Os dias foram se passando e as três não falaram em nenhum momento do que tinha acontecido. Lívia atribui o comportamento de Marisa naquela noite ao vinho e Andréa preferia não pensar no que teria movido Marisa a agir daquela forma.
Lívia voltou a frequentar a casa das duas e a ajudar Marisa na cozinha. Até que no sábado seguinte Andréa estava sentada no sofá assistindo um filme enquanto Lívia e Marisa terminavam o jantar, de repente Marisa apareceu trazendo uma bebida para Andréa e disse:
— Quero que a Lívia fique para dormir aqui de novo hoje, o que acha?
— Ela pode dormir aqui se você quiser. — Respondeu Andréa sem entender.
— Eu me refiro a transar com a gente, Andréa. Queria transar com vocês de novo, está afim?
Andréa a olhou fixamente, não estava acostumada a ver Marisa falando assim, essas palavras pareciam tão estranhas quando vinham da sua boca.
— Se isso o que você quer, Marisa, tudo bem. — Respondeu Andréa, sem jeito.
Enquanto jantavam, Marisa pegou na mão de Lívia e disse:
— Lili, quer dormir com a gente hoje?
— Não sei. — Respondeu Lívia tímida.
— Não gostou de dormir aqui na semana passada? — Perguntou Marisa insinuante.
— Eu gostei, mas… — Lívia olhou para abaixo e não terminou a sua frase.
— Mas o que, bobinha? Fica, a gente já está nessa mesmo, meu bem, vamos aproveitar e fazer o melhor que a gente conseguir sem machucar ninguém, sem enganar ninguém, somos adultas as três. — Disse Marisa levantando o queixo de Lívia com um dedo.
Desta vez foi Andréa quem foi até Lívia e a beijou, aos poucos lhe tirou a roupa enquanto Marisa observava. Andréa conduziu Lívia até o quarto e terminou de lhe tirar a saia, Marisa veio logo atrás e as três foram para a cama juntas mais uma vez.
Após esse dia, Lívia voltou a trabalhar no escritório e duas ou três vezes por semana, Andréa a levava para casa, Lívia ajudava na cozinha e depois as três mulheres iam para o quarto juntas. Lívia e Marisa desenvolveram uma química muito especial na cama sem competir para dar prazer a Andréa, mas se complementando para satisfazê-la. Bastava um olhar entre as duas para a outra entender o que deveria fazer e como. Andréa no começo estava muito apreensiva, mas com o passar dos dias começou a adorar ter as duas mulheres juntas, compartilhar com elas esse segredinho escuro, a cumplicidade das três era uma das partes mais prazerosas do relacionamento que estavam aos poucos aprendendo a desenvolver.
Numa das noites em que as três mulheres decidiram partilhar a cama. Marisa e Lívia estavam ajoelhadas se beijando, enquanto Andréa as observava deitava, se masturbando suavemente. Marisa fez Lívia deitar, posicionou a sua boca no clitóris da moça e começou a lambê-lo em movimentos circulares. Os gemidos de Lívia pareciam ser de certa forma hipnóticos para Marisa, ela estava tão focada que por um instante se esqueceu de que Andréa estava ali também. Andréa, percebendo que tinha sido deixada de lado disse:
— Se vocês quiserem, me retiro e as deixo mais à vontade.
— Para de ser boba. — Respondeu Lívia, se afastando de Marisa e puxando Andréa para perto de si.
Lívia deitou nas pernas de Andréa e começou a lambê-la, enquanto Marisa deitou por cima das costas de Lívia acariciando-lhe o clitóris com a mão que passou entre as pernas, por trás.
No dia seguinte, depois de Lívia ir embora, Andréa estava estranhamente séria.
— Marisa, eu quero saber o que está acontecendo com você. Você não é mais a mesma pessoa, está toda diferente, está agindo diferente, falando diferente, se vestindo diferente, agora até para transar você está diferente. — Disse Andréa sem conseguir se conter.
— Estou mesmo diferente, mas eu acho que é um diferente bom, você não está achando bom? — Perguntou Marisa.
— Ma, eu estou achando que você está fria demais comigo, você inventou isso de ficar transando junto com a Lívia… Amor, se você acha que assim está me agradando, eu queria que você soubesse que eu não preciso disso, estou feliz com você. O caso com a Lívia foi um erro, Má, já te disse mil vezes. Não precisa incluir ela na nossa vida, na nossa cama, você é suficiente para mim.
