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California Dreamin’:

Sunny – Jennyfer Hunter

Que pessoa insistente! Pensei em respondê-la agressivamente, sei lá… Deixá-la no vácuo. Mas a presença da amiga de olhar tristonho causou uma inibição desconhecida por mim até então. De repente pareceu que meu nome não lhe trazia boas recordações, pois no momento que ela ouviu-me dizer meu nome real ficou pálida, estatelada, imóvel. Tive vontade de voltar e perguntar se estava tudo bem. Porém, eu queria correr da advogada tarada o mais rápido que eu conseguisse. Com isso, virei e voltei a percorrer a praia por muito tempo.

A tarde se arrastou para passar. Será que foi porque queria muito ir à casa das meninas? Acho que não. Algo estranho tinha acontecido naquele momento em que parei na barraca daquelas turistas. Um arrepio intrigante, mascarado de prazer e desconhecimento. Sei que não foi pela advogada insistente, talvez tenha sido pela guria que me fitou com aqueles olhos dúbios. Estranho foi caminhar pela orla enquanto tentava decifrar o que aqueles olhos tentaram me dizer. Mas não consegui chegar a um significado. Tudo bem, eu tinha certeza de que voltaria a fitá-las mais de perto, pois sei que a advogada era amiga da Ive e da Lu.

Essas duas são minhas parceiras de longa data. Na verdade, conheci primeiro a Lu na Praça dos Pescadores, bem no centro de Porto Belo em uma ocasião inesquecível. Eu estava sentada em uma roda de amigos, esperando outros para sairmos. Enquanto alguns tocavam e cantavam, eu os acompanhava, e criava minhas miçangas. De repente parou uma mulher muito bonita ao meu lado, perguntando se estava a venda.

– Quanto custa?

– Oi? – Respondi sem entender o que ela tinha perguntado por conta do barulho.

– Essas pulseiras e tornozeleiras… Quanto é?

– Ah não… Não faço pra vender. Estou aprendendo ainda e…

– Que aprendendo que nada! Deveria ganhar dinheiro com isso. Você é muito boa…

O adjetivo pareceu quase um elogio exacerbado. Meio sem jeito disse que nunca tinha pensado nisso. Então, Luciana se agachou para falar melhor comigo.

– Olha, sei que não nos conhecemos. Mas sinceramente, seria muito bom conhecer melhor esse seu talento. Tenho uns amigos que iriam adorar comprar seus produtos. Que tal?

Trocamos telefones e desde então passamos a conversar bastante. Tornamo-nos muito amigas. Saíamos juntas, curtíamos praias juntas e nos aventurávamos também… Juntas! Ela não ficava com os meninos bonitos da festa. Sempre dava toco neles. A desculpa era que não queria se envolver com ninguém. Tudo bem né? Até parece que eu já não tinha sacado qual era a dela! Só não tinha tocado no assunto ainda porque estava respeitando o tempo dela. Então, eu passei a produzir alguns acessórios para ela e passei a ganhar dinheiro sem ter que ficar andando e andando pelas praias da cidade, pois tudo o que eu produzia era vendido na barraca da Lu. Em uma das vezes que fui lá levar o material prontinho para a Lu vender, tive a confirmação de que ela era gay. Foi assim:

Tinha uma galera curtindo a praia, e uma guria linda foi até a barraca para pedir um saco plástico.

– Olá!

Ficamos mudas. Na verdade, a Lu ficou muda, imóvel, intacta.

– O… Oi. Pois não? – Respondeu com voz arfada e olhar concentrado na loira.

– E… Eu queria saber se você teria uma sacola que pudesse me emprestar? Esquecemos de trazer uma pra recolher o lixo.

– Claro que tenho.

Falou mas não se mexeu pra pegar. Eu que fui até freezer e peguei a sacola para a Lu. As duas ficaram ali se olhando, sem nada dizerem. Ah… Dava dó ter de descongelar aquela cena. Se eu fosse pintora, teria terminado de pintar um belo quadro de tamanho natural.

– Com licença estátuas! Aqui está sua sacola.

Entreguei o saco à Ive, que ergueu a mão direita e o pegou. Sequer olhou pra mim.

– Obrigada…

– Lu… Pode me chamar de Lu.

