Saí da casa da Dulce de manhã e fui direto pra casa, tomei banho e apaguei, não tinha condições de mais nada!
Acordei com fome e resolvi levantar, eu precisava falar com a Maria.
Mandei uma mensagem pra ela.
“A gente pode conversar?”
Ela logo respondeu.
“Claro.”
“Vc tá trabalhando?”
“Não. To em casa.”
“Posso passar aí depois do almoço?”
“Claro.”
“Tá bom, até mais tarde então. Bjs.”
Fui almoçar e depois fui pra casa dela. Ao chegar lá resolvi bater, fiquei meio sem saber se poderia entrar ou não, não demorou muito pra ela atender.
– Oi. – falei.
– Oi. Por que não entrou? Você tem a chave.
Ainda estávamos na porta.
– Ah, sei lá…- ela suspirou e me deu passagem.
– Entra.
Fui até a sala e ela atrás de mim.
– Você quer alguma coisa? Almoçou?
– Almocei, obrigada. Mas se quiser, fica a vontade, eu espero.
– Aquela hora que me mandou mensagem eu estava almoçando.
– Ah tá.
– E quer beber algo?
– Não Mah, obrigada.
– Tá. Você queria conversar?
– A gente tem que conversar né, depois de sábado, depois da forma como você saiu de lá….
Ela riu e cruzou os braços.
– A forma que eu saí Anahi?! Você lembra o que fez, o que falou??
– Lembro. – suspirei ao falar- Bom, acho que lembro de tudo.
Mais uma vez ela riu.
– Ah então a culpa é toda do álcool agora?
– Não, claro que não! Me desculpa pelo que eu falei ou fiz e por ter trocado o seu nome com o dela, enfim….- a olhei e suspirei. Ela me olhou mas logo desviou. Respirou fundo também e foi se sentar no sofá.
– E você já conseguiu pensar no que isso quer dizer?
– Nada ué! Não quer dizer nada! – eu falei me aproximando um pouco dela. Ela voltou a rir. Aliás ela estava rindo a beça hoje né!- Que foi?
– Você devia se ouvir ultimamente Anahi! Sério.
Respirei fundo.
– Maria eu não quero brigar….
– Ah nem eu! Mas se você veio aqui pra mentir na minha cara era melhor não ter vindo né?
– Não to mentindo! – ela suspirou revirando os olhos e desviando o olhar pro lado- Eu não to Mah. – sentei na mesinha à frente dela.
– Anahi – ela tinha inclinado o corpo pra frente ao falar e estava misteriosamente calma, eu não estava entendendo isso- você quer que eu acredite que me chamou pelo nome da sua ex namorada e que isso não quer dizer nada? Foi só uma coincidência?
– Foi! – ela voltou a dar uma risada irônica e se encostou no sofá- Eu já disse, vocês duas ficaram falando no meu ouvido a noite toda!
– Ah é? E o que ela falou tanto no seu ouvido? – me olhou.
– Ah ficou falando que eu estava bebendo também, enchendo o saco! – desviei o olhar.
– Só isso?
– Só. – respondi sem olhá-la e quando a olhei ela me observava- Que foi?
– Nós duas sabemos que não foi coincidência Anahi. – ela falou se levantando e indo pra trás de mim.
– Não sei o que você quer que eu fale….- a olhei ao falar.
– A verdade!
– Já te falei mas você não acredita….
Ela mais uma vez riu depois foi pra cozinha e voltou com uma cerveja na mão, voltou a se sentar no sofá apoiando os pés na mesinha que eu estava.
– Para vai? – pedi a olhando e fazendo carinho na perna dela.
Ela tirou os pés da onde estava e voltou a inclinar o corpo pra frente me olhando.
– Anahi e se fosse ao contrário? Se eu reencontrasse uma ex namorada depois de anos e começasse a ficar diferente, te evitar…- a cortei.
– Eu não to te evitando!!
– E pra completar trocasse o seu nome pelo dela. Você ía achar normal? Que foi só coincidência??
– Eu não estou te evitando Maria! – pulei pro sofá, ficando de frente pra ela- Para com isso…..
– Você está balançada Anahi! – ela me olhava e eu não sabia o que fazer pra convencê-la, porque nem eu estava!
– Não estou!!
– E não é de hoje! Para de tentar se enganar, qualquer idiota vê. Eu tentei me convencer que era só uma fase, que ía passar mas parece que só piora….
– Maria por favor….não é nada disso! Me desculpa por ter trocado seu nome com o dela, por favor? – ela me olhou mas voltou a desviar- Por favor? – insisti sentando mais perto, ela tinha virado o rosto pro outro lado, então a abracei meio por trás- Eu amo vc.
Ela me olhou.
– Ama mesmo?
– Óbvio que amo Mah! – toquei no rosto dela ao falar.
– Não sei, ultimamente você anda estranha….
– Desculpa amor. É que essas viagens, os shows, eu ando cansada e estressada demais!
– Você sempre teve shows e sempre viajou muito Anahi. Não é isso!
– Eu sei mas agora é diferente, essa pressão em cima da gente o tempo todo, esses paparazzis que parecem que só estão esperando alguma briga ou algum escândalo vazarem pra publicarem, e tem vcê que sei que tem ciúme dela, eu fico me policiando pra não te magoar….. To muito estressada mesmo mas me desculpa!!
Ela abaixou a cabeça.
– Eu acho que você precisava de um tempo pra saber o que realmente quer….
– Eu sei o que eu quero Maria! – ela me olhou quando falei.