— Eu achei que você gostasse do sexo com ela e você diz gostar do sexo comigo. Você passou dois anos fazendo com as duas por separado, qual é o problema de fazermos as três juntas? — Indagou Marisa.
— Eu gosto, mas eu não preciso mais dela, amor. Nós não precisamos dela. Eu te amo, você me completa, não precisamos de mais ninguém. — Disse Andréa num tom suplicante. — Eu quero você de novo só para mim, amor. Quero que você volte a ser só minha e quero ser somente sua, como sempre foi.
— Andréa, me escuta por favor, pois está é a última vez que eu vou lhe falar. — Disse Marisa, calma e pausadamente. — Nada vai voltar a ser como era antes. Eu mudei, você me mudou, graças a você eu sou diferente agora, eu entendi que se eu não cuidar de mim ninguém mais vai cuidar. Entendi que com a dedicação que eu sempre tive pelos outros, especialmente por você, eu acabei deixando a mim mesma de lado. E sim, estou diferente agora, sim estou aprendendo a ser egoísta e a pensar mais em mim mesma e não mais em você. Sim, estou centrada no MEU prazer e não no seu. Estou satisfazendo as minhas fantasias pela primeira vez na vida, você já satisfez as suas até demais, agora é aminha vez de procurar o meu prazer, de descobrir do que EU gosto, de ir atrás da minha felicidade. Se você não quiser participar dessa descoberta de mim mesma, está livre para sair da minha vida, não vou lhe impedir de fazer isso.
Andréa engoliu em seco, jamais imaginou ouvir palavras tão duras da boca de Marisa, não sabia o que dizer a isso, realmente estava perdendo a sua mulher, cada dia um pouquinho mais, e não havia nada que ela pudesse fazer a respeito disso.
Nos dias seguintes Andréa se voltou novamente para Lívia, a procurou no trabalho para lhe contar sobre a conversa que tinha tido com Marisa. Lívia ouviu sem comentar nada, ela tinha consciência de que o erro tinha sido dela e de Andréa, que Marisa era coadjuvante nesta história toda e que, não havia nada de errado em ela querer tirar um pouco de proveito dessa situação toda em que Andréa as tinha colocado.
— Andréa, a Marisa tem direito de ser feliz. — Disse Lívia. — O casamento de vocês foi lindo, foi longo, durou muito tempo e vocês foram muito felizes, mas já não são mais. Você não a faz mais feliz e ela não consegue te completar mais, se conseguisse você não teria me procurado. Você não entende porque não quer.
— Eu a amo ainda, Lívia. É por isso que não consegui deixa-la e ir embora com você como tinha te prometido tantas vezes. Eu a amo, te amo também, amo às duas. — Disse Andréa com lágrimas nos olhos.
— No fundo, bem no fundo, Andréa, acho que você não ama ninguém. — Respondeu Lívia saindo da sala e deixando Andréa sozinha lá.
Mesmo após essa conversa com Andréa, Lívia foi mais duas vezes até a casa das duas e ficou para dormir lá. Marisa fazia questão de continuar ensinando a Lívia as receitas e de mostra-lhe novos pratos e bebidas que ela nunca tinha experimentado, as três estavam se divertindo. Pensou Lívia. Por que não desfrutar o momento e, por que não, curtir um pouco o ciuminho de Andréa. Ela tinha ainda esperanças de que Andréa perceberia que o casamento com Marisa já tinha mesmo dado o que poderia dar e que estava passando da hora de acabar.
Na semana seguinte, Marisa acordou cedo uma manhã e saiu antes de Andréa acordar, fez academia, foi ao cursinho e almoçou no shopping. Fazia dias que estava com uma ideia na cabeça e naquele dia ia executá-la. Marisa comprou lingerie nova, experimentou algumas coisas na loja e saiu de lá se achando a mulher mais sexy do planeta, sensação que era completamente nova para ela.
Ao chegar em casa, Marisa foi trocar de roupas, mas no lugar de vestir uma bermuda surrada e uma camiseta, vestiu duas peças da lingerie nova e um vestido curto que fazia mais de dez anos que estava guardado para alguma ocasião especial. Marisa estava ansiosa, não sabia bem por que, mas nem a ansiedade conseguiria fazê-la duvidar naquele dia, estava se sentindo tão dona de si, tão bonita, tão confiante que nada poderia dar errado.
