orgânico com certificação internacional, Simone é uma mulher de negócios esplêndida só pelo que pude ver em poucas horas, não posso chegar antes de uma reunião desse aporte jurídico e jogar uma bomba no colo de minha mãe.

– Tudo bem, então você pretende fazer exatamente o quê?

– Conversar com ela depois de fecharmos o contrato.

– Dom, não faça isso, o que está em questão não são apenas negócios, contratos, existe uma grande história por trás, sua mãe sofreu e ainda sofre, perdeu o grande amor da vida dela, eu sei que é cedo, mas talvez Sofia seja o grande amor de Marina, fale antes. A reunião não é só a tarde? Por que não conversa com sua mãe pela manhã?

– Se eu fizer isso, também não vou condicionar minha mãe a não assinar?

– Vai sim, mas é isso que meu marido, o amor da minha vida faria.

Quando chegou ao escritório que ficava na Paulista, Dom sabia que a mãe já havia chegado. Flora vivia para o trabalho, não se permitia muito, trabalho e família apenas. Deixou de falar com pai e não falava com o ex marido, mal conseguia permanecer no mesmo ambiente que ele, quando isso acontecia, era por pouco tempo.

– OI, mãe, posso entrar?

– Você não precisa pedir , filho. Tudo certo para o fechamento do contrato mais tarde? Estava relendo os termos e pelo que percebi, estamos com um grande negócio em nossas mãos, a Fazenda Cariri tem um aporte excelente, podemos criar uma quantidade infinita de produtos e patentes.

– Tudo certo sim, eu pensei a mesma coisa, por isso as últimas cláusulas, Simone é uma excelente negociadora e tenha certeza que teremos que explicar tudo a ela.

– Estamos aqui para isso, Dom, não se preocupe, tudo dará certo.

– Eu sei, mãe, mas eu queria conversar com você sobre outro assunto que acaba tendo um pouco a ver com esse novo contrato.

– Vou pedir nosso café e vamos conversar, você está preocupado, percebi na hora que entrou.

Dez minutos depois, a sala de reunião amadeirada e com janelas de vidro enormes estava com uma pequena mesa posta, com café e pão de queijo, Flora estava sentada na cabeceira e Dom estava em pé olhando o horizonte, enquanto imaginava quais palavras poderia usar para começar a remoer no passado, sabia que a mãe sofreria.

– Dom!?

– Oi, mãe.

– Venha , filho, você sabe que pode me dizer o que quiser, sente.

– Obrigada, eu amo você, mãe, eu amo muito. Eu nem gosto de imaginar por tudo que passou, por tudo que teve que abrir mão, eu ainda hoje não perdoei meu pai nem meu avô e tudo que eu puder fazer para você ser feliz, eu queria dizer que eu farei.

– Meu filho, o que está acontecendo?

– A Marina está saindo com uma pessoa e pelo que pude perceber está bastante envolvida, ela me disse que demorou meses para conseguir um contato com uma empresária linda e doce e, finalmente, conseguiu.

– Eu jantei com sua irmã ontem e ela parecia bastante empolgada, me falou dos dias maravilhosos que viveu e disse que você conheceu essa pessoa, inclusive que esse negócio que fecharemos é por causa dela.

– Então, eu conheci “essa pessoa” sábado, no churrasco que fiz lá em casa, ela é maravilhosa mesmo, elegante, bonita educada, elas formam um casal lindo e eu acho que ela está bastante envolvida com a Marina, apesar de tudo.

– Apesar de tudo!?

– Ela foi embora subitamente do churrasco sábado, eu percebi que isso aconteceu e pedi uma breve investigação.

– Dom, pelo amor de deus, meu filho, você não está em Paris ou na Itália, não existem mafiosos, você não é o Andreas que o avô era da máfia, não invada a vida das pessoas assim, Dom.

– Mãe, eu sempre vou verificar as pessoas que estão perto das pessoas que eu amo, não adianta, enfim, recebi o relatório na segunda de manhã, é um relatório breve, mas que traz todas as informações pertinentes a respeito da namorada de Marina.

– Não me diga que ela está envolvida em algo ilegal?

– Não. A menina que a Marina está apaixonada é a sobrinha da Ida, a Sofia.

O silêncio se fez presente na enorme sala de forma barulhenta, nunca Dom imaginou que a ausência do barulho fosse tão ensurdecedora.

Flora se levantou e foi em direção à janela, ficou de costas para o filho e chorou, pensou em Ida na mesma hora, uma das formas de proteção que Flora tinha encontrado era não pensar no seu grande amor, em raros momentos, quando não estava sozinha isso acontecia e as lágrimas brotavam de forma involuntária.

– Mãe!?

– Eu preciso de cinco minutos, filho.

Dom esperou pacientemente, enquanto olhava a mãe de costas, sabia que ela estaria chorando, mas optou por esperar, era obediente e tinha um respeito gigante pela mãe. Depois de um tempo, talvez uns 10 minutos, Flora se refez e sentou à mesa com o filho.

