*
O sol estava prestes a nascer, quando Virnan e Lyla retornaram para Flyn.
Em vez de ir em busca de uma cama, como o corpo clamava, a castir sentou em um dos bancos no jardim do palácio. O spectu lhe fez companhia e, juntas, assistiram ao raiar do dia.
— Você consideraria fazer um voto definitivo comigo? — Lyla indagou, após um longo tempo.
— Não.
— Porque me odeia por ter tirado Zarif de você ou há outra razão?
Virnan inspirou profundamente, afastando o olhar do firmamento para ela. Não precisava do laço para reconhecer a ansiedade dela pela resposta. Quis sorrir, mas sentia-se cansada demais para fazê-lo no momento, ainda mais quando o assunto começava a rumar para algo indigesto e ainda muito doloroso.
— Eu não te odeio, Lyla. Já disse isso várias vezes. — Apertou as mãos unidas sobre o colo e continuou: — Depois que essa confusão acabar, você não precisará continuar se punindo.
— Eu não estou me punindo! De onde tirou isso?
A deminara fitou as próprias mãos. Fez uma pena longa crescer no dedo indicador, até que se desprendeu e ele retornou a aparência normal. Ela girou a pena diante da face e admirou o vermelho intenso dela, explicando:
— Eu fiz escolhas que não queria fazer porque não podia fugir da responsabilidade. Afinal, a coroa me pertencia. — Endireitou-se no banco e tornou a fitar Virnan. — Decidi me prender a adaga para orientar e ajudar você quando o momento chegasse, mas permanecer ao seu lado como spectu nada tem a ver com responsabilidade e culpa.
Ela entregou a pena a Virnan, que também se deixou admirá-la por um momento longo, antes de perguntar:
— Então, por que você quer continuar?!
Lyla sorriu, triste. Pousou a mão na perna dela, fazendo um carinho singelo e rápido.
— Pelo mesmo motivo que me levou a ir atrás de você dezenas de vezes, lutando contra a barreira de rejeição e raiva, que ergueu quando descobriu nosso laço de sangue. Quero fazer isso porque você é minha irmã, minha melhor amiga, e eu te amo! Achei que isso não precisasse ser explicado entre nós. Pelo menos, não agora.
Virnan engoliu o nó que se formou na garganta com esforço. Não tinha ideia de quantas vezes a expulsou do acampamento auriva, durante a guerra pelo trono. Mas Lyla sempre voltava e, a cada vez que ela o fazia, sua resistência diminuía. Até que ruiu de vez e parou de se importar com a presença dela no local. Contudo, ainda manteve uma distância segura da então princesa do Sul.
Se o exército do Leste não tivesse atacado o acampamento durante a calada de uma noite fria, cuja a primeira neve do inverno despencava do céu negro, talvez tivesse continuado usando seu orgulho e raiva para mantê-la distante. No meio da gritaria, do som metálico das espadas a se chocarem, do sangue que lavava o chão e maculava a neve que começava a se acumular, a então protetora só pensava em encontrá-la. Quando isso aconteceu, já não lembrava mais o motivo de estar com tanta raiva, só queria tirá-la daquele lugar a qualquer custo e mantê-la segura.
— Você não é um espírito natural, Lyla. Sabe o que vai acontecer conosco quando eu morrer. Seremos uma só pessoa. Você não poderá renascer ou seguir adiante e visitar os mundos além de Inamia. Estará eternamente ligada a mim.
— E o que há de ruim nisso? Acha que não pensei nessas coisas? Elas não saem da minha cabeça, desde que fizemos o pacto. E quanto mais penso nelas, mais tenho certeza de que é isso que desejo. Estar ligada a você desta forma me deixa completa de uma maneira que jamais pensei sentir. É como se tivesse nascido exatamente para isso.
