Amores de Sofia

27. CHEGADAS E PARTIDAS

– Eu não estou acreditando no que eu estou ouvindo, você ouviu isso, Oto?

– Mãe, por favor, você precisa me escutar….

– Não, minha filha, quem precisa me escutar é você, não ouse me interromper, você não sabe o quanto sua tia sofreu por essa mulher e o que ela fez para a Ida, ainda hoje, acredito que a morte da sua tia tem a ver com o tanto de sofrimento que ela vivenciou depois do que a Flora fez contra ela, está na hora de você ouvir.

– Mãe, por favor, ….

– Por favor, digo eu, Sofia, sua tia era o grande amor da sua vida, nós sabemos disso, quando você escutar tudo o que temos para lhe dizer, talvez você entenda a minha fúria.

– Mãe, eu já sei da história toda.

Um silêncio barulhento se fez presente, estavam em ligação via facetime, mas parecia que a distância havia sido encurtada pelo nível de tensão, Oto estava ainda processando e imaginando como o destino era traiçoeiro, Lúcia estava bufando de raiva e quando a filha disse que já sabia de tudo, ela parou e ficou olhando, parada, digerindo tudo que ouviu. Mal sabia ela que muito ainda estava por vir.

– Mãe, Pai, vocês podem ouvir o que eu tenho para contar? É uma história longa e parte dela eu sei que vocês já sabem, mas existe uma outra parte que ainda precisa ser dita.

Foi o pai que deu sinal verde para Sofia continuar a falar, enquanto a mãe ficava incrédula, pensando em Ida e em todo o sofrimento que ela vivera por causa daquela mulher e do abandono que sofreu.

Toda a história foi contada, detalhe por detalhe, Sofia procurou usar quase as mesmas palavras que Flora havia usado, contou tudo, absolutamente tudo, desde o início do bilhete que recebera, do churrasco na casa de Dom, na paixão e no medo que sentira antes de assumir sua paixão por sua francesinha chique, delicada e linda.

Aproveitou a oportunidade e contou toda a história do pai de Marina também e terminou o vômito, falando dela. Quem ela era, da paciência, da espera, das delicadezas, do afeto, da educação, da competência e, quando olhou para o seu pai, estava rindo, todo bobo.

Oto era um coração mole e sempre torceu para Ida e Flora se acertarem, mas Lúcia era como a irmã, orgulhosa por demais, o que adiantou tanto orgulho? Foi essa a pergunta que Sofia fez a mãe? Pra quê tudo isso?

– Todo esse orgulho não adiantou de nada, mãe, minha tia não se deu nem ao trabalho de ouvir o que a Flora tinha a dizer.

– Não culpe sua tia, Sofia, não estou acreditando que você está falando isso, minha filha!

– Mãe, a senhora ouviu tudo isso que eu acabei de contar? A Flora passou anos cuidando da minha tia de longe, a protegendo do pai louco que ela tinha, nada do que foi dito a senhora ouviu?

– Eu ouvi, mas não sei se tudo isso é verdade.

– Mãe, pelo amor de deus, são muitas pessoas envolvidas, a vida de três jovens foi destruída praticamente, por favor, mãe, não seja assim.

Oto se meteu na conversa:

– Minha filha, dê tempo para sua mãe processar tudo isso, eu estou muito feliz que você está apaixonada e que a pessoa que está ao seu lado é maravilhosa, nós vamos processar tudo que foi revelado e amanhã continuamos a nossa conversa, tudo bem?

– Tudo bem, pai, eu amo vocês, amanhã eu ligo.

Sofia desligou a ligação com o coração tenso, não imaginava que sua mãe reagiria tão mal, não ia sequer conseguir disfarçar o que estava sentindo de Marina, teria que contar a verdade.

Resolveu tomar um banho e se arrumar para esperar sua namorada, avisou ao porteiro sobre a liberação da vaga na garagem, entrou no banho, chorou um pouco lembrando de todo o sofrimento da tia e sentiu medo, como vinha sentindo no último mês, mas, dessa vez, era outro tipo de medo, medo de perder Marina.

Ficou cheirosa, muito cheirosa, pegou um short de alfaiataria e uma blusinha de alcinha, colocou um mocassim clássico, pegou seu chapéu Panamá e a campainha tocou, já sabia quem era.

Marina estava linda, toda de azul e branco, mais francesa impossível, cheirosa que só ela e o beijo começou na porta de entrada, foi lento, denso e demorado, cheio de mãos e cheiros.

– Oi, meu bem, estava com saudades, conseguiu descansar?

– Descansei sim, entra, vou só pegar umas coisas e trocar de bolsa e nós vamos. Quer alguma coisa?

– Está tudo bem? Você estava chorando?

Tão atenciosa que conseguia perceber até o olhar de Sofia, se fosse Rodrigo sequer teria notado.