– Não acho que saiba não.
– Você está me pedindo um tempo, é isso?? – até tirei a mão do rosto dela, tomei um choque! Meu corpo foi um pouco pra trás- Você quer um tempo?!
– Eu quero você Anahi! Mas eu quero a Anahi que eu me apaixonei, não essa! Eu não conheço essa…..eu não te reconheci ontem.
– Me perdoa meu amor! – voltei a tocar em seu rosto- Por favor?
– Posso até perdoar Anahi, mas essa não é a questão.
– Qual é então?
– Você! Você está diferente!
– Não to! Juro que não to! Deixa eu te mostrar? – eu não sabia mais o que fazer….
– Eu não sei como competir com ela Anahi. Vocês duas juntas….eu….- ela fazia gestos com as mãos- eu simplesmente não sei….- ela tinha lágrimas nos olhos e eu já estava com ódio de mim.
– Você não tem que competir com ela meu amor. – segurei em seu rosto com minhas duas mãos, e estávamos com as testas próximas- Você é minha namorada, a Dulce é passado.
– Tem certeza disso?
– Absoluta! – sorri ao falar e a beijei.
Finalmente ela tinha amolecido….
Nós transamos, era um jeito de mostrar que tudo estava igual, pelo menos aparentemente só que nem isso deu certo. No começo estava tudo ótimo mas foi perdendo a graça aos poucos, eu gozei mas tive que imaginar outras coisas que me excitassem pra conseguir, nada a ver com a Dulce, era só que só com a Maria não consegui mais! Não sei se ela percebeu, ela sorria, não sei se estava fingindo também….
Eu sei que foi horrível, nem isso eu estava conseguindo mais!
A conversa que a gente teve antes agora fazia mais sentido mas na hora não sei o que me deu que eu me desesperei de perder ela, eu ainda a amava, bom eu acho né….já não sei mais de nada.
Logo que saí, recebi uma mensagem da Sophie.
“E aí?? Me conta! Tô curiosa. Kkkkk”
“Oi amiga. Tô precisando mesmo falar com vc.”
“Xii que foi?? Brigaram?”
“Não. Quer dizer…..acho que não. Acabei de sair da casa da Maria…”
“Maria?? Vc não passou a noite com a Dulce?!?”
Mandei aquela carinha triste e ela logo respondeu.
“Explica Anahi. Tô entendendo nada!”
“Vem aqui pra casa. Vc pode?”
“Tô indo.”
A Sophie chegou mais tarde lá em casa, conversou um pouco com meus pais e aí subimos. Já despejei tudo nela.
– A Maria quis terminar comigo, eu me desesperei e convenci que não, nós transamos e agora eu já tô achando que era melhor ter terminado! – me joguei na cama ao fim da frase.
– Anahi, vou te falar uma coisa, nem sei se você vai gostar….- a olhei- eu acho que você devia ficar sozinha….um tempo, pelo menos… Pensa bem. Você começou a namorar a Maria gostando da Dulce ainda, aí agora você reencontra a Dulce. Não é à toa que está tão confusa….- respirei fundo, não sabia o que falar- Mas enfim, me conta. Como você saiu com a Dulce da minha festa e já estava na Maria? Kkkkk.
– Eu passei a noite com a Dulce mas eu precisava conversar com a Maria depois de como ela saiu ontem…..
– Como você consegue administrar isso tudo?! Sério hahaha. Eu não conseguiria. – revirei os olhos porque não era engraçado pra mim mais, aliás nunca foi.
– Nem eu aguento, não quero mais isso!
– E o que você quer? – suspirei.
– Boa pergunta! Às vezes eu só queria voltar no tempo, um tempo que estava tudo ótimo, meu namoro perfeito….
– Ué, mas se é isso que você quer não é só se afastar da Dulce? Os shows não estão acabando?
– Sim. Tem o de hoje e semana que vem só, mas não é tão fácil assim….
– Você não vai poder ter ela de amante pra sempre Annie.
– Eu sei. Nem quero!
– Eu acho que nem você sabe o que quer…sério. – suspirei.
– Acho que você pode estar certa, preciso me afastar de tudo mesmo. Mas falar isso pra Maria vai ser foda, ela não vai entender.
– Claro que vai. Ela é adulta. – dei um sorriso irônico porque eu sabia que ela ía me alucinar- Anahi, você não é mãe dela, se não quer mais vai ficar pra que?
– Não disse que não quero.
– Eu acho que você não quer. – a olhei- Sério, ontem você nem foi atrás dela, ficou de boa com a Dulce na festa, passaram a noite juntas….
– Eu não fui embora porque você reclamou que era cedo.
– Anahi, nós duas sabemos que não foi por isso que você não foi. Aposto que se fosse a Dulce sua namorada, você tinha ído atrás! – suspirei e desviei o olhar, ela estava certa- Você já não tem mais a mesma paciência com a Maria, você sabe….
– Pode ser…- abaixei a cabeça ao falar e ela sorriu.
Ficamos em silêncio um tempo.
– Não é por mal, eu só….- ela me olhou- a Dulce me deixa tensa cara! Não consigo ser a mesma quando eu sei que ela está perto. – ela riu mais uma vez.
– E ela como está nisso tudo? Você falou o que pra ela?
– Você diz hoje….quando eu saí da casa dela? – ela fez que sim com a cabeça- Ela não viu. Eu saí com ela dormindo. – ela me olhou reprovando- Eu não ía conseguir tá, Sophie?! Ela….- suspirei- a gente ía começar de novo e eu precisava ir.