O maxilar de Virnan se contraiu e as mãos tornaram a se apertar. Passou um longo tempo em silêncio, remoendo aquelas palavras e as possibilidades que traziam. Por fim, suspirou e disse, jocosa:
— Sabe o que eu acho? Penso que você é algum tipo de espírito devasso, que gosta de “sentir” quando faço amor com Marie.
Lyla desmanchou o semblante carregado e caiu na gargalhada.
— Não posso reclamar desses momentos. Confesso que sentir isso após a morte é assustadoramente mais prazeroso do que em vida. Nem saberia descrever a sensação para você, mas é diferente de qualquer coisa que já senti.
— Não falei? Você é uma tarada! — Riu baixinho.
Após cessar o riso, Lyla insistiu:
— Poderia pensar no assunto com carinho?
— Não há o que pensar. — Afirmou Virnan.
— Você precisa estar no uso pleno da magia e o nosso pacto, no momento, não permite isso. Minha transmutação é fraca e acabo usando muito da magia que você me doa para me manter nela, quando em combate. Isso me desgasta, mas é pior para você. Além disso, Érion…
Um gesto de Virnan a fez silenciar.
— Você merece uma vida além dos Portões, Lyla. Merece ser mais que uma pequena parte de mim.
Ela tentou protestar, contudo Virnan ficou de pé e lhe fez um carinho na face deixando-se invadir por aquela estranha sensação de estar tocando a si mesma dezenas de vezes.
— A resposta é não, sempre será não.
***
— O que eles estão fazendo? — Fantin indagou à Laio.
Eles caminhavam pelo centro da cidade, aproveitando a calmaria dos dias que antecediam a queda das barreiras. Não havia mais nada que fazer, exceto esperar.
Fazendo jus a natureza impaciente, Fantin resolveu dar uma volta pela cidade, após uma manhã preguiçosa. Tamar havia se enfiado na biblioteca com Melina; Marie estava com Bórian, recebendo ou aprendendo algo que ele chamou de “canção”. Já Virnan, tinha se recolhido no salão lunar, com a desculpa de meditar um pouco. Entretanto, a mestra sabia que a guardiã não estava lá.
Talvez fosse pelo ritual que transformou as ordenadas em um Círculo ou pela magia do ar que as duas compartilhavam, mas era fato que Fantin conseguia pressentir a amiga com mais facilidade do que ocorria com as outras. E quando passou diante do Salão Lunar, um pouco antes de sair do palácio, não conseguiu detectar sua presença.
A mestra estava a uma centena de metros do palácio quando encontrou Laio. Com um sorriso brejeiro e uma pose polida, ele se dispôs a acompanhá-la junto com Fenris e Távio, com quem conversava, no momento.
Em quatro dias, a lua vermelha dominaria o céu; o véu entre os mundos estaria frágil e Érion teria poder suficiente para romper as barreiras. A apreensão no ar era quase palpável, mas as pessoas se forçavam a manterem a rotina, a travar conversas despreocupadas e exibir sorrisos tranquilos.
Mestra Fantin estranhava aquilo, já que a experiência a ensinou que semblantes atormentados precediam as grandes tragédias bélicas.
— Estão preparando o festival de Mirides. — O auriva sorriu de lado, respondendo.
Ela interrompeu os passos para observar o trabalho. A praça em que se encontravam era circular e larga o suficiente para comportar algumas milhares de pessoas. No centro dela erguia-se uma árvore enorme, rodeada por cinco pequenas colunas, que ostentavam estátuas de aparência humana.
Na primeira vez que esteve ali, foi impossível não indagar o que aquilo signficava. Como em muitas coisas referentes a Flyn e suas tradições, as estátuas representavam o primeiro Círculo Castir: Cazz.
— O que comemoram nesse festival? — Indagou, curiosa. — Aliás, por que estão fazendo um festival, se daqui a pouco estaremos em guerra?