– Nós estamos muito atrasadas ou podemos conversar um pouquinho?

– Podemos conversar um pouquinho sim.

Sentaram-se no sofá e Sofia contou sobre a conversa que havia tido agora pouco com os pais, da reação da mãe e do pai, disse que tinha contado a história por completa, inclusive a parte do pai, pediu desculpas se foi invasiva e disse que estava com medo.

– Medo de quê, meu bem?

– Minha tia sofreu muito, Marina, como você pode ter notado, somos uma família pequena, sempre fomos muito unidas, nós três, mas também muito orgulhosas, eu nem tanto, mas minha mãe e tia eram um poço de orgulho profundo, não sei até que ponto minha mãe vai deglutir tudo que foi dito e como essa deglutição recairá sobre nós duas.

– Sofia, isso tudo só recairá sobre nós duas se você deixar, nós nos prometemos cuidar do nosso relacionamento, não prometemos?

– Prometemos sim.

– Então, dê um tempo para a sua mãe, ela também deve estar sofrendo, processando, ela sempre achou que sua tia tinha sido abandonada, largada, desamada, perceber que existia uma história tão suja por trás disso tudo, é muito difícil, amanhã as coisas estarão melhores, acredite.

Sofia foi para o colo de Marina, era maior do que sua francesinha, mas não resistiu, a abraçou e depois a beijou longamente.

– Eu vou só pegar minha bolsa e você pede nosso uber pra gente ir, afinal onde nós vamos mesmo?

– A gente vai na feijoada com samba do MST, já ouviu falar?

– MST?

– Isso, é incrível.

– Do MST já ouvi falar, conheço e apoio, do samba e da feijoada deles não, mas já apoio também.

Soltou um beijinho em Marina e foi pegar as coisas que faltavam.

Flora se movimentou lentamente na cama, havia uma pequena fresta de sol dentro do quarto, a cortina não fora puxada totalmente, estava completamente nua, mas o lugar ao seu lado na cama já estava vazio. Pegou o celular na mesinha de cabeceira e o relógio marcava quase dez da manhã, deu um pulo quando viu a hora.

Tinha uma mensagem de Simone na conversa das duas:

“Desculpa não ter ficado na cama com você, mas a fazenda está uma loucura esses dias, obrigada pela nossa noite, foi maravilhosa. Por favor, responda essa mensagem, estou esperando você para tomar um café decente. Se arrume, temos reunião meio-dia com um expositor, aquele mesmo que você está pensando, o do contrato padrão. Estou esperando você. Beijos, Simone.”

Flora sorriu toda boba, que noite maravilhosa, imediatamente, lembrou de tudo da noite anterior.

Quando entraram na van, todos os lugares já estavam ocupados, restavam apenas dois, Flora foi apresentada a todos, o ambiente era ótimo, havia brincadeiras e risadas, as feiras eram um evento a parte, movimentava as cidadezinhas, as fazendas e as pessoas, havia encontros, desencontros, amores e desamores, além de música, negócios e dinheiro, muito dinheiro.

– Quanto tempo até o local da feira?

– Uns quarenta minutos, talvez a gente pegue um pouco de trânsito, mas não é tão longe. Essa feira fica dentro da propriedade de um amigo, é a segunda maior da região, em primeiro fica a nossa, então também é uma oportunidade de divulgação.

– Por que essas feiras são perto uma da outra?

– Por causa das safras, estamos em período de colheitas, há produtos frescos, o final do ano se aproxima, em dezembro temos os leilões de gado, não é um calendário fixo, mas já temos alguns eventos que ficaram conhecidos e mantivemos as datas.

– Entendi. O fazendeiro que está reclamando estará no local?

– Pode ser que sim e pode ser que não, Luiz já deve ter falado dele pra você, né?

– Um pouco.

– Pois bem, há toda uma dúvida em relação à ética dele, então, ele, de certa forma, não é muito confiável, além de ser debochado e cínico.

– Por que você aceitou que ele participasse da feira, ainda mais com um contrato padrão?

– Qual o argumento que eu usaria para não o aceitar? Há subsídios públicos, patrocínios, apesar de ser numa propriedade privada, essas feiras são conhecidas pelo grande público e devem ser abertas, o erro foi meu, confiar demais, às vezes, não é bom.

– O erro não é de quem confia, Simone, o erro é de quem quebra a confiança e acredite, eu sei muito bem a sensação de quebrar a confiança de alguém, ainda mais alguém que amamos.

– Eu sei, mas vamos pensar nisso amanhã apenas e hoje vamos tentar relaxar, eu tive uma semana de muito trabalho e você também não teve dias fáceis.

As duas foram pensativas até o local da feira e Flora ficou impactada, havia uma roda gigante, o local era lindo e tudo estava prontamente organizado, se a feira da Fazenda Cariri era maior, não quis imaginar o tanto de trabalho que teria pela frente.