– A noite pelo menos foi boa?
– Maravilhosa!! – respirei fundo e passei a mão pelo rosto- Sério. Como há muito tempo eu não tinha….- a olhei- eu acordei toda dolorida! Aliás, eu mal dormi.
– Ok. – ela ergueu a mão ao falar- Informação demais. Já entendi hahaha. – também ri- É por isso que te confunde tanto? – eu sorri.
– Não. Não é o sexo que me prende à ela, apesar de eu saber que ninguém mais me deixa do jeito que ela deixa. Sério. É uma coisa louca! – ela riu.
– O que te prende então? – a olhei.
– Ela. Tudo que eu sinto quando tô com ela, tudo que eu senti e que acho que queria que voltasse…..
– Queria? – ela me olhava ao falar.
– Acho que sim, outras que não. – suspirei- Não sei mais de nada Sophie! Queria sumir por um tempo, isso sim!
– Acho que deveria….- a olhei- Não sumir, mas se afastar das duas. Mas termina com a Maria, sério Anahi, por ela ao menos. Ela aguenta. – a olhei e nada disse- E outra. Eu acho que você não tem dúvidas de quem você ama, mas sim se pode confiar na Dulce novamente, né? – só a olhei. Não tinha condições de responder!
Ela saiu de lá mais tarde e eu fui me aprontar pro show.
Nem conversamos muito antes, o show foi ótimo mas ela não tinha falado comigo, sequer me olhado então após o show estávamos no camarim, ela arrumava algo na bolsa então sentei ao lado mas ela continuava evitando me olhar.
– Você está chateada? – perguntei de cabeça baixa e como ela não respondeu a olhei- Por hoje mais cedo? – ela deu de ombros sem me olhar, continuava mexendo na bolsa- Me desculpa. – ela então me olhou.
– Ok.
– Mas eu amei a noite de ontem….- ela me olhou, parou uns segundos e depois falou.
– Então por que você saiu daquele jeito?
– Porque eu precisava ir embora, eu tinha que falar com a Maria depois de tudo. – ela só fez que sim com a cabeça, não me olhou- Desculpa Dul mas….- ela me cortou.
– Ok Anahi. – colocou a bolsa no ombro- Você faz o que achar que deve.
– Não é assim Dul, eu só….me entende vai? – eu tinha me levantado também pra ficar na altura dela.
– Ok Anahi. Você quem sabe, tô indo embora.
– Dul….- tentei chamá-la mas ela cortou.
– Eu já entendi Anahi. Eu que sou idiota que não dou um basta nessa bosta que virou essa merda que você faz. Enfim, tô indo! Tchau! – ela saiu, não me deu tempo de nada.
Fui pra casa também.
A conversa com a Sophie martelava na minha cabeça, eu não sabia o que fazer mas consciente ou não, esses dias (eram três já desde a conversa com as duas) eu estava me mantendo afastada, dando atenção pros meus pais e ficando sozinha… Mas na sexta-feira antes do show o Pedro tinha pedido pra irmos pro estúdio, ele queria acertar os últimos detalhes porque esse show seria gravado e viraria dvd, e como sempre ele pedia pra evitar as brincadeiras e tal, pois queria que tudo ficasse perfeito….
Deu a hora do almoço e eles foram em algum restaurante, pedi lá no estúdio mesmo porque o Gui queria conversar algo comigo do meu cd, resolvemos o que ele queria e ele almoçou lá comigo. Quando ele saiu, o pessoal ainda não tinha voltado então fiquei lá sentada em uma das salas mexendo no celular e os esperando, a primeira a abrir a porta foi a Dulce, ela me olhou e então seguiu até onde a bolsa dela estava (no outro sofá), vi ela pegando uma escova de dentes e em seguida foi pro banheiro, fiquei na minha. Alguns minutos depois ela saiu de lá e se sentou ao meu lado no sofá, sem falar nada, continuei o que eu fazia por alguns segundos. Olhei pra ela e ela estava olhando pra frente, pro nada, desci meu olhar a observando e ela nem piscava, respirei fundo e apoiei meu braço na parte mais alta do sofá, assim como o dela estava.
– Tá tudo bem? – perguntei tocando de leve na mão dela com meu dedo. Ela me olhou e balançou a cabeça- Que foi? – ela se virou pra mim e tocou no meu rosto com uma das mãos, ficamos nos olhando e quando percebi ela tinha aproximado nossos rostos. Ela desceu a mão pros meus lábios e eu fechei os olhos, eu estava com saudades dela, então ela me beijou.
Suspirei entre o beijo e ela me puxou com mais força pela nuca se agarrando à mim, a segurei pela cintura e dei uma leve apertada, o beijo foi ficando acelerado. Ela me puxava pela nuca e eu a puxava pela cintura, ela então levantou e se sentou no meu colo. Levei as mãos até a coxa dela apertando só que aí ela foi diminuindo o ritmo até parar mas não se desgrudou de mim.
Ouvimos passos.
– Eles chegaram. – ela falou e eu nem sabia que eles já não estavam aí rs…. Ela descolou nossas testas e então ouvimos batidas na porta e logo a pessoa entrou.
– Ah desculpa. – era o Poncho. Ela saiu do meu colo e ele falou meio fechando a porta- Pedro está nos chamando. – ninguém respondeu e ele saiu, fechando a porta.
– Por que você saiu?! – ela me olhou sem entender nada e eu estava puta já.
– Ué…
– Qual o problema dele te ver aqui?