O vento soprou forte, trazendo junto o aroma das flores usadas para enfeitar as estátuas. Uma sensação conhecida a tomou, dando a certeza de que Virnan estava por perto. Realmente, foi a guardiã a responder a pergunta, de alguns metros às suas costas:
— Ah, você e Tamar sabem muito bem o que comemoram — disse ela.
Fantin se voltou para fitar o seu sorriso debochado. A mestra do círculo da sabedoria não se enganava. Embora Virnan se esforçasse para manter seus gestos naturais, para aqueles que a conheciam a fundo, o fingimento era claro.
— Mirides não te soa familiar? — Virnan indagou, chegando mais perto.
As sobrancelhas da mestra se elevaram, formando um vinco na testa.
— Mirides… Mirdes. — Virnan esclareceu, antes que ela respondesse.
— Não! — Fantin exclamou, surpresa.
— Sim! — Virnan retrucou no mesmo tom, então assumiu um ar mais sério. — Esta é uma tradição florinae. Mirides era uma rainha Enaen e o festival ganhou o nome dela por ter sido sua ideia. Foi a forma que ela encontrou para tentar encerrar um conflito, mas, também, foi assim que o nosso povo nasceu. O primeiro festival concebeu muitas crianças floras. E esta é a razão para que se realize neste momento.
— Conceber crianças?! — Távio perguntou, quase a ponto de rir com a idéia.
Laio pousou uma mão grande no ombro dele, deu um tapinha camarada, riu baixinho e explicou:
— Não, ainda que isso acabe por acontecer mesmo. Nosso povo nasceu em meio a expectativa de um conflito. Por isso, tornou-se uma tradição realizar este festival antes de uma importante batalha. Pode parecer estranho para vocês, mas a ideia principal é trazer um pouco de alegria e harmonia ao povo. Esta era a intenção de Mirides, quando o idealizou. — Ele cruzou os braços musculosos e marcados por cicatrizes. — Reza a lenda que humanos e Enaens estavam prestes a entrar numa contenda sem precedentes. Mirides havia acabado de herdar o trono e era pacifista. Na esperança de evitar o conflito, ela convidou os líderes humanos para discutirem o problema. Eles vieram e muitos outros também. A fim de demonstrar a hospitalidade durante as negociações, ela idealizou o festival. Obviamente, Mirides não esperava que o resultado fosse uma noite luxuriosa. Sequer imaginava que a bebida preferida dos Enaens possui propriedades afrodizíacas para os humanos e o mesmo ocorre quando os Enaens ingerem o vinho humano. Bem, para não me estender mais, aquele foi um festival ímpar e, certamente, ajudou a resolver alguns conflitos, mas não evitou a guerra. Contudo, gerou o nosso povo.
Era, de fato, uma história incrível, como muitas outras relacionadas àquele povo. Os três humanos fizeram silêncio por um momento, claramente contendo a vontade de caírem na risada pelo absurdo da ideia de que a existência de um povo tão poderoso fosse apenas o resultado de uma noite de embriaguês.
— Não precisam se conter! A nossa origem é realmente ridícula! — Virnan riu, dando de ombros para o olhar afetado do tio.
Mesmo com sua autorização, os três apenas sorriram, sem graça.
— Em Primian, Mirides é venerada como uma deusa… — Fenris comentou, participando da conversa pela primeira vez. — Vocês querem mesmo dizer que esse festival é como o deles?
Virnan riu alto, novamente. Escorregou a mão pelos cabelos curtos, sentindo uma ligeira saudade das madeixas longas que usava na Ordem. Explicou:
— Exatamente. Mas há algumas diferenças. Esta é a única época do ano em que as relações entre as castas é permitida. Contudo, filhos não devem ser gerados, exceto se a relação for com seu cônjuge. — Acompanhou o olhar curioso do cavaleiro e imaginou que havia nele uma nota de satisfação pela possibilidade de se deitar com algumas das belas mulheres florinae.