A noite foi uma delícia, Flora e Simone jantaram num restaurante construído para a feira, todo amadeirado, havia uma lareira de pedra e o prato do dia era a costela no bafo, muito bem assada durante horas, a carne se desmanchava na boca, pediram um risoto de limão siciliano e um vinho tinto dos deuses, havia música, negócios sendo fechados, safras sendo expostas e o clima era muito bom, apesar do frio, voltaram para a fazenda por volta de uma da manhã na van que não veio tão cheia como foi.

Entraram no quarto e Simone pediu para conversarem antes e fazerem alguma coisa, apesar do vinho as duas não exageraram, estavam conscientes.

– Nós precisamos acertar algumas coisas, Flora.

– Simone….

– Eu deixei você tomar algumas decisões hoje porque eu realmente queria que você se posicionasse em relação a um possível “adiante” de nós duas, mas eu quero falar também.

– Tudo bem, fale.

– Eu nunca me imaginei em um relacionamento, eu sempre fui muito pragmática em relação a minha vida e o trabalho tem um peso relevante, de onde eu e meu irmão viemos há muito pobreza, muita gente passa fome, há seca, nós não tivemos tantos privilégios, então, tudo o que nós construímos aqui é inimaginável para a maioria das pessoas que conhecemos. Eu me dediquei muito para chegar aonde estamos. Não pense que o amor não é importante, ou a paixão, eles são sim, eu já tive alguns relacionamentos com mulheres, nunca com homens, alguns foram maravilhosos, contudo, eu nunca imaginei dividindo e construindo coisas com outras mulheres. O que eu quero dizer, Flora, que você foi a primeira em que pensei em dividir e construir, mas não sei se vai valer a pena.

– Simone, por favor, eu já disse a você que quero tentar.

– Eu não sou uma tentativa, Flora, alguém em quem uma outra pessoa pode ficar tentando, eu sou uma mulher incrível. Eu voltei a me proteger depois do que aconteceu no seu apartamento, a barreira precisa ser quebrada novamente e acredite, eu sei fazer isso muito bem, então eu tenho uma proposta. Nada de namoro, nada de satisfação, podemos ficar de vez em quando e a gente vai vendo o que isso tudo pode trazer para nós duas.

Flora se levantou da cama, parecia uma leoa, andou até a janela.

– Assim como você não é uma tentativa e você está certa, eu não sou mulher de ir ficando, existem muitas mulheres por aqui atrás de você, Simone, e ela estão com toda razão, você é linda, inteligente, elegante, cheirosa, não ficaria confortável em São Paulo sabendo que você está aqui livre para cair na cama dessas mulheres todas.

– E quem disse que eu ficaria com essas mulheres estando ficando com você? Pelo amor de deus, Flora….

– Olha, tudo bem, eu entendi tudo que me disse e sei que você está certa, eu vou arriscar, porque você vale o risco, mas não vou pedir você em namoro novamente, espero que esse pedido venha da sua boca, só seja franca comigo também sobre outras mulheres, outras vontades, só não quero isso.

– Eu jamais faria isso. Podemos fazer amor agora?

E dito isso, o amor foi feito, mais do que feito, refeito e feito novamente.

Flora tomou um banho rápido e foi em direção ao café, mais advogada do que fazendeira.

Bené a recebeu, na mesma hora, pediu que fossem chamar Simone, ela estava do outro lado da fazenda, demoraria uns dez minutos.

– Bom dia, Flora, dormiu bem?

– Muito bem, Bené, por aqui o movimento está grande né?

– Demais, é por causa da feira, mas deixei a mesa de vocês separada, Simone já está vindo, porque não senta já vou providenciar o seu café.

– Eu quero esperar por ela, ela me disse que não comeu direito, vou redigir um novo contrato para uma reunião que teremos daqui a pouco, tudo bem?

– Tudo bem, sim, não quero ser indiscreta, mas vocês se acertaram?

– Digamos que eu pisei feio na bola e agora estou correndo atrás da bola loucamente, mas, de certa forma, nos acertamos.

– Flora, Simone é excepcional, mas isso você já deve ter percebido, não pise novamente na bola, ela não é uma mulher que esquece fácil.

– Eu sei, Bené, eu sei de tudo isso.

Flora se sentou à mesa, abriu o macbook e começou a redigir um contrato bem fechado, impossível de ser questionado, pediu apenas um café preto e uma água com gás, não percebeu a hora passando e quando se deu conta, Simone estava parada ao seu lado na mesa.

– Bom dia, doutora.

– Bom dia, minha fazendeira preferida, ganho beijo por ter sido deixada na cama sozinha?

Simone sorriu e a beijou delicadamente, quando ia se sentar, Flora segurou seu braço e disse que queria um beijo de verdade.

– Flora, o café está cheio.

– E eu cheia de saudade, tenho certeza de que Bené não se importará.