Lívia chegou como todos os dias por volta das três da tarde. Marisa a fez entrar e antes de dar tempo de qualquer coisa, jogou Lívia no sofá da sala, se ajoelhou ao seu lado e a beijou na boca. Lívia não entendeu o que estava acontecendo, por um impulso empurrou Marisa afastando-a de si:
— Cadê a Andréa? — Perguntou Lívia, assustada.
— No trabalho ainda. — Respondeu Marisa se afastando um pouco mais.
— E por que você está me beijando desse jeito se ela não está aqui? — Disse Lívia sem entender.
— Porque deu vontade de te beijar. — Respondeu Marisa com simplicidade. — Você não fica com vontade de me beijar também?
— Marisa, que conversa é essa agora? Eu não quero mais problemas… — Respondeu Lívia parecendo assustada.
Sem dizer nada, Marisa levantou, tirou o vestido e ficou vestindo a lingerie de renda preta e rosa-choque que tinha comprado mais cedo, logo disse:
— Gostou da lingerie? Comprei especialmente para você hoje.
Marisa se abaixou, chegou bem pertinho do resto dela e disse:
— Cansei do sexo, hoje eu quero te fazer amor. Você me deixa louca sabia? Faz dias que estava procurando um momento às sós, um dia para ter você só para mim.
Lívia não sabia o que dizer, a verdade é que ela nunca tinha pensado em Marisa dessa forma, quando faziam sexo as três Lívia associava Marisa a Andréa como se fossem uma pessoa só, nunca tinha pensado de forma sexual sobre Marisa sozinha, a ideia não lhe passava pela mente. Ela encarava Marisa mais uma amiga, uma mestra que estava lhe ensinado as coisas que ela não sabia sobre a vida, sobre a cama, sobre o ser humano em geral, mas nunca como uma amante. O amor da sua vida era e sempre seria Andréa, ela não podia cair nessa história, com certeza era mais alguma jogada de Marisa.
— Marisa, por favor, sem a Andréa não, a gente faz isso por ela, se esqueceu?
— Por ela? Você acha que eu transo com vocês duas por ela? — Marisa gargalhou brevemente. — Eu faço por mim, Lívia. Faço porque entendi que a vida é muito curta para perde-la satisfazendo os desejos de outra pessoa e esquecendo dos próprios. Faço porque me dá um prazer danado e porque perdi tempo demais da minha vida reprimindo os meus desejos. Prometi para mim mesma que nunca mais reprimiria nada, a vida é curta demais para isso e eu já estou beirando os cinquenta, não tenho tempo a perder.
Marisa empurrou Lívia com as mãos deitando-a no sofá. Deitou encima dela e disse:
— Hoje eu quero você. Quero te mostrar como uma mulher de verdade faz amor, não esse sexo vazio da Andréa, quero te fazer amor de verdade.
As carícias de Marisa foram se intensificando até aquele ponto em que não é mais possível voltar atrás. Mesmo Lívia tendo resistido no começo, acabou sem escolha a não ser ceder.
Andréa tinha sido a única mulher de Marisa até o dia em que as três tinham transado juntas, estar a sós com Lívia, tê-la ali entregue totalmente para si era uma novidade e ela quis explorar tudo com calma e cuidado.
Andréa sempre foi do tipo controladora e dominadora não só na vida, mas também na cama. Era sempre ela quem ditava tudo na transa, desde a posição até o ritmo que tudo deveria tomar. Andréa tinha prazer em segurar os cabelos de Marisa, direcionar o movimento da sua cabeça daquele jeito, leva-lhe a mão para o lugar no qual queria ser acariciada, dizer quando deveria começar e parar algum movimento ou carícia. Marisa não estava acostumada a ser ela quem dominasse a situação, mas naquele dia decidiu tomar as rédeas do próprio corpo e se permitiu voar até onde o desejo e a criatividade a levaram. Foi uma transa libertadora, catártica, Marisa se permitiu possuir Lívia de todas as formas em que quis, a sua língua percorreu todas as cavidades possíveis e de todas as maneiras em que conseguiu imaginar.
— Eu comprei algo para você hoje. — Disse Marisa ainda encima de Lívia.
— Tem mais alguma coisa? — Perguntou Lívia, apreensiva.
— Sim, Marisa pegou uma sacola preta que tinha deixado do lado do sofá, de dentro dela tirou o que parecia ser uma calcinha de amarrar nos lados com um dildo embutido nela.