Para Virnan, a beleza do seu povo era inegável. Nunca havia pensado à respeito, mas após conviver com humanos por doze anos, as diferenças entre as duas raças agora lhe pareciam gritantes. Não que os humanos fossem feios aos seus olhos, pelo contrário. Naquele momento, estava diante de uma das mulheres mais lindas que já viu. Fantin era deslubrante, mais bela até que Marie e Melina juntas. Tamar também era uma mulher muito agradável aos olhos, ainda que não pudesse ser descrita com os mesmo adjetivos que Fantin.
Era isso que a agradava na humanidade. Eles eram diferentes em vários aspectos. Eram altos, baixos, gordos e magros; podiam ser muito belos ou exibir algumas características desagradáveis. Suas peles eram dos mais variados tons e, muitas vezes, eram curtidas de sol pelo trabalho duro dos campos e plantações. Pessoalmente, Virnan sempre admirou o adorável negro da pele do Guardião Petro, assim como o tom amarronzado da pele de Távio.
Ainda que houvessem muitos defeitos nos humanos, a castir se encantava com a diversidade e natureza deles e tornou-se difícil não compará-los com o seu povo, cujos aspectos físicos lhe pareciam excessivamente aprazíveis aos olhos, graças a herança do sangue Enaen. Sendo assim, toda aquela “perfeição” a desagradava um pouco e, por vezes, via-se a procurar na multidão algum rosto que destoasse dos demais.
Ao lado de Fenris, Távio balançou a cabeça, observando as pessoas passarem com objetos decorativos. Invariavelmente, os olhares recaíam sobre o grupo, mais especificamente, sobre Virnan. Eles iam da pura veneração, por parte dos aurivas, ao desprezo e asco, por parte de alguns deminaras. Entretanto, a maioria das pessoas a encarava de forma respeitosa.
Por sua vez, a castir fingia não notar a atenção recebida ou, segundo Fantin imaginava, não estava interessada. A mestra bem sabia que a amiga não se sentia uma rainha e só se permitiu assumir aquela função para tentar salvar o que restou de seu povo. Entretanto, apesar de conhecer os desejos de Virnan e a personalidade, a mestra achava que a coroa lhe caía bem.
Era impossível agradar a todos e, certamente, Virnan não conseguiu tal feito. Todavia, mesmo os demirs e comandantes esbravejando, não lhe ofereciam resistência. Pelo contrário, empenhavam-se em seguir os planos que traçou. Talvez, a experiência passada, em que Érion quase dizimou o reino, fosse o combustível para a obediência ou, simplesmente, resolveram colocar os preconceitos de lado e encará-la como a grande mulher que era.
Fantin preferia acreditar na segunda opção. A ordenada varreu o chão com o pé, fitando as pedras alvas que o calçavam, às vezes exibindo símbolos estranhos. Por um momento, entregou-se a divagações sobre as diferenças culturais entre seus povos e perguntou-se o que seria do futuro deles, caso tivessem um.
— Acho que agora entendo o motivo de terem lhe chamado de abominação. — Comentou ela, relembrando o momento em que a amiga se revelou filha do falecido Demir do Sul, Tarik.
Ergueu a face para encontrar uma estranha calma no semblante de Virnan. Havia muito tempo que a auriva não se deixava levar pela raiva de ser mestiça. No fundo, Fantin sabia que o incômodo de Virnan sobre isso, tinha a ver com o fato de Denna e Tarik terem se amado profundamente, mas nunca terem vivido esse amor de verdade, pois estavam presos às leis e às suas respectivas responsabilidades. Para Virnan, era um crime trair seu próprio coração, ainda que ela compreendesse o peso das barreiras que os pais não podiam transpor.
— Imagino que misturar o sangue de duas castas deva ser um crime — Fantin concluiu o pensamento.