E o beijo demorado de bom dia que Flora tanto queria foi dado, muito bem dado.

– Agora sim, podemos tomar nosso café, eu estou faminta?

– Está faminta, doutora?

– Muito.

E aquele café completo do bistrô foi servido, o cheiro de biscoito, pão de fermentação natural e bolo invadiam o ambiente, o sol iluminava as paredes de vidro, tudo era tão lindo que Flora suspirou. Simone percebeu.

– Está tudo bem?

– Tudo, só olhando a paisagem linda e sentindo esses cheiros todos daqui, você nunca pensou em morar em São Paulo?

– Nunca, a capital é perto, tenho negócios por lá, quando preciso vou e passo uns dois ou três dias, depois volto, aqui tenho a paz, a calma, em São Paulo o agito quando quero isso também.

– Você tem razão.

– Eu sempre tenho razão, Flora.

– Sempre é uma palavra forte demais.

As duas tomaram o café e discutiram o contrato que Flora estava fazendo, a reunião seria no escritório da fazenda, Simone queria um ar mais profissional, depois de terem comido tudo e mais um pouco, foram a pé para a casa grande esperar a chegada do Vitoriano.

– Me diga como ele é?

– Cínico, sorrateiro, mulherengo, conheço muito pouco, mas o pouco que sei não gosto.

– O dinheiro dele vem de onde?

– Não faço a mínima ideia.

– Ok. Vamos combinar uma coisa, você me deixa falar, não se mete naquilo que eu disser, certo?

– Flora, você nem sabe o que ele vai falar!?

– Ele vai trazer problemas para você, para a feira e para a fazenda, então você me espera falar, promete?

– Tudo bem.

O fazendeiro aportou exatamente meio-dia, chegou laureado por um advogado cafona e um capataz, estavam esperando por ele, Luiz, o gerente administrativo da fazenda, ele foi levado até o escritório onde estavam Simone e Flora.

– Muito bom dia, Simone, fico feliz que possamos acertar minha participação na feira da Fazenda Cariri.

– Bom dia, seu Vitoriano, temos alguns pontos a certar antes disso, esta é a Dra. Flora, minha advogada.

O homem olhou para Flora dos pés a cabeça e esticou a mão, Flora deixou a mão dele no vácuo, Luiz adorou o gesto, respondeu polidamente e pediu que todos se sentassem.

– Bem, Simone, pelo seu contrato eu resolvi comprar um lote maior da feira, mas pelo que entendi você não pode me ofertar este lote, porque você alega que não há espaço.

– E é verdade, Vitoriano, os lotes são padronizados, apenas duas fazendas da região possuem lotes maiores devido à produção diversificada de cada uma delas, então, como o senhor deve saber a questão do espaço nas feiras é bem problemático, não tenho como oferecer esse espaço todo, na verdade, o senhor está solicitando um lote quádruplo.

– Mas no contrato você não especifica isso, fala das taxas e eu paguei 4 taxas, portanto, em tese, terei direito há quatro lotes.

– Ainda bem que o senhor usou a expressão “em tese”, porque é exatamente assim, em tese o senhor quer quatro lotes, mas terá direito a apenas um, caso o senhor deseje participar da feira. Realmente o contrato não é claro em relação à quantidade, mas deixa implícito apenas o pagamento de uma taxa, a expressão está no singular, portanto há uma nulidade no pagamento do senhor em relação aos demais lotes, a Fazenda devolverá o valor extra pago até o próximo dia últil, ou seja, até segunda-feira, na prática, não em tese, se o senhor insistir em levar adiante este tipo de negócio, vou usar o artigo final do contrato padrão para tirar o senhor e sua fazenda da feira, é claro que há uma multa e claro que obviamente ela será paga pela fazenda, então o senhor pode consultar o seu advogado em relação ao trâmite que citei e decidir o que deseja. Caso haja insistência em levar adiante esse tipo de questão, saiba que nos tribunais minha atuação é mais incisiva e garanto ao senhor que nem a sua fazenda nem o senhor participarão de numa feira em todo o estado de São Paulo, quiçá do Brasil. Então, o que o senhor me diz?

Luiz estava com um sorriso do tamanho da própria fazenda no rosto, o gerente da fazenda bem sério, mas com um sorriso guardado e Simone parada sem acreditar na audácia de Flora com aquele fazendeiro. Havia um blefe ali, Simone sabia que no âmbito do Direito os bons advogados blefavam.

– Nós daremos licença para o senhor conversar com o seu advogado, caso o senhor deseje.

– Não será necessário, eu quero me desculpar pelo mal-entendido e vou aguardar a devolução da taxa dos demais lotes até segunda-feira. Obrigada.

– Seu Vitoriano, o contrato padrão foi retirado do site da feira e um outro está sendo providenciado, não cometeremos mais esse pequeno equívoco, no mais, segunda sem falta o seu dinheiro será devolvido, nós agradecemos a parceria. O Luiz acompanhará o senhor até a porta.