– Nenhum Annie. Você está maluca?! Você nunca quer que ninguém veja a gente juntas….- desviei o olhar porque ela estava certa mas pensar que foi por causa dele me irritou- Anahi, você está ficando maluca né… Vai dar pra ter ciúmes do Poncho?? Tem nada a ver!!
– Tô nem aí pra ele e muito menos pra você! – eu gritei me levantando, ela meio que caiu do meu colo e eu só percebi a merda que falei depois.
– Ok então. Desculpa aí. – ela se levantou e saiu da sala.
Que droga!!
Fui ver o que o Pedro queria mas ele estava ocupado, estavam todos lá fora esperando menos a Dulce. Ele logo abriu a porta e ela saiu lá de dentro, os dois sorriam e ela tinha um papel nas mãos, entendi nada até porque ela não me olhou.
– Gente, mais dez minutos só, ok? – dito isso ele fechou a porta.
Fui atrás da Dulce, precisava falar com ela e pedir desculpas, a encontrei sentada em uma das salas com um caderno na mão, de cabeça baixa. Dei duas batidas na porta pra chamar a atenção dela que me olhou e depois voltou a olhar pro caderno, sem nem falar nada, caminhei até ela e pedi:
– Podemos conversar?
– Fala. – ela nem me olhou pra responder.
– Em particular…
Ela levantou o olhar e ao falar tinha desviado pra baixo de novo.
– Não tô vendo ninguém aqui…
Suspirei e me virei pra fechar a porta, depois caminhei na direção dela.
– Eu queria falar sobre agora a pouco…aquela hora no sofá….te pedir desculpas…
– Desculpa por quê? Você não fez nada, só disse o que pensa…- ela não tirou os olhos do bendito caderno ao falar, continuava escrevendo alguma coisa nele.
– Você vai ficar fazendo isso? Não pode falar comigo direito?! – sentei no sofá ao lado dela ao dizer, ela respirou fundo- Da pra você largar isso e me olhar?? – puxei da mão dela aquele caderno.
– Vai rasgar!
– Não vou. – apoiei ele em cima da mesinha à nossa frente, quando voltei a olhá-la, ela desviou- Olha pra mim? – ela olhou- Me desculpa?
Ela ainda me olhou um tempo antes de responder.
– Ok. – disse apenas isso e se inclinou pra pegar o caderno- Agora se me dá licença…
– O que você está fazendo aí de tão importante, afinal?
– Música. – ela me olhou ao falar- Tô escrevendo músicas, e você está atrapalhando.
– Posso ver? – a olhei ao pedir.
– Não. – ela nem me olhava, estava de lado pra mim e desenhando algo.
– Por que? Você sempre me deixou ver suas músicas.
– Nem todas Anahi.
– Não? – a olhei surpresa.
– Não. – ela me olhou ao falar mas logo desviou- Só algumas. E era outra época também.
– Não sabia.
– Pois é. – ela estava desenhando alguma coisa, fiquei parada a olhando.
Respirei fundo, é ía ser difícil…. Tudo bem que eu peguei pesado mas pedi desculpas né?
– Você vai ficar assim mesmo? Não vai me desculpar?
– Já não disse que desculpei? – ela me olhou com a cabeça inclinada pra mim e meio pro caderno.
– Ok não é desculpa Dulce!
Ela bufou largando o lápis sobre o caderno e então me olhou.
– Na boa, você devia resolver o que você quer de mim porque está ficando difícil!! Vive dizendo que não quer que ninguém saiba, mesmo todo mundo sabendo que a sua namorada tem mais galhos que sei lá o que! Aí quando eu me afasto porque tem alguém perto você dá aquele escândalo me perguntando qual o meu problema em o Poncho nos ver!! Eu não tenho problema Anahi!! – ela começou a gritar- Você tem!! Então você vai lá e resolve ele!! Isso se tiver importância né, porque como eu não significo droga nenhuma pra você, como deixou bem claro aquela hora, não sei pra que vir aqui pedir desculpas!
– Dulce….- tentei falar mas ela não deixou.
– Se for mais um pedido de desculpas de merda igual ao de agora pode guardar pra você!! – ela falou com raiva me olhando nos olhos e eu fiquei até sem reação- Imaginei! – ela voltou a pegar o lápis- Agora você pode me dar licença?
Suspirei antes de me levantar, não tive o que dizer.
– Desculpa. – saí da sala a deixando lá.
Acabei cruzando com o Pedro no corredor que começou a falar um monte de coisas que eu nem estava prestando atenção.
Tivemos que passar um tempo ajeitando algo da minha voz em algumas das músicas pro cd, demorou um pouco. Fomos liberados quase à noite, eu levantei pra sair da sala e ainda vi a Dulce conversando com ele mostrando alguma coisa no caderno, deviam ser as tais músicas que ela estava escrevendo e pela cara dele, ele estava gostando….. Resolvi sair, até queria ir lá falar com ela mas depois de mais cedo, não sabia nem o que dizer, então resolvi não insistir.
Abri a porta do meu carro na hora que senti alguém me impedindo e uma voz.
– Espera. – me virei no susto.
– Que susto Dulce!!
– Desculpa. – ela estava respirando ofegante.
– O que houve? – a olhei espantada.
– Vim correndo pra te alcançar.
– O que aconteceu?
– Nada. – ela deu uma respirada funda e um passo na minha direção ficando mais perto do que já estava- A gente pode entrar? – ela apontou pro carro.