– Ah sim, Lu. Obrigada mais uma vez.

Deu um passo para trás, antes de se virar e caminhar para frente.

Minha amiga continuou ali parada observando a loira se afastar lentamente. Quando ela voltou do seu mundo, soltou:

– É emprestado. Espero que me devolva.

Rimos muito juntas num misto de alivio e cumplicidade.

Não preciso nem contar no que deu, não é mesmo? Hoje elas estão casadas e não se desgrudam por e para nada.

Sabe… Eu queria encontrar alguém que me congelasse e derretesse meu coração assim. Mas eu não parava com ninguém. Ficava com uns carinhas aqui e ali, mas nada que me prendesse. Aliás, prender é algo que jamais alguém conseguiu fazer, de verdade. Sou um espírito livre. Gosto de conhecer lugares diferentes, pessoas interessantes e curtir a vida do meu jeito. Sempre que posso, coloco altas doses de coragem, curiosidade e determinação dentro da mochila, e sigo por ai.

E foi isso que fiz uns três meses atrás. Produzi intensamente material necessário para me render uma boa grana. Vendi todos nas barracas e com as verdinhas sai me aventurando por ai. Acabei de voltar de uma viagem simplesmente única. Subi na minha XVS 950 na cor vinho, peguei a BR 116 e fui parar lá no Uruguai. Ah se aquelas calles pudieran hablar! Boas lembranças do mar de Punta Del Diablo, onde fiz algumas amizades com ingleses e franceses bem alternativos, assim como eu!

Conheci tantos lugares maravilhosos, sendo Colonia Del Sacramento, um dos meus preferidos. Fora os chicos calientes que me enamorei por lá. Posso dizer que foi bastante divertido.

Porém, aqui estou eu de volta. E pelo que estou sentindo boas coisas estão para acontecer.

À tardinha Ive me ligou para perguntar se eu não iria voltar lá na barraca. Respondi que estava muito cansada e que por isso não iria passar lá. Iria para casa descansar um pouco. Ela continuou do outro lado da linha:

– A Flavinha e amigas estão saindo da praia agora… Então… Ela veio nos convidar para fazermos uma reuniãozinha hoje à noite lá. Vamos?

Festas não eram dispensadas facilmente por mim, mas estava mesmo um caco. Queria muito minha cama confortável e quente. Fiquei muda, pois não queria ser grosseira negando o convite. Tentei dar uma desculpa:

– Não acho que seja uma boa e…

– Ah vamos! Aliás, ela que pediu pra te chamar.

– Por isso mesmo Ive. Tu viu como ela é? Não quero ficar fazendo esforços para me esquivar de cantadinhas baratas.

– Ué Sunny, ela não pareceu interessante pelo menos pra dar uns beijos?

– Não.

Ela não. Pensei.

Fez-se um silencio… Cinco segundos que mais pareciam cinco minutos. Sabia que ela estava fofocando com a Lu.

– Perae que a Lu quer falar contigo.

Sabia!

– Ô maluca! Que história é essa de que você não quer ir hoje com a gente? Posso saber por quê?

Fiz sinal de impaciência. Essa mulher não ia me deixar quieta enquanto eu não dissesse sim. Mesmo assim tentei:

– Porque são suas amigas, Lu… Não tem nada a v…

– Ah mais vai sim senhora! Olha só, são cinco e dezessete agora. Por volta das oito horas vou te ligar pra gente se encontrar hein?! E nem pense em desligar seu celular, pois sei o caminho da sua casa, sua safada!

É não deu. Ela mandou beijos e desligou.

Mas que mania feia que ela tinha de desligar na minha cara. Isso é se chama coação!!!

Acordei assustada com o meu celular tocando… Já ia dar quase sete da noite!

– Mulher, onde você está? – Fala uma voz impaciente do outro lado da linha.

– Em casa. Que foi? Aconteceu alguma coisa? – Perguntei pra Lu ainda com aquela voz de quem está bocejando enquanto tentava recuperar a consciência.

– O que foi? O que foi, Sunny? Tu esqueceu da reuniãozinha lá na casa da Flávia?

– Hã..? Ah é.

Tinha esquecido sim. E o que ela tinha que me lembrar? Que coisa!