– O que Sofia disse?

– Ela não sabe que eu sei, mãe, também não comentou nada com Marina, mas caso esse relacionamento continue, acredito que mais cedo ou mais tarde, talvez seu passado venha à tona, talvez algumas conversas precisem ser esclarecidas.

– Eu sei, meu amor, também sei que a família de Ida me culpa por muita coisa, inclusive por ter sido covarde, talvez esteja realmente na hora de tudo ser colocado à mesa. Vou pensar com mais calma como essa situação deve ser conduzida, eu queria ficar sozinha um pouco, se você não se importar.

– Claro, mãe, eu amo você.

Antes de Dom sair da enorme sala, abraçou a mãe e ficou pensativo, tinha um contrato para avaliar de um artista americano que faria uma exposição no Masp, mas havia um entrave com a curadoria e com o seguro das obras, se tivesse sorte até o final da manhã estaria com tudo ou quase tudo resolvido. Almoçou no escritório e, às 13:45 em ponto, sua secretária anunciou que os novos clientes já haviam chegado.

Dom imaginou que Simone seria tão pontual quanto era profissional, pediu para que a secretária liberasse a entrada dos dois.

– Boa Tarde, Dom, este é meu sobrinho mais novo, Emanuel, ele se formou em Direto e eu pedi que ele me acompanhasse hoje, já que Luiz não pôde vir.

– Sejam bem vindos, já vou pedir para prepararem a sala de reunião para começarmos, desejam alguma coisa? Um café? Eu ia até oferecer um pedaço de bolo, mas depois de ter comido o bolo da Bené fico constrangido.

– Podemos negociar uma patente daquele bolo também. O que você acha, Dom?

– Eu acho sensacional, será que Bené aceita?

Todos riram e se dirigiram até a sala de reuniões que já estava ocupada por outras três pessoas, dois advogados e uma estagiária.

Todos foram apresentados, Dom fez as honras jurídicas e dois minutos depois, com uma pontualidade de dar inveja a qualquer britânico, Flora Holanda entrou na sala de reuniões seguida por sua secretária à tira colo.

– Boa tarde a todos, muito prazer, sou a Dra, Flora.

A mão estendida falava muito sobre quem Flora era, pelo menos foi isso que Simone achou que sabia, era inegável o motivo pelo qual Ida se apaixonou, ela era uma mulher belíssima, além da elegância.

– Muito prazer, Simone.

Havia uma tensão latente no ar, a reunião foi mais demorada do que Simone imaginava, os contratos estavam muito bem feitos e tinham todos os possíveis detalhes e imprevistos, um contrato sobressalente de patentes de produtos também foi elaborado, tudo de um profissionalismo de dar inveja, Simone sabia que estava fazendo um excelente negócio e que a acessoria jurídica tinha chegado no momento certo, depois das devidas assinaturas e do quase esvaziamento da sala, Flora resolveu fazer um pedido.

– Eu queria agradecer a todos pelo excelente trabalho e agradecer a Simone e a todos que fazem a Fazenda Cariri, realmente será um prazer trabalhar com você, muito obrigada pela confiança. Antes de terminamos, gostaria de falar com você, Simone, a sós, se não for um incômodo.

– Mãe, acredito que a Simone ainda vá viajar hoje , não sei se ela tem essa disponibilidade.

– Dom, por favor!

O recado foi compreendido e os demais saíram da sala.

– Você quer beber alguma coisa? Flora foi em direção a uma mini cozinha.

– O mesmo que você for beber, por favor.

– Whisky?

– Por favor!

Flora serviu dois copos e se sentou de frente para Simone, sem dúvidas era uma mulher muito bonita, só precisava confirmar uma dúvida. E a pergunta saiu logo após o primeiro gole, foi direta, seca, reta.

– Você foi para cama com ela?



Notas:



O que achou deste história?

4 Respostas para 15. UM ENCONTRO MARCADO

    • OI Thais, a história está programada para ter 30 capítulos, além de um spin off de Ida e Flora, quando o livro for publicado na Amazon.
      Eu tenho sérios problemas com o tempo, muitas vezes, ele não ajuda.
      Essa semana teremos mais dois capítulos, um já foi enviado para a publicação e saiba que ele é bombástico, espero que não desista da história.

  1. Cada dia mais encantada, por essa história linda, fico na torcida para que esse amor entre Marina e Sofia, mesmo aos trancos e barrancos, no fim, tenha um final feliz, diferente da Flora e da ida.
    Autora, venha mais vezes nos presentear com sua escrita, não se demore tanto.

    • Branca, obrigada pelas palavras. Como disse no comentário anterior, tenho sérios problemas com o tempo, Nossa história terá 30 capítulos, já enviei o 16 e deve sair jajá, Não abandone a nossa história, obrigada pela leitura.

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