– Obrigada. E o homem saiu bufando igual um cavalo chucro.

Luiz saiu da sala por último soltando um beijo para Flora que sorriu de volta.

– Flora, o que foi isso pelo amor de deus?

– Isso foi uma advogada trabalhando e você me faça um favor, nada de contrato padrão, por favor.

– Você blefou?

– Claro, se havia uma breche pra ele comprar quatro lotes, havia uma brecha para tratarmos de má fé também, e garanto a você eu ganharia desse advogadinho fácil, fácil. Você precisa falar com o pessoal da contabilidade pra fazer essa devolução assim que o expediente bancário abrir, vou providenciar um recibo de devolução e você manda deixar e pede pra ele assinar uma via.

– Quanto isso vai me custar?

– Isso o quê?

– Esse serviço de hoje?

– Hoje, foi pró-bono, mas uns beijos eu aceito.

E Flora se sentou no colo de Simone, ela estava sexy demais naquela cadeira de couro, todos os beijos pedidos foram dados.

– Obrigada, você foi maravilhosa.

– Sempre às ordens pra você. E o final de semana entre as duas foi uma delícia, a noite tinha fogueira na fazenda, namoraram, fizeram amor e conversaram pouco, no domingo, Flora foi se despedir e queria que Simone tomasse a iniciativa de um próximo encontro.

– Por favor, dirija com cuidado, se sair agora pegará pouco trânsito, assim que chegar me avisa, tudo bem?

– Aviso sim, obrigada por esse fim de semana, eu amei.

– Eu também gostei muito, quem sabe não visito você essa semana em São Paulo?

– Eu vou adorar, o que acha de ficar no meu apartamento?

– No seu apartamento?

– Isso, quero desfazer a má impressão, quando você vai?

– Na quinta, tenho uma reunião, inclusive com sua filha, você tem certeza disso?

– Absoluta.

– Tudo bem, então.

– Fica até domingo?

– Fico.

– Posso comprar uns ingressos para uma apresentação que quero ver? Você topa ir comigo?

– Claro, onde é?

– No Municipal.

– Então, eu levo uma roupa mais apropriada.

E o beijo foi lento, cheio de apego e de cheiros, até que Flora entrou feliz no carro, mais feliz do que já tinha ficado nos últimos anos, feliz demais.

O samba já estava relativamente cheio, o irmão de Marina, Marcel havia sentado numa mesa, tinha chegado há pouco de Paris, Sofia foi apresentada, era um lord de educado, de bonito, de cheiroso e de elegante, assim como todos daquela família, Sofia tinha que se esforçar para ficar à altura.

– Muito prazer, Sofia, fiquei muito feliz quando minha irmã me contou que estava apaixonada, ela tem razão sobre paixão à primeira vista.

– O prazer é todo meu, Marcel, vocês me deixam envergonhada.

– Eu menos do que o Dom, tenho certeza.

A tarde foi deliciosa, o local era muito diferente, havia todo tipo de gente, todo tipo de encontro, de gêneros, de seres humanos. Sofia adorava essa mistura, adorou tudo, o samba, os amigos e o próprio Marcel, a cerveja e sua francesinha lindíssima, sambando, bebendo cerveja e a beijando e cheirando a tarde toda.

Namoraram, sambaram e por volta das 19h, depois de terem ido à padaria de estimação dos irmãos, foram para o apartamento de Sofia fazer amor. E ele começou a ser feito nasala mesmo, cheio de mãos nervosas, desejos, declarações.

Fazer amor com uma mulher feito Marina estava tirando Sofia completamente do eixo, nunca era apenas uma vez, e o amor naquele dia foi quente, como nunca havia sido, quente demais, tão quente que apenas o short de Sofia foi retirado, ela se sentou nas pernas de Marina que a puxou para o sofá, sentou-se de calcinha, cheia de desejo. Marina colocou as mãos por dentro da blusa de alcinha, os beijos estavam quentes e quando Sofia encostou a calcinha na coxa de Marina, ela sentiu como sua namorada estava molhada, molhada demais, afastou o tecido com os dedos de forma bem delicada e a penetrou bem devagar.

Ouviu um gemido gostoso, arranhado cheio de desejo, Sofia estava muito molhada, os dedos de Marina começaram a entrar e sair bem devagar, o sussurro do prazer foi se alongando, sabia que sua namorada estava perto de gozar e queria olhá-la, queria ver o olho de Sofia mudando, dilatando a pupila, queria ver o desejo, além de senti-lo escorrendo pela mão.

– Meu bem, olhe aqui pra mim…

Sofia levantou a cabeça e Marina acelerou os movimentos, imprimindo uma força maior.