— A história e as divisões da nossa sociedade são muito mais profundas do que parecem. Havia um forte motivo para que essas barreiras fossem impostas. Contudo, isso foi há milhares de anos, quando este mundo ainda estava unido a Enagia e Inamia. Foram os Enaen que nos rotularam, quando ainda reinavam absolutos pelo Todo. — Explicou Laio.
— Não é um crime, Fantin. Pelo menos, não há nenhuma lei florinae dizendo isso. — Virnan explanou.
Laio tornou a tomar a palavra:
— Entretanto, somos um povo que respeita antigas tradições e, desta forma, uma criança mestiça ainda é encarada como uma abominação. Mesmo assim, esteja certa de que Virnan não é a única.
A sobrinha concordou com um sorrisinho cansado e retribuiu o cumprimento de um casal de aurivas. O gesto se repetia sempre que um auriva passava por eles. Era feito de forma graciosa, quase como se fosse musicado. Eles prestavam honras, não para a rainha ou a castir, mas para uma grande comandante de sua casta, membro da família Dashtru e mestra do manibut. O faziam para Laio, também.
— Acho que posso me considerar uma sortuda por não ter nascido com olhos violetas. — Virnan comentou, cruzando as mãos nas costas.
O tio endossou:
— Sua vida teria sido ainda mais complicada, pequena daihu. A da sua mãe também. — Ele passou a mão sobre a cicatriz no rosto, um “presente” de Denna quando disputaram o comando da família Dashtru.
Ele orgulhava-se daquela cicatriz. Poucos homens haviam lutado com Denna e sobreviveram para contar a história. Mas não era por isso que se envaidecia da marca. Ela a recordava da sua própria imaturidade, da arrogância e soberba que alimentados por línguas venenosas, o fizeram desafiar a irmã.
Laio inspirou fundo e passou a mão nos cabelos grisalhos. Ele poderia ter passado a vida odiando Denna por aquilo. Em vez disso, seu amor, respeito e admiração por ela só cresceram e, para honrá-la, esforçou-se para orientar e cuidar de Virnan, enquanto serviram a família real do sul.
A menção a mãe fez o semblante de Virnan suavizar. Ela se deixou envolver pelas lembranças da genitora e sorriu, enquanto comentava:
— Bem, acho que poderia aprender a viver com os olhos fechados, mas e se meus olhos fossem verdes e minha pele mantivesse a cor alva dos deminaras? Isso não poderia esconder.
— Os deuses-espíritos sabem o que fazem. — Laio exclamou, deslizando as pontas dos dedos sobre o peito. Um sinal de respeito aos deuses.
A resposta da sobrinha foi um dar de ombros. Eram muitos “e se”, todavia ela duvidava que sua vida pudesse ter sido menos ou mais penosa, caso as possibilidades citadas tivessem ocorrido.
Uma forte corrente de ar veio do sul e cruzou as ruas levantando um pouco de poeira. Virnan apreciou o frescor que ela trouxe, amainando o calor intenso daquele início de tarde. Olhou para os preparativos do festival com uma ideia absurda e perturbadora a se formar na cabeça. Precisava falar com Tamar a respeito, mas estava certa de que a resposta da mestra seria positiva.
Coçou a bochecha, deslizando os dedos pela cicatriz que Lorde Axen lhe fez. Por fim, sorriu, antecipando a confusão que causaria e, pela primeira vez, a coroa provisória não lhe pareceu um incômodo.
- Virnan. Espero que não se importem com o rascunho feito no papel e grafite. Beijos!
Oie,
ótimo retorno, adorei o cap. concordo com Virnan qto a fazer um pacto definitivo com Lyla, mas acredito mesmo q mto se perde neste pacto provisório… fico dividida.
Só quero ver o q Virnan vai aprontar… ela não dá ponto sem nó e eu adoro isso nela.
A ilustração ficou belíssima… to cada dia mais apaixonada por Virnan.
Tu sabe como é… Virnan é sinônimo de discórdia! rs… E aqui morreu o spoiler! kkkk
Beijos!