– Ok. – destranquei a porta e entramos, assim que ela sentou me pediu pra ligar o ar. Liguei e a olhei.
– Que? Você me fez correr!
– Tá fora de forma? – a olhei ao perguntar, ela só me olhou séria e eu ri- Mas então? A gente vai ficar aqui ou você vai falar o que quer?
– Tá com pressa? – ela me olhou ao falar, ainda recostada no banco, virava só a cabeça.
– Não.
– Ótimo. Me leva em casa então…- ela disse e voltou a virar pra frente, mexeu no meu rádio como se nada tivesse acontecido mais cedo.
– Por que você nunca vem de carro?! – perguntei enquanto dava partida no carro.
– Eu venho mas meu carro está com algum problema e vai ter que ficar uma semana na oficina.
– Hum.
Não falei mais nada, na verdade eu não estava entendendo o que ela estava querendo depois de tudo que me falou mais cedo. Fomos em silêncio quase metade do caminho.
Quando eu parei em um dos sinais senti meu braço sendo puxado, não deu tempo nem de falar nada e ela me beijou. Quando eu me “toquei” do beijo correspondi, a mão dela estava no meu rosto me puxando pra ela, o beijo era calmo mas eu sentia a respiração forte dela no meu rosto. Fomos interrompidas pelas buzinas, paramos e o sinal tinha aberto, dei partida e ela não falou nada.
Novamente só se ouvia a música do rádio, aquilo foi me incomodando…
– Vai ficar por isso mesmo? – perguntei sem olhar pra ela pois tinha que prestar atenção no trânsito.
– O que? – acho que ela não fazia noção mesmo do que eu estava falando pelo tom de voz.
– A gente se beijou….- a olhei, ela não falou nada, me olhava de volta mas como mantive os olhos nela, resolveu responder.
– E?!
– E que achei que você estava brava depois de hoje cedo…- eu tentava desviar o olhar toda vez que podia pra ela.
– Cansei de brigar Annie…- a olhei surpresa, ela não falou nada.
– Sério? Só isso? – a olhei e logo desviei.
– Por que? Você quer brigar? – ela tinha se aproximado de mim e estava sussurrando no meu ouvido.
– Não. – respondi arrepiada. Senti os dedos dela afastando meu cabelo da nuca e em seguida alguns beijos.
– Que bom…- ela continuou e eu já tinha que fazer bastante força pra me concentrar no trânsito- Sobe comigo….- ela sussurrou.
– Não posso Dul. – assim que eu falei isso ela bufou e deve ter revirado os olhos- Tenho que ir pra casa, a Maria também….vou falar o que pra ela? – ela mais uma vez bufou e se afastou se “jogando” no banco.
O silêncio voltou a reinar mas foi por cinco minutos pois estávamos bem perto da casa dela, entrei na garagem e antes dela descer me olhou e tornou a perguntar:
– Vai subir? – ela estava com a mão na maçaneta me olhando e esperando a minha resposta.
Eu queria mas eu não devia….
– Ok, você que sabe. – ela puxou o trinco e abriu a porta mas antes de sair se virou pra mim- Voc~e sabe que quer subir, não sei pra que isso!
– Dulce, ela é minha namorada, eu não posso simplesmente….- ela revirou os olhos antes de me interromper.
– Você vai pra casa dela? Ela vai saber? Mais uma menos uma, qual a diferença? – ela ficou me olhando e eu pra ela- Ah não ser que você não queira né….
– Quero! – respondi sem pensar muito e ela sorriu.
– Anda logo! Vem!
– Ok, deixa eu estacionar o carro. – ela se afastou e eu estacionei.
– Mas eu tenho que avisar a minha mãe pelo menos. – falei assim que saí do carro.
– Ok.
Subimos pro apartamento dela e eu fui ligar logo pra minha mãe pra avisar.
– Oi mãe. Não, ainda não tô indo não. Na verdade queria te pedir uma coisa…se a Maria ligar fala que eu tô na casa da Sophie, sei lá.
– E você está aonde Anahi?
– Com uns amigos….
– E por que não fala a verdade pra ela?
– Porque ela vai implicar mãe. Ela nem deve ligar, é só se…
– Você não devia mentir pra ela e muito menos me fazer mentir, Anahi!
– Só hoje mãe, por favor?
– Por que você não fala a verdade pra ela Anahi? Por isso que vivem brigando né? Não é mais fácil terminar?!
– Mãe! Não vou conversar isso agora. Você pode por favor me ajudar??
– Ok Anahi. Mas oh, é só hoje!
– Ok mãe, obrigada.
– Tá bom. Mas você vem dormir em casa?
– Acho que sim…..
– Ai ai Anahi. Me avisa viu!
– Tá bom mãe, obrigada. Beijos.
Desliguei e a Dulce estava no sofá com uma cerveja na mão me olhando.
– Algum problema?
– Não. Esquece. – guardei o celular no bolso e me aproximei dela.
– Vem cá. – ela bateu no sofá ao lado dela, sentei- Que foi? Me fala.
– Não é nada, só pra minha mãe saber se a Maria ligasse….
– Ela não gostou?
– Não. – suspirei- Eu também não gosto de ficar mentindo e envolvendo elas.
– Aposto que se tivesse falado que estava comigo ela não implicaria….- a olhei e ela ria- Você sabe que a sua mãe me ama. – revirei os olhos- É verdade.
Ela riu mais ainda e chegou mais perto me abraçando, ela se encostou no sofá e me recostei nela. Respirei fundo. Eu estava ferrada e só fazendo bosta! Tudo bem que eu e a Maria não estávamos bem mais, as coisas estavam desandando demais, mas sei lá, ainda era namorada dela né….