– Quero olhar para você enquanto goza, olhe pra mim…

E dito isso, Sofia sentiu um arrepio nas costas e começou a gozar, gozou forte, tremulando de prazer, as pernas falharam, o gemido saiu cru, o ar faltou e o beijo foi dado em sua namorada, um beijo cheio de amor, será que era cedo demais para dizer a Marina que a amava? Sofia sentia medo, medo demais, iria voltar à terapia, precisava marcar uma sessão sem falta.

A noite foi uma delícia, namoraram e fizeram amor, desligaram-se do mundo, ficaram na cama nuas conversando, contando histórias de infância e fazendo planos, muitos planos, planos demais.

Ficaram de pegar Ella meio-dia, depois pegariam Maria, levariam as duas para almoçarem no shopping, depois iriam ao cinema, dormiram agarradas, com o amor transbordando por cima daqueles lençóis, Sofia dormiu primeiro, estava cansada ultimamente, a rotina do bar era complicada, noites mal dormidas cobram um preço alto, Marina a olhava, ficou observando o sono tranquilo uma meia hora, como era bonita.

Sofia além de bonita, era charmosa, daquelas mulheres que precisam de pouco pra chamar atenção, porque elas sozinhas são um evento, foi isso que sentiu quando a viu pela primeira vez, o pensamento voltou quase um ano.

Vamos, Marina, o bar é superlegal, aqui perto, tem uma comida de uma chefe estrelada, garanto que você não vai se arrepender.

Não sei, Augusto, estou tão cansada, ainda me adaptando à mudança.

Se você não tentar se distrair, não vai esquecer a cobra de aço, seu irmão me contou tudinho no churrasco, já sei de tudo.

Meu irmão é um fofoqueiro, como pode, meu deus!? O Dom não se cansa dessas coisas.

Seu irmão quer que você reviva, minha querida, ficar na empresa sexta-feira à noite não é uma forma de reviver, passo aqui em 15 minutos.

O Dom me paga!”

Quinze minutos depois, Augusto estava no pé de sua porta, com os braços cruzados falando, falando, falando, até que Marina decidiu ir, seria melhor, pelo menos seus ouvidos seriam poupados.

O bar realmente era um charme, balcão corrido de madeira, ambiente estiloso, ficava próximo a Pegasus, numa ruazinha que caía na Paulista, eles iam a pé, pelo menos a maioria da turma que tinha uma mesa cativa às sextas.

Chegavam cedo, por volta das 18, então a grande mesa de sexta ainda estava disponível. Marina foi com Augusto, a cabeça estava longe, em Paris, ou na Alemanha, não sabia ao certo, a música ambiente era boa, e a primeira rodada de chope foi pedida. Na quarta, quem veio com o garçom havia sido Sofia, e o olhar de Marina escorreu por ela inteira, assim como seu coração. Que mulher charmosa, foi o primeiro pensamento, depois o linda surgiu naturalmente, Augusto percebeu o olhar de Marina.

Linda, né? Todo mundo fica babando por ela, até eu, que sou gay teria um filho com ela, porque a mulher é bonita. Mas, hétero, meu bem, pelo menos é o que as línguas do bar dizem.

Depois desse dia, Marina virou frequentadora assídua do Aquarela.”

E agora estava lá, na mesma cama, com o coração transbordando de uma paixão linda, com aquela mulher maravilhosa em seus braços, foi assim que adormeceu, com o pensamento transbordante.

Sofia acordou com o som do seu celular insistentemente, estava dolorida por causa dos amores feitos ontem, sorriu e se levantou para não acordar sua francesinha que dormia nua em sua cama, quando viu a chamada, era seu pai.

– Pai, aconteceu alguma coisa?

– Oi, meu amor, tudo bem?

– Tudo, o que aconteceu?

– Bem, sua mãe acabou de embarcar para o Brasil, não pense que não tentei impedi-la, mas você conhece a mãe que tem, ela deve chegar a noite, porque o voo tem uma conexão demorada em Belém, mesmo assim ela insistiu, queria chegar no Brasil ainda hoje.

– Meu deus… tudo isso porque eu disse que estava namorando a Marina?

– Então, o nome dela é Marina, você não tinha dito o nome dela ontem.

Sofia sorriu.

– Ela é linda, pai, você precisa conhecê-la, onde você está?

– Estou saindo do aeroporto.

– Quanto tempo até chegar em casa?

– Uns quarenta minutos.

– Eu ligo e apresento vocês daqui uma hora, tudo bem?

Oto sorriu, a filha estava feliz como há tempos não via.

– Claro que pode, será um prazer.

– Pai…

– Oi, meu amor…

– Você pode treinar seu francês com ela se quiser, ela é francesa.

– Não acredito? Que maravilha, finalmente, alguém da família para eu falar em francês, cada vez gosto mais dela.