Na verdade, não tinha. Eu não queria era ir mesmo. Mas tenho que fazer a social. Fazer o que? Tinha pensado em dizer que não iria mais, pois estava muito cansada, mas de repente vi que poderia ser legal.

– Me dá meia hora tá ? Já, já to chegando ai.

– Ok. Meia hora. Se não aparecer, a gente vai ai te buscar. E tenho dito!

Às vezes tenho pena da Ive. Essa Lu era muito mandona.

Em exatos trinta minutos eu estava parando com a minha moto na porta da casa delas e buzinando. Assim que me viu, Ive soltou:

– Hum… Olha como ela tá gatona! Posso saber pra quem é essa produção toda?

Sorri e apenas disse:

– Pra mim, oras.

– Acho que a advogada terá muito que analisar ai….

– Fala sério, Lu!

– Fala sério o quê, minha querida? Você não viu como ela te secou hoje?

– Ela e todas as outras, aliás. – Completou Ive.

– Nada a ver. Ela é atirada. Tu sabes que eu não gosto. E além do mais, só beijo mulheres quando já estou pirada nas festinhas. E hoje eu vou me comportar!

– Aham. Você? Duvido!

As duas falaram quase que juntas!

A moça pra quem eu tinha vendido o colar hoje de manhã foi quem abriu a porta. Foi super receptiva e educada enquanto entrávamos. Primeiro Ive, Lu e em seguida eu.

Flávia saiu da cozinha com um prato de salgados nas mãos e abriu um largo sorriso ao me ver.

– Olha só quem veio! Que bom que aceitou o convite. A noite vai ser muito boa.

Engoli em seco. Isso foi uma direta? Não tenho dúvidas. Olhei em volta e percebi que estava faltando uma pessoa. Não eram quatro hoje mais cedo na barraca? Não estavam todas lá. Cadê a outra? Como que se tivesse lendo minha mente, Flávia falou:

– Acabou de sair do banho. Está acabando de se arrumar. Já, já ela vem se juntar a nós.

Eu sorri tentando ser indiferente a vontade de fitar aqueles olhos novamente.

Ficamos ali tentando engrenar uma conversa longa, com aquelas perguntinhas soltas do tipo: “E ai, quais as novidades? O que contam de bom? E você?”

Flávia quis saber como andava a vida do casalzinho vinte que ficaram lá trocando olhares apaixonados… Aliás, Ive e Lu, Monica e Lena… Alguém estava sobrando. Não queria nem pensar na possibilidade de ser eu. Antes de dar tempo para que a advogada perguntasse da minha vida sentimental, perguntei onde era o banheiro.

Flávia que estava sentada ao meu lado, quase que grudada, só faltou sussurrar em meu ouvido direito:

– Corredor à direita.

Cruzes! Essa frase não tem nada de sensual. Nem se ela tivesse voz de locutora de aeroporto teria surtido efeito. Imagina só a mulher falando: “Senhoras e Senhores, para irem ao toalete, favor pegar o Corredor… À direitaaaa…”

Não… Não mesmo!

Pedi licença e fui. Sabe quando você sente que estão te avaliando? Pois é. Essas mulheres estão terríveis hoje em dia, viu?

Assim que sai do banheiro, meu coração quase que parou. Dei de cara com ela… Branca, alta, esbelta… Sensual com aqueles curtos cabelos negros e ainda por cima molhados. Sempre achei um charme mulheres de cabelos curtos, com a nuca à mostra… Aqueles olhos de turmalina negra me fitaram lentamente. Ela sorriu de soslaio e sem soltar um som sequer me deu passagem para ir na frente dela.

Mais uma vez a sensação de estar sendo comida por trás. Sem trocadilhos, por favor!

Quando aparecemos, as meninas lançaram algumas interjeições das quais nem prestei muita atenção. Eu acho que estava mesmo era hipnotizada por aquela guria. Coisa da qual não conseguia entender. Eu já tinha ficado com muitas meninas, mas nunca chegado às vias de fato. Mas ela… Ela tinha despertado um tipo de interesse subversivo, intrigante, libertino. Isso mexia demais com os meus brios. E me fez me perguntar como seria sentir aquela mulher?

– Sunny? Sunny!!!!

Todas estavam me olhando quando eu saí do transe.