– Tá com fome? – Dulce perguntou.
– Não. – respondi após um suspiro e sem tirar a cabeça do colo dela- Queria tomar um banho, posso?
– Claro. Vem, vamos lá. – ela se levantou me puxando com ela pro banheiro.
Ela pegou uma roupa pra eu usar e me mostrou onde estavam as toalhas, depois disso entrei no banheiro mas não tranquei a porta, afinal era o banheiro dela hhaha. Entrei debaixo do chuveiro molhando o cabelo e tudo, precisava esfriar a cabeça e por as ideias em ordem, na verdade a última coisa que eu precisava era estar ali com a Dulce, mas cadê que eu me controlo?! Não consigo!
Uns quinze minutos depois senti os braços dela me abraçando por trás, até achei que demorou….rs.
– Você está bem amor? – fiz que sim com a cabeça ainda de costas pra ela e em seguida me virei a abraçando.
– Posso dormir aqui com você hoje?
– Claro que pode meu amor! Vou amar! – ela distribuiu vários beijos no meu pescoço ao fim da frase. Não falei nada, apenas respirei fundo e afundei meu rosto ali.
Às vezes parecia tão certo…. muitas vezes, na verdade.
– Desculpa pelo que eu falei hoje tá? Não é verdade.
Agora quem suspirou foi ela.
– Eu sei, esquece. – ela distribuiu selinhos no meu pescoço e por incrível que pareça a gente apenas tomou banho.
Quando saímos ela preparou um sanduíche e comemos ali na sala mesmo. Depois ficamos no sofá, deitadas abraçadas e conversando e vendo televisão, foi então que me lembrei de algo e perguntei.
– Por que eu não posso ver as suas músicas que não me mostrou?
– Porque não, não quero.
– Por que??
– Porque eu não quero que você veja pra duvidar ou fazer pouco caso do que tem ali, então eu prefiro não mostrar.
– Eu nunca faria isso!
– Não Anahi….- ela revirou os olhos e desviou o olhar pra cima.
Não gostei daquilo, mas ok né, não podia obrigar….
– Vamos mudar de assunto?! – ela parecia bem contrariada e eu não entendi bem o porquê mas não insisti.
– Ok.
Olhei pra ela que continuava olhando pra televisão, aquilo estava me incomodando então saí do colo dela e isso a fez me olhar.
– Vamos conversar? – a olhei ao falar, eu estava de lado com o cotovelo apoiado na cama e a cabeça apoiada na mão. Ela fez que sim com a cabeça.
– Fala.
– Você está chateada né? – passei meu outro braço por ela e cheguei um pouco mais pra perto dela de modo que ficássemos mais próximas- Eu não quis dizer aquilo. Você sabe que eu não tô nem aí pra você….
– E por que você disse aquilo então?
Suspirei e abaixei a cabeça pra em seguida a olhar ao falar.
– Não sei Dul…eu falei na hora da raiva, você sabe como eu sou, mas depois me arrependo. Mas eu juro que não é nada disso….
– Ok. Mas é só que você sempre foi mais controlada que eu em relação à isso….- eu abaixei a cabeça e sorri.
– Eu sei….
– Então?
Respirei fundo.
– Tanta coisa Dul…..
– Fala comigo…
– Sabia que naquele dia seguinte à festa a Maria ía terminar comigo….- a olhei ao falar e logo desisti- Desculpa. Eu sei que você não quer saber disso. – suspirei e deitei a cabeça no sofá.
– Pode falar Annie…- olhei pra ela que estava quase na mesma posição que eu estava antes, respirei fundo e desisti.
– Deixa pra lá.
– Por que ela quis terminar com você?
– Porque ela falou que eu tô estranha….distante, sei lá!
– E você está?
– Não sei Dulce! – respirei fundo ao falar e cobri meu rosto, aquilo estava me sufocando! Quando eu tirei as mãos ela ainda me olhava nos olhos- Talvez….
– Sabe, eu sempre achei que te conhecia bastante…..mas ultimamente eu não tenho conseguido desvendar você…. Você vai ter que me falar Annie.
– O que?
– O que você quer. – parei uns segundos a olhando nos olhos e todas as células do meu corpo me mandavam parar aquela conversa mas eu não conseguia.
Sussurrei sem sair nenhum som.
– Você…- meus dedos foram de encontro aos lábios dela enquanto eu falava. Ela não falou nada, apenas me olhava- Eu sei que eu devo estar te confundindo, eu mesma estou confusa, mas….- suspirei- eu só não quero que você saia da minha vida, de novo.
– Eu tô aqui. Não vou a lugar nenhum. – ela falava tudo me olhando nos olhos, eu sorri e fiquei mais perdida ainda.
– Até quando? – ela me olhou por um tempo antes de responder.
– O que você está me pedindo Annie?
– Nada. – balancei a cabeça e suspirei- Eu nem tenho esse direito de te pedir nada….
– Então me explica que eu não tô entendendo.
– Esquece isso tudo Dul. Eu não devia ter falado….- suspirei e olhei pro lado mas ela tocou no meu rosto me fazendo olhá-la.