Sofia desligou e subiu novamente, tinha saído do quarto para não acordar Marina, ficou a olhando, parecia uma pintura. Sentou-se ao seu lado na cama, começou a cheirá-la, raspou o nariz nas costas nua e ela acordou, bem devagar, devia estar dolorida também.

– Bom dia, meu amor, desculpa acordar você, dormiu bem?

– Muito bem, estamos atrasadas, ainda não, mas é provável que a gente atrase, porque você não levanta, toma banho e eu preparo nosso café?

– Vai preparar nosso café sozinha, isso não é justo.

– Faço questão.

Marina a agarrou e a beijou, disse que tudo bem e foi para o banho.

Sofia desceu e preparou uma mesa de café linda pra sua namorada que desceu mais chique do que o costume, teve um pensamento: preciso fazer compras.

– Nós vamos almoçar no shopping com duas crianças e você desce assim?

– Assim como!?

– Assim, nessa elegância toda.

– Sofia, eu estou com uma calça capri.

– Uma calça capri de alfaiataria, com uma rasteira repleta de pedrarias, uma blusa de linho e um lenço mais francês que você.

Marina gargalhou.

– Você é exagerada demais.

– Meu pai vai achar que realmente encontrei a pessoa certa, vocês se parecem no estilo.

– Seu pai?

– Meu amor, fiquei de ligar para o meu pai daqui uns 20 minutos, ele quer conhecer você.

– Fiquei nervosa agora, mas quero que saiba que sou ótima com pais e sou um bom partido, acho que ele vai gostar de mim.

Sofia gargalhou, adorava o humor de Marina.

– E sua mãe?

– Meu pai ligou pra dizer que minha mãe pegou um avião e está vindo para o Brasil, deve chegar por volta das 23. É isso, então você fica agora de manhã com a parte fácil e a noite ficamos com a parte difícil.

– Meu deus, não acredito que sua mãe pegou um avião. Não sei se seria uma boa ideia permanecer aqui, Sofia.

– Marina, nós combinamos nosso final de semana, a chegada da minha mãe não vai mudar nada, outra coisa, ela não pode simplesmente determinar com quem devo e posso me relacionar, sou uma mulher independente, essa história já causou danos demais, está na hora de parar. Não posso garantir que esse encontro com a minha mãe será agradável, se você não quiser ficar eu vou entender, mas gostaria muito que ficasse.

– Tudo bem, eu fico, se vamos enfrentar a fera que seja logo, qualquer coisa eu corro, você sabia que eu já corri a meia maratona de Paris?

– Você é muito boba mesma.

– Boba por você, isso sou mesmo.

A ligação com Oto foi maravilhosa, Marina adorou o sogro e conversou com ele em francês o tempo todo, houve até um protesto de Sofia que , muitas vezes, não entendia a conversa dos dois, seu francês era diminuto.

– Meu bem, seu pai é maravilhoso, sabe quem vai adorar conversar com ele?

– Quem?

– Minha mãe.

– Eu espero realmente que isso aconteça, eu vou me arrumar rapidinho e saímos, tudo bem?

– Tudo bem sim.

Sofia desceu com uma kaftan preta longa e de rasteira, se iria sair com sua francesinha chique teria que se esforçar, os cabelos soltos e longos bem lavados e tratados, uma maquiagem leve e desceu as escadas, enquanto Marina falava com o irmão.

Quando percebeu a namorada se aproximando virou o rosto e sorriu, se Marina tinha visto Sofia mais bonita desconhecia, estava linda, tão linda que a admiração foi visível, desligou o telefone com Dom e disse que no máximo em uma hora pegariam Ella.

– Uauuuu, você está a coisa mais linda e elegante que já vi na minha vida todinha.

– Você é boba, Marina, e ainda me deixa envergonhada, o que eu sei é que preciso mudar meu guarda-roupa básico, já que você é quase uma modelo de marcas francesas.

As duas foram pegar Maria e foi a primeira vez que Marina a viu, ela era uma coisinha linda e esperta, carinhosa e educada, aproveitou e conheceu o marido de Carlão, formavam uma família linda. Depois foram pegar Ella, já estava na hora do almoço, atrasaram as duas por causa do namoro.

Chegaram à casa de Dom quase uma da tarde e os planos foram desfeitos quando Maria viu a piscina, quando Marcel estava brincando com Ella numa boia de unicórnio, os olhos da pequena olharam imediatamente para Sofia.

– Meu bem, estou achando que nosso cinema vai furar, a piscina e a boia que o Marcel trouxe parecem mais atrativas para as duas.

– Então, ótimo vocês ficam aqui mesmo, vamos fazer um churrasco, disse Dom. Por que não chama o Carlão também?

E todos os planos foram mudados, Sofia fez o convite e os dois acabaram aceitando e levaram uma mochila para Maria que já estava na piscina com um biquini de Ella e as duas estavam agarradas em Marcel, a coisa mais fofa.