— Meu deus Marisa, que é isso? — Disse Lívia rindo.
— Segundo a moça da loja, um strap-on, é algo que sempre tive vontade de experimentar e achei que você iria gostar. — Respondeu Marisa vestindo a peça.
Marisa deitou encima de Lívia novamente, os seus olhos fixos nos dela, e a penetrou delicadamente enquanto lhe acariciava o rosto e lhe beijava o pescoço. A sensação de se sentir dentro do corpo dela era indescritível, sentir as suas carnes se abrindo relutantemente enquanto a penetrava, as secreções aumentarem lhe escorrendo pelas coxas enquanto ela inseria e retirava ritmadamente aquela extensão de si, perceber todo o seu corpo se contraindo baixo o seu peso, sentir as ondas de prazer se espalhando pela pele dela, ver os seus olhos se fecharem e se apertarem quando alcançou o clímax mais uma vez. Marisa nunca tinha se sentido tão poderosa, nunca se sentiu mais dona de si mesma do que naquele dia. A inocência e docilidade de Lívia a encantavam, era simplesmente maravilhoso ter Lívia inteirinha para si sem precisar compartilhá-la com Andréa.
Naquele dia Lívia foi embora antes de Andréa chegar, as duas não tinham falado muito, apenas se despediram e Lívia foi embora.
Quando Andréa chegou, não havia jantar encima da mesa, no seu lugar, um bilhetinho que anunciava que Marisa estava com dor de cabeça e tinha ido dormir cedo no quarto de Luíza e que ela poderia esquentar a comida do dia anterior.
Uma estranha sensação percorreu o corpo de Andréa da cabeça aos pés, uma desconfiança leve, uma suspeita que ela não saberia explicar em palavras. Essa mulher que estava ali dormindo baixo o teto que ela e Marisa tinham compartilhado durante vinte anos simplesmente não era Marisa. Algo tinha acontecido no seu interior, algo que era difícil expressar em palavras, mas que a alma reconhecia, a sua mulher nunca tinha ido dormir antes dela, a sua mulher nunca tinha deixado de espera-la para jantar, a sua mulher nunca tinha agido da forma em que Marisa vinha agindo nas últimas semanas.
No dia seguinte Marisa não tinha aula, era sábado, mesmo assim ela levantou cedo, deixou Marisa dormindo no quarto, foi para a academia e não voltou a casa. Ela tinha ligado para Lívia e a convidado para sair, ambas mulheres se encontraram no parque da cidade, deram uma volta por aí, se deitaram debaixo de uma árvore e passaram horas conversando sobre o que tinha acontecido no dia anterior. Ambas decidiram que não iriam falar com Andréa sobre isso até entender o que estava acontecendo entre as duas.
Marisa e Lívia continuaram a rotina de cozinharem juntas todos os dias durante semanas, porém, poucos dias depois da primeira transa a sós, elas descobriram que o chamado da carne era forte demais para ser ignorado. Lívia chegava cada dia mais cedo, cada dia mais ansiosa por ver Marisa e muitas vezes ia embora antes de Andréa chegar.
Marisa, por sua vez, nunca mais tinha tentando levar Andréa e Lívia para a cama e frequentemente dormia no quarto de Luíza sem dar explicações.
As suspeitas de Andréa era cada dia maiores, ela sentia que havia alguma coisa errada e numa tarde, cinco meses depois de ter tido o seu próprio casinho extraconjugal descoberto por Marisa, Andréa decidiu voltar para casa muito mais cedo do usual, não quis utilizar o portão automático para entrar, preferiu usar a chave e entrar sem fazer barulho. Na cozinha ela viu Marisa e Lívia juntas, se beijando apaixonadamente, o rosto de ambas sujo de chocolate e chantilly, no chão um bowl de chocolate líquido caído com o seu conteúdo derramado. Sem se anunciar, Andréa ficou observado a cena apoiada no portal da cozinha. Após o beijo ambas mulheres riram, Marisa pegou os dedos sujos de chocolate e os limpou nos lábios de Lívia o que fez esta lhe lamber os dedos, havia luxuria no olhar de ambas.
Andréa clareou a garganta fazendo barulho — Posso saber o que está acontecendo aqui? — Completou.
Lívia e Marisa olharam na sua direção e sorriram.
— Estávamos preparando uma sobremesa e o chocolate caiu! — Disse Marisa sorrindo com os lábios e os olhos como há anos Andréa não a via sorrir.