– Anahi, vou falar de novo pra ver se agora você acredita, eu amo você. – ela deu bastante ênfase na palavra “amo”- Eu faria coisas por você mesmo sem você me pedir, isso mesmo que temos sei lá o nome, eu só faço porque é por você! Você sabe que sempre disse que nunca te dividiria só que eu prefiro aceitar isso do que nada, porque eu preciso de você! Você é o amor da minha vida e eu não consigo pensar em mais nada que não seja nós duas juntas…. Da pra você entender isso? – eu estava com os olhos molhados e tive que segurar a frase que veio na minha garganta mas não tive coragem de dizer. Ela deve ter percebido e levou a mão ao meu rosto fazendo carinho- Eu quero você. E eu espero, se é o que você quer….- respirei fundo, não sabia o que dizer, fora que eu provavelmente derramaria as lágrimas se falasse algo. Ficamos nos olhando- Do que você tem tanto medo, meu amor?
– De acontecer de novo….- sussurrei- Eu nunca aguentaria sofrer de novo por você daquele jeito….- desceu uma lágrima e ela limpou, fazendo carinho em mim.
– Eu nunca mais vou te largar…. Acredita? – não consegui falar nada, suspirei e ela me abraçou.
– Me abraça, por favor. – não falamos nada por um tempo, ela só me abraçava fazendo carinho nas minha costas e era tudo que eu precisava.
– Me perdoa?
– Por que? – perguntei e a olhei porque não entendi essa.
– Isso tudo que está acontecendo….se eu não tivesse feito aquela merda, ouvido quem não devia, ainda estaríamos juntas….
– Não tem como saber Dul….muita coisa poderia ter acontecido….
– Eu tenho certeza que estaríamos juntas, teríamos enfrentado juntas o que quer que fosse…. Tenho certeza! – ela me olhou.
Eu também tinha….
– Me deixa consertar, meu amor? – ela sussurrou se aproximando de mim. A olhei e então ela me beijou.
Mas era um beijo calmo, apaixonado….sim, apaixonado, foda-se! Eu estava me apaixonando por ela de novo….. Que merda cara! Ela não acelerou o beijo, muito pelo contrário, fazia carinho nas minhas costas o tempo todo, eu fui me arrepiando com a mão dela nas minhas costas, suspirei entre o beijo e toquei no rosto dela, senti a respiração dela mais ofegante também.
– Eu amo você. – ela falou me olhando nos olhos sem desviar.
A mão dela foi pra minha cintura fazendo carinho sob a blusa, eu respirei fundo e mais uma vez guardei o que eu queria responder. Ao olhá-la, ela sorria.
– Que foi?
– Nada. – ela ainda me fazia carinho com um sorriso no rosto- Só tive a impressão que você falaria algo….- ela ficou me olhando e eu não consegui dizer nada. Morrendo de medo que ela descobrisse…. Ela me deu mais um selinho e sussurrou- Quer subir?
– A gente não pode ficar aqui mais um pouquinho? – pedi a abraçando.
– Claro. – ela deitou abrindo os braços- Vem cá. – deitei mais uma vez no colo dela e ficamos ali, a TV estava ligada mas eu estava de olhos fechados só aproveitando…..eu sentia muita falta daquilo…. Suspirei e ela me olhou.
– Sabia que isso é uma das coisas que mais sinto falta? – ela me olhava- Ficar assim….com você. – ela sorriu.
– Eu também. Tenho saudades da época que a minha vida cabia nos meus braços….- fiquei a olhando ao ouvir essa frase, meu coração disparou e ela me deu um selinho. Voltei a deitar a cabeça ali.
Ficamos mais um tempo ali e por fim resolvemos subir e por incrível que pareça nós só deitamos, estávamos uma de frente pra outra em silêncio, até que ela falou:
– Posso fazer uma pergunta?
– Fala. – levantei a cabeça pra olhá-la.
– Se ela queria terminar com você e você ainda está namorando, eu imagino que você que a convenceu à não terminar?
Respirei fundo.
– Sim. – ela abaixou a cabeça- Embora eu ache que ela não fosse terminar mesmo, enfim…. Mas já nem sei se foi o certo mais….- ela me olhou meio surpresa.
– Por que?
– Porque eu tô aqui né e não lá…..
– E por que você não está lá?
– Bom, se eu não tivesse aqui estaria em casa porque ela tá trabalhando lá, toda enrolada. Mas não é por isso que tô aqui, só porque não estaria com ela.
– Por que você está então?
– Porque eu quero. – a olhei ao falar e ela continuou me olhando, acho que queria mais e eu falei- Porque eu estava com saudades de você….
Eu liguei todos os alertas agora! Ela sorriu e eu sabia que eu estava ferrada!!
Ela me abraçou pela cintura ainda me olhando e sorrindo.
– Você está queimando todos os meus neurônios, bagunçando a minha cabeça sabia? – ela ainda sorria- Mas eu também estava morrendo de saudades de você!
– Desculpa. – respirei fundo. Eu não queria aquilo mesmo!- Eu não queria estar fazendo isso e muito menos tô usando vocês….eu só não sei o que fazer….não quero magoar nem você nem ela. -suspirei- Você quer que eu me afaste Dul? – ela balançou a cabeça.
– Não. Eu quero você exatamente onde está…..nos meus braços….- eu sorri e torci pra que ela não tenha ouvido meu coração disparando….
– Eu só não….- ela me interrompeu colocando a mão à frente da minha boca.
– Shh. Eu não vou me afastar de você, meu amor. Eu sei que vc disse que está confusa e tal, mas eu sei também que você ainda sente algo por mim senão nem aqui você estaria, então eu não vou desistir de você Anahi. Eu vou continuar aqui e te provar que eu mudei e que aquilo que aconteceu é passado! Ok? – fiz que sim com a cabeça e suspirei, ía falar o que?- Que bom. – ela me beijou e me puxou pra mais próxima à ela.