Uma pequena reunião se formou, de repente, a casa de filme de Dom estava com um grupo de pessoas, bebendo, comendo e conversando, Sofia decidiu terminar de olhar o grande mural de fotos novamente.

– Você não sairá correndo dessa vez, não é?

– Não dessa vez. Você fez um excelente trabalho aqui, com essas memórias, olhando bem para a Flora, dá pra gente perceber o mesmo olhar da minha tia, um olhar triste e solitário.

– Como ela era? Minha mãe nunca me falou dela.

– Ela era incrível. Você quer ver uma foto?

– Quero.

Sofia tirou o celular do bolso e foi até a galeria e achou a pasta da última viagem de sua tia saudável, o ano novo em Miami.

Dom viu várias fotos e entendeu o motivo pelo qual a mãe amava Ida, ela era lindíssima e lembrava Sofia, e Dom deixou uma lágrima escorrer, ele era sensível. Marina observava os dois de longe, não quis interromper, queria que Sofia desfizesse o mal-entendido da primeira vez que estivera ali.

A conversa entre os dois demorou um pouquinho mais e quando Sofia voltou para perto de sua francesinha estava com os olhos cheios.

– Tudo bem, meu amor? Dom disse algo?

– Está tudo bem, meu bem, ele foi um lord, assim como sua família inteira, estávamos conversando sobre minha tia, ele quis conhecê-la.

A tarde caiu e, depois de uma conversa com Carlão, Sofia achou melhor não colocar Marina na linha de frente com sua mãe, era mais prudente, a relação ainda estava fragilizada, Carlão tinha razão, diferente de Ida, Lúcia era franca demais quando necessário. Foi conversar com Marina que entendeu e concordou.

– Mas por que você disse que conversaria com ela, Marina?

– Você não está sozinha, Sofia, não queria que pensasse isso e nem que tenho medo da sua mãe, pelo contrário, estou aqui com você, nós estamos juntas, basta de ter medo.

– Tudo bem, meu bem, mas por hoje vou resolver tudo isso sozinha mesmo. Amanhã, queria marcar um jantar, tudo bem?

– Tudo bem, você vai me mantendo informada, certo?

Saíram no carro de Sofia para pegar o carro de Marina com Carlão à tira colo, Lúcia pousaria em Guarulhos e Sofia não iria até lá sozinha.

Despediram-se e Carlão foi com Sofia pegar a mãe, Oto tinha mandado o número do voo por whatsap, estacionaram os dois, chegaram uns 40 minutos de antecedência, foram tomar um café.

– Você está nervosa?

– Bastante.

– Você precisa dar tempo a sua mãe, Sofia, pra ela processar a história toda, não é algo fácil de digerir.

– Eu sei, Carlão, mas eu contei tudo esperando uma reação mais mansa da minha mãe, e o que ela faz? Pega um avião com conexão em Belém, as coisas não estão boas.

– Estão boas sim, uma nova vida para a sua família vai começar, assim como para a Dra. Flora, eu amava a sua tia, eu a protegi de todas as formas, também sinto culpa, mas essa história tem muitos culpados, não somos nós, os verdadeiros culpados não podem mais receber este sentimento e não é justo que alguém mais carregue isso, sua mãe vai entender isso, pode demorar? Pode, mas ela vai entender.

E quando Sofia se dirigiu ao desembarque internacional, além de sua mãe, também chegava a São Paulo com quase um mês de antecedência do seu primeiro compromisso artístico, Lis Marie, toda de preto, com um coturno alemão tão frio quanto ela mesma que tinha sentimentos de aço, mas estava com um único pensamento: ter sua ex-namorada de volta.

Lúcia apareceu dois minutos depois com uma mala de mão, mais chique do que nunca e com a fisionomia cansada, avistou a filha, sabia que o marido ligaria pra ela assim que entrasse no avião.

– Oi, mãe…

– Oi meu amor, estava com saudades.

Lúcia abraçou a filha apertado, enquanto Lis Marie achava o perfil de Marina e via uma foto da ex com Sofia.



Notas:

Oi, meninas,

estamos chegando na reta final do livros, agradeço quem permaneceu lendo.

A inconstância de publicação acaba afastando, mas quero agradecer quem ficou. A história está prevista para acabar no capítulo 35, ou seja, depois da publicação desse, teremos mais oito capítulos, assim como o 27, teremos capítulos mais longos, espero que gostem.

Quando finalizarmos a história por aqui, o livro segue para a Amazon com o spin-off de Flora e Ida, o começo de tudo isso que estamos lendo.

Obrigada e quem está chegando por aqui agora, espero que goste da história.

Até,

Mia




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3 Respostas para 27. CHEGADAS E PARTIDAS

  1. sentindo a ex vem pra causar dificuldades pras duas espero que o que elas estão construindo esteja fortalecido pra passar por isso além da mãe que vem “armada” de revolta pra esse encontro

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