– Oi? – Respondi e busquei o olhar da Lu.

– Mulher, estávamos aqui há séculos esperando sua resposta e nada. Tava onde?

– Ah… No meu mundo…

Continuaram me olhando e com certeza tentando saber em quê eu estava pensando…

– Ih gente! O que vocês perguntaram?

– Perguntamos sobre como foi sua aventura no Uruguai? Ive nos contou que foi de mochileira pra lá. – Perguntou a advogada intrometida e curiosa.

– Ah tá… Eu gosto de viajar assim… Quando canso de um lugar, saio um pouco para revitalizar as energias e depois volto. Sempre volto.

Camila abaixou a cabeça assim que falei. Percebi que tinha algo de estranho na minha frase. Então Mônica retorceu um pouco da conversa, mudando o foco para a minha viagem.

– Mas e como você foi parar lá? Foi de carona?

– Não… Fui na minha moto.

– É nova, meninas. É o xodozinho dela. Tem até nome a bicha.

Curtiu com a minha cara a Lu.

– Ah é? E como se chama? – Perguntou Flávia.

– Midnight. – Respondi.

Atraentemente, Camila soltou uma risada e perguntou:

– Perae! É nome… Nome mesmo do tipo… Apelido ou é uma marca?

Opa! Aquele comentário me chamou muito minha atenção. Acho que tinha encontrado alguém que sabia do que eu estava falando. Olhei pra ela e respondi sem piscar:

– É uma XVS 950. Vinho.

Ela sorriu…

– Acho linda.

– É sim…

– Eu sempre tive vontade de ter uma… Mas Sandr…- Fez uma pausa… Os olhos marejaram… E continuou: – Deixa pra lá.

– Quem? – Não entendi.

– Com licença…

Ela levantou e foi para a cozinha. Flávia foi logo em seguida.

Quando ia perguntar o que tinha acontecido, Monica falou rapidinho:

– Deixa eu te explicar rapidamente… Camila perdeu a esposa em uma viagem. E isso tem mais de dois anos.

Eu fiquei calada… Internalizando e tentando reproduzir a dor que ela devia sentir. Não conseguia saber o quanto devia ser difícil para ela…

Sabia que tinha dado uma mancada. Mas não era culpa minha. Puxa, eu não tinha conhecimento disso. Sabendo disso, não ia ficar ali sentada esperando ela voltar. Pedi licença, levantei e fui até a cozinha.

Presenciei Flávia conversando com Camila, que estava ainda de costas para a amiga, na busca de evitar ser olhada naquele estado.

– Camila… Ela não tinha como saber… Eu sei como deve ser complicado pra você estar entre amigos e acabar lembrando dela…

– Acabar lembrando? Eu simplesmente não a esqueço… Eu não consigo Flávia… Não consigo. Você viu? Tudo me faz lembrar a Sandra. Meu Deus, tudo!

Levou as mãos à cabeça como sinal de desespero.

Flávia a abraçou por trás tentando confortá-la o máximo que podia… Segurou-a pela cintura enquanto a conduzia para virar e dar-lhe um abraço. Ela foi abraçada pela amiga que acrescentou:

– Você está se cobrando demais, minha amiga. Ela não sabia da história.

– Não sabia… Mas a essa altura já devem ter contado…

– Sim… Contaram.

Falei ao mesmo tempo que o rompimento dos corpos acontecia.

Ela virou-se de costas pra mim no intuito de esconder o choro.

Flávia beijou a nuca da Camila e fez sinal pra eu ficar enquanto ela saia.

Cheguei perto… Parei atrás dela… Senti o aroma que vinha de seus cabelos ainda um pouco molhados… Pensei no que falar… Nada vinha… Sabia que tinha dito algo que a tinha machucado muito.

Respirei fundo…

Toquei em seu ombro esquerdo… E falei:

– Hey… Camila…

Ela não se mexeu…

– Camila, por favor… – Pedi mais uma vez.

Ela hesitou mais um pouco, mas virou-se para mim lentamente. Os olhos mirando o chão. Segurei seu queijo suavemente e conduzi seu rosto até que ela me olhasse…

Ficamos a um pouco mais de dez centímetros uma da outra…

Ela me olhou nos olhos e depois para minha boca…

Eu a correspondia…

Sequei uma de suas lágrimas… E falei:

– Sinto muito. Deixa eu me redimir?