— Foi! E a Marisa me sujou toda de chocolate, olha só! — Disse Lívia mostrando o rosto melado. — Fui obrigada a dar um banho de chantilly nela. —
Lívia e Marisa gargalharam. Andréa séria respondeu:
— Estou vendo. Vão limpar essa bagunça toda né?
Andréa saiu da cozinha sem esperar a resposta à sua pergunta, foi direto ao quarto trocar de roupas, enquanto ia andando ouviu ambas ainda gargalhando alegremente.
Após ajudar a limpar tudo, Lívia foi embora, ela sentiu o clima ficar pesado após a chegada da Andréa e achou que era um bom momento para permitir que Andréa a Marisa conversassem a sós.
— Você está mesmo afim dela, né, Marisa? — Perguntou Andréa com ressentimento.
— Estou. — Respondeu Marisa.
— Você devia ser mais sincera e dizer isso na minha cara, já que me pediu tanto que parasse de enganar você, agora é você quem está me enganando. — Continuou Andréa.
— Eu sou sincera. Estou reconhecendo para você que estou afim da Lívia. Acredito que estou apaixonada por ela. Não disse isso a ela ainda, mas estou dizendo para você. — Confessou Marisa.
— E a nossa família, Marisa? E o nosso casamento? E estes anos todos que você está jogando na lata do lixo, não significam nada para você? — Perguntou Andréa chorando.
— O nosso casamento terminou no dia em que você decidiu me trocar pela Lívia. A nossa família acabou naquele dia, você a destruiu, você ME destruiu, agora cabe a mim catar os caquinhos e tentar continuar a vida. — Respondeu Marisa.
— E para que essa palhaçada toda de ficar com nos duas então se quem você quer agora é ela? — Questionou novamente Andréa.
— Pode ser palhaçada para você, embora eu saiba que você estava bem gostando disto tudo enquanto o centro das atenções de nós duas era você. Acontece que agora não é mais. Acontece que você trouxe a Lívia para as nossas vidas e agora ela já faz parte desta casa, da minha rotina, da minha cama e de mim, Andréa. Não tem como separá-la disto tudo, ela já faz parte de mim, estou apaixonada por ela e estou feliz com isso. Estive morta durante meses e agora, graças a essa menina maravilhosa, estou voltando à vida; estou voltando a sentir vontade de beijar, de cantar, de passear por aí e ver o mundo. Ela me faz bem demais. Ela é a minha chance de ser feliz e não vou jogar essa chance fora.
— Então é isso? Acabou? Nosso casamento não importa mais? — Disse Andréa ainda sem conseguir assimilar o que estava acontecendo.
— É isso. Se você quiser, eu saio de casa, não há problema algum, ou você sai, ou duas saímos. Podemos ficar também, tanto faz. Eu só quero que a gente resolva isto na paz. Quero vender a casa, quero a minha parte da empresa, pois quem abriu a franquia foi você, mas quem te deu suporte para transformá-la no que é hoje fui eu, e não vou abrir mão da minha parte. Eu quero resolver isso diretamente com você, mas se for preciso contratar um advogado, você me avise, que eu procuro um. — Disse Marisa olhando Andréa nos olhos.
Andréa respondeu sem conseguir conter as lágrimas:
— Não precisa de advogado, você vai ficar com o que quiser ficar. É o seu direito, eu jamais lhe negaria o que é seu.
Naquela mesma noite Andréa fez as malas e se hospedou num hotel de onde ligou para a filha mais velha, Giovana, para lhe contar o acontecido:
— Você me desculpe, Andréa, mas eu fico feliz pela mamãe. Você sempre vai ser a minha mãe e eu te amo, mas a mamãe estava sofrendo demais, eu estou sabendo de tudo o que aconteceu, a Luíza me contou, e francamente… acho que você merecia coisa pior, mas a minha mãe é gentil demais para fazer com você o que você realmente merecia. — Disse Giovana como resposta ao relato de Andréa.
Andréa estava desolada, tinha perdido o apoio das filhas, tinha perdido Marisa, nem mesmo as amigas lhe deram razão, a pesar de a Beth ter lhe oferecido a sua casa para ficar enquanto não resolvia a venda da casa e a divisão dos bens com Marisa. Andréa aceitou o convite de Beth, estava precisando de cuidados que nem Marisa nem Lívia podiam lhe dar agora. Elas estavam ocupadas demais sendo felizes.