E por incrível que pareça nós apenas dormimos.
No dia seguinte, quando acordei a vi me olhando….
– Bom dia.. – ela falou com um sorriso no rosto.
– Bom dia. – respondi e respirei mais fundo escondendo meu rosto entre as mãos- Que horas são? – ela me abraçou pela cintura e encostou o rosto no meu ombro.
– Tá cedo ainda, são 8 horas. – suspirei de preguiça porque eu tinha que ir.
– Tenho que ir.
– Já?? – ela me olhou.
– Dul, eu nem avisei à minha mãe que iria dormir fora, ela deve estar louca! – ela riu.
– Mas toma café comigo pelo menos, à essa altura não vai fazer diferença meia-hora a mais ou a menos.
– Ok. Mas é só o café mesmo.
– Pode deixar. – ela sorriu- Eu vou lá arrumar então se quiser pegar uma escova aí, pode pegar tem umas fechadas.
– Tá. – ela levantou e eu fui pro banheiro, escovei o dente com uma dessas escovas que ela falou.
Ao acabar, fui até ela e a encontrei na cozinha, ela estava de costas fazendo algo e eu tive um Deja Vu enorme!! Da época em que namorávamos e viajávamos ou mesmo quando ficávamos sozinhas na casa dela ou então lá em casa, ela costumava acordar antes e preparar meu café, suspirei e acho que saiu mais alto que imaginei porque ela se virou.
– Já está aí, amor? – ela sorria e meu olhar foi pras pernas desnudas dela, pois só usava uma camisa larga com a estampa de um desenho.
– Aham.
– Ainda gosta de café com leite de manhã?
– Gosto. – sorri por ela lembrar.
– Que bom. Então senta, vem. – ela estava com a caneca na mão, me sentei- Você quer comer o que? Quer que eu faça um ovo?
– O que você for comer está bom, Dul…
– Para de bobeira, me diz o que você quer. – ela estava em pé ao meu lado.
– Ok. – olhei envolta- Pode ser o pão então.
– Tá. – ela pegou dois, acho que um pra ela e pôs pra esquentar. Ela sentou ao meu lado bebendo o suco dela, ouvimos um barulho- Acho que é seu celular…- segui o olhar dela e o encontrei em cima do sofá.
Levantei indo até lá e o peguei.
– Tudo bem? – ela perguntou.
– Tem mais de dez ligações da minha mãe e sei lá quantas mensagens! – ela riu.
– Ah Annie, agora relaxa, quando chegar lá você fala com ela. Vem comer.
– Vou só mandar mensagem avisando que já já tô lá… – mandei e me sentei pra comer.
E realmente foi só o tempo de comer, precisava ir pra casa, a Dulce me levou na porta.
– Até mais tarde então….- falei e fui dar um beijo na bochecha dela, senti a mão dela no meu pescoço e quando estava me afastando ela me puxou de novo e me beijou, dois beijos rápidos.
– Descansa pra mais tarde…- ela falou com um sorriso e também sorri.
– Você também. Tchau…- ela sorriu e sussurrou um “tchau” sem som.
Então fui pra casa, peguei um engarrafamento por causa de um acidente e cheguei em casa quase dez da manhã, minha mãe obviamente já estava acordada e meu pai até já tinha saído.
– Até que enfim né, Anahi! – minha mãe falou e eu nem respondi, só joguei minha chave na mesinha e fui na direção da sala (onde ela estava)- Não pedi pra você me avisar se não fosse voltar pra casa??
– Sim. Desculpa mãe. – falei calma e abaixei a cabeça em seguida.
– Só isso?? – ela estava bem brava, dei de ombros.
– Quer que eu fale o que? Você está certa, desculpa. – ela ficou me olhando acho que meio desacreditada mas não falou nada- Vou subir tá? Deitar um pouco….- fui na direção da escada e ela só falou algo quando eu já estava no meio da escada.
– Onde você estava?!
– Na Dulce. – respondi simplesmente, ela não falou nada e eu fui pro meu quarto.
Resolvi dormir mais um pouco, tinha acordado cedo e precisava descansar pra esse show de hoje.
Acordei à tarde, almocei e logo depois a Maria apareceu lá em casa, minha mãe não tinha tocado mais naquele assunto e eu sabia que ela nunca faria isso na frente da Maria. Depois do almoço minha mãe saiu e fiquei no quarto com a Maria vendo um filme, na verdade eu mal prestei atenção no filme mas pelo menos assim ela não queria conversar e muito menos transar, não estava com a mínima vontade.
Mais tarde tomei meu banho e comecei a me arrumar pro show, iria todo mundo hoje, todas as famílias, a imprensa em peso, era o último. Tudo deveria dar certo, por isso até evitei de falar com a Dulce antes pra não render brigas, apesar que não teria motivos, mas sei lá né…. O show foi ótimo, perfeito! Voltamos pro camarim comemorando e a Maria estava lá, assim como o marido da Mai, aliás eu estava conversando com eles quando ouvi uma gritaria.
– Você não se toca não?
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Tá aí um capítulo ENORME pra vcs!! Espero que curtam, bom fim de semana, pessoal!!
OBS: Segunda faz 2 meses do inicio desse conto, então resolvi dar um presentinho e postar um extra na segunda se vcs quiserem…. Fico na espera do comentário de vcs, SEMPRE.
Bjs