Sorri pra ela… Que permaneceu me olhando, me analisando…

– Hein?

Insisti:

– Me dá uma chance. – Pedi mais uma vez.

– O que você tem em mente?

Perguntou com coragem… Num tom desafiador.

Sorri de volta, e disse:

– Vem comigo.

Puxei-a pelas mãos conduzindo-a até a porta do apartamento… As meninas, que estavam na varanda, conversando baixinho como se quisessem nos esconder os comentários, nos olharam com espanto… Antes que alguém perguntasse, eu avisei que iria lá fora com a Camila para conversarmos… Saímos sem olhar para trás.

Aquelas mãos entrelaçadas em minha cintura, aquele corpo colado em minhas costas despertavam em mim sensações únicas… Quando a sentia insegura era o momento certo de conduzi-la a me apertar ainda mais forte. Percebi que meu gesto lhe proporcionava segurança…

Ela se ajustava ao meu corpo a cada curva feita… Podia sentir seu arrepios causados pelo vento gelado que confrontavam aquele rosto… Nada falamos… Não era necessário. Apenas sentíamos o que o momento queria nos proporcionar de mais íntimo, único, particular.

Passeei com aquela mulher por vários caminhos da cidade… Mostrei Zimbros, Quatro Ilhas, Bombas, Bombinhas e Recanto dos Padres… Nas vistas mais belas, eu parava de frente ao mar, mas não descíamos da moto. Apenas a deixava admirar as ondas e ouvir o som do duelo entre as águas e a areia… Era lindo vê-la sorrir quando admirava a paisagem… Nunca havia tido aquela sensação que enaltecia e acalentava meu peito, num misto de medo e curiosidade, de quero mais… O que estava acontecendo? Seja lá o que for isso, sei que é bom. E queria sentir mais… Muito mais.

Segurei as mãos de Camila e as conduzi até a altura do meu peito…

– Aqui está tão bom…

Ela disse.

Apertei sua mão em resposta consentida.

– Não queria voltar… De verdade. Mas estou com frio.

Sabia que não era desculpa para ela ir embora. Até porque ficamos mais de duas horas andando pela cidade… Sem trocarmos palavras, sem conversarmos, como havíamos dito às meninas… Estava mesmo frio…

– Tudo bem… Segura assim…

Pedi para ela me abraçar com força enquanto andava lentamente com a moto, andando pela extensão da Avenida governador Celso Ramos… Eu podia sentir sua cabeça deitada em meu ombro direito enquanto ela apreciava o mar… Não queria que aquele passeio terminasse… Não queria me separar dela… E por isso fui o mais devagar que pude… Até que paramos enfrente ao apartamento da Flávia.

Ainda em cima da moto, dei a mão a ela para que pudesse descer enquanto a admirava mais um pouco. Ao desligar e descer da moto, Camila pegou nas minhas mãos e disse:

– Foi maravilhoso! Muito obrigada…

Sorriu…

Retribui à mais perfeita pintura facial dela, respondendo:

– Eu que agradeço por você ter confiado em mim.

Ficamos nos olhando ainda de mãos dadas… Por quanto tempo? Não sei! Parecia eterno. Até que as meninas apareceram na porta, já se despedindo para irem embora.

O rompimento das mãos não foi brusco… foi selado de cumplicidade e ternura… como se fosse um pedido para que aquele momento não acabasse, para que não nos separássemos…

– Tudo bem. Vai lá…

Falei.

Ela se aproximou para logo em seguida me abraçar, ação geradora de todo os tipos de arrepios em meu corpo… Olhando-me… Se juntou à Flávia, Monica e Lena…

Eu? Mandei beijos para elas e disse que nos veríamos na praia.

Ive entrou no carro lançando-me um sorriso cheio de significado, enquanto eu subia na moto e Lu vinha em minha direção…

– Amanhã eu quero saber de tudo! Agora vai… Vai sonhar!

Me deu um beijo e entrou no carro.

Busquei o olhar da Camila mais uma vez… Sorri… Liguei a moto… Acelerei e segui com o pensamento nela. 



Notas:



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